Autor espiritual: Emmanuel
Ano: 1962
Prefácio:
Ante Allan Kardec
Perante as rajadas do
materialismo a encapelarem o oceano da experiência terrestre, a Obra
Kardequiana assemelha-se, incontestavelmente, a embarcação providencial que
singre as águas revoltas com seguranças. Por fora, grandes instituições que
pareciam venerandos navios estalam nos alicerces, enquanto esperanças humanas
de todos os climas, lembrando barcos de todas as procedências, se entrechocam
na fúria dos elementos, multiplicando as aflições e os gritos dos náufragos que
bracejam nas trevas.
De que serviria, no entanto, a construção imponente se estivesse reduzida à condição de recinto dourado para exclusivo entretenimento de alguns viajantes, em tertúlias preciosas, indiferentes ao apelo dos que esmorecem no caos?
Prevenindo contra semelhante impropriedade, os sábios instrutores que escreveram a introdução de “O Livro dos Espíritos”, disseram claramente a Allan Kardec: “Mas todos os que tiverem em vista o grande princípio de Jesus se confundirão num só sentimento: o do amor do bem e se unirão por um laço fraterno que prenderá o mundo inteiro.”
Indubitavelmente, a obra
espírita é a embarcação acolhedora, consagrada ao amor do bem. Urge, desse
modo, que os seus tripulantes felizes não se percam nos conflitos palavrosos ou
nas divagações estéreis.
Trabalhemos, acendendo fachos de raciocínio para os que se debatem nas sombras.
Todos concordamos em que
Allan Kardec é o apóstolo da renovação humana, cabendo-nos o dever de dar-lhe
expressão funcional aos ensinos, com a obrigação de reparti-lhe a mensagem de
luz, entre os companheiros de Humanidade.
Assim crendo, traçamos os
despretensiosos comentários contidos neste volume, em torno das instruções
relacionadas no livro “O Céu e o Inferno”, valendo-nos das oitenta e duas
reuniões públicas de estudo da Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba, no decurso
de 1961, dando continuidade à tarefa de consultar a essência religiosa da
Codificação Kardequiana, com vistas à nossa própria responsabilidade, diante do
Espiritismo, em sua feição de Cristianismo redivivo.
Entregando, pois, esta
página aos leitores amigos, não tem a presunção de inovar as diretrizes
espíritas e sim o propósito sincero de reafirmar-lhes os conceitos, para
facilitar-nos o entendimento, na certeza de que outros companheiros
comparecerão no serviço interpretativo da palavra libertadora de Allan Kardec,
suprindo-nos as deficiências no trato do assunto, com mais amplos recursos, em
louvor da verdade, para a nossa própria edificação.
Emmanuel
(Uberaba, 20 de março de 1962)
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