A Doutrina Espírita nos revela que Deus nos criou como Espíritos simples, ignorantes e desprovidos de sabedoria, e Ele nos impõe a encarnação para que possamos alcançar a perfeição.
Mas por que Deus não nos criou perfeitos?
A questão número 115 de O Livro dos Espíritos
revela que Deus não nos criou perfeitos porque a perfeição deve ser conquistada
através do nosso próprio mérito, esforço e aprendizado ao longo das
encarnações. Se fôssemos criados perfeitos desde o início, não teríamos mérito
algum em nossa evolução, e o progresso não existiria.
É comum muitas pessoas acreditarem que os
Espíritos que estão na Erraticidade possuem o conhecimento de todas as coisas,
e essa é uma crença que é preciso desmistificar. Da mesma forma que existem
homens sábios e ignorantes, no mundo espiritual não é diferente. Assim como
existem homens maus e bons, com maior ou menor grau de evolução e sabedoria,
essa mesma distinção se faz presente também entre os Espíritos.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo diz:
Independente da diversidade dos mundos, essas palavras de Jesus também podem referir-se ao estado venturoso ou desgraçado do Espírito na erraticidade. Conforme se ache este mais ou menos depurado e desprendido dos laços materiais, variarão ao infinito o meio em que ele se encontre, o aspecto das coisas, as sensações que experimente, as percepções que tenha. Enquanto uns não se podem afastar da esfera onde viveram, outros se elevam e percorrem o Espaço e os mundos; enquanto alguns Espíritos culpados erram nas trevas, os bem-aventurados gozam de resplendente claridade e do espetáculo sublime do Infinito; finalmente, enquanto o mau, atormentado de remorsos e pesares, muitas vezes insulado, sem consolação, separado dos que constituíam objeto de suas afeições, pena sob o guante dos sofrimentos morais, o justo, em convívio com aqueles a quem ama, frui as delícias de uma felicidade indizível. (KARDEC, 2023, p. 49)
Com este entendimento, veremos a seguir as
classificações dos Espíritos e os níveis de percepção espiritual, que foram
ordenadas com base nas características em comum entre os Espíritos observados
por Allan Kardec.
Os níveis de evolução espiritual, são
divididos em três ordens e dez classes. A terceira ordem dos Espíritos são os
Espíritos imperfeitos. Esses se caracterizam pela predominância da matéria
sobre o Espírito. São inclinados a fazerem o mal por prazer. Possuem pouco
conhecimento do Mundo Espiritual e são propensos a misturarem princípios
terrenos com verdades espirituais, o que gera uma comunicação confusa,
contraditória e desprovida de verdade.
As
classes da ordem dos Espíritos imperfeitos são:
Décima
classe - Espíritos impuros: São Espíritos totalmente
inclinados ao mal e que se conectam aos homens suscetíveis às suas sugestões.
Eles se caracterizam por uma linguagem nutrida de grosserias nas expressões e
quando tentam se passar por alguma Entidade de Luz, facilmente são
desmascarados, pois não conseguem forjar comportamentos por muito tempo. Muitos
povos e culturas denominam esses seres como Demônios. Quando encarnados fazem o
mal por prazer, sem motivo. Não compreendem que o Mundo Espiritual é permanente
e que tudo se origina dele. Espíritos dessa ordem comumente não sabem mais que
os homens.
Segundo a questão 292 de O Livro dos
Espíritos, “só entre os Espíritos impuros há ódio e são eles que insuflam nos
homens as inimizades e as dissensões.”(KARDEC, 2023, p. 148)
Nona
classe - Espíritos levianos: São Espíritos ignorantes
que em sua comunicação não se comprometem com a verdade, respondendo tudo com o
intuito de induzir ao erro por meio de mistificações e causar contradições. São
Espíritos que podem se denominar como Duendes, Gnomos e outras nomenclaturas.
Oitava
classe - Espíritos pseudossábios: Estes possuem
conhecimentos amplos, mas consideram saber mais do que realmente sabem. Como
consequência, acabam misturando a verdade com erros colossais que induzem os
humanos a irem pelas veredas do orgulho, vaidade, presunção, egoísmo e tantos
outros vícios morais.
Sétima
classe - Espíritos neutros: Essa categoria de
Espíritos como o próprio nome induz, caracterizam-se por não serem bons o
suficiente para praticar o bem, nem maus o suficiente para causar o mal.
Sexta
classe - Espíritos batedores e perturbadores: Não se
distinguem pelas qualidades morais e podem caber em qualquer classe da terceira
ordem. Se caracterizam por manifestar a sua presença através de efeitos físicos
e sonoros.
A segunda ordem é a dos Bons Espíritos que se
caracteriza pela predominância do Espírito sobre a matéria. Todos os espíritos
dessa ordem têm o desejo de praticar o bem e possuem habilidades diversas
dentro da ciência, da sabedoria e da bondade. São Espíritos que já experimentam
certo nível de felicidade por promoverem o bem e evitarem o mal. Não se
configuram como seres perfeitos, por isso, ainda precisam passar por provas
para alcançarem a perfeição. Quando encarnados costumam ser considerados gênios
ou benfeitores da Humanidade. São divididos em quatro classes:
Quinta
classe - Espíritos Benévolos: Caracterizam-se por
terem bondade predominante. Possuem conhecimentos limitados, contudo, sentem
prazer em servir a Humanidade com a bondade e a proteção.
Quarta
classe - Espíritos sábios: Essa classe de Espíritos
se caracteriza por possuir grande conhecimento. Se ocupam mais com questões
científicas do que com as questões morais.
Terceira
classe - Espíritos de sabedoria: Possuem grande
capacidade moral para instruir os homens pelo caminho correto. O conhecimento
dessa classe é limitado, porém, suficiente para atuarem de maneira exemplar
para instruir a Humanidade.
Segunda
classe - Espíritos Superiores: Essa classe de
Espíritos se comunica de maneira elevada, sublime e possuem profundos conhecimentos
científicos além da sabedoria e da bondade. Não se ocupam de comunicar para
atender os desejos da curiosidade humana. Se dedicam apenas para aqueles que se
comprometem com a elevação do Espírito.
Os Espíritos da primeira ordem são os Espíritos Puros, e possuem uma ordem única.
Se caracterizam por possuírem superioridade moral e intelectual e não possuem
nenhuma interferência da matéria. Espíritos que chegam nesse nível, já passaram
por todos os estágios da evolução espiritual, já experimentam a felicidade
plena e imutável, não precisam mais passar por provas e não precisam mais
reencarnar. São geralmente considerados Anjos e Arcanjos.
A Lei de Progresso nos ensina que os
Espíritos estão em constante evolução. Esse progresso depende exclusivamente da
intenção e do livre-arbítrio de cada Ser Espiritual. Na escala da evolução, não
existe o regresso, apenas o progresso, e o conhecimento espiritual revelado é
proporcional à proximidade da perfeição que cada Espírito alcança.
Nenhum Espírito está destinado por toda a
Eternidade a viver como Espírito impuro. Todos nós estamos destinados à
evolução para alcançar o grau mais sublime e puro.
A vida humana é um sopro. A Vida Espiritual é
eterna. Nos atentemos para o fato de que não somos humanos vivendo uma experiência
espiritual. Somos Seres Espirituais vivendo uma experiência humana. Essa
compreensão permite enxergarmos que o Mundo Espiritual não é algo distante ou
paralelo. Ele é o aqui e o agora. Ele é o momento presente. A prática das
virtudes, da caridade e dos ensinamentos do Mestre Jesus são essenciais e
indispensáveis para evoluirmos espiritualmente. É importante compreender que
cada encarnação oferece oportunidades únicas para o aprimoramento moral.
Referência:
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo,
tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita.
2023.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução de Guillon Ribeiro. Campos dos Goytacazes/RJ: Editora Letra Espírita. 2022.
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