MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VIII – EMANCIPAÇÃO DA ALMA
Visitas espíritas entre pessoas vivas
416. Pode o homem, pela sua
vontade, provocar as visitas espíritas? Pode, por exemplo, dizer, quando está
para dormir: Quero esta noite encontrar-me em Espírito com Fulano, quero
falar-lhe para dizer isto?
“O
que se dá é o seguinte: Adormecendo o homem, seu Espírito desperta e, muitas
vezes, nada disposto se mostra a fazer o que o homem resolvera, porque a vida
deste pouco interessa ao seu Espírito, uma vez desprendido da matéria. Isto com
relação a homens já bastante elevados espiritualmente. Os outros passam de modo
muito diverso a fase espiritual de sua existência terrena. Entregam-se às
paixões que os escravizaram, ou se mantêm inativos. Pode, pois, suceder, tais
sejam os motivos que a isso o induzem, que o Espírito vá visitar aqueles com
quem deseja encontrar-se. Mas, não constitui razão, para que semelhante coisa
se verifique, o simples fato de ele o querer quando desperto.”
Visitas espíritas voluntárias
O Espírito tem uma postura
quando no corpo; entretanto, ao tornar-se livre da matéria, dentro da sua
parcialidade, ligado apenas pelo cordão fluídico, ele pode pensar de outra
forma, desde quando seja alma elevada. Por exemplo: se, quando se movendo no
corpo, ele deseja fortemente encontrar-se com alguém no plano do Espírito, ao
entrar no transe do sono, mais livre, ele pode não se interessar mais pela
ideia preconcebida. Mas, quando é um Espírito envolvido nas paixões inferiores
da carne, em estado de sono pode se encontrar com companheiros das mesmas
ideias, ou piores ainda.
Há pessoas que concentram os
pensamentos para encontros no mundo dos Espíritos, e confabulações com tais e
quais entidades; no entanto, isso depende de muitas condições, não somente dos
pensamentos que firmam em sua mente. E o direito dos Espíritos com quem desejam
se encontrar? Se eles se encontram em planos superiores, o trabalho é constante
em suas vidas, e só atendem aos pedidos se quiserem, por serem superiores aos
que os chamam. Também pode ocorrer que, não comparecendo aquele a quem se
chama, Espíritos brincalhões assumam sua aparência e façam sua festa
costumeira. Para trabalhar, poucos se oferecem; para brincar, existem muitos
candidatos.
Tudo é sintonia. Para onde
pendermos nossa mente, do modo que pensamos e vivemos, encontraremos companhias
do mesmo quilate no plano do Espírito. Somos atraídos para onde pender o
coração, e quanto mais forte for a tendência, mais nos reuniremos com os nossos
iguais.
Concitamos os irmãos que
ainda se encontram revestidos da carne, para procurarem escolas de educação
espiritual, para cada vez mais limparem dos sentimentos as paixões inferiores,
que elas têm a força de os conduzirem aos planos mais baixos do umbral. Lá, encontrarão
Espíritos que pensam e agem em estado bem pior do que os encarnados. Ali se
processa a festividade dos sentimentos degradados. Eles dormem no mal e
desconhecem os valores imortais do bem; pensam que enganam a vida e nunca
cogitam da existência de Deus. Porém, enganam-se a si mesmos e a cada momento
que passa, seus corpos espirituais vão ficando mais lerdos, a circulação de
energias mais difícil e em muitos casos ocorre um endurecimento nos centros de
forças espraiados nos corpos sutis que revestem o Espírito. Quando esses
Espíritos voltam à Terra, encontram em seus destinos o chamado carma, que lhes
cobra tudo até o último ceitil, no dizer do Evangelho.
Jesus, quando curava os
doentes do corpo, entregava a eles o material divino para a cura da alma, que
somente eles mesmos deviam fazer.
É o curar a si mesmo.
Todo material de cura que
existe na Terra, mesmo os espirituais, são paliativos, porque a verdadeira cura
vem de dentro da alma: são as mudanças de vida e a obediência às leis naturais.
Fora disso, é sofrer as consequências dos seus feitos incorretos.
A dor é, em toda parte, uma
descarga das forças selvagens entranhadas no mundo da alma; no entanto, ao
sofrer, o Espírito muda de ideias, procurando sempre melhorar espiritualmente.
Se não melhorar, a dor continua até modificar seus sentimentos. Podem-se diminuir
as dores e até não sofrê-las, se entendermos que a dor é a mestra. Desde quando
se procura fazer o que ela vem ensinar, cessa sua necessidade nos nossos caminhos.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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