129. Os espiritualistas não explicam como a alma, imaterial, imponderável, pode unir-se estreitamente e comandar o corpo, de natureza essencialmente diversa, fato resolvido com as experiências espíritas. (P. 169)
130. Como já visto, a alma está
constantemente envolvida em uma veste fluídica mais ou menos sutil ou etérea,
chamada perispírito. (P. 169)
131. Mediador entre o corpo e a alma, o
perispírito é um organismo fluídico, é a forma preexistente e sobrevivente do
ser humano, o molde sobre o qual se formará o corpo físico. (P. 169)
132. Esse corpo fluídico não é, porém,
imutável, pois se purifica e se enobrece junto com a alma: a elevação dos
sentimentos depura as moléculas do corpo espiritual, estendendo e multiplicando
as suas vibrações e consumindo, como por ação química, suas partículas
grosseiras. (P. 170)
133. Ao contrário, os apetites materiais e as
paixões baixas e vulgares reagem sobre ele, tornando-o mais pesado, mais denso
e mais escuro. (P. 170)
134. O perispírito comunica-se com a alma por
correntes magnéticas e se liga ao corpo por fluidos nervosos, ou vitais. (P.
171)
135. O perispírito é o instrumento pelo qual se realizam todos os fenômenos do magnetismo e do Espiritismo; é ele que, durante o sono, se desprende do corpo e transporta-se a distâncias incalculáveis. (P. 172)
136. Da mesma forma que um magnetizador
exerce uma ação poderosa sobre seu paciente, provocando nele o desdobramento e
suspendendo-lhe a vida material, assim os Espíritos podem dirigir correntes
magnéticas sobre alguns seres humanos - os médiuns - e agir sobre os seus
órgãos. (P. 174)
137. Os Espíritos servem-se também de alguns
médiuns para transmitir aos enfermos fluidos magnéticos que aliviam e, às
vezes, curam. (P. 176)
138. Os médiuns de hoje, em geral, não
entendem suficientemente a necessidade de uma vida pura e exemplar para exercer
seu mandato. (P. 178)
139. O perispírito sobe lentamente a escala
das existências. A princípio é uma forma rudimentar, um esboço incompleto. (P.
180)
140. Os Espíritos inferiores têm um
envoltório denso, impregnado de fluidos materiais, e guardam, após a morte, as
impressões e as necessidades da vida terrena. (P. 181)
141. A fome, o frio, a dor existem entre os
mais inferiores, e seu organismo fluídico, obscurecido pelas paixões, não pode
vibrar senão debilmente e, por isso, suas percepções são mais limitadas. (P.
181)
142. O Espírito desencarnado encontra-se,
além da morte, tal qual se formou durante sua vida terrena: não é melhor, nem
pior. (P. 187)
143. O mundo invisível é, em um campo mais
vasto, a reprodução e a cópia do mundo terrestre. (P. 188)
144. É necessária uma prudência muito grande
para entrar em comunicação com o mundo invisível: é preciso passar pelo fino
crivo de severo critério todas as revelações e todos os ensinamentos recebidos.
(P. 189)
145. Os obsessores atacam de preferência os
indivíduos levianos, que descuram dos problemas morais e não procuram senão o
seu prazer. (P. 189)
146. Quase sempre os obsidiados estão ligados
aos seus perseguidores por laços que têm origem em existências anteriores: a
soberana justiça faz com que nossas iniqüidades recaiam sobre nós através dos
séculos. (P. 189)
147. A perfídia dos maus Espíritos não é o
único escolho no Espiritismo: o charlatanismo e a venalidade são até piores.
(P. 191)
148. A ignorância a respeito da ciência
espírita constitui também um flagelo na prática espírita. (P. 192)
149. O espiritualismo experimental pode ser o
liame entre dois sistemas antagônicos que se combatem há séculos: o
espiritualismo metafísico e o materialismo. (P. 195)
150. A missão do Espiritismo é grande e suas
conseqüências morais incalculáveis. Bem compreendido, seu ensinamento pode
acalmar as mais vivas dores, dar a todos a força de ânimo e a coragem na
adversidade. (P. 196)
151. As sensações que precedem e seguem a
morte são infinitamente variadas e dependem sobretudo do caráter, dos méritos,
da elevação moral do Espírito que deixa a Terra: a separação é lenta, quase
sempre, e o desprendimento da alma opera-se gradativamente. (P. 201)
152. A separação da alma é seguida por um
período de perturbação, breve para o espírito justo e bom, que logo se separa
com todos os esplendores da vida celeste, e muito longo, às vezes durando anos
inteiros, para as almas culpadas, impregnadas de fluidos grosseiros. (P. 202)
153. Entre estas, muitas acreditam que ainda
vivem a vida corpórea; outras acham-se completamente isoladas, mergulhadas em
trevas densas, em noite profunda, oprimidas por incertezas e terror. (P. 202)
154. Geralmente a separação da alma é menos
penosa depois de longa doença, visto que esta tem por efeito desfazer, pouco a
pouco, os liames carnais. (P. 204)
155. Mortes súbitas ou violentas, que atingem
a vida orgânica em sua plenitude, produzem uma perturbação prolongada. É o que
se dá com os suicidas, que experimentam sensações horríveis e sofrem por longos
anos. (P. 204)
156. Uma lei simples rege esse fenômeno:
quanto mais leves são as moléculas do perispírito, tanto mais rápida é a
desencarnação. (P. 205)
157. O Espírito impuro, cheio de fluidos
materiais, fica confinado nos estratos inferiores da atmosfera terrestre. (P.
205)
158. Assim, cada Espírito é o juiz de si
mesmo e encontra em si, na própria consciência e não em outra parte, o prêmio
ou o castigo. (P. 206)
159. Todo pensamento tem uma forma, e esta
forma, criada pela vontade, fotografa-se em nós como em um espelho no qual se
fixam as imagens; daí o tormento dos maus, que vêem expostos aos olhos de todos
os seus desejos depravados e suas más ações. (P. 207)
160. O invólucro fluídico do ser purifica-se,
ilumina-se ou fica obscurecido, segundo a natureza dos pensamentos da pessoa.
(P. 209)
161. As paixões baixas e grosseiras perturbam
e obscurecem o organismo fluídico; os pensamentos generosos, as ações nobres
apuram e dilatam as moléculas do perispírito. (P. 211)
162. As experiências de Crookes demonstraram
que a rarefação dos átomos determina o estado radiante deles: a matéria, em
estado de rarefação, inflama-se, torna-se luminosa, imponderável. O mesmo se dá
com a substância do perispírito, que constitui um estado ainda mais sutil da
matéria. (P. 211)
163. A vontade usada para o bem pode realizar
grandes coisas, e é muito potente também no mal. Nossos maus pensamentos,
nossos desejos impuros, nossas más ações refletem-se nos fluidos ambientes e os
corrompem. (P. 212)
164. O pensamento, usado como força
magnética, pode reparar muitas desordens, atenuar muitos males, aliviar e
curar. (P. 213)
165. A ação regular e perseverante da vontade
pode atuar à distância sobre os céticos e os malvados, abalando sua obstinação,
atenuando seu ódio, iluminando com um raio de verdade as mais obstinadas
criaturas. Usada para o bem, essa força poderia transformar o estado moral da
sociedade. (P. 214)
166. A alegria e a elevação do Espírito não
resultam do ambiente onde esteja, mas do estado pessoal do próprio Espírito.
(P. 215)
167. As almas reúnem-se e dispõem-se no
espaço segundo o grau de pureza do seu invólucro. Assim, a posição do Espírito
é determinada por sua constituição fluídica, que é obra sua e conseqüência do
seu passado. (P. 216)
168. O ensino dos Espíritos sobre a vida de
além-túmulo diz-nos que não existe lugar para contemplação estéril, para a
beatitude ociosa. (P. 219)
169. Na vida de além-túmulo, à feiúra
terrena, à velhice decrépita e enrugada, sucede um corpo fluídico, diáfano e
brilhante. (P. 221)
170. Após percorrer o ciclo de suas
existências planetárias e haver-se purificado nas suas migrações através dos
mundos, o Espírito encerra a série de existências e entra na vida espiritual
definitiva. (P. 224)
171. Alguns Espíritos se encarregam de velar
pelo progresso e desenvolvimento das nações e dos mundos; outros encarnam para
cumprir missões de sacrifício e para instruir os homens; outros se unem a
alguma alma encarnada e a sustentam no áspero caminho da existência. (P. 226)
172. Todos nós temos um desses gênios
tutelares, que nos inspiram nas horas difíceis e nos encaminham para vias
retas. (P. 227)
173. O invólucro fluídico é como uma veste
tecida com os méritos do próprio Espírito no curso de suas existências. (P.
228)
174. Quem deseje percorrer rapidamente o
ciclo magnífico dos mundos e conquistar as regiões etéreas e a felicidade, deve
projetar para longe as suas faculdades latentes, devolver à terra tudo o que
vem da terra e aspirar aos tesouros eternos: ore, trabalhe, console, socorra,
ame até à imolação, cumprindo os seus deveres à custa do sacrifício e da morte.
(PP. 230 e 231)
175. As penas não são impostas por uma
vontade arbitrária: o ser sofre no além-túmulo as conseqüências naturais de
seus próprios atos. (P. 232)
176. Os Espíritos arrependidos são, no
além-túmulo, os mais calmos e vêem aproximar-se com resignação o tempo de nova
prova. (P. 237)
177. O ensino do Espiritismo, proporcionado
às necessidades da Humanidade, restabelece em sua pureza a doutrina do
Evangelho. (P. 239)
178. Os Espíritos baixos, tendo maior
afinidade com os homens do que com os Espíritos puros, são, por isso, mais
acessíveis à nossa influência; podemos, desse modo, instruí-los e moralizá-los.
(P. 240)
179. Nem todos estamos aptos a obter bons
resultados com essa ação, pois é preciso verdadeira superioridade moral para
dominá-los, conter-lhes a audácia e encaminhá-los para o caminho reto. (P. 241)
180. Se a pena de Talião nada tem de
absoluto, não é menos verdade que as paixões e os defeitos dos homens acarretam
conseqüências sempre idênticas a que eles não podem subtrair-se: assim, o
orgulhoso prepara para si um fu-turo humilde, o egoísta provoca à sua volta a
indiferença etc. (P. 243)
181. A fatalidade aparente que semeia de
males o caminho da vida não é mais que a conseqüência lógica do nosso passado,
o cumprimento do destino por nós mesmos aceito antes de renascer. (P. 248)
182. A liberdade do ser é exercida, pois, em
um círculo limitado, parte pelas exigências da lei natural, parte pelo passado
do indivíduo, cujas conseqüências se refletem sobre ele até a completa
reparação. (PP. 249 e 250)
183. O destino é conseqüência de nossos atos
e de nossas livres resoluções, tomadas na vida espiritual. (P. 250)
184. A reencarnação é submetida a leis:
chegada a hora da reencarnação, o Espírito sente-se atraído por uma força
irresistível para o ambiente que lhe é próprio, e esta é para ele uma hora de
angústia mais aterradora do que o momento da morte física. (P. 252)
185. A reencarnação se faz por meio de uma
aproximação gradual, pela assimilação das moléculas materiais ao perispírito,
que se reduz, se condensa, se torna progressivamente mais pesado. (P. 253)
186. As qualidades e os defeitos da forma
reaparecem no corpo físico, que é, na maioria dos casos, uma cópia grosseira do
perispírito. (P. 253)
187. Quando se inicia a assimilação molecular
que dá nascimento ao corpo, o Espírito é tomado por uma perturbação e um
torpor, e suas faculdades, sua memória, sua consciência ficam adormecidas. (P.
253)
188. O Espírito iluminado escolhe, de
preferência, uma vida de trabalhos, de lutas e de abnegação, porque sabe que
por ela seu progresso será mais rápido. Ele sabe que a Terra é o verdadeiro
purgatório e que precisa renascer e sofrer para livrar-se de suas culpas. (P.
254)
189. Assim tudo se paga e tudo se resgata; os
pensamentos, os desejos culpados têm seu reflexo na vida fluídica, mas as
culpas cometidas na carne devem ser expiadas na carne. (P. 255)
190. O Espírito alcança a sabedoria e a
satisfação pessoal no trabalho e na prática da caridade, na meditação solitária
e no estudo profundo do admirável livro da Natureza, que tem o segredo de Deus.
(P. 256)
191. As religiões colocaram na vida futura,
nas penas e nas recompensas que ela nos reserva, a sanção capital de nossas
ações; mas esses ensinamentos, depois de exercer séria influência sobre as
sociedades da Idade Média, foram postos em dúvida por muitos, por falta de base
positiva. (P. 259)
192. Jesus, antes do drama do Gólgota,
anunciou aos homens um outro Consolador, o Espírito de Verdade, e ele veio e
falou à Terra. (P. 259)
193. O Espiritismo dá-nos a chave do
Evangelho e ensina-nos a moral superior, definitiva, cuja grandeza revela sua
origem sobre-humana. (P. 260)
194. A filosofia dos Espíritos, sobrepondo
aos castigos eternos a justa conseqüência dos próprios atos, mostra-nos que o
Espírito, em toda parte e sempre, será aquilo que de si mesmo fez. (P. 260)
195. A noção da finalidade real da existência
tem um valor incalculável para o melhoramento e a elevação dos homens: o
conhecimento da meta a que nos dirigimos facilita nossa marcha e imprime às
ações um impulso vigoroso para o ideal concebido. (P. 261)
196. A perspectiva se alarga com a filosofia
espírita; o que devemos buscar não é mais o bem terrestre, mas o melhoramento
íntimo. (P. 261)
197. O dever é o nobre ideal que inspira os
grandes sacrifícios, as puras dedicações e os entusiasmos santificados, e do
seu culto decorre uma calma íntima e uma serenidade de espírito mais preciosa
que todos os bens da Terra, que se pode degustar mesmo entre provas e
desventuras. (P. 263)
198. A essência do homem moral é a
honestidade. (P. 264)
199. A honestidade, segundo o mundo, não é,
porém, honestidade segundo as leis divinas, que são mais exigentes com a
criatura humana. (P. 264)
200. Os Espíritos nos mostram que a
responsabilidade é relativa ao saber e que o conhecimento espírita impõe-nos
trabalhar mais ainda. (P. 265)
201. A prática constante do dever leva-nos ao
aperfeiçoamento; para apressá-lo é preciso estudar primeiro com atenção a si
mesmo e submeter os próprios atos a escrupuloso controle. (P. 265)
202. É necessário, em segundo lugar, escolher
as amizades, os companheiros e procurar viver em ambiente honesto e puro, onde
reinem apenas influências benéficas e fluidos quentes e simpáticos, evitando
conversas frívolas, a maledicência e a mentira e retemperando-se com freqüência
no estudo e no recolhimento. (P. 266)
203. A fé é a mãe de todo sentimento nobre e
de toda grande ação. (P. 268)
204. O conhecimento do mundo invisível e a
confiança numa lei superior de justiça e de progresso imprimem à fé segurança e
calma. (P. 269)
205. O orgulho é o mais temível de todos os
vícios e dele derivam todas as perturbações da vida social. O homem só poderá
livrar-se dele ao preço de provas dolorosas e de existências obscuras. (P. 271)
206. O ensino espírita revela-nos a condição
dos orgulhosos na vida futura: os humildes e os pobres deste mundo são ali
exaltados; os vaidosos e os poderosos são deprimidos e humilhados. (P. 272)
207. A riqueza e o poder geram, com
freqüência, o orgulho, enquanto uma vida obscura e de trabalhos concorre para o
progresso moral. (P. 274)
208. As tentações têm menor força contra o
operário ocupado em seu trabalho diário, enquanto o homem mundano é absorvido
pelas ocupações frívolas, pelas especulações e pelo prazer. (P. 274)
209. A riqueza prende-nos à Terra com
vínculos tão numerosos e íntimos, que a morte raramente consegue romper e
libertar-nos deles; daí decorrem as angústias do rico na vida futura. (P. 274)
210. A pobreza ensina-nos a termos compaixão
pelos males alheios e a dar valor a mil coisas que nada significam para os que
são felizes. (P. 276)
211. Irmão do orgulho, o egoísmo provém das
mesmas causas e constitui uma das mais terríveis doenças da alma e o maior
obstáculo que se opõe a qualquer aperfeiçoamento social. (P. 278)
212. O egoísmo é a persistência do feroz
espírito de individualismo que distingue o animal e que apresenta o vestígio de
um estado inferior pelo qual tenhamos passado. (P. 278)
213. O egoísmo traz em si seu próprio
castigo: a vida do egoísta transcorre vazia e monótona e tanto aqui quanto na
vida espiritual todos fogem dele, homens ou Espíritos. (P. 280)
214. Embora possa ser encontrado em todas as
classes, o egoísmo é mais comum no rico que no pobre: com freqüência a
prosperidade endurece o coração, enquanto a desventura ensina-nos a partilhar
as dores alheias. (P. 280)
215. Não haverá paz, segurança, bem-estar
social, se não for vencido o egoísmo e destruídos os privilégios. Mas a
solidariedade irá triunfar, graças ao conhecimento de nossos destinos: a
reencarnação e a necessidade de voltar em condições modestas serão aguilhões a
estimular o egoísta, fazendo com que o sentimento exagerado da personalidade se
atenue. (PP. 281 e 282)
216. Não é caridade somente a solicitude
pelos miseráveis: a caridade material, ou beneficência, pode aplicar-se a
certas pessoas sob a forma de socorro, encorajamento e amparo. (P. 286)
217. A caridade moral deve estender-se a
todos, e não consiste em esmola, mas em uma benevolência que deve envolver
todos os homens e regular as nossas relações com eles, coisa que todos podemos
praticar. (P. 286)
218. O homem caridoso faz o bem ocultamente e
dissimula suas boas obras, enquanto o vaidoso grita aos quatro ventos o bem que
faz. (P. 287)
219. Nessas condições, a ingratidão e a
injustiça não ferem o homem caridoso, porque pratica o bem sem esperar dele
nenhuma recompensa. (P. 287)
220. Tudo o que o homem faz por seus irmãos
imprime-se no grande livro fluídico, cujas páginas se perdem nos tempos. (P.
289)
221. Se o orgulho é o pai dos vícios, a
caridade é a mãe da virtude: dela derivam a paciência, a doçura, a prudência
nos propósitos. (P. 290)
222. O dever da alma que aspira aos céus
elevados é perdoar; a vingança, o duelo, a guerra são vestígios do estado
selvagem. (PP. 290 e 291)
223. Um dia abençoaremos aqueles que foram
duros e sem piedade conosco, pois de sua iniqüidade terá surgido o nosso bem
espiritual. (P. 291)
224. A paciência é a qualidade que nos ensina
a suportar com calma todas as dores: ela não consiste em sufocar em nós toda
sensação, mas em buscar, além do horizonte da vida atual, as consolações que
nos mostram a relatividade e insignificância das tribulações materiais. (P.
292)
225. O amor é a atração celestial das almas,
a potência divina que une os mundos, governa-os, fecunda-os; o amor é o olhar
de Deus! A ardente paixão que suscita os apetites carnais é apenas uma sombra
do amor. (P. 294)
226. O amor, profundo como o mar, infinito
como o céu, abrange todos os seres: Deus é o seu foco. Todos os seres são
feitos para amar. (P. 296)
227. O sofrimento é lei de nosso planeta;
assim, apenas para quem não enxerga o futuro, a pobreza, a enfermidade e a
doença são um mal. (P. 299)
228. A dor, sob todas as formas, é o remédio
supremo das imperfeições e das enfermidades da alma; sem a dor não é possível a
sua cura. (P. 299)
229. A obra da dor é fecunda; faz germinar em
nós tesouros de piedade, de ternura, de afeto: aqueles que não a conhecem, nada
valem. (P. 300)
230. Se existe provação cruel, é a perda dos
seres amados; contudo, uma morte prematura é, com freqüência, um bem para o
Espírito que parte, livre dos perigos e das seduções da Terra. (P. 304)
231. A separação produzida pela morte é
apenas aparente: os filhos, a mãe adorada estão ainda conosco; seus fluidos,
seus pensamentos envolvem-nos, seu amor protege-nos e podemos até, às vezes,
comunicar-nos com eles e receber seu encorajamento e seus conselhos. (P. 304)
232. A prece, refúgio supremo dos aflitos,
dos corações magoados, deve ser uma expansão íntima da alma para com Deus, um
colóquio solitário, uma meditação sempre útil e em geral fecunda. (P. 308)
233. A prece é a elevação da alma acima das
coisas terrenas, é uma ardente invocação às potências superiores. (P. 308)
234. Nesse colóquio com a Potência suprema, a
linguagem deve ser espontânea e variar segundo as necessidades e o estado de
alma da pessoa, podendo ser um simples pensamento, uma lembrança, um olhar
erguido ao céu. (P. 309)
235. Na prece diária dirigida ao Eterno, o
sábio não pede a felicidade, nem procura fugir às dores, aos desenganos, às
desventuras: o que ele deseja é conhecer a lei para melhor cumpri-la e pede a
ajuda dos bons Espíritos, para que o amparem nos dias aflitivos da vida. Estes
o atendem. (P. 310)
236. Quando uma pedra cai na água a
superfície desta vibra em esferas concêntricas: assim o fluido universal é
movido por nossas preces e nossos pensamentos, estabelecendo-se uma corrente
fluídica de uns para outros, porque todos os seres e mundos estão imersos nesse
fluido. (P. 311)
237. Assim acontece com relação às almas que
sofrem: a prece age à distância sobre elas como um magnetismo, penetra os
fluidos densos que as envolvem, ameniza suas angústias e sua tristeza. (P. 311)
238. Reuni-vos para orar: a prece feita em
comum é um feixe de vontades, de pensamentos, de raios, de harmonias e de
perfumes, que se dirige com maior força à sua finalidade. (P. 312)
239. Ao fim de cada dia, examinemos com
cuidado as obras que realizamos: deploremos o mal cometido, propondo-nos
evitá-lo, e alegremo-nos pelo que tenhamos feito de útil e bom, pedindo à
sapiência suprema auxílio para realizarmos, dentro e à nossa volta, a perfeita
beleza moral. (P. 313)
240. O trabalho é lei em todos os planetas,
mas torna-se mais suave à medida que a vida se apura. Quando o homem se ocupa
com seu trabalho, as paixões se aquietam e acalmam-se as angústias do espírito.
(P. 315)
241. A antiguidade romana considerava
desonroso o trabalho e disto derivou sua esterilidade moral, sua corrupção. A
filosofia espírita mostra-nos na lei do trabalho o princípio de todo o
progresso. (P. 316)
242. Para conservar a alma livre, a
inteligência sadia, lúcida a razão, a primeira condição é sermos sóbrios e
castos: é preciso reduzir a soma das exigências materiais, comprimir os
sentidos, domar os apetites vis. (P. 317)
243. A sobriedade e a continência caminham
juntas: os prazeres da carne amolecem-nos, enervam-nos, afastam-nos do caminho
da sapiência. (P. 317)
244. A família, o amor da esposa, o afeto dos
filhos, a sadia atmosfera do lar são preservativos poderosos contra as paixões.
(P. 317)
245. A sobriedade, a continência, a luta
contra as seduções dos sentidos não são, como querem os mundanos, uma infração
às leis naturais, uma mutilação da vida. (P. 318)
246. Ao contrário, revelam profunda
compreensão das leis superiores, clara intuição do futuro. O Espírito do
voluptuoso consome-se, após a morte, em inúteis desejos. Quem coloca a
felicidade nos prazeres da carne, priva-se por muito tempo da paz de que gozam
os Espíritos elevados. (PP. 318 e 319)
247. O estudo é fonte de doces e puras
alegrias, liberta-nos das preocupações vulgares e faz com que esqueçamos as
dores da vida. (P. 320)
248. As gerações transformam-se e
aperfeiçoam-se pela educação; por isso, a educação da infância requer o máximo
cuidado. (P. 323)
249. Não basta, porém, ensinar à criança os
elementos da ciência: tão essencial quanto ler, escrever e contar, é saber
governar-se e conduzir-se como ser racional, consciente, que enfrenta a vida
armado não só para a luta material mas, sobretudo, para a luta moral. (P. 323)
250. Raramente uma boa educação moral é obra
de professores: para despertar na criança as primeiras aspirações ao bem, para
modificar um caráter difícil, são necessários a firmeza, a perseverança e o
amor de que é capaz apenas o coração de um pai ou de uma mãe. (P. 324)
251. Mas a tarefa do educador não é tão
difícil quanto parece e não exige nenhuma cultura científica: pequenos e
grandes podem dedicar-se a ela quando compreendem o alto escopo e as consequências
da educação. (P. 324)
252. Considerando as tendências que a criança
traz, devemos aplicar-nos a desenvolver-lhe as boas e a aniquilar as más. Não
propiciemos demasiadas alegrias aos nossos filhos e não confiemos nossos filhos
a outros, a menos que isso seja absolutamente necessário. (P. 324)
253. Uma educação baseada no conceito exato
da existência mudaria a face do mundo. Fazei que cada família transmita sua fé
aos filhos. Falemos ao coração deles e, ensinando-os a despojar-se de suas
imperfeições, lembremos que a verdadeira ciência consiste em nos tornarmos
melhores. (P. 325)
254. A aplicação dos sistemas preconizados
pelo Socialismo não apresentou, até o momento, senão resultados mesquinhos. (P.
327)
255. É que para viver associados exigem-se
raras qualidades: a causa do mal e seu remédio não estão onde geralmente os
buscamos; são vãs as criações artificiais enquanto o indivíduo não se melhora.
(P. 327)
256. A mulher ocupa, nos trabalhos espíritas,
posição eminente, pois que, dada a delicadeza de seu sistema nervoso, é dentre
as mulheres que saem os melhores médiuns. (P. 330)
257. Os Espíritos afirmam que, encarnando-se
de preferência num corpo feminino, a alma se eleva mais rapidamente para a
perfeição. (P. 330)
258. Se queres libertar-te dos males terrenos
e fugir às reencarnações dolorosas, guarda bem esta lei moral: não dês senão o
indispensável ao homem material, ser efêmero que terminará com a morte; cultiva
com amor o Espírito, que é imortal; afasta-te das coisas perecíveis: honras,
riquezas, prazeres mundanos, porque tudo são fumaças e apenas o bem, o belo, o
verdadeiro são eternos. (PP. 332 e 333)
259. No capítulo LVI deste livro, o autor
resume em 9 itens os princípios essenciais da filosofia dos Espíritos: Deus,
evolução, imortalidade etc. (PP. 333 a 336)
260. A vida terrestre é uma escola na qual a
alma se educa e aperfeiçoa com o trabalho, o estudo, o sofrimento. A felicidade
e a dor não são eternas. (P. 334)
261. O bem é a lei suprema do Universo, a
finalidade da evolução dos seres. O mal não tem existência própria; é efeito de
um contraste: é o estado de inferioridade pelo qual passam todos os seres, na
sua ascensão para um estado melhor. (P. 335)
262. Sendo a educação da alma a finalidade da
vida, é útil resumir os seus preceitos: reprimir as necessidades grosseiras, os
apetites materiais e criar para si necessidades intelectuais e elevadas; lutar,
combater, sofrer, se preciso, para o progresso dos homens e dos mundos;
encaminhar os semelhantes para a luz da verdade e do belo; amar a verdade e a justiça,
praticar com todos a caridade, a benevolência. Eis o segredo da felicidade
futura, eis o dever! (P. 336)
263. De todas as teorias, a espírita é a
única que nos fornece a prova objetiva da sobrevivência do ser e ensina-nos o
modo de corresponder-nos com aqueles que, impropriamente, chamamos mortos. (P.
338)
264. O Espiritismo não tem outra ambição
senão a de tornar os homens mais felizes, fazendo-os melhores; e a todos traz
calma, confiança, firmeza na provação. (P. 338)
265. Tudo quanto é material é efêmero: as
gerações passam como as ondas do mar, os impérios desmoronam-se, os mundos
perecem, os sóis se apagam; tudo termina, tudo desaparece, mas três coisas
existem que vêm de Deus e, como Deus, são eternas: Sabedoria, Virtude, Amor!
Esforça-te por conquistá-las; alcançando-as, tu te elevarás acima do que é
passageiro e transitório, para apenas gozares o que é eterno. (P. 340)
Fonte:
Depois da morte, Léon Denis, tradução de Torrieri Guimarães, publicada pela Hemus Livraria Editora Ltda.

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