Um dia de novembro foi convencionado pela humanidade como o dia dos finados - comemoração dos mortos. O termo "finado” para o Espiritismo é usado de forma equivocada, pois a doutrina ensina que não há fim da vida. A morte é apenas do corpo físico, com o retorno do espírito para o mundo espiritual que é o seu mundo original.
Assim, podemos afirmar como Charles Richet,
em carta dirigida a Cairbar Schutel: "A morte é a porta da vida".
A respeito do assunto vejamos o que nos
ensina O Livro dos Espíritos, obra básica da doutrina na questão 320, onde
Kardec questiona os Espíritos perguntando:
Os
Espíritos são sensíveis à saudade dos que os amaram na Terra?
Resposta: muito mais do que podeis julgar.
Essa lembrança aumenta-lhes a felicidade, se são felizes e, se são infelizes,
serve-lhes de alívio.
Questão
323: A visita ao túmulo proporciona mais satisfação ao Espírito do que uma
prece feita em sua intenção?
A visita ao túmulo é uma maneira de se
manifestar que se pensa no Espírito ausente: é a exteriorização desse fato. Eu
já vos disse que é a prece que santifica o ato de se lembrar; pouco importa o
lugar, se a lembrança é ditada pelo coração.
Ainda, sobre o assunto, transcrevemos instrutiva mensagem do Espírito Joanna de Ângelis, psicografada pelo médium Divaldo Franco, com o título:
Rememorando
os mortos
“À medida que o tempo faz diminuir a dor
brutal dos primeiros momentos, a saudade sorrateira se aninha n’alma,
procurando minar as resistências físicas e psíquicas, abrindo os abismos do
desconforto no coração.
O ser querido torna-se evocado a cada
instante. Seus hábitos e realizações mecanicamente são recordados, e a ausência
física se converte em brasa a queimar os sentimentos daqueles que antes lhe
compartiam a convivência...
Sem dúvida, essa angustiante sensação de
aniquilamento é mais perturbadora, mais afligente em decorrência do longo curso
que percorre.
Não deixes vencer pela torpe visita da
nostalgia que assoma, inspirando a revolta íntima ou motivando o desalento
pernicioso.
A morte não representa a estação final da
vida, o ato derradeiro do existir.
O silêncio que defrontas em relação aos
mortos é pobreza das tuas faculdades.
Sem que o percebas, agitam-se, movimentam-se,
enfrentam a realidade, sofrem e amam os que perderam as roupagens físicas, no
lugar em que despertam além da morte.
Alguns permanecem anestesiados pelas ilusões,
outros se hebetam na inconsciência, incontáveis enlouquecem pelos fatores que
desencadearam... Todos, porém, saudosos ou felizes, esperançosos ou tristes,
prosseguem em estância nova, pulsantes de vida.
Recebem os teus pensamentos, participam das
tuas evocações.
Se não te respondem é porque isto não lhes é
lícito. Leis soberanas coíbem as precipitações informativas a teus e a
benefício deles próprios.
Não prosseguem isentos da legislação divina,
e por isso não se fazem dotados de sapiência imediata, detentores de poderes
absolutos.
Não os aflijas com a tua rebeldia, nem os
tenhas como destruídos.
Coopera com o seu restabelecimento, na
convalescença que sucede à desencarnação.
Volverão oportunamente ao teu regaço,
dialogarão, cercar-te-ão de ternura, inundarão a tua saudade com o júbilo dos
reencontros felizes...
A semente morre para que a planta viva.
A lagarta sucumbe para que viva a borboleta.
O corpo tomba a fim de que o espírito se
liberte e ascenda.
A morte orgânica é fenômeno natural, cujo
ciclo se incorpora ao mecanismo da vida que se desdobra por etapas no corpo e
fora dele.
Encara-a com moderação e confia na
sobrevivência após o estágio orgânico.
Teu desespero, tua alucinação embalde se
expressarão, porquanto nada conseguirão como testemunho do teu amor, antes se
tornarão meios de sofrimento para ti e os teus amores que retornaram.
Não agasalhes a ideia de ir-te ao encontro
deles por agora. Seria loucura inútil.
Transfere desse grande amor uma parte para os
que jazam ao teu lado, necessitando realizar o ciclo evolutivo e carecem de paz,
amor e oportunidade em razão dos valores que atiraram fora...
Quanto produzires em favor do próximo em
memória dos teus desencarnados se transformará em bênçãos para ele.
Um dia, quando a treva cessar e uma clara
madrugada inundar-te de indefinível luz, vê-los-ás à frente, braços
distendidos, como outros fizeram com ele, chamando-te com carinho para a vida
verdadeira, e prosseguirás ditoso, qual herói feliz após a batalha concluída.
Até esse momento não te desalentes nem te
descoroçoes na prática do bem a benefício deles, os mortos que vivem, e de ti
próprio, que também viverás.”
O Espiritismo é a doutrina consoladora que
nas provações mais difíceis, como na separação dos entes queridos, que
indevidamente denominamos morte, quando através dos seus ensinamentos provam
que na realidade trata-se tão somente do retorno para lá, de onde viemos, O
MUNDO ESPIRITUAL.
Se eles retornaram, nós também um dia faremos
a grande viagem de retorno, no cumprimento da lei divina e poderemos nos reunir
a eles, através das ligações afetivas que não desaparecem com a chamada morte.
O consolador, ano 10, nº 502.
Por Édo Mariani.
Nenhum comentário:
Postar um comentário