“... Os laços de sangue não estabelecem, necessariamente, os laços entre os Espíritos...”
“Os verdadeiros laços de família não são,
pois, os da consanguinidade, mas os da simpatia e da comunhão de pensamentos
que unem os Espíritos antes, durante e após a sua encarnação...” (O Evangelho
segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 8.)
Quando vemos tanto abando no, tanto
desinteresse afetivo grassando, quando muitos procuram os bens materiais como
os maiores tesouros, deixando os afetos, que são os verdadeiros tesouros, é
gratificante vermos os laços de amor vencendo. Um dia desses fomos visitar uma
família dessas em que o amor impera. A mulher, já em idade bem avançada, está na
fase final de um câncer, com metástases generaliza das. O Hospital de Câncer
havia receitado uma medicação para dor cuja caixa de comprimidos custava 40
reais e durava apenas três dias. O marido, também de idade avançada, catador de
papel, não descansava mas não a deixava sem o remédio.
Fomos visitá-la em sua casa. A senhora enferma ofegava, dispnéica, enquanto a filha carinhosamente fazia de tudo para confortá-la, acarinhando-a enquanto agia. “Mãe, está bom assim?” “Mãezinha, está melhor assim?”
Estava a senhora numa cama hospitalar
novinha, que eles tinham guardado para quando fosse preciso, por que a mãe dele
havia usado quando precisou. A casa, limpinha, mas miserável. Eles se
preocupando: “Será que é bom comprar um aparelho de pressão? A pressão dela
subiu muito no hospital”, disse a filha.
Nós, vendo aquela preocupação toda, e eles
não tinham nem o que comer, mas se sacrificavam por ela. “A pressão dela é boa,
não precisa, está normal”, dissemos. “Aposto como a senhora ficou aflita demais
internada e a pressão subiu devido a isso, no hospital.”
– “É verdade, disse ela. Lá eu fiquei tensa
demais!”
O amor deles ali era visível, bonito, e
emocionantes os cuidados que dispensavam.
Quando saímos, ficamos sabendo que aquela
senhora havia se casado há uns vinte anos com aquele senhor e, quando isso
ocorreu, aquela senhora já cinqüentenária que carinhosamente cuidava dela e a
chamava de mãe tinha cerca de 30 anos, e recebeu dela a atenção e o carinho de
mãe que ela não havia recebido de sua mãe biológica, que a havia abandonado
quando criança. Casa da, com filhos e netos, cuidava agora da senhora acamada,
com um carinho que emociona quem as vê.
Essa é uma família espiritual, pensamos.
Milhares há assim. Como é bom ver o amor vicejando aqui na Terra, nas casas
ricas e nas casas pobres... É bom ver o amor nos cuidados, no carinho, na
atenção.
Vamos amar muito e dar muito afeto, abraços,
beijos, atenção, cuidados para a nossa família terrena, para que ela por esses
laços se torne a imorredoura família espiritual.
Vamos aproveitar enquanto estamos juntos, diz
nosso querido filho de 16 anos, que nos abraça e beija toda hora que cruza
conosco. Ele está certo. Não sabemos o dia de amanhã. Aqueles que se amam se
reunirão um dia pelos laços do amor, mas, até lá, cada um vai para o plano
espiritual condizente com sua elevação moral.
Até podermos ficar todos jun tos, vamos
abraçar mais, beijar mais, ter atenção e carinho uns com os outros, para com a
família e com os amigos, sendo um poste de luz por onde passarmos, uma presença
de amor aonde entrarmos.

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