Cícero denuncia Catilina no Senado Romano. Lêntulo Sura era um dos principais líderes da conspiração.
Públio Cornélio Lêntulo Sura
(114–62 a.C.; em latim: Publius Cornelius Lentulus Sura, foi um político da
família dos Lêntulos da gente Cornélia da República Romana eleito cônsul em 71
a.C. com Cneu Aufídio Orestes. É famoso por ter sido um dos principais personagens
da Conspiração de Catilina e por ter sido padrasto de Marco Antônio.
Carreira
Lêntulo foi nomeado questor
de Lúcio Cornélio Sula em 81 a.C.. Quando foi acusado por ele de ter se
apropriado de dinheiro público, recusou-se inclusive a se defender, mas, de
forma insolente, estendeu sua panturrilha (em latim: "sura"), que era
o local onde os garotos eram punidos quando cometiam erros em jogos de bola, um
comportamento similar a um "tapinha na mão". Foi eleito pretor em 75
a.C., propretor da Sicília nos dois anos seguintes, e cônsul em 71 a.C., desta
vez juntamente Cneu Aufídio Orestes.
Conspiração
de Catilina
Em 70 a.C., tendo sido
expulso do Senado juntamente com diversos outros senadores pelos censores Lúcio
Gélio Publícola e Cneu Cornélio Lêntulo Clodiano, aliados de Pompeu, e
juntou-se a Catilina. Baseando-se num oráculo sibilino de que três Cornélios
governariam Roma, Lêntulo considerava-se como um sucessor natural de Lúcio
Cornélio Sula e de Lúcio Cornélio Cina.
Quando Catilina deixou Roma
depois do segundo discurso de Cícero ("In Catilinam"), Lêntulo
assumiu o posto de líder dos conspiradores na cidade. Juntamente com Caio
Cornélio Cetego, Lêntulo tentou assassinar Cícero e atear fogo em Roma, mas o
plano falhou por causa de sua timidez e falta de discrição.
Seguindo as instruções de
Catilina, reuniu os que estavam dispostos para a revolução, e não apenas os
cidadãos.
Cícero denuncia Catilina no
Senado Romano. Lêntulo Sura era um dos principais líderes da conspiração.
Embaixadores dos alóbroges,
estando na época em Roma para trazer uma reclamação contra as opressões que
vinham sofrendo nas mãos dos governadores provinciais, Lêntulo enviou Públio
Umbreno para lidar com eles, que eram tidos como propensos à guerra e Umbreno
já tinha lidado com eles antes.
Os conspiradores levaram os
gauleses para a casa de Décimo Júnio Bruto, um local adequado pois ficava
próxima do Fórum, pela presença de Semprônia e pela ausência de Bruto, que
estava fora de Roma. Os conspiradores levaram Públio Gabínio Capitão e
revelaram seus planos aos gauleses.
Fingindo acreditar em suas
propostas, os embaixadores conseguiram um acordo assinado pelos principais
conspiradores e foram diretamente até Quinto Fábio Sanga, seu patrono na
cidade, que, por sua vez, avisou Cícero. Os embaixadores contaram o plano, como
eles haviam ouvido, para Quinto Fábio Sanga, que era quem tratava dos seus
assuntos em Roma. Quando Cícero, através de Sanga, soube dos planos, instruiu
os embaixadores a fingir interesse na conspiração e tentar provar a culpa dos
conspiradores.
Fingindo aceitar as suas
propostas, os embaixadores se encontraram com os outros conspiradores e
exigiram um juramento, que seria selado e levado ao seu país. Lêntulo enviou
Tito Voltúrcio, de Crotona, com instruções até Catilina.
Cícero enviou os pretores
Lúcio Valério Flaco e Caio Pontino para prender a todos.
Os conspiradores foram
presos e forçados a admitir sua culpa. Lêntulo foi compelido a abdicar seu
pretorado e, como se temia que poderia haver uma tentativa de resgatá-lo, foi
condenado à morte em 5 de dezembro de 63 a.C., juntamente com outros apoiadores
de Catilina. Como era o costume dos romanos em relação aos culpados de crimes
de lesa majestade, como era o caso, um guardião foi escolhido para cuidar dos
acusados até que a sentença pudesse ser executada. Neste caso, foi escolhido o
cônsul em 64 a.C., Lúcio Júlio César, irmão da esposa de Catilina, Júlia
Antônia, a mãe de Marco Antônio.
A execução, segundo Salústio
foi realizada por estrangulamento no interior da Prisão Mamertina. Com Lêntulo
foram executados Caio Cornélio Cetego, Lúcio Estacílio, Cepário, Tito Voltúrcio
e Públio Gabínio Capitão sob ordens dos cônsules Décimo Júnio Silano e Lúcio
Licínio Murena.
A legitimidade destas
execuções, que foram executados com base no poder de imperium dos cônsules e
sem um julgamento, foi disputado. Cícero argumento que suas ações foram legais
sob o senatus consultum ultimum, mas acabou exilado em 58 a.C. depois da prisão
do tribuno da plebe Públio Clódio Pulcro, acusado de planejar e realizar a
execução ilegal de cidadãos romanos, entre eles Sura. Cícero pôde voltar no ano
seguinte por votação no Senado. Porém, Cícero se arrependeria mais tarde de
seus atos, pois seu tratamento em relação a Lêntulo foi uma das razões pelas
quais Marco Antônio, enteado de Lêntulo, ter exigido a execução do próprio
Cícero como pré-condição para que ele se juntasse ao Segundo Triunvirato.
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