A REFORMA PROTESTANTE
O plano invisível determina,
assim, a vinda ao mundo de numerosos missionários com o objetivo de levar a
efeito a renascença da religião [...]. Assim, no século XVI, aparecem as
figuras veneráveis de Lutero, Calvino, Erasmo, Melanchton e outros vultos
notáveis da Reforma, na Europa Central e nos Países Baixos.
A Reforma e os movimentos
que se lhe seguiram vieram ao mundo com a missão especial de exumar a “letra’’
dos Evangelhos [...] a fim de que, depois da sua tarefa, pudesse o Consolador
prometido, pela voz do Espiritismo cristão, ensinar aos homens o “espírito
divino’’ de todas as lições de Jesus.
1. O contexto histórico
A Idade Média, em contraste
com outros períodos da história, foi caracterizada por uma cultura religiosa
que influenciava e impregnava todas as atividades sociais.
A política, a economia, as
artes e a filosofia eram de competência direta da Igreja. O papado era, ao
mesmo tempo, uma potência religiosa e política. Grande parte da vida econômica
estava organizada ao redor das igrejas paroquiais e dominada por elas. As artes
eram, por definição, religiosas: a pintura e a arquitetura refletiam a preocupação
pelo transcendente, não havendo evidência mais clara disso que o impulso
vertical das catedrais. Mesmo o redescobrimento e a aceitação de Aristóteles
não alteraram o quadro geral. Por isso não é estranho que a civilização
europeia fosse caracterizada como o Corpus Christianum.
Nesse sentido, Emmanuel
esclarece que:
Essa renascença, iniciada do
Alto, clareou a Terra em todas as direções. A invenção da imprensa facultava o
mais alto progresso no mundo das ideias, criando as mais belas expressões da
vida intelectual. A literatura apresenta uma vida nova e as artes atingem
culminâncias que a posteridade não poderia alcançar. Numerosos artífices da
Grécia antiga, reencarnados na Itália, deixam traços indeléveis da sua
passagem, nos mármores preciosos. Há mesmo, em todos os departamentos das
atividades artísticas, um pronunciado sabor da vida grega, anterior às
disciplinas austeras do Catolicismo na idade medieval, cujas regras, aliás,
atingiam rigorosamente apenas quem não fosse parte integrante do quadro das autoridades
eclesiásticas.
A História destaca grandes mudanças nesse período
O século XV e o começo
do XVI, em Roma, foram a idade do humanismo, uma grande era de renovado
aprendizado clássico, de redescobrimento dos princípios da arte clássica, de floresci-
mento da criatividade na pintura, na escultura e na arquitetura e de um prazer
pela vida e pela beleza que representava não só uma sublime extravagância, mas
um novo sentido da glória da criação. Tratava-se, em grande medida, de uma
visão religiosa: para compreendê-la, precisamos levar em conta o primeiro e de
certo modo o mais atraente dos papas humanistas, Nicolau V. O movimento
conciliar vinha perdendo a força à medida que os monarcas europeus faziam seus
próprios e vantajosos arranjos com o papado, a fim de controlar as igrejas
nacionais, e cessavam de apoiar as rebeliões eclesiásticas.
A
capital do Império Romano foi totalmente em beleza
Nicolau inaugurou também a
transformação física de Roma. Simbolizou a recuperação do controle papal da
cidade ao restaurar o Castel Sant’Angelo e ao reformar o medieval palácio dos
Senadores, no Capitólio. Mas as suas maiores obras estavam no Vaticano, que ele
transformou na principal residência papal, abandonando o precário Latrão. Porém, a sua iniciativa mais radical foi a de projetar a reconstrução da
própria São Pedro.
As seguintes palavras do
papa Nicolau justificam a sua incansável necessidade de reformas e de
embelezamentos arquitetônicos.
Para criar convicções
sólidas e estáveis na mente das massas incultas, deve haver um apelo aos olhos;
uma fé popular baseada unicamente em doutrinas sempre há de ser débil e
vacilante. Mas se a autoridade da Santa Sé estiver visualmente exposta em
construções majestosas, em memoriais imperecíveis, em testemunhos como
plantados pela própria mão de Deus, a fé há de crescer e fortalecer-se qual uma
tradição que passa de uma geração a outra, e o mundo inteiro há de aceitá-la e
reverenciá-la.
Emmanuel nos esclarece,
porém, que no plano espiritual medidas são tomadas para conter os
desregramentos perpetratos pelos condutores do Catolicismo.
A essas atividades
reformadoras não poderia escapar a Igreja, desviada do caminho cristão. O plano
invisível determina, assim, a vinda ao mundo de numerosos missionários com o
objetivo de levar a efeito a renascença da religião, de maneira a regenerar os
seus relaxados centros de força. Assim, no século XVI, aparecem as figuras
veneráveis de Lutero, Calvino, Erasmo, Melanchton e outros vultos notáveis da
reforma, na Europa Central e nos Países Baixos.
2. A reforma
protestante
No século XVI uma grande
revolução eclesiástica ocorreu na Europa Ocidental, levando a mudanças
consideráveis na esfera religiosa que, durante todo o período medieval,
estivera sob o domínio da Igreja Católica. Essa revolução nas mentalidades teve
tanto causas políticas como religiosas. Muitos monarcas estavam insatisfeitos
com o enorme poder que o papa exercia no mundo, ao mesmo tempo que muitos
teólogos criticavam a doutrina e as práticas da Igreja, sua atitude para com a
fé e seu feitio organizacional. Ideias e razões distintas deram origem a
diversas comunidades eclesiais novas.
Na Inglaterra, o rei
Henrique VIII rompeu com o papa porque este se negou a lhe dar permissão para
que se divorciasse. O rei se tornou, então, chefe da Igreja da Inglaterra
(Igreja Anglicana). Não houve cisma, mas a Igreja da Inglaterra aos poucos foi
adotando várias ideias da Reforma. Hoje, o anglicanismo é uma Igreja que
engloba diferentes tendências e até mesmo seitas.
Foi um monge alemão,
Martinho Lutero, o maior responsável por esse conflito teológico. Ele deu forte
destaque à fé e à palavra (a Bíblia), como elementos mais significativos. Diversos
príncipes eleitores, nobres governantes alemães, insatisfeitos com o poder do
papa, apoiaram Lutero e transformaram as igrejas de seus próprios domínios em
igrejas estatais, partindo do princípio de que a religião do eleitor também era
a de seus súditos.
Os reformadores suíços
Calvino e Zuínglio defendiam um rompimento mais radical com o Catolicismo. Davam
menos valor ao batismo e à eucaristia do que os católicos e os luteranos, mas
julgavam vital mexer na organização da Igreja. Queriam seguir aquilo que
consideravam os preceitos do Novo Testamento. A Igreja é dirigida por representantes
eleitos que, juntamente com os ministros, constituem a Assembleia Geral. Esta é
conhecida como presbitério (da palavra grega que significa “conselho dos
anciãos’’), e por isso a Igreja reformada é chamada presbiteriana. Essa Igreja
logo se tornou a principal seita protestante em países cujos soberanos não
instituíram o Cristianismo como religião do Estado; por exemplo, Holanda, Suíça
e Escócia.
O Espiritismo, por meio de
informações apresentadas por Emmanuel, revela:
A Reforma e os movimentos
que se lhe seguiram vieram ao mundo com a missão especial de exumar a ‘‘letra’’
dos Evangelhos, enterrada até então nos arquivos da intolerância clerical, nos
seminários e nos conventos, a fim de que, depois da sua tarefa, pudesse o
Consolador prometido, pela voz do Espiritismo cristão, ensinar aos homens o
‘‘espírito divino’’ de todas as lições de Jesus.
A Reforma Protestante
provocou profundos e irreversíveis impactos na Igreja Católica.
Por ocasião dos primeiros
protestos contra o fausto desmedido dos príncipes da Igreja, ocupava a cadeira
pontifícia Leão X, cuja vida mundana impressionava desagradavelmente os
espíritos sinceramente religiosos. Sob a sua direção criara-se, em 1518, o
célebre ‘‘Livro das Taxas da Sagrada Chancelaria e da Sagrada Penitenciaria
Apostólica’’, onde se encontrava estipulado o preço de absolvição para todos os
pecados, para todos os adultérios, inclusive os crimes hediondos. Tais
rebaixamentos da dignidade eclesiástica ambientaram as pregações de Lutero e
seus companheiros de apostolado. De nada valeram as perseguições e as ameaças
ao eminente frade agostiniano.
O protestantismo foi um
movimento que surgiu, no século XVI, para conter os abusos do clero católico,
sobretudo em relação às indulgências.
Embora rompessem com a
Igreja, os reformadores não pensaram estar criando uma nova Igreja. Em vez
disso, sustentavam a necessidade de recolocar a igreja cristã em suas
verdadeiras bases. Leva- dos à ação quase sempre em virtude de abusos e
distorções da vida eclesiástica no período medieval, logo compreenderam, no
entanto, que a sua interpretação do Evangelho era radicalmente diferente da
sustentada pela Igreja existente. Baldados seus esforços para renová-la, não
tiveram outro recurso senão constituir instituição independente da que consideravam
sob ‘‘o jugo romano’’. A história do protestantismo, portanto, deve começar com
uma compreensão dessa tentativa da recuperação, segundo se entendia, da vida da
Igreja à luz do Evangelho, dentro, contudo, do contexto sociocultural do
período medieval.
Outros fatos históricos
foram decisivos para a ocorrência da Reforma Protestante.
A derrocada do
feudalismo e o surgimento de classes médias ocupadas com o comércio e a
indústria criaram um novo setor na sociedade, independente da influência direta
da Igreja. A imprensa foi inventada em meados do século XV e na última década
do mesmo século Colombo descobria o Novo Mundo. Nos mesmos dias em que
Magalhães circunavegava o globo (1519–1522). Pequenos povoados se
convertiam em centros urbanos onde os homens já não dependiam da agricultura
para sua sobrevivência. Embora a Igreja ainda fosse poder dominador, muitas
forças novas, além do trabalho dos reformadores, estavam operando para derrocar
seu domínio sobre os homens.
Os reformadores protestantes
1. Martinho
Lutero
Fundador da Igreja Luterana,
nasceu em Eisleben a 10 de novembro de 1483, na Turíngia, desencarnando em
1546.
Seus pais, Hans Luther e
Margaret Ziegler eram gente modesta do campo, embora livres, vindo de
Möhra, na Turíngia. Lutero nunca se envergonhou de seus antecedentes
sociais; ao contrário, falava com orgulho de seus ancestrais camponeses. Gente
sólida, física e moralmente, algo rude, de uma religiosidade firme, mas não
especulativa.
Por ser de família católica,
assim que nasceu foi batizado na igreja chamada “Peter-Paulkirche’’, Igreja de
São Pedro e São Paulo.
Durante 13 anos,
Martim viveu com os seus em Mansfeld, onde iniciou seus estudos ainda bem
jovem. A disciplina era rigorosa, mais do que o currículo, pois os
mestres jamais hesitaram em usar a vara para castigar as menores faltas [...].
12 Aos 14 anos foi enviado a Magdeburg, pois já havia esgotado os
recursos dos currículos disponíveis em Mansfeld, e seu pai queria fazer dele um
sábio. As dificuldades financeiras eram muitas e o menino frequentemente
ia de porta em porta, cantando em companhia de seus colegas, para ganhar um pão
aqui e ali. No ano seguinte, regressou a casa. Dias depois, seguia para
Eisenach, onde se matriculou na escola de São Jorge. Lutero era estudioso
e teve ali bons mestres.
Concluídos os estudos e
devido a inteligência que Lutero revelava, foi encaminhado à universidade.
De Eisenach Lutero foi
enviado à Universidade de Erfurt. A faculdade era das mais importantes e
bem reputadas da Alemanha. Estudava sem parar e só deixava as salas de
aula para dirigir-se à biblioteca. Leu os clássicos, meditou e absorveu tudo
quanto podia reter sua memória fabulosa. Ao cabo de um ano, em 1502, recebeu o
primeiro grau acadêmico, o bacharelado em filosofia. Tinha apenas 19 anos. Era, no entanto, um espírito inquieto e especulativo, que buscava a
companhia de homens sérios e instruídos, dos quais pudesse absorver sempre
algum conhecimento. No terceiro ano de sua vida acadêmica, o jovem Martim
descobriu uma velha Bíblia latina na biblioteca. O livro foi uma revelação e um
impacto emocional. Lutero havia chegado, afinal, aos textos em torno dos quais
toda a sua vida haveria de girar. Só então descobriu que apenas trechos
diminutos e escassos eram mencionados nos púlpitos e nas cátedras, enquanto um
verdadeiro manancial de ensinamentos e de História permanecia ignorado. Decidiu
que haveria de ter sua própria Bíblia para estudo e meditação.
Concluídos os estudos teológicos,
Lutero torna-se padre, mas não exerce o ofício.
Em 2 de maio de 1507, Lutero
foi ordenado sacerdote da Igreja Católica Apostólica Romana (na ordem dos
agostinianos). A primeira missa foi um momento de ternura e emoção. No
entanto, suas dúvidas estavam longe de serem resolvidas. O próprio ritual da
missa deixa-o atônito, ante a facilidade, que raia pelo desrespeito, com que
Deus Todo-Poderoso é tratado pelos sacerdotes, que recitam palavras cujo
sentido parecem ignorar.
A mente inquiridora de
Lutero não conseguia aceitar a forma como o Catolicismo era praticado.
No auge dessa crise
espiritual que ameaçava precipitá-lo no desespero total, surge o homem que lhe
estenderia as mãos generosas: Johannes Von Staupitz, [...]. Ele presidiu a
todas as novidades, a todos os primeiros combates da Reforma. Ele buscou Lutero
na sua cela, conduziu-o passo a passo no conhecimento do Evangelho, abriu sua
alma à verdade, armou-a para a luta, inspirou-lhe um espírito de resistência,
contribuiu para fazer dele o homem dessa grande revolução.
É importante destacar que a
noção de purgatório, defendida pela Igreja Católica, somente foi admitida no
ano de 593.
“O purgatório originou um
comércio escandaloso das indulgências, por intermédio das quais se vende a
entrada no céu. Este abuso foi a causa primária da Reforma, levando Lutero a
rejeitar o purgatório.”
Alguns historiadores
enxergavam na sua missão uma simples expressão de despeito dos seus
companheiros da comunidade, em face da preferência de Leão X encarregando os
dominicanos da pregação das indulgências. A verdade, contudo, é que o humilde
filho de Eisleben tornara-se órgão da repulsa geral aos abusos da Igreja, no
capítulo da imposição dogmática e da extorsão pecuniária. Os postulados de
Lutero constituíram, antes de tudo, modalidade de combate aos absurdos romanos,
sem representarem o caminho ideal para as verdades religiosas. Ao extremismo do
abuso, respondia com o extremismo da intolerância, prejudicando a sua própria
doutrina. Mas o seu esforço se coroou de notável importância para os caminhos
do porvir.
A Reforma de Lutero foi um
movimento de retorno às fontes primitivas do Cristianismo, cuja pureza se
comprometera no cipoal da teologia meramente especulativa, perdendo-se na
palavra fria e morta a luz e o calor do espírito vivo.
2. João
Calvino
Jurista e teólogo, um dos
maiores vultos da Reforma, nasceu em Noyon, França, em 10 de julho de 1509, e
morreu em Genebra em 27 de maio de 1564. Tendo ingressado na Universidade de
Paris, estudou latim, filosofia e dialética, formando-se em Direito. Homem
culto, portador de profundo sentimento moral, autor de livros, Calvino vivia
cercado de humanistas e de reformadores, em Paris. A conversão de Calvino foi
rápida, e se pode atribuir a três causas: o estudo das escrituras, a influência
de amigos e os bons exemplos que muitos membros da reforma deram quando
perseguidos. Por defender sua ideia, fugiu para Basileia, na Suíça, onde
escreveu sua grande obra sobre a reforma: Os estatutos da religião cristã, obra
que representa uma espécie de enciclopédia teológica. Passando a viver em
Genebra, dedicou-se ao trabalho de explicar as escrituras, reformar o
cerimonial do casamento, e de utilizar mais os Salmos nas prédicas.
Dentre os reformadores do
século XVI (inclusive Lutero), foi Calvino quem mais se destacou como
argumentador e conhecedor da Bíblia. As ideias de Calvino fizeram surgir uma
reforma na Reforma, denominada presbiterianismo.
3. John
Knox
É conhecido como o
reformador da Escócia. Nascido em Haddington, em 1505, cursou universidade em
Glasgow. Em 1540 foi ordenado padre. Tomou contato com a Reforma em finais de
1545. O instrumento imediato da sua conversão foi, provavelmente, o erudito
reformador George Wishart. Knox seguia-o incansavelmente, levando consigo,
segundo dizem, uma espada que ele estaria disposto a usar para defender
Wishart. John Knox morreu em 1570, em Edimburgo.
4. John
Wyclif ou Wycliffe
Nasceu em Hipswell,
Yorkshire, possivelmente em 1328 e morreu em 31 de dezembro de 1384, perto de
Leicester. Foi um teólogo inglês, considerado o precursor da Reforma
Protestante no século XIV. Ele iniciou a primeira tradução da Bíblia para o
inglês numa edição completa (a Bíblia tinha sido traduzida para o inglês
anteriormente, mas por partes).
5. Jan
Hus ou Huss
O famoso reformador da
Boêmia (República Tcheca), nasceu em Husinec, a 75 km de Praga, possivelmente a
6 de julho de 1369. Atraído pela profissão clerical, estudou em Praga. Nos seus
escritos usava frequentemente citações de Wyclif. Em 1393 fez o bacharelato em
letras; em 1394 tornou-se bacharel em Teologia e, em 1396, tornou-se mestre em
Teologia. Ordenou-se padre em 1400 e, no ano seguinte, foi nomeado reitor da
faculdade de Filosofia de Praga. Exercia também o ofício de pregador na igreja
de Belém, em Praga, proferindo sermões em língua tcheca, contrariamente ao
usual, em latim. Foi queimado vivo em Constança, a 6 de junho de 1415.
As igrejas protestantes
1. Igreja
Luterana
Hoje, “[...] na Alemanha, a
Igreja Luterana é a mais importante, ao lado do catolicismo romano. É apenas
nos países escandinavos que predomina o luteranismo (mais de 90% da
população)”. Os principais princípios do luteranismo são os seguintes:
·
Igreja é “a assembleia dos santos na qual o
Evangelho é considerado de maneira pura e os sacramentos do batismo,
administrados de maneira correta”.
·
A igreja do Cristo é invisível e pode
facilmente aceitar pessoas de várias igrejas.
·
Um ministro luterano não ocupa posição
especial em relação à sua congregação, porque, mediante a fé e o batismo, cada
cristão se torna seu próprio sacerdote.
·
Algumas igrejas luteranas — da Alemanha,
Suécia, Noruega, Dinamarca, entre outras — aceitam pastores do sexo feminino.
·
Todas as igrejas luteranas são estatais, ou
seja, a nomeação de seus funcionários é feita pelo governo.
·
Os fundamentos religiosos derivam apenas da
Bíblia (‘‘A palavra de Deus”). As pessoas só podem justificar-se perante Deus
somente pela sua fé em Cristo (princípio ‘‘sola fide’’).
·
Existem dois sacramentos na Igreja Luterana:
o batismo — que conduz o indivíduo à comunhão com Deus —, e a eucaristia: ‘‘o
corpo e o sangue do Cristo estão presentes na eucaristia, mas os elementos da
eucaristia são apenas pão e vinho’’.
·
A vida é um dom de Deus, mas a vida é também
um dever, isto é, valoriza-se a vida pelo trabalho e pela atividade social.
2. Igreja
Metodista
Trata-se de uma igreja
oriunda do movimento moderno dos princípios da Reforma, denominado de
‘‘reavivamento’’ e de ‘‘conversão individual’’, surgidos a partir do século
XVII. Os cultos e as reuniões caracterizam-se por uma maior liberdade, isto é,
não existe uma liturgia fixa, e o interior da igreja e as vestes sacerdotais
são simplificadas.
A igreja Metodista foi
fundada pelo pastor anglicano John Wesley (1703–1791). É um movimento religioso
democrático e forte na Inglaterra, nos Estados Unidos, Canadá e Austrália.
Existe uma organização
sacerdotal formada de padres e bispos, definida e eleita pela congregação. A
Bíblia, o credo apostólico e os 35 artigos religiosos, elaborados por John
Wesley, representam o credo doutrinário. A Igreja Metodista tem como artigo de
fé o fato de que o Cristo morreu por todos os homens e de que Deus oferece
salvação a qualquer pessoa que a aceitar. Os metodistas dão ênfase à
‘‘consciência da graça’’, ou seja, a capacidade da pessoa perceber a salvação
por meio de uma experiência espiritual. A ‘‘santificação’’ é igualmente
destacada no metodismo, e acontece pelo batismo e pela conversão. Ensinam que
as pessoas devem crescer em amor e justiça para conseguir amar a Deus e ao
próximo. O metodismo revela uma tendência puritana ao impor a seus adeptos uma
vida disciplinada, com rejeição dos prazeres mundanos. Por outro lado,
desenvolvem significativos serviços sociais, tais como orfanatos, asilos de
idosos, ajuda aos alcoólatras. Seguem a Bíblia.
3. Igreja
Batista
Trata-se de um movimento
radical da reforma, originário dos anabatistas (grupo de religiosos
protestantes, que surgiu no século XVI, durante a Reforma. Diziam que o batismo
na infância não era válido, por isso rebatizavam os crentes que se juntavam a
eles). Existem várias seitas batistas difundidas na Inglaterra e nos Estados
Unidos, em especial entre os negros americanos. Formam congregações independentes
com pastores empregados pelos membros da congregação. A Bíblia é interpretada
literalmente.
4. Igreja
Pentecostal
Surgiu pela primeira vez nos
Estados Unidos, no século XIX, a partir de derivações das igrejas metodistas e
batistas. O movimento pentecostal se difundiu pela Europa, mas é um movimento
forte no Brasil, Chile e em vários países da América latina. A organização
religiosa é rígida, no estilo militar. Os pentecostais utilizam como princípios
religiosos a Bíblia e o credo pentecostal, formado de ‘‘artigos de guerra’’. O
primeiro passo para a pessoa ser salva é a conversão; o segundo é o batismo, de
pessoas adultas, pela água (imersão total na água) e o último passo, definitivo
e mais importante, é o batismo feito pelo Espírito Santo, que acontece apenas
com a manifestação de um ou mais dons do espírito, tal como aconteceu com os
apóstolos em Pentecostes (Atos, 2).
5. Igreja
Adventista ou Adventista do Sétimo Dia
Foi fundada, nos Estados
Unidos, pelo ex-sacerdote batista William Miller (1782–1849). O nome
‘‘adventista’’ está relacionado à crença na segunda vinda (ou ‘‘advento’’) de
Jesus. O movimento difundiu-se pela Europa e há missionários em várias partes
do mundo. A base da igreja está na congregação: ela elege representantes
(delegados) para conferências distritais, regionais e mundiais. A Bíblia e o livro
de Ellen White — Passos até o Cristo — constituem a fundamentação doutrinária
dessa igreja.
Os adventistas valorizam o
‘‘dom da profecia’’ graças ao qual certas pessoas preveem o futuro.
Preocupam-se em provar que as profecias bíblicas aconteceram, e que a nossa
época está prevista nas escrituras. Acreditam que estamos vivendo os ‘‘últimos
dias’’ do julgamento final, antes do advento do Cristo. Os adventistas condenam
bebidas alcoólicas, tabaco, chá, café etc. e indicam o vegetarianismo como
alimentação.
Existem outros movimentos
protestantes, considerados por alguns estudiosos como igrejas ‘‘paralelas à
reforma’’: a) Testemunhas de Jeová, cujo nome vem de Isaías, 43:10. Difundem a
sua fé de porta em porta, fazendo circular a Bíblia e suas revistas. Acreditam
que o reino de Deus é um governo do Cristo e de 114 mil indivíduos escolhidos
e, b) Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ou Mórmons: fundada
pelo americano Joseph Smith (1805–1844), que, supostamente, teria recebido uma
revelação de Jesus, por intermédio do anjo Moroni, cuja doutrina consta do
Livro de mórmons.
Os movimentos religiosos da
reforma fazem parte do ‘‘Conselho Mundial de Igrejas’’, fundado em Amsterdam,
na Holanda, em 1948. Trata-se de uma comunidade que reconhece Jesus Cristo,
como Deus e Salvador, de acordo com a interpretação que fazem da Bíblia e das
Escrituras Sagradas.
Devemos sempre ter uma
atitude de respeito pelo trabalho dos reformadores, ainda que tenhamos
consciência da existência de desvios ou deturpações.
Se os reformadores só
exprimissem as suas ideias pessoais, não reformariam absolutamente nada, porque
não encontrariam eco. Um homem só é impotente para agitar as massas se estas
forem inertes e não sentirem em si vibrar alguma fibra. É de notar que as
grandes renovações sociais jamais chegam bruscamente; como as erupções
vulcânicas, são precedidas por sintomas precursores. As ideias novas germinam,
então em efervescência numa porção de cabeças; a sociedade é agitada por uma
espécie de estremeci- mento, que a põe à espera de alguma coisa. É nesses
movimentos que surgem os verdadeiros reformadores, que assim se veem como
representantes, não de uma ideia individual, mas de uma ideia coletiva, vaga, à
qual o encontram espíritos prontos a recebê-la. Tal era a posição de Lutero,
mas Lutero não foi o primeiro, nem o único promotor de reforma. Antes dele
houve apóstolos como Wicklef, Jan Hus, Jerônimo de Praga.
Leia também o artigo Religião.
Fonte:
Estudo aprofundado da
doutrina espírita. FEB, 2013.
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