O livro dos espíritos. Questão 430

MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO VIII – EMANCIPAÇÃO DA ALMA

Sonambulismo

430. Pois que a sua clarividência é a de sua alma ou de seu Espírito, por que é que o sonâmbulo não vê tudo e tantas vezes se engana?

“Primeiramente, aos Espíritos imperfeitos não é dado verem tudo e tudo saberem. Não ignoras que ainda partilham dos vossos erros e prejuízos. Depois, quando unidos à matéria, não gozam de todas as suas faculdades de Espírito. Deus outorgou ao homem a faculdade sonambúlica para fim útil e sério, não para que se informe do que não deva saber. Eis por que os sonâmbulos nem tudo podem dizer.”

Por que erros?

Certamente que há alguns sonâmbulos que erram nas suas previsões e visões; nem tudo que falam sucede. Já dissemos em mensagem anterior sobre a escala dos sonâmbulos, proporcional à evolução. Não existem os sábios e os pseudossábios? Em quase tudo existe a verdade e a mentira, dependendo do grau de evolução de quem se encontra mostrando a verdade. Na mediunidade ocorre a mesma coisa; todos são médiuns, isso nos falam as leis naturais; todas as criaturas são possuidoras de todos os dons, mas nem todos estão despertos para o exercício mediúnico. Depende ainda do uso que se faz dos dons ao seu dispor. Para quem não tem responsabilidade, tanto faz mentir como falar a verdade, O Espírito, mesmo cativo, sente-se livre dos compromissos, mas responderá pelo que falar nas linhas dos desajustes espirituais. No fim, é errando e acertando que chegamos à grande verdade.

O sonâmbulo apurado, que tem sua consciência limpa de todos os males, ou de quase todos, as suas previsões são verdadeiras em todos os sentidos da vida. Vejamos o Apocalipse: João entrava em um sonambulismo perfeito, em êxtase e escreveu o que via. Nos dias de hoje, se assim acontecesse, seria um médium sonambúlico que transmitia corretamente o que via no grande livro etérico da criação. Podemos ainda tomar como exemplo os grandes Espíritos do passado que, em estado de sonambulismo profundo falaram e escreveram coisas que estão se passando hoje, e que tudo indica irão se cumprir amanhã.

Aos Espíritos imperfeitos não são dadas todas as coisas; sua ação, mesmo no sonambulismo, é limitada, por lhes faltar responsabilidade firme no dever honesto. Assim como é necessário o cascalho para guardar o diamante, é indispensável o falso, para reconhecermos o verdadeiro e termos mais cuidado na seleção dos assuntos que ouvimos e que vemos nos nossos caminhos de evolução.

Ao espírita é pedido mais, porque lhe está sendo dado muito; não deves alimentar ilusões, trabalhando dentro de si, eliminando as paixões inferiores que impedem o desabrochamento dos valores do coração; que não se acomode com a situação, deixando-se ser impelido somente pelos instintos. Sendo dotado da razão, deve cultivar esse dom para sua iluminação interna e preparar-se para o amanhã, que promete e trará um dom mais aperfeiçoado, que se chama intuição. Que não perca a oportunidade do esforço próprio, da conscientização da vida e dos seus valores espirituais. Deve competir com os que já estão se libertando das peias inferiores do ódio, da maledicência e do orgulho e de tantas outras inferioridades que possam entravar o despertamento dos dons de ouro do seu coração. Se quiser subir, haverá de fazer força e sacrifícios, de degrau a degrau. Deve saber que não somente os sonâmbulos se enganam nas revelações. Os próprios cientistas de todo o mundo, de vez em quando fazem retificações naquilo que falaram, escreveram e praticaram por muitos anos. As religiões e filosofias não escapam ao tempo e ao progresso; assim o engano no mundo em que habita é norma do processo de evolução espiritual. Não obstante, em tudo que fizer, que se lembre primeiro da sinceridade, para que a verdade possa acompanhá-lo em todos os instantes, e mesmo que não possa falar toda a verdade, é bom que viva com ela, para que algum dia possa dizer: ‘Eu sou a verdade”, como dizia Jesus.

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes. 

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