MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VIII – EMANCIPAÇÃO DA ALMA
O sono e os sonhos
403. Por que não nos
lembramos sempre dos sonhos?
“Em
o que chamas sono, só há o repouso do corpo, visto que o Espírito está constantemente
em atividade. Recobra, durante o sono, um pouco da sua liberdade e se corresponde
com os que lhe são caros, quer neste mundo, quer em outros. Mas, como é pesada
e grosseira a matéria que compõe, o corpo dificilmente conserva as impressões
que o Espírito recebeu, porque a este não chegaram por intermédio dos órgãos
corporais.”
Lembranças de sonhos
A alma, no seu estado mais livre, durante o sono, nem sempre pode trazer tudo o que vê e ouve para a matéria. Quando o Espírito volta ao corpo, ocorre uma espécie de filtragem na lembrança do que ocorreu no mundo espiritual. Esses acontecimentos não são apagados da memória, visto que, pela lei, nada se perde. Entretanto, eles ficam gravados no fundo da consciência, vindo à tona quando necessário, manifestando-se como lições ou testes para o Espírito.
Se nos lembrássemos de todo
o ocorrido no mundo dos sonhos, a mente não iria suportar essa carga além das
suas forças e perturbaria a vida na matéria. A natureza sabe moderar os
acontecimentos: se sonhamos com boas companhias em planos elevados, e se isso
pudesse repetir sempre, certamente que o corpo físico iria definhando até
falecer, porque o instinto de todos nós é buscar o melhor. Se somente
sonhássemos com as trevas, ficaríamos muito apegados às coisas materiais, no
entanto, isso é o que acontece mais frequentemente. É preciso contrabalançar,
para que possamos entrar no equilíbrio espiritual.
O corpo tem grandes
necessidades de repouso e o Espírito saí em busca de novas forças, que tem com
abundância no mundo espiritual. Assim como acontece com os humanos, que saem
para trabalhar fora, em busca de recursos para a família, o Espírito sai pelas
portas do sono para granjear energias superiores, no comando da sua mente,
trazendo-as para o corpo, de modo que ele se abastece e fortalece para as lutas
diárias.
No futuro, quando a matéria
“esquecer” a sua densidade, o Espírito, sendo mais elevado, poderá trazer quase
toda a impressão do mundo espiritual para a vida física, sem perda das suas
atividades. Como dissemos, não nos lembramos mais dos sonhos para que esses não
atrapalhem a vida na Terra; fica apenas alguma coisa de necessário, alguma interrogação
sobre a vida do Espírito. A verdade não precisa de muito discurso sobre ela;
basta um pingo do alfabeto para que se compreenda os objetivos da sua missão de
despertamento do Espírito.
Não fiquemos concentrados
buscando nos lembrar dos sonhos, não gastemos energias para o que deve ficar
escondido; quando menos esperarmos, ele aparecerá sem que se gaste tempo em
procurá-lo nos escaninhos da alma. Sejamos moderados em nossas buscas;
primeiramente, busquemos entender os preceitos de uma vida reta, para que a
conduta não seja torta, desentulhando as coisas más, guardadas na consciência;
façamos, se possível, uma limpeza, retirando o lixo das coisas imprestáveis e
queimando no fogo do amor, para que possamos nos sentir livres, para o voo
divino, na sublime área reservada para a felicidade.
Imaginemos se fôssemos nos
lembrar de todos os sonhos que se passaram em nossa mente durante seis ou mesmo
oito horas de descanso do corpo! E as oito horas que devemos trabalhar, como
ficariam? A natureza é comedida em tudo o que existe; ela não se esquece de
filtrar as recordações, deixando somente o que precisamos para a alegria ou
para as lições. Para vivenciarmos sonhos melhores, preparemos nossas mentes,
limpemos nossos pensamentos indesejados, vibrando somente no amor e na
caridade. Não nos esqueçamos a leitura sadia ao deitar, que isso ajuda muito na
saída para o mundo espiritual.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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