Autor espiritual: André Luiz
Ano: 1964
Prefácio:
Um livro diferente:
"E perguntou-lhe Jesus,
dizendo: "Qual é o teu nome?" E ele disse: "Legião", porque
tinham entrado nele muitos demônios." - LUCAS, 8:30.
Atendendo ao trabalho da
desobsessão nos arredores de Gádara, vemos Jesus a conversar fraternalmente com
o obsesso que lhe era apresentado, ao mesmo tempo que se fazia ouvido pelos
desencarnados infelizes.
Importante verificar que ante a interrogativa do Mestre, a perguntar-lhe o nome, o médium, consciente da pressão que sofria por parte das Inteligências conturbadas e errantes, informa chamar-se "Legião", e o evangelista acrescenta que o obsidiado assim procedia "porque tinham entrado nele muitos demônios".
Sabemos hoje com Allan
Kardec, conforme palavras textuais do Codificador da Doutrina Espírita, no item
6 do capítulo XII, "Amai os vossos inimigos", de "O Evangelho
segundo o Espiritismo", que as almas dos homens perversos, que ainda se
não despojaram dos instintos materiais".
No episódio, observamos o
Cristo entendendo-se, de maneira simultânea, com o médium e com as entidades
comunicantes, na benemérita empresa do esclarecimento coletivo, ensinando-nos
que a desobsessão não é caça a fenômeno e sim trabalho paciente do amor
conjugado ao conhecimento e do raciocínio associado à fé.
Seja no caso de mera
influenciação ou nas ocorrências da possessão profunda, a mente medianímica
permanece jugulada por pensamentos estranhos a ela mesma, em processos de
hipnose de que apenas gradativamente se livrará. Daí ressalta o imperativo de
se vulgarizar a assistência sistemática aos desencarnados prisioneiros da
insatisfação ou da angústia, por intermédio das equipes de companheiros consagrados
aos serviços dessa ordem que, aliás, demandam paciência e compreensão análogos
às que caracterizam os enfermeiros dedicados ao socorro dos irmãos segregados
nos meandros da psicose, portas a dentro dos estabelecimentos de cura mental.
Sentindo de perto semelhante
necessidade, o nosso amigo André Luiz organizou este livro diferente de quantos
lhe constituem a coleção de estudioso dos temas da alma, no intuito de
arregimentar novos grupos de seareiros do bem que se proponham reajustar os que
se veem arredados da realidade fora do campo físico. Nada mais oportuno e mais
justo, de vez que, se a ignorância reclama o devotamento de professores na
escola e a psicopatologia espera pela abnegação dos médicos que usam a palavra
equilibrante nos gabinetes de análise psicológica, a alienação dos Espíritos
desencarnados exige o concurso fraterno de corações amigos, com bastante
entendimento e bastante amor para auxiliar nos templos espíritas, atualmente
dedicados à recuperação do Cristianismo, em sua feição clara e simples.
Salientando, pois, neste
volume, precioso esforço de síntese no alívio aos obsessos, através dos
colaboradores de todas as condições, rogamos ao Senhor nos sustente a todos -
tarefeiros encarnados e desencarnados - na obra a realizar, porquanto obsidiados
e obsessores, consciente ou inconsciente arrojados à desorientação, no mundo ou
além do mundo, são irmãos que nos pedem arrimo, companheiros que nos integram a
família terrestre, e o amparo à família não é ministério que devamos relegar
para a esfera dos anjos e sim obrigação intransferível que nos compete abraçar
por serviço nosso.
Emmanuel
(Uberaba, 2 de janeiro de
1964)
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