MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VIII – EMANCIPAÇÃO DA ALMA
O sono e os sonhos
404. Que se deve pensar das
significações atribuídas aos sonhos?
“Os
sonhos não são verdadeiros como o entendem os ledores de buena-dicha, pois fora
absurdo crer-se que sonhar com tal coisa anuncia tal outra. São verdadeiros no
sentido de que apresentam imagens que para o Espírito têm realidade, porém que,
frequentemente, nenhuma relação guardam com o que se passa na vida corporal.
São também, como atrás dissemos, um pressentimento do futuro, permitido por
Deus, ou a visão do que no momento ocorre em outro lugar a que a alma se
transporta. Não se contam por muitos os casos de pessoas que em sonho aparecem
a seus parentes e amigos, a fim de avisá-los do que a elas está acontecendo?
Que são essas aparições senão as almas ou Espíritos de tais pessoas a se
comunicarem com entes caros? Quando tendes certeza de que o que vistes
realmente se deu, não fica provado que a imaginação nenhuma parte tomou na
ocorrência, sobretudo se o que observastes não vos passava pela mente quando em
vigília?”
O significado dos sonhos
Que se deve pensar sobre os sonhos? Muita coisa tem relação com os sonhos, que nada mais é que o Espírito se libertar um pouco da prisão corpórea e ver, ouvir, e sentir a vida espiritual. As interpretações descabidas, dos sonhos e visões devem ficar no esquecimento, porque somente a verdade ficará de pé.
Os sonhos nada mais são, já
o dissemos, que a vivência do Espírito em parcial liberdade, no descanso do
fardo físico. Ele passeia e aprende na grande escola espiritual; recolhe aqui e
ali lições valiosas, de modo que a sua vida vai mudando e seu conceito em
relação ao bem e o mal passa a se modificar. Sendo que ninguém regride,
avançamos, pois, em cada período que dormimos, tanto no plano espiritual quanto
no plano físico.
Interpretar os sonhos tal
como eles se apresentam, é incorrer em erro, pois as suas variações são
diversas no cômputo das ocorrências. Está chegando a hora dos sonhos se aperfeiçoarem,
e passarem a ser a realidade sem interpretações, porque a luz já se fará no seu
próprio decorrer.
Por enquanto, a Doutrina dos
Espíritos tem maior capacidade de revelar o desconhecido para a humanidade,
porque não se baseia no interesse individual e material. Vejamos a vida dos
verdadeiros santos e profetas, na sua lucidez cristã: os seus primeiros passos
foram no desprendimento, renunciando aos bens terrenos. O resto fica mais fácil
para ser dominado. Compreende-se que a vida feliz é aquela onde o coração não
fica preso às coisas passageiras, limitando-se o seu uso ao necessário nos
caminhos da vida.
Mesmo o Espírito mais livre
pelo sonho, no mundo espiritual, nem sempre se encontra frente a frente com o
acontecido; a alma pode estar vendo e mesmo ouvindo coisas, tendo uma visão à
distância. É por isso que o sonho é bastante engenhoso para ser desvendado.
Mesmo quando se encontra uma imaginação fértil, ela pode ser intuição da
realidade, lembranças no silêncio da consciência de sonhos que tivera.., O nada
não existe em parte alguma; existem sempre sinais da verdade em tudo o que se
passa conosco. Compreende-se que a vida esplende dentro e fora de nós, mas
nunca fora de Deus.
Pensemos nos sonhos e
busquemos sua perfeição; há várias modalidades de elevação dos sonhos, que com
o tempo se poderá descobrir. Sonhos e visões, na urdidura dos homens que
desconhecem a verdade, servem para o comércio ilícito, e podem desorientar
muitas criaturas, que extorquem o salário do pobre para o iludir, plantam
ventos e colhem tempestades que os fazem sofrer, mais tarde, as mesmas
carências do que fazem carecer.
Existe também a mediunidade
em função nos sonhos; essa capacidade mediúnica pode muito fazer. para o bem da
humanidade: visitar e curar enfermos, consolar e amparar os tristes, levantar
caídos, e mesmo trabalhar para retirar das trevas irmãos prontos para entender
e começar a aprender as primeiras lições de servir.
Que Jesus abençoe todos nós,
em todos os sentidos dos sonhos e visões, para que a luz se acenda em nossos
corações, fonte de amor, para que a caridade seja um todo em nossos corações.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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