O livro dos espíritos. Questão 421

MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO VIII – EMANCIPAÇÃO DA ALMA

Transmissão oculta do pensamento

421. Como se explica que duas pessoas, perfeitamente acordadas, tenham instantaneamente a mesma ideia?

“São dois Espíritos simpáticos que se comunicam e veem reciprocamente seus pensamentos respectivos, embora sem estarem adormecidos os corpos.”

A.K.: Há, entre os Espíritos que se encontram, uma comunicação de pensamento, que dá causa a que duas pessoas se vejam e compreendam, sem precisarem dos sinais ostensivos da linguagem. Poder-se-ia dizer que falam entre si a linguagem dos Espíritos.

Pensamentos semelhantes

A analogia dos pensamentos faz duas pessoas ou mais, no mesmo instante, pensarem a mesma coisa. A formação dos pensamentos ainda é mistério para as criaturas humanas. Sempre nos encontramos com essa pergunta: como se formam os pensamentos? A força para pensar vem de Deus; ela é, pois, ancila do Senhor, que a passa às nossas mãos como luz divina, de modo que possamos dar-lhe as tonalidades que queiram nossos corações.

A virgindade dos nossos pensamentos nasce de Deus. Nós somos apenas controladores, amplificadores e tonalizadores dos seus destinos. Tornam-se os pensamentos sementes que podem nascer onde semearmos.

O homem afável em todas as suas comunicações já se encontra amadurecido de alguma forma e começa a iluminar suas ideias. O homem cristão, que já deixou nascer o Cristo na sua intimidade, passa a mostrar o seu verbo ameno e sua conversa se eterniza nos corações, levando a esperança e a fé para os que sofrem.

Os pensamentos são domáveis, desde que comecemos a trabalhar neles antes que despontem na cidade da mente. Isso requer um pouco de paciência, de boa vontade e de conhecimento dos segredos do amor.

Se podemos perceber os pensamentos alheios, os outros podem sentir igualmente os nossos. Eis aí uma grande responsabilidade. E os efeitos dessas ideias nos outros? Se boas, teremos de volta semelhante força; se más, responderemos por suas ações maléficas. Jesus foi o maior exemplo de ideias nobres, de pensamentos puros, e é por Ele e n’Ele que devemos firmar nossos destinos, copiando Seus exemplos de amor, perdão e caridade.

Somos o que pensamos ser, no entanto, não queiramos, de um dia para o outro, transformar nossos destinos, já firmado há milênios sem conta. O trabalho deve ser, como no dito popular, na ciência do “devagar e sempre”, persistir nas mudanças, e “bater na tecla todos os dias, que uma hora a nota saí”. A vitória do bem consiste em permanecer sempre no exercício da caridade em todas as suas modalidades.

Os Espíritos que se afinizam sempre trocam ideias, mesmo que não estejam juntos; seus pensamentos entram em cadeia, elaborando ideias e formando decisões, e assim é que podemos dizer que, nem sempre, precisamos estar juntos para participar das conversações. Nunca estamos sós. Onde quer que estejamos, estamos sempre ligados por correntes mentais que nos sugerem e nos deixam oportunidade de nos inspirar nos outros.

Ainda mais, nós todos conversamos uns com os outros onde quer que estejamos, na linguagem universal dos Espíritos, e muitas vezes sem nos conscientizarmos desse fato, quando movendo um corpo de carne. Essa é a filosofia divina, que nunca desaparece, por serem leis espirituais, que nunca mudam, porque são eternas: somente as leis dos homens são mutáveis. O que se aperfeiçoa é o nosso modo de ser, é o nosso despertamento espiritual, o modo de perceber leis de Deus. Assim, a Divindade é imutável. Ele é, e nunca precisa ser outra coisa. Trabalhemos, pois, na nossa casa interna, para que, cada vez mais, os nossos dons despertem, procurando qualidades maiores, e nesse avançar, sempre que percebemos melhores dias, e a felicidade tão decantada por todos os povos se nos mostra mais visível em nossos caminhos, como sendo realidade e bênção de Deus para todos os Seus filhos de amor.

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes. 

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