151. O Sr. Aksakof, em experiência realizada com Kate Fox, observou certa vez que, enfulijada a mão fluídica da médium, a fuligem foi transportada para os seus dedos materiais, que estavam imobilizados pelo pesquisador. (Pág. 165)
152. No seu tratado de Magia Prática, Papus
refere o caso de um oficial russo que, presa de obsessão por uma
individualidade encarnada, lançou-se de espada em punho sobre a aparição e lhe
fendeu a cabeça. O ferimento feito no perispírito se reproduziu na mulher
causadora do fenômeno, que, devido a isso, acabou morrendo. (Pág. 165)
153. Dassier cita muitos casos semelhantes
extraídos dos arquivos judiciários da Inglaterra. O caso Joana Brooks é um
deles. Quando alguém disse que estava vendo o Espírito de Joana, então
desdobrada, um dos presentes saltou e deu um golpe de punhal no lugar indicado.
O vidente disse que a mulher ficara ferida na mão. Indo no dia seguinte à casa
da feiticeira, eles verificaram que ela estava realmente ferida. (Pág. 165)
154. Delanne relata, em seguida, uma série de
evidências da existência do perispírito a partir dos efeitos que se produzem em
certos pacientes hipnotizados, quando se aproximam de seu corpo determinadas
substâncias. (Pág. 166)
155. Conservada a uma distância de dez a quinze centímetros de um paciente adormecido, a cuba de um termômetro lhe produzia dor muito viva, convulsões e uma contração do braço. Um cristal de iodeto de potássio determinava espirros. O ópio o fez dormir. (Pág. 166)
156. Outras substâncias foram usadas e cada
uma produziu efeito de acordo com a sua natureza, como se o paciente a houvesse
introduzido em seu organismo. Tais fatos são, sem dúvida, singulares, mas não é
difícil explicá-los depois que a exteriorização do perispírito e do fluido
nervoso se tornou fenômeno demonstrado, como vimos no caso da água que
acumulara a sensibilidade e depois transmitira sensações ao corpo físico do
sensitivo. (Pág. 167)
157. Uma circunstância digna de registro é que,
nas experiências precedentes, as substâncias estavam encerradas em frascos
fechados a esmeril ou selados a fogo. O fluido perispirítico, porém, penetra
todos os corpos, o mesmo fazendo o fluido nervoso em grande número deles. (Pág.
168)
158. Um dos fenômenos que de modo autêntico
demonstram a existência da alma durante a vida é a fotografia do duplo, durante
a sua saída temporária do corpo. Ora, se a alma humana é capaz de impressionar
uma chapa fotográfica por ocasião de seu desprendimento, a mesma faculdade há
de ela ter após a morte, como depois se comprovou. (Pág. 169)
159. Há um meio muito simples de verificar se
a figura retratada é a de um Espírito desencarnado: basta verificar se os
membros de sua família reconhecem a pessoa que se apresenta na chapa. Alfred
Russel Wallace trata do assunto em seu livro “Os Milagres e o Moderno
Espiritualismo”, em que relata, entre muitos outros fatos, a experiência em que
o Espírito de sua própria mãe foi fotografado. (Págs. 170 e 171)
160. Essas experiências - informa Delanne -
só puderam realizar-se com muito trabalho e perseverança, mas os êxitos
alcançados valeram bem a pena que custaram, porque demonstraram de modo
indubitável: 1o, a existência objetiva dos Espíritos; 2o, a faculdade da
vidência mediúnica. (Pág. 173)
161. Outro fenômeno que se alia à fotografia
transcendental, no capítulo da comprovação da existência dos Espíritos, é o das
impressões deixadas por eles em suas intervenções em nosso meio. O eminente
astrônomo alemão Zöllner obteve, em folhas de papel enegrecido, duas marcas,
uma de um pé direito, a outra de um pé esquerdo, sem que o médium houvesse
tocado as lousas que as continham. Noutra ocasião, a marca aí feita media
quatro centímetros menos do que o pé de Slade, o médium com quem ele trabalhava.
(Pág. 176)
162. O professor Chiaia, experimentando com
Eusápia Paladino, teve a idéia de se munir de argila dos escultores e o
Espírito imprimiu nessa matéria plástica o seu rosto: derramando gesso no molde
assim produzido, obteve ele uma cabeça de um homem, de melancólico semblante.
(Pág. 176)
163. O uso da parafina derretida em água
quente foi descoberto na América. Como a parafina fica na superfície da água, o
Espírito era instruído a mergulhar repetidas vezes na parafina a parte do seu
corpo que se desejava conservar. Quando o envoltório de parafina se secava, aí
ficava um molde perfeito: bastava derramar gesso dentro dele e ter-se-ia uma
lembrança duradoura do Espírito que se prestou à operação. Eis assim como se
produziram as célebres moldagens. (Pág. 177)
164. Após transcrever uma experiência notável
registrada por Aksakof em sua obra citada, Delanne reporta-se às experiências
de materialização feitas pelo Sr. de Bodisco, camareiro do czar, o qual
entendia que o corpo astral é, na natureza, o mais importante de todos os
corpos. “Ele constitui - asseverou o Sr. de Bodisco - a única parte imperecível
do corpo humano. É o zôo-éter, ou matéria primordial, ou força vital.” (Pág.
179)
165. Quatro fotografias tirou o Sr. de
Bodisco, mostrando fases diversas da materialização, desde aquela em que a
aparição astral cerca o médium, até a da condensação de uma forma, vendo-se a
seu lado o médium em letargia. (Págs. 179 e 180)
166. A respeito dos fenômenos de
materialização, que constituem, segundo o autor, as mais altas e irrefragáveis
demonstrações da imortalidade, Delanne recomenda se consultem: Animismo e
Espiritismo, de Aksakof; Ensaio de Espiritismo Científico, de Metzger; Depois
da Morte, de Léon Denis, e Psiquismo Experimental, de Erny. (Pág. 180)
167. Os fatos de materialização mais célebres
se deram, porém, com a médium Florence Cook, instrumento de que serviu o
Espírito Katie King, examinado, entre outros, pelo renomado químico inglês Sir
William Crookes. (Pág. 180)
168. Um erro que, todavia, se comete é pensar
que Katie King foi examinada apenas por Crookes. Na verdade, quando ele pôde
verificar a mediunidade da Srta. Cook, já havia muito tempo que Katie se
materializava. Foi em 22 de abril de 1872, quando a médium contava apenas
dezesseis anos, que Katie King se materializou pela primeira vez, embora
parcialmente. Na reunião, ela trouxe também algumas folhas frescas de hera,
planta que não existia no jardim da casa. (Pág. 182)
169. No dia 25 de abril seguinte, o Sr.
Harrison - a convite de Katie King - se fez presente à reunião, que foi
realizada em casa do Sr. Cook, pai da médium, da qual fez ele uma reportagem
publicada no seu jornal, The Spiritualist.
A médium não estava adormecida, pois o Sr. Harrison ouviu nitidamente o diálogo
que Katie e ela travaram no início da sessão. Vê-se por esse diálogo que a
aparição não era o duplo da médium e que a vontade consciente da Srta. Cook
parecia opor-se ao desejo do Espírito de manifestar-se visivelmente. (Pág. 183)
170. O Sr. Harrison pôde apreciar, em sessões
ulteriores, o desenvolvimento do fenômeno. Nessa época, a médium permanecia
quase sempre acordada, enquanto se achava presente o Espírito. Depois, Katie
não mais apareceu sem que Cook estivesse em transe. (Pág. 184)
171. Para assegurar a veracidade dos fatos,
muitos controles foram utilizados nas experiências com a Srta. Cook. Certa vez,
suas mãos foram atadas, sendo postos selos de cera sobre os nós. Katie
mostrou-se, então, com as mãos inteiramente livres. Muitas fotografias de
Katie, completamente materializada, foram então obtidas. (Pág. 185)
172. Um fato digno de nota, diz Delanne, é
que todas as sessões da Srta. Cook se realizavam gratuitamente. A médium não
precisava, porém, preocupar-se com o seu sustento, porquanto desde os
primórdios de suas faculdades mediúnicas o Sr. Blackburn, de Manchester,
concedeu-lhe importante dote que lhe assegurou a subsistência. (Pág. 185)
173. Foi na primavera de 1873 que se
obtiveram as primeiras fotografias de Katie King. Delanne descreve os cuidados
que os experimentadores tiveram para evitar a possibilidade de fraude nessas
sessões. (Págs. 185 a 187)
174. Diz a Sra Florence Marryat que um dia
perguntaram a Katie por que não podia mostrar-se sob uma luz mais forte, pois
ela só permitia aceso um bico de gás e assim mesmo com a chama muito baixa.
Katie pareceu irritada com a pergunta e disse que não sabia por que não podia
suportar uma luz mais intensa. Se eles duvidavam disso, que acendessem as luzes
e veriam o que ocorreria. (Pág. 187)
175. A equipe decidiu, no entanto, aumentar a
claridade, com o consentimento de Katie. Ela pôs-se então de pé junto à parede
e abriu os braços em cruz, aguardando a sua dissolução. Acenderam-se três bicos
de gás e Katie resistiu apenas por um instante à claridade. Em seguida, todos
viram-na fundir-se, como uma boneca de cera exposta ao fogo. (Pág. 188)
176. Coisa curiosa! Com o exercício o
Espírito adquiriu maior força, pois que William Crookes pôde, depois, bater
mais de quarenta chapas com auxílio da luz elétrica. (Pág. 188)
177. A Sra. Marryat revela ainda que outros
Espíritos se materializavam valendo-se da mediunidade da Srta. Cook e descreve
a aparição de sua própria filha, morta em tenra idade, que lhe
apareceu trazendo num dos lábios a deformação
com que nascera. Na sessão, a filha parecia contar dezessete anos. (Págs. 188 e
189)
178. Os incrédulos negaram com obstinação
esses extraordinários fenômenos e muitas polêmicas, mesmo entre os espíritas,
se travaram, colocando em dúvida os relatos mencionados, até que o químico
William Crookes, um dos maiores vultos da Ciência de então, confirmou a
autenticidade absoluta das materializações de Katie King. (Pág. 190)
179. As experiências de Crookes, além de
comprovar a existência do ser espiritual, estabelecem que o perispírito
reproduz não só o exterior de uma pessoa, mas todas as partes internas do seu
corpo, reduzindo a pó a objeção, tantas vezes formulada, de que nas sessões
espíritas as aparições fotografadas são simples desdobramentos do médium. (Pág.
191)
180. Não só a altura de Katie King e de
Florence Cook, mas a cor dos cabelos, as pulsações e os batimentos de uma e de
outra foram registrados por William Crookes, que comprovou assim ter diante de
si duas individualidades distintas, que em nada se pareciam, salvo o fato de
serem jovens e do mesmo sexo. (Págs. 191 e 192)
Fonte:
A alma é imortal, Gabriel Delanne, traduzida por Guillon Ribeiro. FEB, 6a edição.

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