MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VIII – EMANCIPAÇÃO DA ALMA
Sonambulismo
429. Como pode o sonâmbulo
ver através dos corpos opacos?
“Não
há corpos opacos senão para os vossos grosseiros órgãos. Já precedentemente não
dissemos que a matéria nenhum obstáculo oferece ao Espírito, que livremente a
atravessa? Frequentemente ouvis o sonâmbulo dizer que vê pela fronte, pelo
punho, etc., porque, achando-vos inteiramente presos à matéria, não
compreendeis lhe seja possível ver sem o auxílio dos órgãos. Ele próprio, pelo
desejo que manifestais, julga precisar dos órgãos. Se, porém, o deixásseis
livre, compreenderia que vê por todas as partes do seu corpo, ou, melhor
falando, que vê de fora do seu corpo.”
Visão do sonâmbulo
Sendo o sonâmbulo um Espírito mais livre do impedimento da matéria, ele vê com maior amplidão o que deseja observar. A matéria deixa de ser obstáculo para o Espírito e ele atravessa corpos compactos com a mesma facilidade que viaja onde não existem formas físicas.
Já falamos bastante sobre
esse assunto, mas a verdade nos fascina, pedindo que se converse muito mais
para que a luz se faça por meio da escrita. Os livros vêm nos ajudar no alcance
de muitos entendimentos, e dessa forma começa a surgir em nossos caminhos a
libertação. O médium em estado de sonambulismo vê por qualquer parte do corpo,
porque não são os seus Órgãos físicos que observam; é o Espírito que vê e ele
tem muitas qualidades que o ser humano ainda desconhece.
A alma é um deus em
miniatura, com poderes que somente o Criador suplanta. Nunca chegaremos a nos
igualar a Deus, nosso Pai, mas, somos Seus filhos com direito a heranças
sublimadas, na pauta do Seu domínio universal. Jesus Cristo veio nos mostrar,
pelos Seus feitos, o que pode um Espírito realizar. Tudo depende da maturidade
espiritual de cada um; no entanto, o tempo espera os nossos esforços para que
possa despertar nossos valores espirituais que dormem no centro da consciência.
O Espírito, na função do
sonambulismo, vê com mais frequência fora do corpo que possui, mas, vê
igualmente dominando esse corpo. Também depende do estado de transe em que
entra e que, sem dúvida, tem uma escala enorme. Como todas as faculdades
espirituais, a visão não desabrocha de uma só vez. É como a flor e o fruto que
têm uma sequencia de abrir e de maturidade. Nada no mundo, nem nas criaturas,
se faz de uma vez. Na própria criação do mundo, não podemos tomar ao pé da
letra o “faça-se a luz”. Não foi assim. Um mundo, para que atinja sua
maturidade, leva bilhões de anos; assim o Espírito, assim seus dons
espirituais.
Para que cheguemos ao
domínio das nossas faculdades de modo a curar os enfermos, levantar os caídos e
dar luz aos cegos, dependemos de certa maturidade e ainda das bênçãos do
Mestre. Para amar, sendo o amor a base da vida, é necessário conhecer, e ninguém
conhece verdadeiramente sem amar. A teoria se encontra ligada à prática, e essa
precisa da teoria para se completar. Convém a todos os seres se lembrarem de
onde vieram e para onde vão, não se esquecendo de orar com gratidão a Deus pelo
que recebem todos os dias, e agradecendo a Jesus pelo Seu carinho para com
todos nós.
Não devemos nos impressionar
com sonambulismo, se mostramos as potencialidades deste dom; o melhor dom de
todos eles é aquele que foi mostrado por Jesus; o dom de amar a todos e a tudo,
sem exigência alguma. É fazer a caridade sem especulação e perdoar sem buscar
atender o interesse. Devemos saber todas as coisas, porém, firmamo-nos mais acentuadamente
na conduta do Cristo, que mesmo desaparecendo da vista material dos homens não
deixa de voltar quantas vezes forem necessárias, e ainda permanecer com a
humanidade de mil modos, provando assim Seu amor para com todos nós, cumprindo
ainda a sua promessa de que enviaria outro Consolador, para ficar eternamente
conosco. É o Seu Evangelho vivo que está sendo recordado em todas as suas
minudências, pela Doutrina dos Espíritos, como luz de Deus a iluminar todos os
nossos sentidos.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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