Depois da morte – parte 1

1. As religiões antigas tinham dois aspectos, um aparente, outro oculto, secreto, reservado apenas aos iniciados. (P. 9)

2. A iniciação era uma revivescência completa do caráter, um despertar das faculdades adormecidas; não se limitava a estudos apressados, como hoje. Ensinava-se ali o segredo das forças fluídicas e magnéticas. (PP. 11 e 12)

3. O deísmo trinitário passou, da Índia e do Egito, à doutrina cristã, formando, dos três elementos de Deus, três pessoas distintas. (P. 13)

4. Os iniciados eram inspirados a ter tolerância por todas as crenças, porque a verdadeira religião não maldiz as demais. (P. 14)

5. Do ensino dos Santuários saíram os grandes semeadores de ideias: Krishna, Zoroastro, Hermes, Moisés, Pitágoras e Platão, cujos discípulos não souberam conservar intacta a herança de seus mestres. (P. 14)

6. A religião é necessária e indestrutível e deveria ser o vínculo que liga os homens entre si e os une ao princípio superior das coisas. (P. 15)

7. A verdadeira religião não pode ser reduzida a simples ritos ou preceitos e não precisa de fórmulas nem de imagens. (P. 15)

8. Podemos constatar que o número de crentes sinceros diminui a cada dia: chegamos a uma daquelas fases da História na qual as religiões envelhecidas se curvam sobre suas bases. (P. 17)

9. A religião deve perder seu caráter dogmático e sacerdotal e tornar-se científica. (P. 17)

10. Veremos ressurgir então a doutrina secreta conhecida pela antiguidade, o advento da religião natural, simples e pura, em que cada pai será sacerdote no seio de sua família, mestre e modelo, e a religião será expressa pelos atos, pelo desejo ardente do bem. (P. 18)

11. Os primeiros livros nos quais se encerrou a grande doutrina são os Vedas, nos quais se concretizou a religião primitiva da Índia. (P. 19)

12. O sacrifício do fogo resume o culto védico; enquanto ele se realiza, os Assuras, ou Espíritos superiores, e os Pitris, almas dos antepassados, circundam os presentes e associam-se às suas preces. (P. 20)

13. A crença nos Espíritos remonta, pois, às primeiras idades do mundo e os Vedas afirmam, ainda, a imortalidade da alma e a reencarnação. (P. 20)

14. Krishna, educado por ascetas no seio das florestas de cedros do Himalaia, foi o inspirador das crenças indianas e o primeiro dos missionários divinos. Renovando as doutrinas védicas, firmou-as sobre a ideia da Trindade, da alma imortal, da reencarnação e da comunicação com os Espíritos. (P. 21 a 23)

15. Os males com que afligimos nosso próximo – dizia Krishna – seguem-nos como a sombra segue ao corpo. As obras inspiradas pelo amor aos nossos semelhantes são as que mais pesarão na balança celeste. (P. 23)

16. Cerca de 600 anos a.C., um filho de rei, Sakya-Muni ou o Buda, foi acometido de profunda tristeza e imensa piedade à vista dos sofrimentos humanos; a corrupção e os abusos haviam invadido a Índia. (P. 25)

17. Para o Budismo, a causa do mal, da dor, da morte e do renascimento é o desejo, e a finalidade elevada da vida é arrancar a alma aos laços do desejo, o que se consegue com a meditação, a austeridade, o desprendimento dos bens e o sacrifício do eu, ante todas as servidões e o egoísmo. (P. 25)

18. Para Buda, a ignorância é o mal supremo do qual derivam o sofrimento e a miséria; por isso, é preciso conquistar o conhecimento. (P. 25)

19. A ciência e o amor são, no Budismo, os dois fatores essenciais do Universo: enquanto não conquistar o amor, o ser terá de reencarnar. (P. 26)

20. Cada um cumpre o seu próprio destino: a vida presente é a consequência das boas ou más ações praticadas em existências passadas. (P. 26)

21. Chama-se Karma a soma dos méritos ou deméritos conquistados pelo indivíduo; o Karma é, para todos, o ponto de partida do futuro. (P. 27)

22. Tudo o que somos, diz o Budismo, resulta do que pensamos: está fundado sobre nossos pensamentos, é feito dos nossos pensamentos. (P. 27)

23. Por volta do século VI, o Budismo exotérico ou vulgar, repelido nas duas extremidades da Índia, sofreu inúmeras transformações. A doutrina ensinada no Tibete permaneceu deísta e espiritualista. Por outro lado, tornou-se ele a religião dominante na China. (P. 28)

24. A lei da caridade proclamada por Buda é um dos mais poderosos apelos ao bem proclamados na Terra e sua doutrina, apesar de suas deficiências, é uma das maiores concepções religiosas que se firmaram no mundo e que oferece, em alguns pontos, analogias sensíveis com os ensinos de Jesus. (P. 30)

25. No Egito o sacerdote podia sair de qualquer classe social e era o verdadeiro governante do país: os Reis eram por ele escolhidos. (P. 32)

26. A esfinge – cabeça de mulher em um corpo de touro, com garras de leão e asas de águia – era a imagem do ser humano que emerge da animalidade para atingir a nova existência. (P. 33)

27. Ao iniciado o sacerdote relatava a visão de Hermes, transmitida oralmente de pontífice a pontífice e esculpida nas criptas. (P. 34)

28. A voz da luz disse a Hermes que há duas opções para o destino do Espírito humano: a escravidão na matéria e a ascensão na luz. (P. 34)

29. A doutrina ensinada por Hermes era reencarnacionista. (P. 35)

30. Os sacerdotes egípcios conheciam o magnetismo, o sonambulismo, curavam pelo sono e praticavam largamente a sugestão. (P. 36)

31. Imponente figura domina o grupo dos filósofos gregos: Pitágoras, que estudou durante trinta anos no Egito. (P. 39)

32. Para Pitágoras, a evolução material dos mundos e a evolução espiritual das almas são paralelas, concordantes, e uma explica a outra. (P. 40)

33. A ciência secreta ensinava que um fluido imponderável se estende por toda parte e penetra em tudo. Agente sutil, sob a ação da vontade, modifica-se e transforma-se, afina-se e condensa-se segundo o poder e elevação das almas, que se servem dele e tecem com ele sua vestimenta. (P. 41)

34. Toda a Grécia acreditava na intervenção dos Espíritos nas coisas humanas, e Sócrates tinha o seu daimon ou gênio familiar. (P. 42)

35. Na Grécia, no Egito e na Índia, os mistérios consistiam em uma só coisa: o conhecimento do segredo da morte, a revelação das vidas sucessivas, a comunicação com o mundo oculto. (P. 43)

36. Sócrates e Platão continuaram a obra de Pitágoras, mas Sócrates não quis iniciar-se, ao contrário de Platão, que foi ao Egito e foi admitido nos mistérios. Voltando, juntou-se aos pitagóricos e fundou a Academia. (P. 44)

37. A teoria da reencarnação e das relações entre vivos e mortos foi exposta claramente por Platão no Fedro, no Fedon e no Timeo. (P. 44)

38. Ao tempo em que a Índia já se organizara em castas, na Gália as instituições tinham por base a igualdade entre todos, a comunidade dos bens e o direito eleitoral. (P. 47)

39. A filosofia dos Druidas afirma as encarnações progressivas da alma na escala dos mundos e essa doutrina inspirava aos gauleses uma coragem indômita e tal intrepidez, que eles caminhavam para a morte sem medo. (P. 48)

40. Os gauleses tinham fé tão grande nas existências futuras que emprestavam dinheiro para serem reembolsados em outros mundos. (P. 48)

41. Castos, hospitaleiros, fiéis à sua crença, os Druidas eram eleitos e sua iniciação exigia vinte anos de estudo. (P. 49)

42. A alma, segundo os Druidas, percorre três ciclos a que correspondem três estados sucessivos: em anoufn, sofre o jugo da matéria e este é o período animal; em abred, cumpre o ciclo das transmigrações e, quando se liberta das influências corpóreas, atinge gwinfid, ciclo dos mundos beatificados ou de alegria. (P. 51)

43. Os Druidas comunicavam-se com o mundo invisível: as Druidesas e os Bardos davam os oráculos. (P. 53)

44. A comemoração dos mortos é uma instituição gálica: as honras aos Espíritos não eram, porém, prestadas nos cemitérios, mas nas casas, onde os Bardos e os videntes evocavam as almas dos mortos. (P. 53)

45. O Druidismo fortalecia nas almas o sentimento do direito e da liberdade, mas lhe faltava o conceito da solidariedade. Os gauleses se sabiam iguais, mas não se sentiam bastante irmanados; daí a falta de unidade que foi a ruína da Gália. (P. 54)

46. Uma brilhante figura surge no seio da Idade Média: Joana d'Arc, cristã e piedosa que ouve com frequência as "suas vozes". (P. 54)

47. Corria o século XV e a França agonizava sob o tacão da Inglaterra, quando Joana, uma jovem de 18 anos, serviu de instrumento a que as potências invisíveis reanimassem um povo desmoralizado. (PP. 54 e 55)

48. Presa em Ruão e esgotada pelos sofrimentos, quando as "vozes" pareciam tê-la abandonado, Joana admite abjurar. Depois, as "vozes" fazem-se ouvir de novo e ela, erguendo a cabeça diante dos juízes, afirma-lhes: "A voz disse-me que a abjuração é uma traição". Acabou sendo executada. (P. 55)

49. O povo hebreu, apesar do rígido exclusivismo que é um dos aspectos de seu caráter, teve o mérito de adotar o dogma da unidade de Deus. (P. 56)

50. Os Essênios, cujas colônias se estendiam até o vale do Nilo, professavam uma doutrina análoga à de Pitágoras: admitiam as vidas sucessivas da alma e rendiam a Deus o culto do espírito. (P. 57)

51. A Terra jamais viu passar um Espírito maior do que Jesus: uma serenidade celestial envolvia sua fronte, todas as perfeições uniam-se nele, existia em seu coração imensa piedade pelos humildes e deserdados. (P. 58)

52. O Sermão da Montanha condensa e resume o ensinamento de Jesus, e a lei moral mostra-se nele com todas as suas consequências. (P. 59)

53. Jesus dirigia-se tanto ao coração quanto ao espírito e é por isso que a doutrina cristã dominou todas as outras. (P. 62)

54. Em sua profunda ciência Jesus unia a potência fluídica do iniciado superior, da alma livre das paixões, na qual a vontade domina a matéria e comanda as forças sutis da Natureza. (P. 63)

55. Não podem ser postas em dúvida as aparições de Jesus após a morte: somente elas explicam a continuidade da ideia cristã, visto que após o suplício do Mestre o cristianismo estava moralmente sepultado. (P. 63)

56. Todos os rabinos israelitas reconhecem a existência do Cristo e o Talmude fala dele nestes termos: "Na vigília da Páscoa Jesus foi crucificado por ter praticado a magia e sortilégios". (P. 64)

57. Tácito e Suetônio também mencionam o suplício de Jesus e o desenvolvimento rápido da ideia cristã. (P. 64)

58. As teorias que fazem de Jesus uma pessoa da Trindade e as que o descrevem como um ser puramente fluídico carecem de fundamento. (P. 65)

59. O reino de Deus, isto é, do Bem e da Justiça, não pode ser realizado senão com o aperfeiçoamento de todos, com o melhoramento constante dos indivíduos e das instituições. (P. 65)

60. O Catolicismo desnaturou as belas e puras doutrinas do Evangelho com suas concepções de salvação pela graça, de pecado original, de inferno e de redenção. Em todos os séculos, numerosos concílios instituíram novos dog-mas, afastando-se cada vez mais dos preceitos do Cristo. (P. 66)

61. A doutrina secreta, apesar das perseguições, perpetuou-se através dos séculos, como se pode ver na Kabala, um dos monumentos mais importantes da ciência esotérica, escrita pelos iniciados judeus. (P. 69)

62. Os primeiros cristãos acreditavam na reencarnação e adotavam as evocações e as comunicações com os espíritos dos mortos. (PP. 69 e 70)

63. A reencarnação é também afirmada por Orígenes e Agostinho. (P. 71)

64. Orígenes e os Gnósticos foram condenados pelo Concílio de Constantinopla em 553; a doutrina secreta desapareceu com os seus profetas, e a Igreja pôde reinar à vontade com os seus dogmas. A partir daí foi que os padres romanos perderam a luz que o Cristo trouxe ao mundo. (P. 72)

65. O pensamento humano, após séculos de submissão e de fé cega, cansado do triste ideal de Roma, voltou-se para as doutrinas do nada. (P. 75)

66. Sob o materialismo, a consciência deve necessariamente calar-se, para dar lugar ao instinto brutal, o interesse sobrepor-se ao entusiasmo e o amor do prazer banir da alma as generosas aspirações. (P. 81)

67. O Positivismo é mais sutil do que o materialismo e chegou mesmo a contribuir para enriquecer alguns ramos dos conhecimentos humanos; mas perdeu de vista o conjunto das coisas e as leis superiores do universo. (P. 85)

68. Embora tenham proclamado o método experimental como único meio de atingir a verdade, o Positivismo desmentiu-se ao negar a priori uma ordem inteira de fenômenos e de manifestações psíquicas. (P. 85)

69. A obra da civilização tem seu lado esplêndido, mas tem também seu lado triste, ao aguçar os apetites e desejos, favorecer o sensualismo e aumentar a depravação. (PP. 86 e 87)

70. A embriaguez, a prostituição, a imoralidade, o desespero e o suicídio constituem tristes sinais de uma civilização carcomida. (P. 87)

71. Esse estado de coisas pode ser imputado ao ambiente, aos maus exemplos recebidos na infância, à falta de energia dos pais, à ausência de educação da família, mas se deve também ao fato de que, apesar do progresso da ciência, o homem não conseguiu ainda conhecer-se a si mesmo. (PP. 87 e 88)

72. Como há vinte séculos, o homem em geral não sabe sua origem, para onde vai, qual a finalidade real da vida, enquanto a religião sem provas e a ciência sem ideal engalfinham-se, ferem-se, combatem-se. (P. 88)

73. As consequências disso fazem-se sentir por toda parte: na família, na escola, na sociedade, e para que cesse é preciso que a luz se faça para todos; é preciso que um novo ensinamento popular venha a iluminar as almas sobre suas origens, seus deveres e seus destinos. (P. 89)

74. A importância de uma educação melhor é enorme, tanto para guiar o indivíduo, como para as instituições e as relações sociais. (P. 89)

75. O conceito católico criou a civilização da Idade Média e modelou a sociedade feudal, monárquica, autoritária. As doutrinas materialistas, conduzindo os homens à idolatria do ouro e da carne, criaram uma geração sem ideais, sem fé no futuro, sem energia para a luta. (P. 90)

76. De onde virão a luz e a salvação? Não da Igreja, que é impotente para regenerar o espírito humano, nem da ciência, que não se preocupa com o caráter nem com a consciência da criatura humana. (P. 94)

77. Para elevar o nível moral, para deter as correntes da superstição e do ceticismo, é necessário um ensino que impila os homens na estrada do aperfeiçoamento, e ele se encontra na filosofia dos Espíritos. (PP. 94 e 95)

78. A doutrina ensinada pelos Espíritos pode muito bem transformar povos e sociedades, levar luz às trevas, fundir o egoísmo das almas. (P. 95)

79. A ideia de Deus está escrita em dois livros: o livro do Universo, onde as obras divinas ressaltam em caracteres luminosos, e o livro da consciência, no qual estão impressos os preceitos da moral. (P. 101)

80. Uma poderosa unidade rege o mundo: uma só substância, o éter ou fluido universal, constitui a incontável variedade de corpos. Esse elemento vibra sob a ação das energias cósmicas e gera, segundo o número e a velocidade de suas vibrações, o calor, a luz, a eletricidade, o fluido magnético: quando essas vibrações se condensam, os corpos aparecem. (P. 105)

81. O estudo da Natureza mostra-nos em cada coisa a ação de uma vontade oculta; por toda parte a matéria obedece a uma força que a domina. (P. 105)

82. Os males da vida mostram-nos que não estamos aqui para gozar e adormecer no quietismo, mas para trabalhar e combater. (P. 107)

83. Poder-se-ia definir Deus de modo superior ao que fazemos? Definir é limitar. Deus impõe-se ao nosso espírito, mas escapa a qualquer análise. Deus é a vida, a razão, a causa operante de tudo o que existe. (P. 111)

84. A dor é uma advertência necessária, um estímulo para a atividade humana, que nos obriga à interiorização, à reflexão. (P. 114)

85. O mal constitui um estado transitório inerente ao nosso planeta, como uma fase inferior da evolução dos seres para o bem. (P. 115)

86. Antítese da lei divina, o mal não pode ser obra de Deus e é, por isso mesmo, obra do homem, uma consequência de sua liberdade. Mas, o mal, como a sombra, não tem existência real: é apenas a ausência do bem. (P. 115)

87. Libertar-se das baixas regiões da matéria e subir todos os degraus da hierarquia espiritual, emancipar-se do jogo das paixões e conquistar todas as virtudes, todo o saber, eis o fim para que fomos criados. (P. 116)

88. Se em nós apenas houvesse matéria, durante o sono não veríamos o espírito viver e agir sem o concurso dos sentidos. (P. 119)

89. A lucidez magnética, a previsão dos fatos, a leitura do pensamento são outras tantas provas da existência da alma. (P. 119)

90. Se nossa alma se mantém, apesar da perpétua renovação das moléculas do corpo, a desagregação dessas moléculas e seu desaparecimento final com a morte física não podem afetar a alma, que é, pois, imortal. (P. 119)

91. A alma, após lenta elaboração, atinge o estado humano do qual não pode mais involuir: é então que conquista a consciência. (P. 123)

92. Nossas existências terrestres são um episódio de nossa vida imortal: somente a reencarnação pode explicar a diversidade dos caracteres, a variedade de aptidões e as desigualdades que nos ferem a vista. (P. 124)

93. Nossa liberdade é limitada por leis naturais que provêem à nossa conservação: livre-arbítrio e fatalismo equilibram-se e compensam-se, e a liberdade é sempre relativa à perfeição do indivíduo. (P. 126)

94. Aceita a reencarnação, revela-se a finalidade última desta vida: sabemos o que somos e para onde vamos e, então, as satisfações materiais perdem para nós sua atração. (P. 127)

95. Quando a vida é dedicada às paixões e estéril de bens, o ser retrocede, sua posição se amesquinha, e o Espírito deve reencarnar nos mundos de provas para purificar-se ali com o sofrimento. (P. 128)

96. Na ordem moral, como na ordem física, existem causas e efeitos, dirigidos por uma lei soberana e infalível: a existência atual é, pois, a consequência direta e inevitável de nossas existências anteriores. (P. 128)

97. É a ação dessa lei que explica as condições dolorosas por que muitos passam, pois cada vida culpada deverá ser redimida. (P. 129)

98. Feliz ou triste, o homem leva no íntimo de seu ser a sua grandeza ou a sua miséria como consequência das próprias obras. (P. 129)

99. Fixando a finalidade da existência para além da fortuna e do prazer, completa revolução se opera em nosso modo de compreender a vida e vemos que a dor, física ou moral, é elemento necessário à evolução. (P. 131)

100. A dor é a suprema purificação, a escola na qual se aprende paciência, resignação, todos os deveres austeros; é a chama a cujo calor se funde o egoísmo e se consome o orgulho. (P. 131)

101. A dor física desata quimicamente os liames que prendem o Espírito à carne, liberta-o dos fluidos grosseiros que o envolvem depois da morte e o retêm nas regiões inferiores. (P. 132)

102. O mal, a dor, a desigualdade das aptidões e das condições humanas, a aparente injustiça da sorte são explicados com a reencarnação. (P. 136)

103. A alma, de volta à vida espiritual, reconquista a plenitude de suas faculdades; começa então para ela um período de exame, de recolhimento, durante o qual ela se julga e mede o caminho percorrido. (P. 139)

104. O magnetismo, praticado em todos os tempos da história, difundiu-se especialmente no fim do século XVIII, mas só agora, um século depois, com o nome de hipnotismo, os cientistas se dignaram descobri-lo. (P. 149)

105. O sono magnético desenvolve nas pessoas novas faculdades e um poder incalculável de percepção. O fenômeno mais notável é a visão à distância, independentemente do órgão da visão. (P. 150)

106. A ciência do magnetismo dá ao homem maravilhosos recursos; a ação dos fluidos sobre o corpo humano é imensa. (P. 151)

107. Não existe homem animado de simpatia profunda pelos deserdados da sorte, de verdadeiro amor pelos sofredores, que não possa aliviar as dores de seus semelhantes pela prática sincera e iluminada do magnetismo. (P. 151)

108. Entre todas as provas que confirmam a existência de um princípio espiritual no homem e sua sobrevivência ao corpo, os fenômenos do espiritualismo experimental, ou Espiritismo, são os mais convincentes. (P. 152)

109. Foi em 1848, nos EUA, que a atenção do público foi atraída pela primeira vez para as manifestações espíritas. (P. 154)

110. As manifestações se multiplicaram em todos os Estados norte-americanos a tal ponto que o juiz Edmonds, presidente do Senado e da Suprema Corte de Nova York, foi levado a estudá-las e confirmá-las. (PP. 154 e 155)

111. Em 1852 uma petição assinada por 15 mil pessoas foi enviada ao Congresso americano a fim de obter a declaração oficial da realidade dos fatos, mas foi na Inglaterra que as manifestações foram submetidas às análises mais metódicas. (P. 155)

112. Em 1869, a Sociedade Dialética de Londres nomeou uma comissão de 33 membros (Crookes, Wallace, Huxley e outros) para examiná-las. (P. 155)

113. Dezoito meses depois a comissão reconheceu a realidade dos fenômenos e concluiu favoravelmente à hipótese espírita. (P. 156)

114. William Crookes consagrou quatro anos ao estudo das manifestações espíritas e fez experiências notáveis com a médium Florence Cook. (P. 157)

115. Em sua obra "Researches in the Phenomena of Spiritualism", Crookes analisa as diferentes espécies de fenômenos obtidos: movimento de corpos pesados, execução de instrumentos musicais sem contato humano, escrita direta, aparição de mãos, de formas materializadas etc. (P. 158)

116. Durante meses seguidos, o Espírito de uma jovem chamada Katie King apareceu todas as noites nas reuniões, revestindo às vezes todas as aparências de um corpo humano provido de órgãos e de sentidos. (P. 158)

117. Outros pesquisadores de renome que confirmaram a realidade dos fenômenos espíritas foram Myers, Gurney, Podmore (Inglaterra), Zöllner, Ulrici, Weber, Fechner, Carl du Prel e Cyriax (Alemanha). (PP. 158 e 159)

118. O prof. Ercole Chiaia, de Nápoles, obteve com a médium Eusápia Paladino todos os mais notáveis fenômenos do Espiritismo: transportes, materializações, levitações, impressões de pés e mãos em parafina. (P. 160)

119. A publicidade desses fatos provocou viva crítica do prof. Lombroso, criminalista e antropólogo de nomeada. Chiaia propôs-se então a obter os mesmos fenômenos em sua presença, o que ocorreu em 1891. (P. 160)

120. Em 18-11-1892 o jornal "L'Italia del Popolo", de Milão, publicou um suplemento contendo os relatórios de 17 reuniões realizadas em casa do doutor Finzi com a médium Eusápia Paladino. O documento foi assinado por cientistas famosos de vários países: Schiaparelli, Aksakof, Carl du Prel, Angelo Brofferio, Gerosa, Charles Richet e Lombroso. (PP. 160 e 161)

121. Na França foram poucos os acadêmicos a dedicar-se aos fatos espíritas. Camille Flammarion e Paul Gibier foram alguns deles. (P. 163)

122. O doutor Gibier, servindo-se do médium Slade, estudou durante 33 sessões consecutivas o curioso fenômeno da escrita direta. (P. 163)

123. Na falta de cientistas oficiais, a França teve, contudo, um homem que exerceu uma ação considerável, universal, no que diz respeito ao Espiritismo, que foi Allan Kardec.

124. Com mente iluminada, Kardec mostra-se, como escritor, de clareza perfeita e de lógica rigorosa, e todas as suas deduções se apóiam em fatos comprovados, confirmados por milhares de testemunhos. (P. 165)

125. Não nos cansaremos de dizer que a doutrina de Kardec, nascida da observação metódica, do rigor das experiências, não pode ser um sistema definitivo, imutável. A doutrina dos Espíritos se transforma sem cessar e per-manece aberta à luz e às descobertas do futuro. (PP. 165 e 166)

126. O Congresso Espírita e Espiritualista reunido em Paris em 1889 demonstrou toda a vitalidade de uma doutrina que se acreditava sepulta sob o sarcasmo e a zombaria: 500 delegados vindos de todas as partes do mundo participaram dos debates; 95 jornais e revistas ali estavam presentes. (P. 166)

127. Os membros das escolas representadas no Congresso – espíritas, teósofos, cabalistas, seguidores de Swedenborg – afirmaram os dois seguintes princípios: 1) Persistência do eu consciente após a morte, quer dizer imortalidade da alma; 2) Comunicações entre vivos e mortos. (PP. 166 e 167)

128. Despertando a atenção pública, o Congresso de 1889 incitou à pesquisa, provocando um conjunto de estudos e de experiências científicas, lideradas por Charles Richet e pelo coronel De Rochas. (P. 167)

Fonte:

Depois da morte, Léon Denis, tradução de Torrieri Guimarães, publicada pela Hemus Livraria Editora Ltda. 

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