Fé raciocinada
Muitas
pessoas imaginam que a fé e a razão se encontram em locais opostos, e que para
crer em Deus e na sua Providência Divina é preciso abrir mão da lógica e do
raciocínio matemático ou científico.
No
entanto, à luz da Doutrina Espírita, podemos observar que é possível ter fé e,
ainda assim, contar com a razão.
Logo, a fé raciocinada, como o próprio nome diz, está em constante contato com a razão. A crença baseada em fatos e testemunhos protege o homem do fanatismo e da alienação mental, propiciando segurança e robustez na certeza e esperança de forma desapaixonada.
Ou seja, ela busca um saber mais amplo, argumenta, se questiona e está em constante atualização, à medida que temos acesso ao conhecimento.
O que é a fé no
Espiritismo
O
Espiritismo pratica a fé raciocinada. Possui cinco princípios fundamentais que
são: Deus, a Imortalidade da Alma, a Pluralidade das Existência ou
Reencarnação, Comunicabilidade dos Espíritos ou Mediunidade e finalmente a
Pluralidade dos Mundos Habitados.
Todos estes princípios foram e ainda são fundamentos de muitas religiões, mas somente o Espiritismo trouxe provas de sua credibilidade já que segue a ciência em sua evolução, ou seja, admite a dúvida e convive em harmonia com ela.
Isso
significa que é uma fé aberta, sem dogmas ou pontos obscuros, cujo diálogo é
fundamental e as opiniões podem ser constantemente aprimoradas.
No
entanto, a racionalidade da fé espírita nada tem a ver com o desejo de tornar a
doutrina cética ou cientificista.
Pelo
contrário, admite a crença nos assuntos dos quais ainda não se pode ter a
oportunidade de verificar.
A Doutrina Espírita assume, com a fé raciocinada, que ainda não estamos preparados para ter todas as revelações.
Logo,
os espíritas devem estar sempre abertos ao diálogo com os espíritos amigos e
com os inúmeros saberes humanos a fim de promover uma fé sempre renovada,
evitando a fé cega.
A fé segundo O Livro
dos Espíritos
Em O
Livro dos Espíritos, Allan Kardec faz inúmeros questionamentos aos médiuns e
seus mentores respondem prontamente, promovendo luz à doutrina.
Essas
respostas são base para a fé raciocinada, uma vez que médiuns de diferentes
países foram instrumento das mesmas respostas, explicitando a incapacidade de
ser algo inventado ou combinado.
O
Livro dos Espíritos nos traz inúmeros ensinamentos capazes de fortalecer a
nossa fé.
Dentre
eles, podemos destacar o seguinte:
(Pergunta
922) “A felicidade terrestre é relativa à posição de cada um. O que basta para
a felicidade de um, constitui a desgraça de outro. Haverá, contudo, alguma soma
de felicidade comum a todos os homens?”
Resposta:
“Com relação à vida material, é a posse do necessário. Com relação à vida
moral, a consciência tranquila e a fé no futuro.”
Essa
passagem é interessante, pois muitos associam a felicidade à fé.
No
entanto, a fé raciocinada está mais relacionada à práticas edificantes e à
compreensão de que estamos neste plano material aprimorando o nosso espírito
através do trabalho no bem, para alcançar planos espirituais superiores.
Fé raciocinada na
visão espírita
No
item 7 do capítulo XIX de O Evangelho Segundo o Espiritismo, temos a seguinte
passagem que esclarece o conceito de fé raciocinada na visão espírita:
“A
fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa.
A criatura então crê porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque
compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar
de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.
A
esse resultado conduz o Espiritismo, pelo que triunfa da incredulidade, sempre
que não encontra oposição sistemática e interessada.”
Como desenvolvemos a
fé raciocinada
Para
desenvolvermos a fé raciocinada é necessário muito estudo e disciplina.
Ainda
no item 7 do capítulo XIX de O Evangelho Segundo o Espiritismo nos alerta que:
“Diz-se
vulgarmente que a fé não se prescreve, donde resulta alegar muita gente que não
lhe cabe a culpa de não ter fé. Sem dúvida, a fé não se prescreve, nem, o que
ainda é mais certo, se impõe. Não; ela se adquire e ninguém há que esteja
impedido de possuí-la, mesmo entre os mais refratários. Falamos das verdades
espirituais básicas e não de tal ou qual crença particular. Não é à fé que
compete procurá-los; a eles é que cumpre ir-lhes ao encontro e, se a buscarem
sinceramente, não deixarão de achá-la.”
De
acordo com essa passagem, é possível perceber que a fé raciocinada está
relacionada à ação de conhecer e praticar a Doutrina Espírita e seus princípios
morais baseados na moral do Cristo.
Logo,
é necessário estar aberto e disposto ao diálogo e à lapidação moral necessária
para a prática do Espiritismo.
Diferença entre fé
cega e fé raciocinada
Em
resumo, a fé cega é o oposto da fé raciocinada.
Ou
seja, a fé cega se fecha ao diálogo e crê em somente uma maneira de servir ao
Criador.
Sendo
assim, mesmo que as práticas se tornem obsoletas ou, até mesmo, em alguns
casos, absurdas, nada se pode fazer a não ser obedecer sem questionar.
Fé cega na visão
espírita
Na
visão espírita, a fé cega é aquela que não admite a mudança de opiniões e a
lapidação ou aperfeiçoamento da doutrina.
Isso
significa que é uma maneira de crer sem estudos, críticas ou questionamentos.
Praticar
a fé cega pode abrir precedentes à várias má interpretações, corroborando em
atitudes contrárias ao amor e à caridade que é o que agrada ao Criador.
O que é a fé cega
Ainda
de acordo com o item 6 do capítulo XIX de O Evangelho Segundo o Espiritismo,
podemos entender a fé cega da seguinte maneira:
“Nada
examinando, a fé cega aceita, sem verificação, assim o verdadeiro como o falso,
e a cada passo se choca com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o
fanatismo. Assentando no erro, cedo ou tarde desmorona (…)”
Como se caracteriza a
fé cega
A fé
cega se caracteriza pela ausência de razão nos ensinamentos e na abertura de
espaço para a incredulidade.
Podemos
observar essa reflexão na seguinte passagem do item 7 capítulo XIX de O Livro
dos Espíritos:
“A
fé cega já não é deste século, tanto assim que precisamente o dogma da fé cega
é que produz hoje o maior número dos incrédulos, porque ela pretende impor-se,
exigindo a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o
raciocínio e o livre-arbítrio. É principalmente contra essa fé que se levanta o
incrédulo, e dela é que se pode, com verdade, dizer que não se prescreve. Não
admitindo provas, ela deixa no espírito alguma coisa de vago, que dá nascimento
à dúvida.”
Texto espírita sobre
fé
O
texto a seguir, intitulado Decálogo do Cotidiano, escrito pelo espírito de
André Luiz e psicografado pelo médium Chico Xavier, encontra-se no livro
Páginas de fé.
Esse
texto nos inspira ao citar uma série de ações que são fundamentais para a
prática da fé raciocinada:
“1 –
Comece o dia acendendo no peito a luz da prece.
2 –
Envie aos amigos um pensamento de amor e envolva os desafetos em vibrações de
paz.
3 –
Verifique a sua agenda e trace as tuas metas para hoje, de modo a não perder
tempo.
4 –
Estampe no rosto um sorriso fraterno e coloque nos lábios palavras de
gentileza.
5 –
Não te mostres pessimista, mas não esperes atravessar o dia sem problemas.
6 –
Afasta-te da crítica destrutiva, procurando encorajar os companheiros nas lutas
em que se empenham.
7 –
Olvida os pequeninos aborrecimentos e esforça-te por superar esse ou aquele
contratempo, predispondo-te a compreender e perdoar sempre.
8 –
Aprende a guardar silêncio para que saibas falar no momento oportuno.
9 –
Não deixes passar a oportunidade de fazer o bem a quantos se aproximem dos teus
passos.
10 –
Confia em Deus e persevera na trilha do dever na certeza de que, haja o que
houver, a Misericórdia Divina te sustentará.”
Fonte: Conteúdo espírita
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