“Acaso choras pelos descrentes do
mundo, Senhor?
O Mestre olhou-o demoradamente e depois
respondeu com voz compassiva e doce:
- Não, meu filho, não sofro pelos descrentes
aos quais devemos amar. Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o
praticam...”. (Diálogo de Eurípedes Barsanulfo com Jesus, registrado por
Hilário Silva, no livro “A Vida Escreve”, capítulo 27, psicografia de Francisco
C. Xavier.)
Por certo, não existirá criatura alguma
dotada de lucidez e pleno exercício da razão que não desejará usufruir de felicidade
e paz, decorrentes do estado de serenidade, advindo da vivência prática das
sábias e inesquecíveis lições de Jesus.
No entanto, entre o querer e o poder, existe
um imenso e profundo abismo de superação a ser vencido. Em realidade, almejamos
esse oásis de conforto ainda presos a infindáveis e confusos comportamentos,
que evidenciam nossa caminhada por trilhos tortuosos e distantes dos reais
objetivos da prosperidade espiritual.
Já conhecemos, detalhadamente, o Evangelho de
Jesus. Há mais de dois mil anos esse manual carregado de intensos e valiosos
ensinamentos está em nossas mãos. Já o lemos inúmeras vezes, já o comentamos em
várias oportunidades, já o ensinamos aos outros em muitas ocasiões, mas ainda
não conseguimos vivenciá-lo na prática. E, por essa razão, nos encontramos
atolados no lamaçal da dor, da angústia e das decepções.
Ante o nosso descaso, pelos reais valores da vida, Jesus ainda chora...
Somos pródigos e fartos em criar necessidades
inúteis, quase sempre exagerando em cuidados exteriores, atendendo aos
chamamentos vaidosos e ilusórios do mundo, mas pouco atentos ao zelo e acuidade
com o nosso interior. Tal deliberação nos mantém distantes das nossas reais
finalidades aqui na Terra. Desprendemos tempo e recursos fartos no cultivo de
fantasias e ilusões, efêmeras e passageiras, e não temos o mesmo ideal e forças
para a concretização de ações seguras e resistentes, no âmbito das conquistas
espirituais, procedimento indispensável que nos indicará, com acerto, a direção
de Jesus.
Incontestavelmente, temos o livre-arbítrio. A
decisão e a responsabilidade pelas escolhas serão sempre nossas. Poderemos
pautar os nossos dias sob as acertadas orientações do Cristo, hoje, ou adiar
para o porvir o que, num certo momento, terá que ser feito.
Jesus enalteceu a função terapêutica do
perdão, informando os malefícios decorrentes do ódio, do rancor, da violência e
do ressentimento. Sabemos disso, mas ainda temos intensas dificuldades de
colocar tal assertiva em prática.
Destacou a importância de amarmos uns os
outros, esclarecendo o valor da fraternidade e da compreensão no contexto da
família humana, oriunda do mesmo Pai Celestial. Mas o egoísmo e o orgulho que,
descuidadamente, mantemos em evidência, têm ofuscado a paz social.
Falou da importância e da necessidade
daqueles que podem mais, em auxiliar e proteger os que podem menos. No entanto,
a ganância e a sovinice que ainda predominam na Terra, continuam fazendo nascer
rios de lágrimas e montanhas de dor nos corações torturados.
Ressaltou os reconhecidos valores do amor,
como veículo de afetividade e entendimento entre os homens, na compactação de
uma sólida base de solidariedade. Todavia, infelizmente, a mágoa e a
intolerância têm sido mensageiras deletérias de tragédias e infortúnios de toda
ordem, enegrecendo o panorama humano.
Lembrou os malefícios produzidos pelo
excessivo apego material, onde poucos possuem muito e muitos vivem com tão
pouco. Mas inda damos vazão ao sórdido desejo de ter sempre mais e mais bens
materiais, não dando qualquer atenção aos que ficam sem nada.
Portanto, não fica difícil a observação de
que, ante a moldura social do momento, Jesus ainda continue a “chorar por todos
os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam...”
Reflitamos, maduramente, e nos esforcemos ao
máximo, visando contribuir, dentro das possiblidades que temos, para colocar um
sorriso no semblante de Jesus.
Fonte:
O consolador, nº 520, por Waldenir Aparecido Cuin.
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