OS APÓSTOLOS DE JESUS
– MISSÃO DOS APÓSTOLOS
E, Chamando os seus doze
discípulos, deu-lhes poder sobre os Espíritos imundos, para os expulsarem, e
para curarem toda a enfermidade e todo o mal. Ora, os nomes dos doze apóstolos
são estes: O primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho
de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano;
Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o zelote, e Judas Iscariotes, aquele que
o traiu (Mateus, 10:1-4).
Jesus enviou esses doze com
estas recomendações: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade
de samaritanos; mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel; e, indo,
pregai, dizendo: É chegado o Reino dos céus. Curai os enfermos, limpai os
leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de
graça dai.
Não possuais ouro, nem
prata, nem cobre, em vossos cintos; nem alforjes para o caminho, nem duas
túnicas, nem sandálias, nem bordão, porque digno é o operário do seu alimento.
E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja
digno e hospedai-vos aí até que vos retireis. E, quando entrardes nalguma casa,
saudai-a; e, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for
digna, torne para vós a vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem escutar as
vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em
verdade vos digo que, no Dia do Juízo, haverá menos rigor para o país de Sodoma
e Gomorra do que para aquela cidade. Eis que vos envio como ovelhas ao meio de
lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas
(Mateus, 10:5-16).
1. O colégio apostolar
No cumprimento de sua
missão, Jesus contou com a colaboração dos apóstolos e de outros discípulos.
Apóstolo é uma palavra derivada do grego que significa enviado. Discípulo é um
vocábulo de origem latina que significa aluno. Jesus escolheu doze apóstolos e
os enviou a diversos lugares para pregarem a Boa Nova (Evangelho). Contou
também com o apoio direto de cerca de setenta discípulos.
Jesus chamou a equipe dos apóstolos que lhe asseguraram cobertura à obra redentora, não para incensar-se e nem para encerrá-los em torre de marfim, mas para erguê-los à condição de amigos fiéis, capazes de abençoar, confortar, instruir e servir ao povo que, em todas as latitudes da Terra, lhe constitui a amorosa família do coração.
A missão de Jesus,
propriamente dita, começa com a organização do seu colégio apostolar. O
evangelho de Mateus relata: “E Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu
dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar,
porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores
de homens. Então, eles, deixando logo as redes, seguiram-no. E, adiantando-se
dali, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num
barco com Zebedeu, seu pai, consertando as redes; e chamou-os.
Eles, deixando imediatamente
o barco e seu pai, seguiram-no” (Mateus, 4:18-22).
Lucas nos esclarece que Levi
ofereceu-lhe, após o convite, então uma grande festa em sua casa, e com eles
estava à mesa numerosa multidão de publicanos e outras pessoas (Lucas, 5:29).
O evangelista Marcos informa
que, terminada a refeição, Jesus faz um debate sobre o jejum; alerta sobre a
inconveniência de colocar remendo novo em roupa velha, ou vinho novo em odres
velhos; explica que o sábado foi feito para o homem, e não o homem para o
sábado, e cura um homem de mão atrofiada. Diante desses fatos, uma grande
multidão passa a segui-lo, chamando-o filho de Deus. Marcos nos fala também que,
depois, Jesus “subiu à montanha, e chamou a si os que Ele queria, e eles foram
até Ele. E constituiu Doze para que ficassem com Ele, para enviá-los a pregar,
e terem autoridade para expulsar os demônios [Espíritos maléficos]. Ele
constitui, pois, os Doze, e impôs a Simão o nome de Pedro; a Tiago, o filho de
Zebedeu, e a João, o irmão de Tiago, impôs o nome de Boanerges, isto é, filhos
do trovão; depois André, Filipe, Bartolomeu, Tiago, o filho de Alfeu, Tadeu,
Simão, o zelote, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu” (Marcos, 2:18-27; e 3,
1-19).
2. A missão dos apóstolos
De conformidade com a
narrativa de Mateus, as recomendações iniciais do Messias definem a ação que os
discípulos deveriam executar.
— Amados — entrou Jesus a
dizer-lhes, com mansidão extrema —, não tomareis o caminho largo por onde anda
tanta gente, levada pelos interesses fáceis e inferiores; buscareis a estrada
escabrosa e estreita dos sacrifícios pelo bem de todos. Também não penetrareis
nos centros das discussões estéreis, à moda dos samaritanos, nos das contendas
que nada aproveitam às edificações do verdadeiro reino nos corações com sincero
esforço. Ide antes em busca das ovelhas perdidas da casa de nosso Pai que se
encontram em aflição e voluntariamente desterradas de seu divino amor. Reuni
convosco todos os que se encontram de coração angustiado e dizei-lhes, de minha
parte, que é chegado o Reino de Deus.
Trabalhai em curar os
enfermos. Limpai os leprosos, ressuscitai os que estão mortos nas sombras do
crime ou das desilusões ingratas do mundo, esclarecei todos os Espíritos que se
encontram em trevas, dando de graça o que de graça vos é concedido.
Não exibais ouro ou prata em
vossas vestimentas porque o Reino dos céus reserva os mais belos tesouros para
os simples.
Não ajunteis o supérfluo em
alforjes porque digno é o operário do seu sustento.
Em qualquer cidade ou aldeia
onde entrardes, buscai saber quem deseja aí os bens do Céu.
Quando penetrardes nalguma
casa, saudai-a com amor.
Se ninguém vos receber, nem
desejar ouvir as vossas instruções, retirai-vos, sem conservardes nenhum rancor
e sem vos contaminardes da alheia iniquidade.
É por essa razão que vos
envio como ovelhas ao antro dos lobos, recomendando-vos a simplicidade das
pombas e a prudência das serpentes.
Acautelai-vos, pois, dos
homens, nossos irmãos, porque sereis entregues aos seus tribunais e sereis
açoitados nos seus templos suntuosos, no qual está exilada a ideia de Deus.
No entanto, nos dias
dolorosos da humilhação, não vos dê cuidado como haveis de falar, porque minha
palavra estará convosco e sereis inspirados quanto ao que houverdes de dizer.
Porque não somos nós que
falamos; o Espírito amoroso de nosso Pai é que fala em todos nós.
3. Dados biográficos dos apóstolos
André –
Mencionado em Mateus, 4:18; 10:2; Marcos, 3:18; Lucas, 6:14; João, 1:40; Atos
dos Apóstolos, 1:13. Irmão de Pedro.
Como Pedro ou Simão Barjona
era filho de Jona, também seria André, a menos que ocorra uma das hipóteses:
parente ou irmão por parte de mãe. Investigações de filiação materna carecem de
apoio, pois nem sempre textos bíblicos retiram a mulher da penumbra,
conservando anônimas a sogra de Pedro, a mãe dos filhos de Zebedeu, a mãe dos
Macabeus etc. Pescador; integrante do grupo inicialmente convocado, isto é, um
dos primeiros, entre os doze.
Em geral, aceita-se que
André era irmão de Pedro. Não existem dúvidas a respeito.
A sua atitude, durante toda
a vida de Jesus, foi de ouvir o Mestre, observar os seus atos, estudar os seus
preceitos, seguindo-o sempre por toda parte. A não ser certa vez que saiu com
outro companheiro para pregar a Boa Nova ao mundo, segundo ordem que o Mestre
deu aos doze, nenhuma outra ação aparece de André, enquanto Jesus se achava na
Terra.
Poucas são as referências
sobre André nas escrituras. Ele se destaca, porém, por ser um dos primeiros a
fazer parte do colégio apostolar.
Embora menos proeminente que
seu irmão (Pedro), André está presente ao milagre da multiplicação dos pães de
Jesus e à fala apocalíptica do monte das Oliveiras. De acordo com a tradição
medieval tardia, André foi martirizado pela crucificação numa cruz em forma de
xis, que mais tarde aparece na bandeira da Grã-Bretanha representando a
Escócia, de que André é o padroeiro.
Celebrado pela tradição
ortodoxa grega como Protocletos (o primeiro a ser chamado) dentre os doze
(João,1:40), André cujo nome significa varonil, nasceu em Betsaida Julias, às
margens do Mar da Galileia. Antes de seguir o Mestre, era discípulo de João
Batista. “Aparentemente André ocupava-se mais dos assuntos da alma do que
propriamente de suas pescarias, tanto que abandonou suas redes para seguir os
passos de João Batista.” Segundo o historiador Eusébio (História eclesiástica
III), André teria desenvolvido extenso apostolado na Palestina, Ásia Menor,
Macedônia, Grécia e regiões próximas do Cáucaso. As antigas narrativas indicam
que, supostamente, se encontram em Patras, cidade grega, os restos mortais do
apóstolo, guardados numa igreja ortodoxa grega.
Bartolomeu –
Mencionado em Mateus, 10:3; Marcos, 3:18; Lucas, 6:14; Atos dos Apóstolos,
1:13. É possível que Bartolomeu tenha nascido na cidade de Caná da Galileia.
“Se Bartolomeu quer dizer
filho de Ptolomeu (Bar-Ptolomeu), temos pelo menos presumível filiação. Não se
comprova nitidamente que o apóstolo se chamasse Natanael Bartolomeu. O nome de
Natanael aparece em João sem indicações (1:45 a 51) e como “discípulo”,
originário de “Caná da Galileia” (21:2)”. A origem familiar de Bartolomeu
permanece, entretanto, obscura. Alguns escritores cristãos primitivos informam
que o apóstolo seria descendente da família Naftali, embora outros autores,
como São Jerônimo, acreditem que ele seja descendente dos Talmai, rei de Gesur
(2 Salomão, 3:3).
Como a maior parte dos
discípulos, Bartolomeu parece ter sido um homem profundamente sintonizado com
as expectativas messiânicas de sua época. O notável testemunho de Jesus a seu
respeito (João, 1:47) deixa transparecer o perfil de alguém que serviu a Lei e
aos profetas não apenas para orientar suas esperanças na gloria de Israel, mas
também para desenvolver em seu íntimo uma espiritualidade frutífera,
determinada pelas diretrizes da sabedoria divina, sobre o qual comenta o
apóstolo Tiago1 (Tiago, 3:7).
O seguinte relato de João,
que Filipe teria falado sobre Jesus a Bartolomeu (ou Natanael), apresentando-o,
posteriormente, ao Mestre: Temos achado aquele, de quem escreveu Moisés na lei,
e de quem falaram os profetas, Jesus de Nazaré, filho de José. Perguntou-lhe
Natanael: De Nazaré pode sair coisa que seja boa? Respondeu Filipe: Vem e vê.
Jesus vendo aproximar-se Natanael, disse: Antes de Filipe chamar-te, eu vi,
quando estavas debaixo da figueira. Replicou-lhe Natanael: Mestre, tu és o
Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel. Disse-lhe Jesus: Por eu te ver debaixo da
figueira, crês? Maiores coisas do que esta verás. E acrescentou: Em verdade, em
verdade vos digo que vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo
sobre o Filho do Homem. Natanael, após esse encontro com o Mestre, o seguia,
tornando-se um dos seus discípulos.
Há indicações de que o
apóstolo teria “pregado o Evangelho na Arábia, na Pérsia (atual Iraque), na
Etiópia e depois na Índia, donde regressou para Liacônia, passando depois a
outros países.” Conta-se que, ao desenvolver o trabalho apostolar na Armênia,
junto do Mar Negro, teria sido esfolado vivo, antes de morrer.
Filipe –
Aparece rapidamente nos Evangelhos, não nos deixando muitas informações sobre
ele. As referências evangélicas sobre o apóstolo são as seguintes: Mateus,
10:3; Marcos, 3:18; Lucas, 6:14; João, 1:40; Atos dos Apóstolos, 1:13. É citado
também nos Atos dos Apóstolos, 21:1-9, quando Paulo e Lucas o encontram na
cidade de Cesareia, juntamente com as suas quatro filhas, todas possuidoras da
mediunidade de profecia.
Nasceu em Betsaida,
Galileia. Era pescador. “Depois do desencarne do Mestre ficou em Jerusalém até
a dispersão dos Apóstolos, indo, segundo a tradição, pregar o Evangelho na
Frígia, recanto da Ásia Menor, ao sul de Bitínia. Foi Filipe que apresentou a
Jesus Natanael (Bartolomeu), um homem ilustre e de caráter lapidado que residia
na Galileia.” Parece que evangelizou na Itureia, reunindo-se a André, no Mar
Negro, sendo morto, já muito idoso, na Frígia, em Hierápolis.
Há uma lenda que vincula o
apóstolo Filipe à França. Alguns escritores cristãos do passado falam da presença
de Filipe na Gália (antigo nome da França). Um deles é Isidoro, bispo de
Sevilha, que, entre os anos 600 e 636 d.C., escreveu, em seu livro De Ortu et
Orbitu Patrum, cap. 73:
Filipe, de Betsaida, de onde
também provinha Pedro, apregoou Cristo nas Gálias e nas nações vizinhas,
trazendo seus bárbaros, que estavam em trevas, à luz do entendimento e ao porto
da fé. Mais tarde, foi apedrejado, crucificado e morto em Hierápolis, uma
cidade da Frígia, onde foi sepultado de cabeça para baixo, ao lado de suas
filhas.
Filipe era muito ligado aos
apóstolos Bartolomeu, João, Pedro e Tiago Maior (os três últimos apóstolos
formavam uma espécie de estado-maior do colégio apostolar).
É importante não confundir
Filipe, um dos doze apóstolos, com Filipe, o evangelista, companheiro de Paulo
de Tarso.
Este não
compunha o rol dos doze discípulos, entra em cena num momento em que a Igreja
de Jerusalém se debate com a delicada questão da discriminação sofrida por
judeus-cristãos, de língua grega e provenientes da Diáspora, também conhecidos
como helenistas. Diante da possibilidade de uma divisão sem precedentes, os
doze [apóstolos] sugeriram à congregação local a escolha de sete varões cheios
de Espírito Santo e de sabedoria, que pudessem solucionar aquela questão de
cunho administrativo, enquanto eles próprios se dedicariam ao ensino e a
pregação da Palavra.
Dessa forma, Filipe, assim
como Estêvão e mais cinco judeus da Dispersão (Diáspora) ficaram responsáveis
pelas tarefas administrativas da congregação (Atos dos Apóstolos, 6:5; 8:5-40 e
21:8-9).
Os necessitados que
procuravam valer-se da obra assistencial dos discípulos O serviço de cada dia
consistia não só nas pregações evangélicas, mas também na distribuição de sopa
e alimentos aos pobres, dentre os quais dedicavam especial atenção às viúvas
desamparadas.
O apóstolo Filipe deve
também ser distinguido de Filipe, o Tetrarca (Lucas, 3:1).
João
ou João Evangelista – São referências evangélicas sobre o
apóstolo: Mateus, 4:21, 10:3; Marcos, 3:17; Lucas, 6:14; Atos dos Apóstolos,
1:13. Era filho de Zebedeu e irmão de Tiago, o maior. Sua mãe, Salomé, é citada
duas vezes, uma em Marcos (15:40 e 16:1), outra em Mateus (20:20 e 27:56).
Alguns estudiosos suspeitam
que Salomé tenha sido irmã de Maria santíssima (João,19:25). Dessa forma, Jesus
seria primo dos filhos de Zebedeu, explicando, em parte, a fraterna intimidade
existente entre eles. Nasceu em Betsaida, na Galileia. É autor do quarto
Evangelho, de três cartas destinadas aos cristãos e do livro Apocalipse. O seu
Evangelho difere dos outros três, chamados sinópticos ou semelhantes, porque a
narrativa de João enfoca mais o aspecto espiritual da mensagem de Jesus. João
considera-se o discípulo amado (João, 13:23; 20:2 e 26; 21:7 e 20), afirmação
admissível, se generalizada.
Era muito jovem à época do
Mestre, e, na crucificação, foi designado por Jesus para tomar conta de Maria.
João viveu o final de sua existência em Éfeso, onde teria escrito o seu
evangelho e as suas epístolas. Durante o governo do imperador romano Domiciano,
foi exilado na Ilha de Patmos, escrevendo aí o Apocalipse. Morreu idoso,
tomando conta da igreja que ali existia, possivelmente no ano 100 da Era
Cristã. João e seu irmão Tiago Maior foram chamados por Jesus de Boanerges
(filhos do trovão). Integrava o núcleo inicialmente convocado por Jesus,
participando destacadamente, junto a Tiago Maior e a Pedro, do principal grupo
do colégio apostolar.
Judas
Iscariote ou Iscariotes – Referências evangélicas sobre o
apóstolo: Mateus, 10:4; Marcos, 3:19; Lucas, 6:16; João, 12:4; Atos dos
Apóstolos, 1:16.
Originário de Kerioth (ou
Carioth), localidade da Judeia, era filho de Simão Iscariote (João, 13:2). Era
comerciante de pequeno negócio, em Cafarnaum. Segundo as tradições, este
apóstolo foi designado para cuidar do dinheiro comum (espécie de tesoureiro) do
colégio apostolar, “cujos escassos recursos se destinavam a esmolas.
Transportava o saco alongado (bolsa), que habitualmente israelitas atavam à
cinta, para recolher pecúnia.” (João, 12:6; 13:29).
Judas deixou-se conduzir pela
embriaguez de seus sonhos ilusórios. Entregaria o Mestre aos homens do poder,
em troca de sua nomeação oficial para dirigir a atividade dos companheiros.
Teria autoridade e privilégios políticos. Satisfaria às suas ambições,
aparentemente justas, com o fim de organizar a vitória cristã no seio de seu
povo. Depois de atingir o alto cargo com que contava, libertaria Jesus e lhe
dirigiria os dons espirituais, de modo a utilizá-los para a conversão de seus
amigos e protetores prestigiosos. O Mestre, a seu ver, era demasiadamente
humilde e generoso para vencer sozinho, por entre a maldade e a violência.
Judas representa o tipo de
pessoa preocupada com a vida material.
Não obstante amoroso, Judas
era, muita vez, estouvado e inquieto. Apaixonara-se pelos ideais do Messias, e,
embora esposasse os novos princípios, em muitas ocasiões surpreendia-se em
choque contra Ele. Sentia-se dono da Boa Nova e, pelo desvairado apego a Jesus,
quase sempre lhe tomava a dianteira nas deliberações importantes. Foi assim que
organizou a primeira bolsa de fundos da comunhão apostólica e, obediente aos
mesmos impulsos, julgou servir à grande causa que abraçara, aceitando perigosa
cilada que redundou na prisão do Mestre.
Ao presenciar o sofrimento
de Jesus, durante a prisão e posterior crucificação, o apóstolo entendeu,
tardiamente, o seu lamentável equívoco. “De longe, Judas contemplou todas as
cenas angustiosas e humilhantes do Calvário. Atroz remorso lhe pungia a
consciência dilacerada. Lágrimas ardentes lhe rolavam dos olhos tristes e
amortecidos. Malgrados à vaidade que o perdera, ele amava imensamente o
Messias.”
Desse momento em diante é
que Judas começou a entender o caráter essencialmente espiritual da missão de
Jesus. E sinceramente arrependido, confessa publicamente o seu crime. Mas era
tarde. O Mestre já estava nas mãos de seus algozes, os quais eram inflexíveis.
O suicídio de Judas
(acontecido em seguida à condenação de Jesus) lhe custou séculos de sofrimentos
nas zonas inferiores no mundo espiritual, porque tentou corrigir um erro com
outro erro. Todavia, ajudado espiritualmente por Jesus e seus companheiros de
apostolado, depois de inúmeras reencarnações na Terra, dedicadas ao trabalho de
fazer triunfar o Evangelho, Judas conseguiu reabilitar-se; e hoje está irmanado
com Jesus em sua tarefa esplendorosa18 (Mateus, 27:1-10).
Entregue a profundo remorso,
Judas Iscariotes se suicida quando percebe que a crucificação de Jesus seria
irreversível. “Matias foi o substituto de Judas Iscariote no apostolado. Nada
sabemos nos primeiros tempos sobre Matias, senão que ele foi um dos setenta e
dois discípulos que o Senhor enviou, dois a dois, adiante de si a todas as
cidades e lugares que pretendia visitar.”
Judas
Tadeu ou Tadeu – Referências evangélicas sobre o após-
tolo: Mateus, 10:3; Marcos, 3:18; João, 14:22; Lucas, 6:16; Atos dos Apóstolos,
1:13. É um dos doze citados nominalmente por Mateus e Marcos. Há indicações de
que ele seria também filho de Alfeu e de Cleofas (parenta de Maria santíssima),
portanto, irmão de Levi (Mateus) e de Tiago Menor, todos eram nazarenos e
amavam Jesus desde a infância, sendo muitas vezes chamados de “os irmãos do
Senhor”.
Judas é identificado pela
tradição antiga como o autor da epístola de Judas, que foi escrita a uma igreja
ou grupo de igrejas desconhecido para combater o perigo representado por certos
mestres carismáticos que estavam pregando e praticando libertinagem moral. O
autor procura denunciar esses mestres como pessoas ímpias cuja condenação foi
profetizada, e insta seus leitores a preservar o evangelho apostólico vivendo
segundo as suas exigências morais.
Contam as tradições que
trabalhou na Mesopotâmia e na Pérsia.
Mateus
ou Levi – Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus,
10:3; Marcos, 2:14; Lucas, 5:27 e 6:15; Atos dos Apóstolos, 1:13. Era filho de
Alfeu e de Cleofas, tendo como irmãos Tiago Menor. Nasceu na Galileia e era
publicano (cobrador de impostos). “Os publicanos, conquanto gente de
representação oficial, eram malvistos pelo povo, pois julgavam que extorquiam
dinheiro dos contribuintes. Por isso se enriqueciam.”
A escolha de Mateus, por
Jesus, para compor o colégio apostolar provocou murmurações. Denominavam-se
publicanos, no império dos Césares, os empresários de rendas públicas, membros
da pode- rosa ordem dos cavaleiros (ordo equester); dominada pelos romanos a
Palestina, também nesta se intitularam publicanos os cobradores de impostos,
destinados ao patrimônio do invasor.
Era um símbolo de
vassalagem, inconciliável com a noção de povo eleito. Em linguagem atual,
colaboracionismo com o vencedor.
Escreveu o primeiro
evangelho, no qual dá ênfase aos aspectos humano e genealógico de Jesus. Pregou
no norte da África, depois da morte do Mestre, prosseguindo até a Etiópia, onde
foi morto.
Pedro,
Simão, Simão Pedro ou Cefas – Referências evangélicas sobre o
apóstolo: Mateus, 4:18 e 10:2; Marcos, 1:16 e 3:16; Lucas, 6:14 e 9:20; João,
1:40; Atos dos Apóstolos, 1:13.
Pescador em Cafarnaum, na
Galileia, era irmão do apóstolo André (Mateus, 4:18; Lucas, 6:14; João, 1:40).
Pedro, nome dado por Jesus, (Mateus, 4:18; 10:2) ou Cefas, são cognomes do
apóstolo, palavras que significam pedra, em grego e hebraico, respectivamente.
João (1:40-42) chama-o de Simão Pedro. É também conhecido como Simão Bar-Jonas,
que significa Simão, filho de Jonas (Mateus, 16:18). Em suas epístolas apenas
se autointitula apóstolo ou servo. Pedro, Tiago e João Evangelista faziam parte
do círculo íntimo de Jesus, participando dos mais importantes atos do Mestre. Pedro
é muito lembrado pelo episódio, anunciado por Jesus, de que ele o negaria por
três vezes.
A negação de Pedro sempre
constitui assunto de palpitante interesse nas comunidades do Cristianismo.
Enquadrar-se a queda moral do generoso amigo do Mestre num plano de fatalidade?
Por que se negaria Simão a cooperar com o Senhor em minutos tão difíceis? Útil,
nesse particular, é o exame de sua invigilância. O fracasso do amoroso pescador
reside aí dentro, na desatenção para com as advertências recebidas. Grande
número de discípulos modernos participam das mesmas negações, em razão de
continuarem desatendendo. Informa o Evangelho que, naquela hora de trabalhos
supremos, Simão Pedro seguia o Mestre “de longe”, ficou no “pátio do sumo
sacerdote”, e “assentou-se entre os criados” deste, para “ver o fim”.
Leitura cuidadosa do texto
esclarece-nos o entendimento e reconhecemos que, ainda hoje, muitos amigos do
Evangelho prosseguem caindo em suas aspirações e esperanças, por acompanharem o
Cristo à distância, receosos de perderem gratificações imediatistas; quando
chamados a testemunho importante, demoram-se nas vizinhanças da arena de lutas
redentoras, entre os servos das convenções utilitaristas, assentando binóculos
de exame, a fim de observarem como será o fim dos serviços alheios.
A dolorosa experiência de
Pedro não se resume às perseguições que sofreu, ou nas lutas que enfrentou na
divulgação do Evangelho. Está, antes, relacionada ao fato de ter negado Jesus. A
tradição evangélica nos informa que, replicando ao Mestre, Pedro lhe diz que
seria capaz de dar a própria vida por Ele. Ouvindo essa afirmativa, observa o
Cristo: “Pedro, a tua inquietação se faz credora de novos ensinamentos. A
experiência te ensinará melhores conclusões, porque, em verdade, te afirmo que
esta noite o galo não cantará sem que me tenhas negado por três vezes.”
(Mateus, 26: 69-75).
A teologia católica afirma
ser Pedro o fundador da igreja cristã de Roma, considerando-o o primeiro Papa.
Simbolicamente pode-se admitir tal fato, porque, em termos históricos, Pedro
não a poderia ter fundado. Depois da morte de Jesus, despontou como líder dos
doze apóstolos, aparecendo, praticamente, em todas as narrativas evangélicas.
Exerceu autoridade na recém-nascida comunidade cristã, tendo apoiado a
iniciativa de Paulo de Tarso de incluir os não judeus na fé cristã.
Foi morto em Roma,
crucificado de cabeça para baixo, no ano de 64 d.C., durante a perseguição
feita por Nero aos cristãos. A forma de crucificação do apóstolo foi, segundo a
tradição, escolhida por ele mesmo, que não se julgava digno de morrer como
Jesus morreu. Supõe-se que o seu túmulo se encontra sob a catedral de São
Pedro, no Vaticano.
Tiago
Maior – Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus, 4:21
e 10:3; Marcos, 3:17; Lucas, 6:17; Atos dos Apóstolos, 1:13. Pescador, nascido
em Betsaida (Galileia), irmão de João, o Evangelista, filho de Zebedeu, fazia
parte do círculo mais íntimo de Jesus. Existem suposições, fundamentadas nos
textos de Lucas, 6:16 e dos Atos dos Apóstolos, 1:13, de que Tiago Maior seja,
também irmão de Judas Tadeu, por parte de mãe.
Quatro pessoas no Novo
Testamento têm o nome Tiago (grego Iakobos), que é uma de duas formas gregas do
nome hebraico Jacó (a outra sendo a simples transliteração Iakob). Como Jacó
era um ancestral referenciado em Israel, Tiago foi um nome comum entre os judeus
no período romano. Tiago, filho de Zebedeu, era um pescador galileu na área de
Cafarnaum no mar da Galileia, um sócio (juntamente com seu irmão João) de Simão
Pedro. Estava trabalhando no negócio encabeçado por seu pai quando foi chamado
por Jesus para ser seu discípulo. Tiago e João formaram, ao lado de Pedro, o
núcleo mais estreito de três entre os Doze apóstolos: eles testemunharam a ressurreição
da filha de Jairo, estiveram presentes à transfiguração e observaram (e em
parte dormiram enquanto ela ocorria) a agonia de Jesus em Getsemâni. Ao que
parece, Tiago e João expressavam-se explosivamente, ou esperavam que Deus
lançasse um súbito julgamento sobre os inimigos de Jesus, porque foram
apelidados Boanerges (sons de trovões). Fora dos Evangelhos sinóticos, Tiago,
filho de Zebedeu, aparece somente em Atos. Estava presente na sala superior com
o grupo que esperava Pentecostes. A única outra referência a ele no Novo
Testamento é a notícia enigmática de que Herodes (Agripa I) o havia matado. Ele
foi, assim, o segundo mártir registrado da igreja (depois de Estêvão) e o
primeiro do grupo apostólico a morrer (com exceção de Judas Iscariotes, que
havia sido substituído como apóstolo).
Os demais tiagos citados no
Novo Testamento são: Tiago, filho de Alfeu ou Tiago Menor, apóstolo de Jesus;
Tiago, pai do apóstolo Judas Tadeu, e um outro Tiago, chamado irmão de Jesus,
citado por Mateus, 13:55 e Marcos, 6:3.
Tiago
Menor – Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus,
10:3; Lucas, 6:15; Marcos, 3:18; Atos dos Apóstolos, 1:13. Era filho de Alfeu e
de Cleofas (parenta de Maria Santíssima), portanto, irmão de Levi (Mateus).
Quase nada se sabe sobre Tiago Menor, do ponto de vista das Escrituras, além do
simples registro do seu nome no rol dos apóstolos e do fato de ser filho de
Alfeu e ser irmão de um certo José (Mateus, 10:3 e Marcos, 15:40).
Simão,
o zelote – Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus,
10:9; Marcos, 3:18; Lucas, 6:15 e Atos dos Apóstolos, 1:13. Era chamado assim
porque pertencia à seita dos zelotes, zelosos, ou zeladores, seita
ultranacionalista e não religiosa, a qual lutava para a libertação de Israel do
jugo romano. Vivia da profissão de pescador.
O apóstolo “era Galileu,
parece que nascido em Caná [daí ser chamado também de Simão, o Cananeu], onde
Jesus, nas bodas transformou a água em vinho. O historiador grego Nicéforo diz
que ele percorreu o Egito, a Cirenaica e a África; que anunciou a Boa Nova na
Mauritânia e em toda a Líbia, e depois nas ilhas Britânicas fez muitos
milagres.”
Tomé
ou Dídimo – Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus,
10:3; Marcos, 3:18; Lucas, 6:15; Atos dos Apóstolos, 1:13. Era chamado Dídimo,
o Gêmeo, embora não haja qualquer registro de que tenha tido um irmão gêmeo.
Descendente de antigo pescador de Dalmanuta, não seguiu, no entanto, essa
profissão.
“Ficou famoso por duvidar da
ressuscitação de Jesus, afirmando que só vendo, acreditaria. Jesus, então,
apareceu-lhe, oito dias depois, mostrando-lhe as cicatrizes dos pés e das mãos,
e a chaga do lado. Julga-se que Tomé foi pregar, após a dispersão, o Evangelho
aos persas, hindus e árabes”. Acompanhou Jesus durante os três anos de sua
prédica, mostrando-se-lhe muito afeiçoado.
Fonte:
Estudo
aprofundado da doutrina espírita. FEB, 2013.
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