O vocábulo destino é usado na literatura espírita com dois sentidos. Na questão 177 de O Livro dos Espíritos, ele é utilizado como sinônimo de objetivo, de finalidade da existência humana, que é a perfeição e a suprema felicidade. No sentido que envolve os acontecimentos da vida, o assunto é tratado de modo especial nas questões 259, 851, 866 e 872 de O Livro dos Espíritos.
Resumidamente, ensina o Espiritismo que nem
todos os aconteci mentos e provas da vida são previstos ou propostos pelo
Espírito que se prepara para reencarnar e, com esse objetivo, elabora sua
programação reencarnatória. Ele escolhe tão-somente o gênero das provas. As
particularidades correm por conta da posição em que se acha e são, muitas
vezes, conseqüências de suas ações.
Escolhendo, por exemplo, nascer entre
malfeitores, sabe a que arrastamentos se exporá. Ignora, porém, que atos irá
praticar. Esses atos resultam do exercício de sua vontade, isto é, de seu
livre-arbítrio. Saberá também que, escolhendo tal caminho, terá de sustentar
lutas de determinada espécie e não ignora, portanto, de que natureza serão as
vicissitudes que se lhe depararão. Os acontecimentos secundários se originam
das circunstâncias e da força mesma das coisas. Previstos só são os fatos
principais, os que influem no destino. Se tomamos uma estrada cheia de sulcos
profundos, sabe mos que teremos de andar cautelosamente, porque há muitas
probabilidades de cairmos. Ignoramos, porém, em que ponto cairemos e bem pode
suceder que não caiamos, se formos bastante prudentes.
A chamada fatalidade existe assim unicamente pela escolha que o Espírito fez de enfrentar, ao encarnar, essa ou aquela prova. Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem a achar se colocado.
Fonte:
Jornal O Imortal, ano 54, nº 635.
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