240. Após relatar algumas das providências tomadas pelos mais célebres investigadores, Delanne fala dos moldes de membros corporais obtidos nas sessões e acrescenta as razões pelas quais é impossível aí a fraude. (Pág. 255)
241. Seria a aparição um desdobramento do
médium? Em muitos casos, sim, é isso que se dá; contudo é muito simples
distinguir-se uma bilocação do médium de uma materialização de Espírito. Se o
fantasma se parecer com o médium, tudo indica que se trata da exteriorização do
seu perispírito. (Pág. 255)
242. O Sr. Brackett diz ter visto centenas de
formas materializadas e, em muitos casos, o duplo fluídico do médium se lhe
assemelhava tanto, que parecia ser o próprio médium, então em sono profundo.
(Pág. 256)
243. Nos fenômenos de transfiguração, em que
a aparição modifica o seu aspecto, Delanne entende que o fato provém da ação do
Espírito cujos traços são reproduzidos, uma vez que o médium desconhece, na
maioria dos casos, o desencarnado que assim se manifesta. (Págs. 257 e 258)
244. Ora, se é o duplo do médium que tenta
fazer que o tomem por um defunto, impossível lhe será falar na língua que em
vida o morto usava, desde que não conheça tal idioma. Em apoio a essa
explicação, Delanne relata vários casos ilustrativos, extraídos do livro
Animismo e Espiritismo, do Sr. Aksakof. (Págs. 259 e 260)
245. Delanne acrescenta ainda à sua tese o fato, observado mais de uma vez, de que há casos em que não se mostra na sessão apenas um Espírito materializado, mas vários ao mesmo tempo e, às vezes, de sexos diferentes, provando que cada um é um ser real e dotado de um organismo que lhe permite mover-se e conversar. (Pág. 261)
246. Seguem-se alguns desses casos, tirados
também da obra do Sr. Aksakof, já referida linhas acima. (Págs. 261 a 263)
247. Resumindo a discussão em torno da
qualidade das provas já obtidas, Delanne afirma que, conquanto tenha havido
fraudes operadas por pessoas que queriam passar por médiuns, é incontestável
que, quando as experiências foram feitas por sábios, as precauções adotadas
bastaram para afastar, de forma absoluta, essa causa de erro. (Pág. 263)
248. Esses relatos, de origens tão diversas e
conformativos uns dos outros, constituem provas de que os fatos foram bem
observados e que são verídicos. E a única teoria que pode explicá-los a todos,
sem exceção de um só, é a do Espiritismo, que nos ensina que, inseparável do seu
envoltório perispirítico, a alma pode materializar-se temporariamente, quer
transformando o duplo do médium, ou, mais exatamente, mascarando-o com a sua
própria aparência, quer tomando matéria e energia ao médium, para as acumular
na sua forma fluídica, que então aparece qual era outrora na Terra. (Págs. 264
e 265)
249. Na seqüência, Delanne examina a questão
da identidade dos Espíritos que se comunicam e refuta uma afirmação do Sr.
Aksakof que, embora convicto da imortalidade da alma, entendia que a prova
absoluta da identidade do indivíduo é “impossível”. (Págs. 265 e 266)
250. É que Aksakof admitia como demonstrado
que um Espírito pode mostrar-se sob qualquer forma, a fim de representar uma
personagem diversa, que afinal é ele mesmo. À primeira vista, parece que o
fenômeno da transfiguração lhe dá razão. Delanne, porém, discorda e mostra que
nesse fenômeno o médium sofre uma influência estranha, que substitui pela sua
aparência a do médium. Não se pode, portanto, pretender que o Espírito do
médium seja capaz de se transformar, porquanto em nenhum caso foi isso
demonstrado. (Págs. 266 a 268)
251. Evocando o exemplo de Katie King,
Delanne observa que, indubitavelmente, ela não era um desdobramento de Florence
Cook, porquanto esta, perfeitamente acordada, conversa com Katie e o Sr.
Crookes, que vê a ambas. Não só as idéias que elas revelavam, mas as diferenças
de talhe, de tez, de cabelo, de pulsações e de batimentos mostravam que se
tratava, no caso, de duas personalidades bem distintas. (Pág. 268)
252. Não é difícil entender que o perispírito
seja capaz de reproduzir a forma do corpo físico já extinto. Desde que nada se
perde no envoltório fluídico, as formas do ser se fixam nele e podem reaparecer
sob o influxo da vontade. Segundo Erny, em seu livro “O psiquismo
experimental”, o Sr. Brackett viu numa sessão um mancebo muito alto dizer-se
irmão de uma senhora presente, que lhe replicou: “Como poderia reconhecê-lo, se
não o vejo desde criança?” De imediato a figura diminuiu de talhe pouco a
pouco, até chegar à do menino que ela conhecera. (Pág. 270)
253. O fato citado - que tem sido observado
muitas vezes - conduz-nos à lei geral, ensinada por Kardec, de que um Espírito
suficientemente adiantado pode assumir, à vontade, qualquer dos tipos pelos
quais tenha evolvido no curso de suas existências sucessivas. Não se deve
concluir disso que um Espírito farsista não possa disfarçar-se, de maneira a
simular uma personagem histórica, mais ou menos fielmente. Ele pode, sim, mas,
evidentemente, pouco avançado na hierarquia espiritual, os seus conhecimentos,
ainda muito limitados, acabarão por desmascará-lo. (Pág. 270 e 271)
254. Outra observação importante decorrente
do estudo das materializações indica que não é o Espírito quem cria a forma sob
a qual é ele visto, pois os moldes são verdadeiros modelos anatômicos. É um
verdadeiro organismo que se imprime em substâncias plásticas e não apenas uma
imagem. Que organismo é esse? (Pág. 271)
255. É um organismo que já existe durante a
vida e que dá moldagens idênticas no curso dos desdobramentos: o perispírito,
que a morte não destrói e que persiste com todas as suas virtualidades, pronto
a manifestá-las, desde que seja favorável a ocasião. (Pág. 271)
256. Nos desdobramentos materializados de
médiuns, os moldes obtidos reproduzem sempre o organismo material do médium, do
seu pé, por exemplo, como se deu com Eglinton, ou de sua mão, como ocorreu com
Eusápia. Esse é o critério que nos permite distinguir o desdobramento do médium
de uma materialização de Espírito. Se a aparição é sósia do médium, segue-se
que é sua alma que se manifesta fora do organismo carnal. No caso contrário, se
a aparição difere anatomicamente do médium, quem está presente é outra
individualidade. (Pág. 272)
257. Delanne relata, a seguir, diversas
experiências que dão embasamento à explicação dada. (Págs. 272 a 274)
258. Reportando-se à natureza das aparições
tangíveis, Alfred Russel Wallace disse em carta dirigida ao Sr. Erny que, em
certas circunstâncias, “a forma tem todos os característicos de um corpo vivo e
real, podendo mover-se, falar, mesmo escrever e revelando calor ao tato”. “Tem,
sobretudo, individualidade e qualidades físicas e mentais totalmente diversas
das do médium.” (Pág. 274)
259. Numa carta enviada ao Sr. Aksakof, o Dr.
Hitchman, autor de várias obras sobre Medicina, disse-lhe ter adquirido a mais
científica certeza de que “cada uma dessas formas que apareceram era uma
individualidade distinta do envoltório material do médium, porquanto, tendo-as
examinado com o auxílio de diversos instrumentos, comprovei nelas a existência
da respiração e da circulação; medi-lhes o talhe, a circunferência do corpo,
tomei-lhes o peso, etc.” (Pág. 275)
260. Encerrando o assunto, Delanne afirma
que, com base no conjunto dos fatos observados, podem-se extrair as seguintes
conclusões: 1a - Que os Espíritos possuem um organismo fluídico; 2a - Que,
quando esse corpo fluídico se materializa, reproduz fielmente um corpo físico
que o Espírito revestiu durante sua vida terrestre; 3a - Que nenhuma
experiência demonstrou que o grau de variação dessa forma possa ir ao ponto de
reproduzir outra forma inteiramente distinta. Se alguma variação se opera, não
passa de uma diferença para mais ou para menos do mesmo tipo; 4a - Que,
estabelecido por inúmeras provas que aquele organismo existe nos vivos, pode-se
afirmar a sua existência depois da morte, uma vez que ela - a existência - se
nos impõe pelos mesmos fatos que a positivam com relação aos vivos; 5a - Logo,
até prova em contrário, a aparição de um Espírito que fala e se desloca, que se
pode reconhecer como sendo uma pessoa que viveu na Terra, é prova excelente de
sua identidade. (Pág. 276)
261. Fiel ao seu método, o Sr. Aksakof não
acredita também que se possa estar certo da identidade de um Espírito, ainda
quando ele revela fatos referentes à sua existência terrestre, porque outro
Espírito pode conhecê-los. (Pág. 276)
262. Delanne diz que essa proposição reclama
estudo mais acurado porque, entende ele, no espaço muitos Espíritos são
absolutamente incapazes de apreender os pensamentos dos demais Espíritos. A
faculdade da clarividência está relacionada com a elevação moral e intelectual
do Espírito. Além disso, a morte não confere à alma conhecimentos que ela não
adquiriu pelo seu trabalho. Se, uma ou outra vez, o Espírito se revela superior
ao que parecia ser neste mundo, é que manifesta aquisições anteriores,
obnubiladas temporariamente na sua última existência. (Págs. 277 e 278)
263. Admitamos, contudo, que um Espírito
conheça os fatos da vida terrestre de um outro Espírito. Bastará isso para lhe
dar o caráter do segundo e a maneira pela qual este se exprime? Se o observador
tiver conhecido suficientemente a pessoa que o Espírito tenta imitar, ele será
facilmente
desmascarado, porque - se o estilo é o homem
- é quase impossível que alguém simule o modo pelo qual se exprime um
indivíduo. (Pág. 278)
264. Evidentemente, torna-se difícil
estabelecer a identidade das personagens históricas, mas o mesmo não sucede
quando se trata de um amigo que conhecemos bem, ou de um parente de nossas
relações. (Pág. 278)
265. Pretendeu-se algures que a consciência
sonambúlica do médium pudesse ler no inconsciente do evocador, de modo a
fornecer as particularidades que parecem provar a identidade e que, por isso,
há sempre possibilidade de ilusão. Mas, semelhante fato nunca foi demonstrado
rigorosamente. (Pág. 279)
266. Os trabalhos dos hipnotizadores modernos
não demonstram - diz Delanne - que haja no homem duas individualidades que se
ignoram mutuamente. O inconsciente não é mais do que o resíduo do Espírito,
isto é, vestígios físicos das sensações, dos pensamentos, das volições fixadas
sob a forma de movimentos no invólucro perispirítico e cuja intensidade
vibratória não basta para fazê-los aparecer no campo da consciência. (Pág. 279)
267. Se, entretanto, pela ação da vontade se
intensifica o movimento vibratório desses resíduos, o eu torna a percebê-los
sob a forma de lembranças. O sonambulismo, ao desprender a alma e dar ao
perispírito um novo tônus vibratório, cria condições diferentes para o registro
dos pensamentos e das sensações e facilita o exercício das faculdades
superiores do Espírito: telepatia, clarividência, etc., que habitualmente não
se exercem durante o estado de vigília. (Págs. 279 e 280)
268. Resumindo a questão da identidade,
conclui Delanne: “uma materialização que apresenta, com uma pessoa
anteriormente morta, semelhança completa de forma corpórea e identidade de
inteligência, constitui prova absoluta da imortalidade”. (Pág. 280)
269. A propriedade da lembrança, observada
nos Espíritos que se manifestam, implica a existência de um órgão compatível
com o meio em que vive a alma. Na Terra, mundo ponderável, o cérebro é a
condição orgânica. No espaço, meio imponderável, o perispírito desempenha a
mesma função. E como ele, o perispírito, já existe em nosso mundo, é ele o
conservador da vida integral, que compreende duas fases: de encarnação e de
vida supraterrena. (Pág. 281)
270. Para fazer-se visível e tangível,
sabemos que a substância da aparição é tomada ao médium e aos assistentes. O
Espírito materializado haure do médium a energia de que se utiliza. (Pág. 282)
Fonte:
A alma é imortal, Gabriel Delanne, traduzida por Guillon Ribeiro. FEB, 6a edição.
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