Leitor amigo,
Aqueles que se amam
verdadeiramente nunca se apartam uns dos outros.
Na vida comum, tanto quanto
na vida além da morte, eles descobrem o caminho para o reencontro.
Este livro, amigo leitor,
que te ofertamos por mensageiro de amparo e reconforto, é um testemunho dessas
preciosas afeições imortais.
Emmanuel
Uberaba, 10 de abril de 1988
Apresentação
Lar-Oficina: Duas palavras
apenas.
Imagem divina, casa de trabalho.
A homenagem de muitos
corações representados neste volume, iluminados pelo espírito que se
reconfortaram no reencontro com os familiares, polarizando a felicidade no
amparo ao semelhante.
Planificam horas, movimentam
mãos, concentram vibrações de amor e transformam a dor em esperanças que elevam
aos Paramos Espirituais as lágrimas da vontade, exauridas no esforço dos
corações de mães, pais, filhos, esposos, esposas e demais familiares.
Demonstram com firmeza,
alegrias e segurança absoluta, que Deus está sobre os acontecimentos de nossas
vidas, como bússolas, direcionando cada filho ao desempenho próprio no
engrandecimento da criação Divina.
Este é o reconhecimento e
agradecimento dos Editores a Dona Yolanda, Mãe benfeitora dos muitos corações
que se refazem nesse cantinho abençoado de seu próprio lar.
Rubens S. Germinasi
Família Cezar
O jovem amigo Augusto Cezar
Netto, já nas lides da Benfeitoria Espiritual, nos seus 26 anos de vida terrena
e 19 anos de Vida Espiritual, em seu livro "Presença de luz"; psicografado
por Chico Xavier e prefaciado pelo espírito de Emmanuel, em 26 de maio do ano cristão
de 1984, editado pelo GEEM - Grupo Espírita Emmanuel S/C Editora, nos trouxe à
luz do entendimento a página "Mensagens do Além".
Em sua plenitude,
explica-nos para quem são as mensagens do Além.
Pedimos vênia para
transcrever abaixo alguns dos seus parágrafos, medindo-nos a força do
sentimento, ao depararmos com as situações em que se encontram os corações que
Augusto Cezar dimensionou pelo vigor do seu amor aos carentes da felicidade
familiar.
Sigamos na leitura, os
escritos maravilhosos dessa alma nobre.
"Não sei se você
conhece as mães atormentadas pela saudade dos filhos que a morte lhes arrebatou
ao carinho, notadamente quando apenas começavam a viver.
Se já viu os pais amorosos
tateando as cruzes que marcam as derradeiras lembranças dos rebentos queridos
que viajaram para o mais Além, através das fronteiras de cinza...
Se pensou, algum dia, no
pranto das viúvas relegadas à solidão ante a partida compulsória dos
companheiros transferidos para outros domínios da existência...
Se alguma vez refletiu na
dor dos homens que apertaram as mãos desfalecentes de esposas inesquecíveis que
eles, em vão, quiseram arrancar ao poder do silêncio que lhes cerrou os olhos
para o mundo...
Se, em algum tempo, meditou,
na angústia dos jovens que inutilmente procuram algum traço dos entes que
amavam, muitas vezes alimentando o desespero que lhes abre caminho para o suicídio...
Ou se já terá visto, em
algum lugar, os portadores de enfermidades consideradas irreversíveis, que
atravessam os dias, entre a inquietação e o desalento...
Se você tomou conhecimento
de todos esses heróis das lágrimas, defrontados, quase sempre, por sofrimentos
e humilhações, então você já consegue saber para quem são as mensagens de
quantos residem no Mais Além..."
Esse é Augusto Cezar Netto
que, em plena juventude, esportista que era, deixou este Planeta para
completar-se em cultura ao lado dos Benfeitores Espirituais e trazer-nos a
certeza de que a dor precisa ser respeitada com a nossa solidariedade e
compreensão a essas almas, que a ceifa da Vida Física para os entes que muito
amaram e amam, chegou ao fim.
Dona Yolanda Cezar, no
caminhar da Doutrina, consegue com arrojo e desprendimento reunir ao seu objetivo
cristão de servir, as famílias desnorteadas e sem rumo, oferecendo-lhes o campo
de ação no próprio lar e, aliando os seus desejos aos anseios de outras criaturas,
configuram o LAR-OFICINA, em mais um Forte de benemerência aqui na Terra.
Augusto Cezar Netto,
gratificado por essas ações caridosas, se faz sempre presente nesse Lar que
outrora foi sua residência terrena, ora no encaminhamento espiritual dos que se
foram, ora no estímulo a quem necessite da mão e da palavra amigas.
Essa união de forças cristãs,
no reencontro de cada família ali representada, é o bálsamo da misericórdia de
Deus.
Antecipamos os nomes de
pessoas ou fatos, para melhor identificação na leitura da mensagem espiritual.
- Pais: Raul Cezar, Yolanda
Cezar.
Rua Marcos Lopes, 204 - São
Paulo - SP.
- Irmãs: Marli Cezar de
Almeida, Otilia Cezar Toscano, Zuleika Cezar Carvalho.
- Celso: Antonio Celso
Mesquita Carvalho, cunhado, esposo de Zuleika, desencarnado em 11 de junho de
1983.
- Wanda: Wanda Biazaventi,
prima por parte materna. Maurício Biazaventi, primo em 2° grau, filho de Wanda.
Mensagem
de Augusto Cezar
Querida mãezinha Iolanda,
inicio minhas notas com aquele beijo ruidoso de seu filho contente e
reconhecido.
Estamos todos muito felizes
com o que se realizou em lembrança dos meus dezoitos anos de vida nova, após a
liberação do corpo físico.
Estou sensibilizado ao
reconhecer-lhe o carinho em cada minudencia deste encontro espiritual em que
somos "deste lado da vida" os servidores muito gratos. Assim
deveríamos recordar todas as mortes dentro da vida. Armar um dote de alegrias e
bênçãos, ao invés de nos fixarmos no passado que já se foi.
Um dia, esperamos que os
homens compreenderão a convivência de se erguer louvores a esperança, ao invés
de nos desconsolar com jatos de lagrimas sobre as saudades daqueles que os
antecedem na Vida Espiritual.
Estamos agradecidos pelo
câmbio que o seu carinho de mãe inventou para o relacionamento com o seu filho.
Transformar tristezas em
preces de alegria e converter a saudade em pães para benefício de nossas
crianças são fases de prosperidade espiritual que nos incumbiremos de divulgar,
emprestando à saudade um sentido novo.
A vida é intercâmbio e não
seremos felizes enquanto não houvermos criado motivações de alegria para todos.
Querida Mãezinha Yolanda, a
sua saúde prossegue relativamente boa.
Tudo em ordem.
Não há necessidade de nos
colocar à frente de olhos eletrônicos que nos devassem o aparelho orgânico, em
que somos viajores da Terra.
Incluo a mim mesmo, neste
assunto, porque as suas pequenas contrariedades diante das exigências da
Medicina são também minhas.
O nosso Lar-Oficina é uma
farmácia prodigiosa. Os amigos agradecidos que nos visitam deixando-nos a
alegria das crianças acolhidas por nossa instituição, funcionam para nós todos
por medicamentos renovadores da alma e do corpo.
Trabalhemos esquecendo
contratempos e exaustão da vida material, propriamente considerada, e
observemos os resultados. A soma de nossas atividades é saúde mais saúde para
você e equilíbrio aqui para seu filho.
Mãezinha Yolanda, agradeça
por mim ao papai Raul quanto faz para ver-nos contentes e peço-lhe permanecer
firme na fé em Deus e em nossas realizações.
Graças a Jesus, o
Lar-Oficina prossegue tranquilo, iniciando os serviços que nos habilitarão para
atender aos nossos deveres com o novo ano em curso.
Estejamos certos de que não
nos faltarão recursos para todos os itens de serviço que estamos alinhando com
o máximo otimismo para o biênio 1986-1987. Na contabilidade de Jesus, a
criatura realiza algum bem aos outros e o bem geral é revertido em nosso favor.
Felizmente, a equipe é para nós uma família sempre disposta a servir.
Mãezinha, acompanhei com
carinho e emoção a visita de nossa querida Marli em dias passados. Não fique
triste se a querida irmã não conseguiu voltar em casa, logo após o diálogo
entre ela e nós. Marli é um coração abençoado pela bondade espontânea que lhe conhecemos
e guardo a certeza de que a irmã querida, muito em breve, estará na Vila para
um abraço sem reclamações, que não nos é lícito esperar. Aguardemos o tempo,
porque até a Divina Providência espera o tempo apropriado à pacificação de
nossos impulsos.
Dos seus filhos, que a sua
bondade sempre considera "filhos queridos"; fui eu o único que não
tive a felicidade de prosseguirem sua companhia e na companhia de meu pai Raul,
mas a verdade é que um filho nas minhas atuais condições é muito mais vivo e
mais atento aos nossos assuntos, do que se estivesse aí, não sei como.
Hoje estamos unidos numa
campanha que me fortalece e me alimenta a alegria de viver.
Creia, porém, que se aí
estivesse haveria de cercá-la de tanto carinho e de tanto amor que, às vezes,
penso que voltei para a Vida Espiritual mais depressa, para conhecê-las e
adorá-la com mais compreensão e enternecimento. A nossa Marli não é diferente. O
coração de filha falará mais alto e em breve tê-la-emos felizes conosco.
Sobre o tratamento de nossa
Otília, não tenho credenciais para opinar com segurança, no entanto, estou
certo de que ela precisa prosseguir sob a assistência medicamentosa precisa.
A vida aqui neste meu Novo
Mundo é inegavelmente maravilhosa, mas preciso de suas mãos para trabalhar na
Vida Física, cumprindo deveres que ficaram atrasados. Por isso, peço em minhas
preces habituais a conserve forte e resistente, superior a quaisquer contratempos
do mundo de nossos relacionamentos com parentes e amigos. Não tenho outros
braços, além dos seus para reerguer a minha felicidade que ficou, em parte,
esquecida em outros tempos. Por isso, agradeço a Deus porque você, Mãezinha
Yolanda, existe e sabe viver para o bem. Confiemos no amanhã melhor.
O nosso Celso envia muito
carinho para a nossa querida Zuka e para os filhos queridos. E pode acreditar
que segui as suas meditações em nossa cadeia de pensar e; se pudesse dar notas,
lhe daria a nota dez com muita distinção na assistência à nossa Zuleika, que
ficou mais nossa depois que o Celso regressou à Espiritualidade. Velaremos por ela
e trabalharemos para sabê-la tão contente quanto possível, fazendo de conta que
desconhecemos qualquer manifestação de ciúme que venha a se interpor entre o
nosso carinho para com ela e as observações indébitas dos outros, ainda que
esses outros sejam nossos entes queridos. A vida reclama espírito de decisão e
a nossa decisão em tomar, a nossa Zuka sob nossos cuidados é ponto pacífico,
porque a irmãzinha viúva tudo faz por merecer de nós todos a maior consideração.
Não deixe a sua saúde
vacilar em vista desse ou daquele desencontro em nossos encontros da vida
familiar. Estamos cumprindo os nossos deveres com tranquilidade e não
precisamos incomodar a própria consciência para tratar de problemas que são as cascas
de nossas alegrias no cotidiano.
A nossa Wanda está recebendo
o nosso abraço. Ela ficou representando os nossos afetos ausentes nesta noite
de paz, em nos referindo à família, porque os afetos do nosso querido
Lar-Oficina estão aqui conosco, demonstrando que não estamos a sós. Muitos amigos
vieram trazer saudações por nosso encontro de saudade, mas digo a todos que as
felicitações pertencem a Dona Yolanda e não a mim.
Querida Mãezinha, não tenho
um brinde para evidenciar quanto a amo, no entanto, mais uma vez, renovo a
escritura de posse que há muito tempo já assinei declarando que o meu coração
pertence a você.
Deus a engrandeça em seu
Infinito Amor. Não desejo terminar sem dizer à nossa Wanda que continuamos
trabalhando por nosso Maurício.
Agradeço a todos os amigos e
a todas as irmãs que me suportam esta longa mensagem, porque todos eles sabem
que entre os filhos que amam as mães que Deus lhes concedeu, todo o carinho que
exista na Terra é muito pouco para expressar a nossa ternura de filhos reconhecidos.
Todas as afeições ausentes
nesta hora, em nos referindo ao nosso Lar-Oficina, estão em meu profundo
reconhecimento.
Um abração ao papai Raul e
lembranças a granel para o canteiro de amor às irmãs e sobrinhos. Não faço
lista de família para não botar banca de coruja no papel em que lhe escrevo o
melhor de mim.
E receba, minha querida dona
Yolanda, a alma toda de seu filho que lhe beija os cabelos com a alegria de
afagar com respeitosa ternura a jovem mais linda e mais generosa que conheço.
Muito carinho nas saudades
constantes do seu, sempre seu Augusto.
Família Carvalho
Fernando em excelente estado
físico, sem indícios que pudessem projetar preocupações, de repente, com dores
lombares, mais parecendo um esforço muscular, em 5 meses deixou o seu corpo com
lesões no fígado provocadas por ramificações cancerígenas, constatadas pelo Dr.
Paulo Piratininga Jatobá que o assistiu na oportunidade.
A família desesperou-se. E
esse desespero foi amenizado por Fernando, dois anos e meio depois de sua
partida ao Plano Espiritual, quando trouxe o conforto para os familiares,
especialmente para a esposa e filhos.
Dona Arlete, ao observar na
mensagem o nome LELETE, ficou muito emocionada e impressionada, ali estava a
expressão de carinho com que Fernando se dirigia a ela na sua intimidade. Só
ela sabia essa forma carinhosa, por isso, o valor da identidade do marido.
Ninguém pode dizer que Chico
Xavier tivesse tido conhecimento dessa forma carinhosa tão íntima, a não ser
pela sua tarefa a serviço dos Amigos Espirituais, considerando que a família
não tivera tido qualquer instante de contato com o querido médium.
O Sr. Albino e a Sra.
lsabelina, seus pais, estavam em viagem para Portugal, não se encontravam
presentes no Brasil. Nos primeiros momentos de socorro, a esposa Arlete e as
irmãs de Fernando, Donas Izilda e Rosalina, na ânsia de notícias, procuraram
Chico Xavier, e logo que chegaram, o querido médium já lhes perguntava quem era
Albertina que estava amparando Fernando e, também, quem era Albino.
Tomadas pela surpresa, sem
saber o que falar ou fazer, por instantes, não conseguiram esboçar qualquer
palavra. Retomando o equilíbrio, Dona Rosalina identificou a senhora como a sua
avó materna, desencarnada em 14 de fevereiro de 1962 e, no Albino, a certeza de
ser o seu pai.
Uma vez mais foram
surpreendidas. Albino a quem Chico se referia não era o seu pai; conforme a
orientação do espírito, era um sobrinho também encarnado. Nutria forte carinho
por essa criança que o prendeu pelos laços da simpatia e parentesco. Filho do
seu irmão Décio.
Percebe-se aí a
grandiosidade de Deus que é revelada através do exercício dessa mediunidade
ímpar, em nosso planeta, pela honestidade e pela profunda disciplina dessa alma
magnânima em sua tarefa mediúnica, demonstrando os desígnios de cada ser humano
encarnado pela misericórdia do Excelso Pai.
Não se pode negar essas
evidências que caracterizam o desenvolvimento da Doutrina Espírita no campo de
ação de cada ser. É a comprovação de que a vida continua. Pedimos escusas ao
espírito de Fernando por pouco representá-lo nestas páginas, porque sua
mensagem é a expressão que irá defini-lo junto dos seus familiares e ao leitor
que perceberá nas suas palavras um histórico simples, mas de vital importância
para Dona Arlete, Sr. Albino, Dona Isabelina, Izilda, Rosalina, Andréa, Wagner
e Décio, constituintes de sua estimada família.
As expressões da família na
restauração do equilíbrio, na solidificação da esperança e na paz que a
mensagem lhes trouxe, fica aqui como um retrato a quem quer que esteja no
quadro da dor, como estímulo à crença em Deus, porque o remédio chega nas doses
certas para o alívio das dores do mundo.
Esclarecimentos necessários
de pessoas ou fatos constantes na mensagem espiritual.
- Pais: Albino José de
Carvalho, Isabelina Henriques Nogueira Av. Fagundes Filho, 705 São Paulo - SP
- Irmãos: Maria lzilda
Nogueira Martins, Rosalina Carvalho Faria, Décio de Carvalho.
- Filhos: Wagner Navarro
Carvalho, Andréa Navarro Carvalho.
- Esposa: Arlete Marli
Navarro de Carvalho (Lelete).
- Avó: Albertina, materna,
desencarnou em 14 de fevereiro de 1962.
Fato que comoveu muito a
família foi o tratamento de "Lelete" à esposa. Após essa mensagem sua
esposa passou a ter mais fé no outro lado da vida.
Mensagem
de Fernando José
Querida mãezinha Izabelina,
e meu querido pai Albino, o tempo foi demasiadamente longo para mim nos dias de
corpo doente, e por isso é com alegria que lhes venho dizer que estou melhor, a
caminho de minha integral recuperação.
Essas notícias se destinam
naturalmente a nossa querida Arlete e aos nossos queridos Wagner e Andréa.
Rendo graças a Deus pela
assessoria de toda a família em meu apoio nos dias em que a moléstia se me
fizera em mentora de paciência que eu nem sempre conseguia obedecer.
Agora um novo momento chegou
para mim, e preciso dividir especialmente com os pais queridos e com a querida
companheira as minhas esperanças e alegrias.
Rogo a Lelete, não se
impressionar com, a minha suposta ausência.
Agora estou mais unido a ela
e aos filhos abençoados que a divina providência nos confiou, e espero que
venceremos todos os percalços do caminho com a nossa fé em Deus conjugada a
nosso próprio trabalho.
Agradeço com todo o meu
carinho tudo aquilo que os meus pais do coração e os meus irmãos Décio, Zilda e
Rosalina, fazem por nossa tranquilidade.
Arlete e querida mãezinha
Izabelina, as nuvens passaram e o que brilha a nossa frente é o céu azul
enriquecido pelo ouro do sol de cada dia, convidando-nos à alegria da esperança
e das tarefas que nos foram entregues pelos mensageiros do Senhor.
Que as nossas saudades
recíprocas, se convertam em bênçãos de paz e trabalho, são meus votos.
Creiam que não existe
alegria maior, depois da felicidade de nosso reencontro, do que o júbilo de
sermos sãos depois do período de doença que nos abateu e nos influiu tanta
tristeza nos dias que se foram, entretanto não saberíamos que essa tristeza
daria lugar ao otimismo que hoje nos assinala muitas lembranças, a mamãe Izabelina.
A minha avó Albertina me
assiste com o carinho de verdadeira mãe, e agradeço a Jesus por todas as
bênçãos que tenho recebido.
Agora que entendi com mais
clareza e esperança o valor da oração, repito com alegria: "Louvado seja
Deus"; reunindo a todos os meus familiares queridos num abraço especial de
imenso carinho e de imensa gratidão, sou o filho reconhecido, sempre mais
reconhecido.
Fernando José de Carvalho
Família Bonifácio
Criança carinhosa, obediente
e disciplinada, Fernando Augusto com 8 anos de idade cursava a 3.a série do 1.a
grau no Colégio Santos Anjos, no Planalto Paulista e, por sua aplicação nos
estudos escrevia e lia correntemente.
Manifestou desde cedo o
desejo de ser médico, para tanto percorria o condomínio onde residia munido de
uma maleta médica de brinquedo a consultar amigos e funcionários do edifício.
Por isso, era carinhosamente tratado por "doutor".
O que chamava a atenção era
que Fernando não demonstrava muito interesse por brinquedos, como qualquer
criança demonstra, mas sua atenção, quase que obsessiva por palavras cruzadas e
montagem de quebra cabeças, ocupavam-lhe as horas.
Conseguia montar peças com
mais de 1.500 recortes. Notava-se, também, a grande curiosidade de saber sobre
o Universo, perguntando muito sobre as coisas do mar e do céu.
Demonstrava religiosidade
apurada. Desejava que as bombas de guerra pudessem se transformar em fogos de
artifícios bem coloridos.
Em suas orações, com muita
espontaneidade, agradecia a Jesus pela família, rogando sempre pela saúde dos
familiares, como se soubesse, que a sua estava prestes a sucumbir, mesmo não
aparentando qualquer sinal de deficiência física.
Em abril de 1984 começou a
sentir fortes dores de cabeça, a princípio, diagnosticadas como enxaquecas e adenoide.
Sendo
medicado, as suas dores não
passavam, obrigando-o a internar-se no hospital para exames mais profundos. Foi
constatado tumor benigno na hipófise. Por um período de 40 dias, iniciou-se uma
série de exames (tomografia, angiografia, planigrafia, etc.) até a colocação de
uma válvula no cérebro. De nada reclamava. Nesse período começaram a
manifestar-se distúrbios de visão e dificuldades para escrever, obrigando a
cirurgia para a retirada do tumor. Onze horas e quarenta minutos foi o tempo
para a extração completa desse tumor.
Em recuperação na UTI,
começou apresentar alterações em seu metabolismo, vindo a desencarnar na manhã
de 2 de junho de 1984.
O desespero nos dominou.
Queríamos conhecer Chico Xavier.
Todos diziam que ele, com o
olhar, tranquilizava as pessoas.
Em outubro de 1984 fomos
convidados por um casal amigo a visitar Chico e conhecer os trabalhos no Grupo
Espírita da Prece. Sabendo da dificuldade de uma entrevista, havíamos
deliberado aguardar ocasião propícia. Não falamos com Chico. Essa amiga
entregou a ele uma foto de Fernando Augusto dizendo tratar-se de uma mãe
desesperada.
Chico colocou a foto no
bolso e continuou a realizar o atendimento ao público. Ao término dos
trabalhos, notamos Chico observando a foto de nosso filho. Não esperávamos
nada. Não trocamos qualquer palavra. Isto tudo aconteceu na 6a feira. Na
madrugada do sábado, ouvimos o Chico pronunciar o nome de nosso filho.
Que alegria meu Deus!
Chico é uma joia raríssima
que precisa ser tratada com carinho.
Jamais o mundo verá algo
semelhante.
A mensagem mostrou com
racionalidade as verdades do mundo em que vivemos.
O porquê da miséria, da
riqueza, da doença, da saúde, enfim, o porquê dos disparates da vida das
pessoas.
Entendemos, tudo está certo,
tudo está marcado por Deus.
Estamos aprendendo a
conviver com a dor na separação de um filho querido.
Onde quer que estejamos,
eles estarão sempre nas expressões de carinho, coligando os corações que se
sentem apertados pelas saudades.
Não se deve perder as
esperanças, porque, hoje foram eles, amanhã, seremos nós, para o reencontro nos
desígnios de Deus.
Esclarecimentos necessários
de pessoas ou fatos constantes na mensagem espiritual.
- Pais: Carlos Veríssimo
Bonifácio, Elisabeth Sartori Bonifácio.
Rua Tito Livio, 61 - São
Paulo - SP
- Irmã: Juliana Veríssimo
Bonifácio, na ocasião contava com 4 anos, eram muito ligados.
* Realmente, sua mãe se
perguntava sempre:
"Será que não poderia
meu filho, ter ficado mais tempo entre nós?
Por que isso foi acontecer?
* Durante o período em que
esteve aqui, suas dores de cabeça foram muito fortes, daí a citar, o menino, o
estado enfermiço em que esteve.
* "Anseio de permanecer
inutilmente no corpo", segundo os médicos, se viesse a sobreviver,
Fernando Augusto ficaria cego e paralisado.
Mensagem
de Fernando Augusto
Peço a Jesus nos proteja e
nos abençoe.
Mãezinha, estes votos são
extensivos ao papai Carlos, a nossa Juliana e a todos os nossos corações
queridos.
Estou aqui presente em sua
saudade, neste correio do coração.
Os dias parecem voar, apesar
de nos parecermos com pássaros de asas presas ao visgo da saudade, mas creia
que seu filho tem estado tanto quanto possível ao seu lado, procurando
renovar-lhe as energias para o desempenho dos deveres a que formos chamados.
Às vezes, ouço-a, em
pensamento, a perguntar-me sem palavras, se não teria sido possível eu ter
ficado mais tempo em sua companhia, mas a verdade, querida mãe, é que muitos de
nós, os que voltamos aparentemente mais cedo à Vida Espiritual, temos o tempo
marcado a relógio por aqueles que nos protegem e nos assistem da Vida Maior.
Em meu caso, era só uma
estreita faixa de tempo que me cabia vencer, de modo a retomar a minha
verdadeira personalidade. E se muito me doeu o estado enfermiço em que estive
por aí, ele foi o passaporte para a minha viagem de regresso mais cedo à Espiritualidade.
De começo sofri bastante com
a saudade e com o anseio de permanecer inutilmente no corpo, no entanto,
observei que a minha melhora espiritual jazia na conformação a que fui
submetido para verificar que o meu corpo espiritual retomaria os meus
caracteres de formação.
Hoje posso dizer-lhe que o
meu crescimento em espírito, cresce vigorosamente em meu próprio benefício. E
dou-lhe estas notícias não para exibir um adiantamento que não tenho ainda, mas
para expressar-lhes a verdade, que tenho estado a postos, aproveitando os ensinamentos
de meus avós que são verdadeiros mestres de carinho e abnegação a meu favor.
Os pais queridos podem estar
tranquilos a meu respeito, pois reconheço que, usufruindo um corpo diferente,
ou melhor, mais forte, venho alcançando oportunidades que uma estada sombria
não me proporcionaria.
Trabalho de pensamento
fixado nos dois, na certeza de que assim agindo, muito em breve conseguirei ser
verdadeiramente útil a nossa Juliana e nossos queridos.
Louvado seja Deus!
Mãezinha querida, dizem aqui
que as notícias curtas traduzem felizes informações e espero que esta minha
carta de filho menino-moço consiga convencê-los de que estou bem.
Almejamos ansiosamente o dia
em que poderemos comparecer uns à frente dos outros com a felicidade do dever
cumprido.
Esperando haver trazido ao
coração materno o contentamento de lhes oferecer as minhas melhores notícias,
sou o filho que nunca os esquece, sempre reconhecidamente.
Fernando Augusto Veríssimo
Bonifácio
Família Caetano
Indagada sobre a vida de sua
mãe, Dona Guiomar Caetano Scheneider, conta-nos o valor da mensagem
psicografada por Chico Xavier e, mostra-nos a importância da atuação e presença
desse espírito no seu meio familiar.
"Cega por erro médico,
na insistência dos familiares e de alguns médicos em tornar a conhecimento
público o acontecimento, defendia a integridade do jovem doutor, achando que o
erro não seria justificado com a denúncia do engano praticado.
Rogou aos familiares e aos
doutores o juramento de não revelarem o nome desse oftalmologista. Penalizada
com a situação, aceitou o acontecido, como provação em sua vida.
Muito ativa, sempre alegre,
característica peculiar em mamãe, não media esforços para socorrer quem lhe
pedisse ajuda. Nas épocas críticas das estações climáticas, principalmente o
inverno, recorria à caridade humana para obter cobertores e alimentos, para
fazer sopas aos pobres e agasalhá-los.
Isto fazia com muito
desprendimento e amor, às vezes ficava o dia todo ao telefone ligando a esses
amigos. Aprendi muito com mamãe.
Ao mudar-se para Santos, um
ano antes de sua desencarnação, em conversa, que me lembro bem, mamãe pedira
que as flores e o dinheiro da missa quando ela partisse, fossem distribuídos e transformados
em pão para os necessitados. Isto seria mais aceito por ela.
O seu sofrimento, 15 anos de
cegueira e 10 anos de doença incurável, terminou quando, uma queda a levou para
o outro mundo.
Por muita afinidade e por
muito querê-la, meu sofrimento pela separação de mamãe, foi uma dor que nenhum
alento preenchia o meu coração. Apesar de constituída minha família, meu esposo
e meus filhos, um vazio frustrava as minhas ações.
A dor tem suas vantagens,
cria-nos a própria defesa. A lembrança de sua partida, trazia-me à mente a
certeza de que mamãe nos exemplificava a fé, quando solicitava a mim e a papai,
que fizéssemos as preces que Jesus nos deixara, dizendo: "Chegou a hora,
vou partir, me ajudem, estou tão sem coragem. E começou a orar o Pai Nosso segurando
minha mão, até brincou:
— "Você não está vendo
quem está aqui?"
Como cousa que eu, neste
instante, tivesse permissão de ver alguma coisa."
Partiu com certeza do amparo
espiritual. Sua mensagem é prova disso. Ela descreve tão bem esse apoio por
minha avó Inácia, carregando e consolando-a que me parece ver tudo como um
quadro de consolo eterno.
Sua mensagem foi muito bem
aceita em instituições de cegos, inclusive, evitando dois suicídios de outros
deficientes da visão.
Muito teríamos para contar,
porque, a saudade é uma lembrança viva e constante em nossos espíritos. Nas
horas que a relembro, sua carta é o bálsamo que me tranqüiliza, trazendo-me a
paz necessária.
Não só isso vou repetidas
vezes a Uberaba, em visita a Chico Xavier, aprender mais sobre a vida e a
Doutrina Espírita. Esse homem que lá está, que emociona tanta gente, não pode
deixar de ser venerado em nossos corações, como a luz que ilumina os palcos da
vida, para os atores que somos nós, a encenar a peça que cada um precisa representar
nesta obra, em que o Autor Deus, nos faculta para a Glória dos Anjos.
Deus abençoe Chico Xavier.
Deus o guarde em sua pureza."
Esclarecimentos necessários
de pessoas ou fatos constantes na mensagem espiritual.
- Esposo: João de Deus
Caetano.
- Filha: Guiomar Caetano
Scheneider - Rua José Maria Lisboa, 155
São Paulo - SP
- Mãe: Inácia Rodrigues
Pedra, desencarnada em 17.08.1937.
- Netos: Maria Angélica
Scheneider, a citação "Diga por mim, à minha querida neta Maria Angélica
que não temos mais o telefone para o entendimento de canto a canto"...
confirma, pois, elas conversavam telefonicamente, diariamente, entre São Paulo
e Santos.
Ruy Affonso Scheneider,
nesse meio tempo, casou-se, por isso ela diz "... até que pude rever o Ruy
e todos os nossos..."
Mensagem
de Carolina Caetano
Querida Guiomar, filha
querida!
Eu não sabia!
Eu não sabia que toda a vida
que nos cerca é um poema de luz.
Tanto tempo na sombra me
condicionou a visão para me fixar na penumbra. Mas naquele dia de nosso adeus
provisório, o nevoeiro me fazia temer!
Receava partir, exilar-me do
ambiente doméstico, distanciar-me dos entes amados!
E perguntava a mim mesma:
Não seria mais vantajosa
para mim a continuidade da cegueira, conversando com as mãos que aprenderam a
falar, através das sutilezas do tato?
A liberação do corpo físico
é um grande momento!
A lucidez me presidia os
pensamentos e, como se me visse favorecida por um prodígio com o qual não
contava, através de temer claridade interior, via os nossos familiares a me
aguardarem felizes! Orei pedindo a Deus a bênção da coragem e vi-me desatada do
corpo que me prendia.
A minha mãe Inácia me
beijava e me pediu ver a luz da casa!...
O cativeiro terminara, o
cativeiro das sombras e então consegui anotar o esplendor que se irradiava de
todos os objetos. Horas passaram e via a luz dominando a Terra!
O sol me pareceu um
lampadário de Deus fulgurando no Espaço infinito e contemplando a Terra,
movimentei-me extasiada e observei que a luz de Deus inundava todas as forças
da Natureza!
As flores se me figuravam
focos iluminados destilando bendita claridade em torno do solo que os
sustentava e descobri ou redescobri a luz no ar que respirava, nos blocos
residenciais que surgiam diante de mim, ao modo de monumentos radiantes, nos
quais a existência de milhares de pessoas resplandecia, sem que as criaturas
humanas, em pleno mar de luzes ignorassem quanto ignorei por tanto tempo, que a
irradiação do Céu, a repartir-se em cores variadas, nos servia de alimento!
Embriagada, avancei alguns
passos, fora de nosso mundo particular e encontrei a luz nos olhos das crianças
e das mães que me cruzavam o caminho!
Deus de bondade, como vivera
durante tantos janeiros numa nave repleta de vibrações luminosas e não soubera
até então.
Minha mãe Inácia, que me
tutelava os passos, me abraçou e aconchegou-me ao colo qual se eu houvesse
voltado a ser criança e me pediu pensar em repouso. Bastou isso e dormi
tranquilamente, na suposição de que voltaria para perto do João e dos meus
filhos!...
No entanto, dias
transcorreram uns sobre os outros, até que, em certa manhã, despertei para novo
deslumbramento. Dessa vez, o fulgor solar não me assegurava à alegria plena,
porque entendi no olhar de minha mãe que já não me encontrava na mesma casa a
que me habituara ao prazer do tato correspondido. Vastas extensões de Espaços
nos cercavam, vestidas de luz sublime, no entanto, a saudade se me instalou no
peito arrancando-me as lágrimas que se me faziam companheiras. Queria o João,
queria você, esperava o Rui, buscava a nossa Maria Angélica com todas as minhas
forças, qual se pudesse ilaquear a realidade mas, pela primeira vez, os clarões
da vida me pareceram vazios. Achava-me sem os laços de amor a que me apegara e
chorei intensamente. Minha mãe se incumbiu de reconfortar-me, falando-me da
grandeza de Deus que não permite a separação definitiva entre os que se amam.
Rogou-me calma e paciência em meu próprio benefício e alterada pela visão de
luz que emana do Alto, sentia-me enlouquecer entre o júbilo e a tristeza, entre
a esperança e a desolação. Creio que para mãe alguma a desencarnação, mesmo
feliz, terá sido fácil.
Reconhecia-me na posição da
árvore cortada por foice invisível, e transportada para longe dos que eram mais
meus, demorei-me no desajuste. Foram precisos muitos dias de meditação para
harmonizar-me com a verdade e tão logo se me asserenou o ânimo, pude voltar à nossa
família. Abracei o esposo algo abatido, ansiando ser para ele os ombros em que
se escorasse e envolvi-lhe o coração com o meu pranto de saudade e de
esperança, a dizer-lhe palavras de amor para as quais não havia repercussão em
seus ouvidos e depois, fui até você, enlaçando-a com o Renê e com a nossa
querida Angélica em meu carinho...
E a peregrinação de ternura,
prosseguia, até que pude rever o Ruy e todos os nossos, solicitar-lhes
confiança em Deus!
Querida Guiomar estas foram
as primeiras impressões de sua mãe para lá do mais Além, onde outra vida se
desdobra, devolvendo-nos os resultados de nossas obras e, desse modo, continuo
na expectativa de voltar sempre ao nosso ambiente familiar a que me sinto presa
pelos liames do sentimento.
Desejo ao João e a vocês
todos, uma longa vida, coroada de êxitos em todos os passos e espero que um dia
virá no transcurso dos outros dias, em que nos reencontraremos todos para o
continuísmo de nosso amor.
À medida que se me
desenvolve a compreensão, noto que devo desejar-lhes uma vida tão longa, quanto
possível, porque aos poucos vá assimilando as lições da Terra, aprendendo que,
enquanto em seu clima, precisamos viver e aproveitar a existência, tão
longamente quanto possível. Viver, sim! Viver com otimismo e confiança para que
a nossa existência seja cumprida em todos os tópicos do dever que nos foi
assinalado pela Divina Providência. Ainda assim, conhecendo toda a extensão de
nossas responsabilidades aprendo, sem pressa, o tempo de nosso reencontro
feliz. Filha, muito grata por todo o seu amor que nunca me faltou nos instantes
certos. Diga por mim, à minha querida neta Maria Angélica que não temos mais o
telefone para o entendimento de canto a canto do Céu e que, conquanto isso, dialogamos
pelo pensamento e me felicita observar que a nossa querida Angélica sabe facear
os problemas da vida com calma e coragem reanimando-me as forças.
Não posso escrever mais
porque o mergulhar nas lembranças, de certo modo me inibe a faculdade de
escrever como se o fizesse a filhos do coração dos quais não desejaria me
afastar. A mãe Inácia me acompanha e deixa-lhe um abraço de alma para alma. Ao
nosso querido João, você levará minhas notícias, marcadas por sorrisos e lágrimas
que ainda me prendem para o contentamento de vê-lo feliz.
A todos vocês e em especial
à minha querida neta Maria Angélica, o beijo que aprendi a traçar em seu rosto,
ponto a ponto, das mãos que não viam e agora veem. Querida Guiomar, isso é tudo
que eu poderia dizer nesta noite de paz e alegria, oferecendo a você o velho e
sempre jovem coração de mamãe.
Carolina Caetano
Família Fakaib
Dona Elenice é quem nos
conta.
Aproximei-me do Espiritismo
ainda criança, por volta dos 12 anos.
Residíamos em Pinhal, cidade
do interior paulista.
No colégio em que eu estudava
fiz amizade com uma garota, Flávia Gaetta e, através dessa amizade, nossas
famílias também estreitaram os laços.
D. Helena Gaetta, tia dessa
companheira, trazia o dom da mediunidade. Participava de reuniões espíritas
kardecistas, que me fascinavam. Com isso passei a freqüentar algumas reuniões,
das quais fui adquirindo algum conhecimento da Doutrina.
Sempre tive verdadeira
adoração por tudo o que se relacionasse com Chico Xavier.
Quando havia oportunidade de
vê-lo ou ouvi-lo, lá estava eu me acomodando frente às televisões ou reuniões
onde sua presença era marcada.
Com a desencarnação de Ivan,
motivada por um aneurisma cerebral fulminante, quando se preparava para sair,
na mesma semana manifestei o desejo de procurar o Chico e, acertando com o meu marido
um jeito para nossa viagem, rumamos para Uberaba.
Através de uma cunhada
chegamos a ele pela primeira vez.
Pensávamos ser fácil o nosso
contato, mas quão difícil foi.
O número de pessoas era
imenso. Mas, com a ajuda de Deus, conseguimos. Recebemos a comunicação do Ivan
antes de completar-se dois meses de sua partida.
Foi uma bênção, uma alegria.
Uma força começou a nos
impulsionar para a vida. A confirmação da verdade da vida após a morte do
corpo.
Para meu marido, que descria
de tudo, foi o bálsamo que oxigenou o ar de sua vida e continuou a viver, pois
a desolação em seu coração inquietava-me.
O tempo se projetou no tempo
e viemos a conhecer Dona Yolanda Cezar que nos amparou em nossa dor. Com
paciência, amor e a sua experiência adquirida também pela dor, abriu-nos um
campo de trabalho para preenchermos na caridade cristã.
Hoje estamos vivendo com a
resignação e a certeza de que eles estão lá esperando, de cada família enlutada
pela dor, compreensão de que a misericórdia de Deus não falha. Que estão mais vivos
e atuantes do que nunca, apenas aguardando a nossa aceitação ante o
irremediável, que os vejamos como eles são agora, espíritos que continuam no
seio de cada família, ajudando a desvencilhar-nos dos problemas da Terra.
Que as lamentações não criem
espaços em nossas vidas, que o otimismo se faça presente e a esperança seja o
sinônimo crescente de nossa fé em Deus.
Esta certeza que agora
trazemos, faz-nos ver a lisura e a autenticidade desta mensagem do Ivan como
prova irrefutável, pois sequer tínhamos falado com Chico Xavier. Faço questão
de, com vênia da Editora, publicar a foto do túmulo do Cel. Teotônio Negrão.
Este senhor, quando citado
na mensagem, causou-nos estranheza. Não o conhecíamos.
Em outras viagens Chico
sempre nos solicitava notícias, se havíamos descoberto quem era e nós não
sabíamos de nada até que, na tarde do dia de Finados daquele mesmo ano de 1986,
em seu crepúsculo, parentes vários, em diversas visitas ao Cemitério, descobriram
em Bariri, numa área de túmulos abandonados, o do citado Coronel Teotônio
Negrão."
Esclarecimentos necessários
de pessoas ou fatos constantes na mensagem espiritual.
- Pais: Abrahão Fakaib,
Elenice Antonelli Fakaib
Rua Maquerobi, 106 - São
Paulo - SP
- Irmãos: Márcio e Fábio
Antonelli Fakaib
- Vô Abraão: Bisavô paterno
e desencarnado em 1916, na Síria.
- Tia Yolanda: Tia de Dona
Elenice, falecida aos 49 anos, no dia 05.02. 1978, em Mongaguá, na Praia Grande
- SP Esta tia, segundo nosso Chico, esteve ao lado de Dona Elenice, meses antes
da desencarnação do Ivan, preparando-a para a partida do filho.
- Vó Miquelina: Avó paterna
está encarnada com 89 anos.
- Mãe Maria: Esta senhora
criou todos os oito filhos de Dona Miquelina, avó do Ivan. O pai do Ivan tinha
muito carinho por ela.
Seu nome Maria José Alves
Berti. Desencarnada em 13.08.1976.
- Vicente Alto: O Vicente é
filho adotivo da Maria. Ele é sobrinho, ficou órfão ao nascer. Maria criou-o
com muito amor. Conhecido como Vicentão devido a sua estatura.
- Luiz: Marido de Maria José
Alves Berti, encarnado.
- Cel. Teotônio negrão:
Nascido em 1855 e desencarnado em 1905.
Pessoa citada e desconhecida
dos pais de Ivan. Com a chegada de familiares de Bauru, e aproveitando o dia de
Finados, depois de várias visitas ao Cemitério, no final da tarde, ao fazerem
preces junto aos túmulos aparentemente abandonados, descobrem o desse Coronel.
Mensagem
de Ivan
Querida mãezinha Elenice ou
querida mamãe Nice, estou contente ao vê-la com o Papai Abrahão e me alegro ao
pedir-lhes para que me abençoem.
Devo satisfazer aos nossos
desejos mútuos, no sentido de esclarecer o que me ocorreu na liberação do corpo
físico. Isso pode servir, diz-nos a querida tia Yolanda, para auxiliar a outras
mães e pais que perderam a convivência de filhos queridos, de maneira
inesperada.
Realmente, não experimentara
antes qualquer mal-estar.
Tudo certo comigo.
Havia até mesmo prometido ao
pai retomar o caminho de volta a ele para colaborar, de algum modo, no trabalho
habitual. Passei ao banheiro para a revisão da roupa, quando me senti
subitamente sem forças. Não consegui movimentar-me, nem falar.
Algo se desarticulara por
dentro de mim, sufocando-me o pensamento. E caí, sem meios de me proteger
contra qualquer obstáculo e um escuro se me fez na cabeça.
Mais nada.
O que aconteceu nos momentos
que se seguiram somente depois me foi mostrado pelo vovô e por outros amigos.
Ainda não sei quantos dias estive naquela ausência de mim próprio.
Sono, apenas sono absoluto.
Creio que me aplicaram
alimentos enquanto me achava naquela inconsciência difícil de descrever.
Voltei a mim mesmo, devagar.
Primeiramente, pareceu-me
sonhar num entendimento tarjado de neblina grossa. Observava que mãos amigas me
socorriam, com massagens e até mesmo com injeções de substância curativa e nutriente.
Até que despertei.
As perguntas eram minhas.
Os petitórios foram meus.
Não me admitia morto.
A vida estava comigo, com o
mesmo calor de sempre.
O raciocínio funcionava na
base do discernimento.
Foi o vovô Abrahão quem me
elucidou, pouco a pouco.
Ao reconhecer-me em outra
vida ou na continuação da existência que tivera, era natural me afligisse pelos
pais queridos.
Aquela alma caridosa e
bendita a quem chamamos por Mãe Maria me conduziu ao nosso recanto doméstico e
chorei com as lágrimas da Mamãe e com a tristeza molhada de pranto que via em
meu pai.
Foram instantes difíceis
para mim.
Tudo sucedera muito de
imprevisto e lamentava, de minha parte, tudo houvesse acontecido assim. Abracei
os irmãos queridos, Marcio e Fábio, com aquela ânsia de ficar, pois ainda não
havia aprendido que a libertação do corpo físico me ofereceria novas
oportunidades de trabalho. Estejam certos, porém, os pais queridos que, a breve
tempo, me transformei, no alicerce de uma compreensão melhor. Os nossos familiares
me esclareceram que atravessara a iminência de uma parada cardíaca, sem
possibilidade de retorno à normalidade orgânica.
Efetuada a ruptura de certos
vasos, viriam as complicações circulatórias.
O músculo cardíaco,
assediado de problemas, faria pausa em seu trabalho e, então, seria uma longa
série de provações para nós todos, das quais a Bondade de Jesus, por seus
Mensageiros nos livrou a tempo.
Tudo se processou do melhor
modo para nós todos, porque, especialmente para mim, seria muito amarga a
imobilidade no leito por meses e meses.
A nossa Mãe Maria me
auxiliou de maneira eficiente nessa quadra inicial de minha readaptação à Vida
Espiritual. Comecei a trabalhar acompanhando-a quando possível, em suas tarefas
de socorro.
Desejei viajar até Bariri e,
por lá, pude exercitar a prece no Lar Vicentino, o antigo Lar, reconfortando
irmãos sofredores, e conheci muitos amigos desencarnados e um benfeitor
dedicado ao bem dos semelhantes, conhecido no Mundo Espiritual pelo nome de
Teotônio Negrão que me disseram ser pessoa de muita dedicação à nossa família.
Eu vou deslanchando em
serviço, para em futuro breve, retomar meus estudos a fim de ser mais útil.
Querido Papai, vi com a
nossa irmã e benfeitora algumas crises de sofrimento no filho dela, o Vicente
Alto, e notei como chora o pai Luiz, com a incapacidade de suprimir-lhe a dura
prova.
Compreendi melhor o bem que
recebêramos sem avaliar a extensão das bênçãos que nos visitaram e, por isso,
venho pedir-lhes para que a nossa saudade não se agrave com alguma queixa
inoportuna, porquanto, em verdade, somente vista e analisada do ponto em que presentemente
me vejo, é que a vida deixa de ser o lado avesso da Criação Divina.
Ali no mundo estamos na
condição de alunos internados num grande educandário.
O corpo é o uniforme,
essencialmente, igual para todos, com os estragos ou com os processos de
conservação que nós mesmos fizemos, com o título de usuários desse benefício.
Tudo emprestado a tempo
justo.
E, em meu caso, querida
Mamãe, deveria seu filho tudo restituir nos primeiros tempos do estágio
transitório.
Creio estar explicando, com
minudências, quanto me sucede para tranquilidade dos meus.
Peço ao querido Pai
alimentar-se, encorajar-se e reviver.
A morte não existe.
Tanto não existe que ninguém
à frente de uma pessoa querida que parte, admite haja adeus para sempre.
Auxiliem-me, renovando a
própria alegria.
Não só meus irmãos precisam
disso, quanto eu mesmo.
E, com esse entendimento
novo, seguiremos nós para uma vida renovada.
Confiemos em Deus.
A nossa querida Mãe Maria,
junto de nós, avisa que vem efetuando o possível no auxílio à Vó Miquelina,
agora mais doente e menos segura.
Querida mamãe Elenice, sei
que o seu coração e o coração do papai estão aptos a me compreender com mais
clareza.
Não me suponham ausente.
Estamos agora mais juntos,
embora não pareça.
Um abraço aos irmãos queridos
e para os dois um beijão do filho que, apesar das muitas saudades, vive pleno
de esperança, porque me sinto agora integrado na fé viva em Deus e na Vida
Imperecível.
Recebam o carinho imenso e a
gratidão do filho que lhes pertence pelo coração.
Ivan Antonelli Fakaib
Família Dell'Erba
Sidney, ao retornar de carro
com sua namorada Roberta Fanti da casa do Comandante José Maria Whitaker, na
via Expressa da Marginal do Rio Pinheiros, sob o Viaduto Euzébio Matoso, veio a
colidir com uma carreta que, aparentemente, encontrava dificuldades para
ultrapassar o viaduto, em virtude de sua alta carga. Faleceu no local. Sua
noiva, mesmo socorrida, veio a falecer.
Cursou a Escola O Mundo das
Crianças, Colégio Rio Branco e Colégio Campos Salles. Formou-se piloto comercial
e instrutor de pilotagem elementar no Aero Clube de São Paulo. Aos 17 anos completou
seus estudos de aviação na EVAER (Varig) Rio Grande do Sul. Aos 18, começou a
trabalhar como instrutor de pilotagem no Aero Clube de São Paulo e, aos 20,
ingressou como Copiloto do 727, na Transbrasil.
A admiração que sentimos
pela obra incessante e incansável do querido Chico sempre foi muito forte, seu
trabalho tem sido um bom exemplo de abnegação, dedicação, amor e fraternidade.
O mundo seria muito melhor
se pudéssemos ser um milésimo do que ele é. Não há palavras suficientes para
descrevê-lo.
Sempre desejei conhecê-lo,
mas nunca houve um motivo bastante forte que me impelisse a ir até ele. Mas a
partir do momento do acontecido, uma determinação muito grande se apossou de
mim, havia mesmo uma necessidade de vê-lo, de ter notícias para o nosso reconforto
e lutei prontamente para que o fato se realizasse.
Embora há algum tempo
estudasse a Doutrina Espírita e a praticasse, meu marido não tinha fé e achava
que tudo estava acabado com a morte. Ele acreditava apenas no "aqui"
e "agora". Mas depois do falecimento do nosso querido filho, ele
recebeu muita ajuda espiritual, muitos amigos queridos começaram a conversar
com ele e ajudá-lo, principalmente Mario Pisanequi e Sra. que muito conforto lhe
trouxeram, mas, apesar da enorme vontade de aprender e crer, eu notava, bem no
seu íntimo, ele ainda relutava com alguma coisa que o incomodava.
Ele dizia: Eu realmente vou
crer profundamente quando alguém me chamar como ele me chamava.
E, assim, o tempo ia
passando.
Quando finalmente fomos ao
Chico, recebemos a mensagem.
A emoção foi imensa,
impossível conhecer o Chico e não tentar ser ainda melhor do que se é. Eu me
senti tão abençoada por Deus e ali mesmo agradeci infinitamente a misericórdia
com que Ele havia me abençoado. Desde a perda do meu querido filho, sentia uma
dor constante no coração. Já havia até me habituado a conviver com ela, mas
bastou tocar em suas mãos para que esta dor se esvaísse e nunca mais
retornasse.
Chico leu a mensagem sempre
nos citando como papai e mamãe.
Qual não foi nossa surpresa
quando, relendo a mensagem no Hotel, notamos num determinado trecho, que ele
dizia "Pá", e tal e qual costumeiramente se referia ao pai.
Foi o reencontrar do nosso
filho.
Hoje, meu marido se
conscientizou. A fé existe em todos, basta apenas um empurrão para que ela
nasça e floresça, tornando nossa jornada mais proveitosa.
Para nós foi uma dádiva
preciosa de Deus, pela fé, confiança, coragem e a certeza de que o nosso
querido filho havia aceitado o ocorrido e estava bem. Gostaríamos que todos que
sofreram uma dolorosa perda, tivessem a graça infinita que nos foi concedida.
A mensagem muda em muito a
nossa maneira de pensar, refletimos longamente sobre a maneira de viver.
Devemos aproveitar ao máximo a nossa vivência em família, dar a maior
importância e valor aos pequeninos no dia-a-dia e agradecer sempre por estarmos
juntos, não após perdê-los para reconhecer quanto eles eram importantes.
Palavras sentidas, honestas,
de um coração que emergiu da intranquilidade para a aceitação dos desígnios de
Deus.
Um pai, uma mãe, uma família
que carrega o fardo dos seus compromissos em resgate.
Em agradecimento,
transcrevemos uma dedicatória de Dona Nadia que registra as vibrações do seu
coração para seu filho, como se estivesse representando os corações de todas as
mães e familiares que se encontram na mesma situação de amor e saudade.
Você partiu - Você partiu
Sem um lamento - E levou um
pedaço de minha alma
Sem uma palavra - Um pedaço
do meu coração
Sem um sorriso - Um pedaço
da minha ilusão
Sem uma lágrima - Um pedaço
da minha vida
Sem um abraço - Um pedaço de
mim mesma
Sem um beijo
Sem um adeus
E eu chorei
Chorei pela sua vida
Você partiu - Chorei pela
sua falta
Após tantos anos - Chorei pelos
seus sonhos
Após tantas alegrias -
Chorei por tantas saudades
Após tantas vitórias - E de
tanto chorar por ti
Após tanto amor - Chorei por
mim mesma
Após tanto carinho
De sua mãe
Nádia
Você partiu
E deixou tantas perguntas
Tantos anseios
Tantas incertezas
Tantos desencontros
Tantas saudades
Tanto vazio
Esclarecimentos necessários
de pessoas ou fatos constantes na mensagem espiritual.
Pais: Benedicto Antonio
Dell'Erba, Nádia Breim Dell'Erba Rua Duarte da Costa, 178 - São Paulo - SP
- Irmãos: Cláudio Breim
Dell'Erba, Lara Breim Dell'Erba
- Avó Maria Fackri: Bisavó
por parte de mãe faleceu em 31.03.1985. Ela se chamava Maria Elias, gostava
muito de ser chamada pelo nome de solteira Maria Fackri. Uma prova evidente para
os familiares. Chico desconhecia esse nome.
- Noiva: Roberta Fanti,
desencarnou juntamente com Sidney.
Faleceu em 16.12.1986.
- Tios: Miguel Dell'Erba
(tio avô) faleceu em 22.05.1984, Felipe Farhat (tio bisavô) faleceu em
11.09.1974, Salomão Antonio (tio bisavô) faleceu em 31.09.1961.
Mensagem
de Sidney
Querida Mãezinha Nádia, tudo
passou como num pesadelo.
Por muitas semanas tive na
memória a visão daquele caminhão de alta formação mantendo os faróis apagados e
procurando recursos para vencer o embaraço em que caiu.
O impacto de máquina sobre
máquina me estragou todo o corpo, de vez que fiz força para salvar em vão a
querida noiva ao meu lado.
O que se passou comigo
naqueles momentos, não saberia descrever e não tenho motivos para emitir
qualquer culpa sobre o motorista que parara o veículo para medir a altura que
parecia superior à capacidade de varar o tropeço para seguir adiante.
Senti que braços fortes me
retiravam para fora das engrenagens e traziam para fora a querida companheira
ali na marginal de Pinheiros, mas a minha cabeça começou a divagar sem o
próprio controle.
Queria falar, mas não
conseguia.
Sei que me levaram para um
hospital onde sofri as aflitivas dificuldades dos doentes graves.
Sentia as agulhas e os tubos
de soro que pretendiam carrear os medicamentos que me aliviassem, mas tudo em
vão.
Pensamos muitas vezes que
encontraria possivelmente a desencarnação num desastre aéreo, tamanha era minha
paixão pelo destino dos pilotos do ar e via-me ali inerte, aguardando o
benefício da morte na Terra mesmo.
Os meus sofrimentos chegaram
ao ápice, quando vi a senhora que me estendia os braços acompanhados de outros
amigos. Ela me falou de maneira perfeitamente audível para mim, para relaxar o
corpo atormentado quanto pudesse, porque chegara o momento de me desligar do
veículo já imprestável e, francamente, procurei relaxar-me e ela, num abraço de
mãe, me retirou, aconselhando-me dormir.
Caí num torpor muito grande
e só depois de alguns dias vim a saber que a nossa Fanti, a querida noiva,
estava ali mesmo desencarnada, em tratamento de recuperação.
Mãezinha Nádia, creio que me
habituara a ser forte para enfrentar qualquer emergência no ar, entretanto, ali
chorei à maneira de criança ferida, pois reconheci para logo que a permanência
na vida cessara para mim.
A saudade de sua presença me
pesou no coração e quis voltar a ser de novo criança em seus braços e chorei
pelo papai Antonio que tanto desejava ver-me formado para a Aeronáutica.
Chorei com a falta dos
irmãos que me eram afeiçoados; a minha querida avó Maria Fackri, tal qual ela
desejava ser chamada, custou a reconfortar-me com o auxílio de nossos parentes
que me acompanhavam com bondade e atenção.
Agora, porém, já fiz os meus
votos de aceitação e somente desejo refazer meu corpo espiritual para ser-lhes
útil.
Peço-lhe compreender, com a
sua dedicação, o papai Antonio que ainda sofre muito ao lembrar-me frustrado em
meus planos para a aviação.
Você, Mãezinha Nádia, que
trabalha tanto e que chora comigo quando posso ir vê-la no Bazar, auxiliará o
meu "Pá" a ajudar-se.
Querida Mãezinha, estou bem
e já compreendo que os Desígnios de Deus devem ser cumpridos. Encontrarei um
modo de trabalhar logo que eu puder, para auxiliá-los em suas tarefas que
amparam a tantos desvalidos. Lembre-se de que a Lei de Deus sabe o que vem a
ser o sofrimento de um coração de mãe que trabalha para esquecer-se e ser útil.
Os seus sacrifícios serão compensados.
A querida noiva está
melhorando e eu já estou com meus novos sonhos de inventar um tipo de asa delta
que possa transportar o homem, a motor, mas com estação de partida e de
chegada, sem qualquer aventura nos ares terrestres.
Minha avó Maria diz que todo
o progresso do mundo nasceu do desejo e do ideal de alguém e por isso, Deus
abençoará, um dia, os meus propósitos.
Diga ao papai Antonio que o
amo sempre mais, distribua os meus abraços com meus irmãos e receba as saudades
imensas e o imenso carinho do seu filho, que se sente cada vez mais ligado à
sua alma querida, até que um dia Deus nos permita a completa e definitiva união.
Sidney Dell'Erba Família
Pereira
Família Pereira
"Meu pai foi pessoa de
pouca instrução escolar, mas, espírito muito nobre, de grande coração, bastante
caridoso.
Palavras de amor que
representam a expressão de D. Leonilde Baumgarth, quando se refere a seu pai e
nos conta do seu desenlace físico.
"Encontrava-se ele em
seu sítio, onde haveria uma festa para amigos e familiares, quando foi
acometido de um infarto do miocárdio.
Levado às pressas para a
cidade mais próxima (Sorocaba, no interior de São Paulo), onde recebeu os
primeiros socorros, lá permaneceu por 16 dias na UTI. Com extrema lucidez
sempre nos pedia para retornar à sua casa, em São Paulo.
Assim ocorreu.
Quando se encontrava sentado
em sua sala com os filhos e netos à sua volta, fechou os olhos e desencarnou
como um passarinho.
Estas foram as suas últimas
palavras: Considero-me um homem realizado e feliz. Agradeço a Deus pela família
que me deu.
Através dos anos de
trabalho, na profissão que exercia, (comerciante atacadista), adquiriu larga
experiência que lhe deu um cabedal de conhecimentos invejáveis, admirado e
respeitado por todos que o cercavam.
Alegre e espirituoso,
excelente esposo, pai e avô, contagiava os que com ele compartilhavam o
dia-a-dia do seu otimismo e de sua vivacidade.
Mamãe desesperou-se,
recusava-se a aceitar a partida de papai.
Preocupava-nos essa
situação.
Resolvemos ir a Chico Xavier
para uma palavra de conforto, particularmente para mamãe.
A mensagem chega-nos unindo
mais ainda a família, no amor e na fraternidade, na compreensão e
solidariedade.
Abriu-me as portas para a
Doutrina onde ingressei em seu estudo.
Certa ocasião, em difícil
situação familiar, quando eu e meu marido não queríamos aceitar um certo
acontecimento, no auge do desespero fomos a Uberaba na esperança de falar com
Chico Xavier, mas infelizmente não foi possível. E qual não foi a nossa
surpresa, ao terminar o culto do Evangelho no Grupo Espírita da Prece, a
primeira mensagem da noite foi a de meu pai orientando-nos o caminho a seguir.
É impossível descrever com
palavras o sentimento que a mensagem despertou na família. Misto de alegria
para uns, incredulidade para outros, mas sem sombra de dúvidas, muito conforto
e amparo a todos.
Ela nos fez entender que a
vida continua.
Independente da convicção
religiosa anterior, despertou-nos para a caridade e o amor ao próximo, e que
podemos viver perfeitamente com Deus.
Motivada pelo exemplo de D.
Yolanda Cezar, hoje e como todos os anos anteriores, no dia 10 de maio, data do
seu aniversário, brindamos com a distribuição de pães e outros alimentos, em
seu nome, para amenizar um pouco o sofrimento de nossos semelhantes,
satisfazendo-nos no dever do amparo mútuo.
Num ressalto, a gratidão
carinhosa ao abnegado e querido amigo Chico Xavier, que tanto nos ajuda.
Falar de Chico é aprender o
Evangelho de Jesus.
Que as famílias em
desespero, na dor causada pela perda dos seus entes queridos, sintam um pouco
da paz e a serenidade a nos tranquilizar os corações.
Não desanimem.
Deus é Pai e nunca desampara
os seus filhos.
Esclarecimentos necessários
de pessoas ou fatos constantes na mensagem espiritual.
- Esposa: Generosa Pereira
Rua Martins, 559 - Butantã
São Paulo - SP
- Filhos: Leonilde
Baumgarth, Maria Odete Rodrigues Pereira Lopes Agostinho Rodrigues Pereira.
- Neta: Izildinha Baumgarth
Carvalho Monteiro.
- Genro e Nora: Jorge Walter
Baumgarth, Marina Pereira.
- Amigo espiritual: Augusto
Cezar Netto.
- Amigos: Raul Cezar,
Yolanda Cezar, pais de Augusto Cezar.
Fundadores do LAR-OFICINA,
onde grande número de senhoras mães reúnem-se no trabalho da caridade aos
necessitados.
Mensagem
de Maximino
Querida Leonilde, querida
filha, Deus nos abençoe.
Estou contente ante a
possibilidade de trazer a toda a família, em sua presença, os meus votos de
saúde e paz, felicidade e bom ânimo.
Às vezes, Generosa e vocês,
os meus filhos queridos, me acreditam distante.
E perguntam o porquê de
nossa correspondência quase que interrompida.
Isso, porém, é impressão de
vocês. Em casa, sempre que possível, eis-me ao lado da esposa querida a
raciocinar quanto ao melhor modo de solucionar os problemas naturais que vão
aparecendo...
Hoje, no entanto, desejo
registrar a nossa satisfação com a festa de nosso amigo Augusto Cezar.
Os pais de nosso companheiro
o amigo Raul e a nossa estimada dona Yolanda me perdoarão estas referências
diretas, mas não posso silenciar a nossa alegria, notando uma comemoração
realizada de maneira surpreendente. Ao invés da família receber na residência
as criaturas amigas, ei-la que se desloca, a fim de se colocar ao encontro dos
nossos irmãos necessitados, transformando os brindes do homenageado em socorro
aos companheiros do caminho.
Frascos de champanha
trocados por pacotes de alimentos e quitutes preciosos transfigurados em pães e
outras bênçãos, para quantos se apresentam em dificuldades maiores do que as
nossas.
Acompanhei a felicidade do
nosso Augusto, a partilhar, junto de companheiros diversos, da doação de si
mesmo às crianças desprotegidas e os doentes.
Agradeci a Jesus a sua
presença de filha, com os nossos amigos, nesse empreendimento e formulo votos
para que todos os cristãos venham a efetuar festas de amor e paz, ao
reverenciarem os seus entes queridos, saindo da própria casa para honorificar
as pessoas amadas, auxiliando aquelas criaturas em problemas difíceis e que
transitam, junto de nós.
Penso quanta alegria será
criada na Terra, quando cada família render esse ou aquele preito de carinho a
determinado parente sempre querido, melhorando a mesa dos lares, refúgios onde
se acolhem nossos amigos aparentemente esquecidos do mundo.
Quando nos animarmos a
espalhar migalhas de felicidade e esperança nas enfermarias da indigência, nos
recantos da penúria, nas áreas das necessidades humanas e nos ninhos de
sofrimento, guardo a certeza de que a nossa alegria se transformará em rio de
bênçãos para os mais carentes de nós, estejam eles em creches anônimas, em orfanatos
quase desconhecidos, em pousos de geriatria, cercados de sofrimento, ou em
casas de enfermos de qualquer procedência, as nossas homenagens serão mais
valiosas e mais autênticas.
Conte à nossa Generosa o que
foi a reunião de Augusto, em matéria de assistência ao próximo e, quanto se nos
faça possível, espalhemos a ideia de transmitir os nossos júbilos familiares a
outros irmãos que atravessam longos territórios espirituais de provação e
amargura, dor ou tristeza.
Peço a você, minha filha,
transmitir ao nosso Agostinho, à Maria Odete, à Marina, ao Jorge Walter e a
todos os nossos familiares as minhas lembranças de paz e agradecimento. A nossa
Generosa, você dirá que ela esteve espiritualmente em nossa companhia, durante
todas as manifestações de carinho hoje exteriorizadas em honra de um filho querido,
supostamente morto, conforme a decisão dos pais que esposaram essa ideia feliz.
Não desejo fazer uma lista
de avô coruja recomendando-se aos netos, mas desejo que você diga a Izildinha
que estamos cooperando, quanto possível, para que ela seja uma feliz mãezinha,
a enriquecer-se de mais ternura para o lar e para a nossa família toda.
Temos cogitado de colaborar
na sustentação de sua saúde de esposa e mãe e o quanto se nos permite, seguimos
o Walter em suas preocupações e esperanças. Contemos com o Socorro de Jesus.
Muito grato por compartilhar
com você em pessoa e representando todo o nosso grupo doméstico, nas expressões
e realizações de alegria e beneficência que cercam a memória de nosso Augusto
amigo, envio muito carinho à nossa querida Generosa e rogo a você receber um grande
abraço do Papai reconhecido.
Maximino Pereira
Família Sichetti
"Quem pode dizer que a
felicidade constitui uma família, onde sequer se imagina que a desencarnação de
um de seus membros possa desestabilizar tanto a vida dos seus constituintes.
Achávamos antes da
desencarnação de nosso filho, que a felicidade não terminaria. Um filho de
alegria contagiante, não muito preocupado com os estudos, mas convicto de fazer
a felicidade de seus pais, pretendia a formação de Engenharia Mecânica. Para
isso, cursava o segundo ano no Colégio Objetivo e, em outra escola,
paralelamente, aproveitava aprimorar-se em computação para auxiliar nos seus objetivos.
De formação cristã
católico-romana, nossa família procurava empenhar-se no respeito mútuo e
aclimatar-se na ação de servir o próximo.
Flávia e Cláudia, duas
filhas maravilhosas, completavam e hoje, mais do que nunca, completam os nossos
momentos de alegria.
Fernando surpreendia-nos.
Em completo anonimato,
ajudava nas Feiras de Bondade, participava e montava gincanas para angariar
fundos às entidades filantrópicas, sem nada nos dizer.
Ao saber dessa sua
qualidade, ficamos mais agradecidos a esse menino-moço, que tanto amor trazia
em seu coração.
Com o acidente, nosso
castelo da alegria desmoronou.
Fernando, nos seus 18 anos
de vida sadia, gostava muito de passear, juntar-se aos amigos e aproveitar sua
juventude. No dia 20.08.1983, saiu em companhia de Mauro e duas colegas para um
passeio na Zona Sul da cidade. Na volta, quando se dirigiam para casa, na
Avenida 23 de Maio, aproximadamente às 0,30 horas, com Mauro ao volante, o veículo
desgovernou-se projetando uma capotagem. Nesse momento, Fernando, como descreve
em sua mensagem, percebeu a gravidade do que estava prestes a acontecer.
O carro capota e Fernando é
atirado á distância, batendo com cabeça em algo muito sólido.
A caminho do Hospital vem a
desencarnar.
Não obstante, sua
preocupação com o amigo Mauro é muito grande.
Pede a seu pai que vá ao
encontro do rapaz para consolá-lo e eximi-lo de culpa, apagando-lhe as cenas
desagradáveis que ele ainda conserva.
O que fazer?
Conhecíamos Chico Xavier
através dos noticiários que a imprensa sempre divulgou a seu respeito.
Caridoso, humilde e apóstolo da Doutrina Espírita.
A ansiedade tomou conta de
nós. Sabíamos que a solução para o nosso desespero era ir ao encontro de Chico
Xavier. Dirigimo-nos com o coração cheio de esperanças.
Ao recebermos a mensagem das
mãos do querido médium, uma vida nova nasceu, devolvendo-nos a fé que havíamos
perdido. Passamos a compreender que Fernando não partira antes da hora e os esclarecimentos
na mensagem trouxeram-nos a paz.
A você mãe, pai, esposo ou
esposa, filhas ou filhos queridos, Deus está conosco.
Não se perturbem vossos
corações.
O reencontro é dádiva do
Pai.
Com paciência e resignação,
aguardemos esse dia.
Esclarecimentos necessários
de pessoas ou fatos constantes na mensagem espiritual.
- Pais: Laurentino Roque
Sichetti, Luiza Querin Sichetti.
Rua Bento Araújo, 149 -
Bloco A - Apto. 103 - São Paulo - SP
- Irmãs: Flávia e Cláudia
Querin Sichetti.
- Avó Clotilde: Avó materna,
desencarnada em 04.05.1979.
- Avó Antonio Sichetti:
Bisavô paterno desencarnado em 28.08.1944.
- Mauro: Amigo que dirigia o
carro durante o acidente.
- Augusto: Augusto Cezar
Netto, filho de D. Yolanda Cezar, nosso amigo espiritual.
Avó Antonia: Avó paterna.
Mensagem
de Fernando
Querida mãezinha Luiza,
peço-lhe me abençoe. Neste momento recordo o papai Laurentino, associando a
presença dele ao nosso encontro, a fim de rogar-lhe igualmente alegria e
coragem na bênção paternal com que sempre me enriqueceu.
Mamãe, é tão difícil
escrever como procuro fazer nesta hora. Sinto-me desambientado e um tanto fora
de mim mesmo, porquanto, preciso considerar os corações que se harmonizam nesta
sala para favorecer-me. Compreendo que estou entre pessoas amigas e sinceras,
mas tenho a ideia de estar realizando uma prova difícil à frente de uma banca examinadora
em minhas tarefas estudantis.
É preciso dar-lhes minhas
notícias, é preciso manifestar os meus agradecimentos.
Não sei como me desobrigar
desses deveres com as palavras certas, no entanto, escrevo com o meu coração no
lápis, colocando o sofrimento de nossa separação acima de qualquer tom festivo,
que assinale a reunião de nossos amigos presentes.
Perdoe-me se escrevo assim
com os meus sentimentos de filho reconhecido, ainda sensibilizado com o
acidente que me arrancou violentamente do corpo que considero natural.
Quando lhe disse que iria
até o barzinho com os amigos, estava muito longe de pensar que me achava em
processo de desligamento da família.
Achávamo-nos todos contentes
e felizes com a união que nos tornava quase que uma só pessoa, pela mesma
identificação total uns com os outros.
Impossível para mim que
tanta alegria pudesse prenunciar uma provação, como a que me afastou de casa e
da vida.
O nosso carro, de fato,
parecia estar com alguma velocidade excedente, mas o Mauro era, aos nossos
olhos, um condutor seguro.
Em certo momento, cheguei a
observar com a minha alegria de rapaz, que nossa máquina dava sinais de febre
alta.
Não se passaram muitos
instantes e tive a queda fatal, sendo atirado à distância.
A cabeça bateu com tanta
força de encontro a um corpo sólido que não tive dúvidas quanto à gravidade do
que nos ocorrera.
Conquanto quisesse olhar
para os amigos e verificar-lhes a situação, um estranho torpor me imobilizou.
Quis movimentar os lábios e as mãos, entretanto, não me pareceram aptos a
obedecer aos impulsos da vontade e da mente.
Eu era eu mesmo, no tumulto
que se fazia em torno de mim, no entanto, a força que me ligava às funções do
corpo se me figurava cortada.
A inércia tomou conta de
mim, embora por dentro estivesse mantendo o desejo de me comunicar com o papai
Laurentino, para dar-lhe ciência do acontecido.
Amigos que não identifiquei
me seguravam e me recomendavam despertar-me, mas como responder ao que me
solicitavam?
A boca estava imóvel e as
mãos surgiam hirtas.
Desejei tanto enviar-lhe
algum recado, duas poucas palavras que fossem, entretanto, minhas forças me
abandonaram rapidamente.
Não tive ideia da morte e
sim alimentei a suposição de que voltaria à casa para recuperar-me.
Mas tudo foi inútil.
Percebi vagamente que me
conduziam a um hospital ou para algum consultório médico onde, segundo minhas
esperanças, despertaria para reconhecer-me em casa.
Reconheci-me no resto de
minhas energias e não me enganava. Um sono inexplicável se apossou de mim e não
pude fugir daquela intimação ao repouso compulsório.
Quando acordei, ignorando o
tempo que despendera no contratempo inesperado, vi ao meu lado uma senhora que
parecia interessada em me auxiliar. Não pude responder apressadamente às
perguntas que ela me fazia, por que não conseguia locomover-me ou falar de
pronto, mas percebi que ela me amparava com carinho de mãe e entreguei-me, sem
resistência, ao auxílio que suas mãos me estendiam.
Foi então que fiquei sabendo
que se tratava de minha avó Clotilde a me dispensar proteção.
Imagine, mãezinha, a luta a
que fui atirado, nas minhas inquietações sobre a vida e a morte. Com poucas
frases minha avó me explicou que eu já conhecera muitas experiências, mas me
faltava aquela da morte repentina.
Lutei muito comigo mesmo
para não chorar, mas mesmo assim o pranto me correu do coração para os olhos,
ao lembrar-me de que seu carinho e o carinho de meu pai e das queridas irmãs,
Flávia e Cláudia, haviam ficado para trás.
Minha avó consolou-me com
palavras de bondade, semelhantes às suas, porque, segundo as informações dela,
se me demorasse no corpo físico seria para viver numa cama, paralítico por
muito tempo. Assim, ela e o avô Antonio Sichetti me guardariam convenientemente
até que me vissem recuperado.
Realmente, eu me restaurei,
mas para uma vida diversa em que, no momento, procuro ser a esperança e o bom
ânimo para o meu pai abatido.
Estou ainda numa tarefa de
me reanimar totalmente para ser o novo servidor do bem que preciso ser.
Encontro-me nesta fase, embora saiba que estou à frente do aniversário com o
seu coração de mãe palpitando de saudades e de alegria.
Conforme observo, querida
mãezinha, prossigo em condições razoáveis de reajustamento, mas venho pedir-lhe
me auxiliar com as suas preces de paz e de amor a fim de que as minhas forças
se refaçam.
Já fui diversas vezes à
nossa casa e noto a tristeza sombreando o rosto do papai Laurentino ao
recordar-me. Afinal, eu era o filho em que ele depositava tantas esperanças,
mas peço o seu carinho em dizer-lhe que logo que esteja plenamente refeito,
permanecerei com ele, colaborando no seu trabalho, no que ele foi sempre o
herói de nossa casa.
Peço-lhe ainda não chorar
tanto ao recordar-me, pois estou vivo e íntegro com todas as minhas forças.
Amparem-me com as lembranças
de minha alegria, diante da vida e do mundo. E verdade que não consegui ficar
aí para ser, ao lado de meu pai, o companheiro que ele desejava ter,
entretanto, de outro modo, conseguirei cooperar com ele.
Mãezinha, de todas as
impressões negativas que ainda trago comigo, uma das mais fortes é a que se
refere ao meu desejo de reconfortar o Mauro, amigo que se fez tão diferente do
que era. Observo nele a amargura ao lembrar-se de ruim, como se tivesse
qualquer culpa no acidente havido, quando sempre encontrei nele um amigo
sincero e um companheiro fiel.
Peço ao papai Laurentino
dizer-lhe que acidentes acontecem todos os dias e que devemos aceitar, sem
revolta, as ocorrências que surjam contrárias aos nossos desejos. Se o carro
adiantou-se um tanto mais, isso decorria das excelentes condições em que
deslizávamos despreocupados.
Graças a Deus tudo terminou
bem, porque a vovó Clotilde me comunicou que poderia ficar parafusado no leito
por muito tempo.
Não há motivos para
lamentações, porque as leis de Deus são justas e se fui eu, na turma, aquele
companheiro que deveria partir primeiro ao encontro da Vida Espiritual, isso
demonstra claramente que o meu tempo no mundo físico seria muito curto.
Papai Laurentino não estará
sozinho no trabalho e minhas irmãs não estarão sem o irmão que as acompanharia
para distrações.
Tudo está certo e devemos
lembrar o meu pobre aniversário com alegria. Estamos aqui numa festa de
aniversário, em que nosso Amigo Augusto é o companheiro sorridente e feliz por
se reconhecer lembrado carinhosamente.
Esqueçamos a tristeza da
desencarnação, acompanhada com tantos rituais desnecessários. Tive pena das
flores tão lindas enfeitando a nossa separação, quando meu avô Antonio me fez
reviver toda a sequencia do fim do meu corpo...
Tudo revi e compartilhei de
nossos sofrimentos, mas não precisávamos tanto requinte de lágrimas, com flores
viçosas como que a chamar-nos para a vida e não para a ideia da morte.
Felizmente, tudo já foi arquivado no tempo e, à nossa frente, descobrimos muito
trabalho a fazer por nós e pelos outros.
Nossa querida Cláudia e nossa
querida Flávia estão aí requisitando nossa atenção. E quanto a mim, estou
melhorando para ser útil ao papai e também ao seu generoso coração materno, às
meninas, a querida vovó Antonia e a todos os nossos.
Agora vovó Clotilde
recomenda que eu termine.
Bastaram alguns momentos
para que eu a sentisse quase você mesma, querida mãezinha, junto de mim. As
saudades são nossas, mas Deus nos fortalecerá para que as transfiguremos em
esperanças.
Mãe, peço mais uma vez seja
dito ao Mauro que eu estou forte e novamente refeito, a esperar que ele se
esqueça de qualquer minudência desagradável quanto à nossa corrida natural.
Fui o companheiro intimado
pelas leis de Deus a viajar para longe, mas isso não quer significar que esse
ou aquele amigo teve culpa na transformação a que me submeti.
Muitas lembranças aos amigos
e às queridas irmãs.
Minha avó Clotilde me
recomenda pedir desculpas pela extensão destas notícias, o que faço contando
com a tolerância de todos os amigos presentes.
E quero acrescentar que
notícias longas exprimem saudades e mais saudades. A gente escreve e escreve,
ignorando de que maneira mostrar o coração. Ao papai Laurentino, os meus
agradecimentos, com muito carinho à vovó e rogo a você, querida mamãe, receber muitos
beijos em sua fronte querida do filho que continua a ser sempre seu, sempre o
seu Fernando Querin Sichetti
Família Stella
"Hoje estamos
confortados pelas notícias recebidas de nosso filho, e queremos dizer àqueles
que ainda não tiveram esse consolo que confiem e tenham fé em Deus nosso Pai e
Jesus nosso Mestre e Senhor.
Para quem está lendo neste
momento, estas palavras de um pai e uma mãe que sentiram a perda de um filho e,
pelo sofrimento causado, que as palavras dele, nosso filho, possam servir de
estímulo a quantos casais como nós, buscam na saudade, viver a imagem da
alegria dos momentos felizes em nossas vidas, conquanto ainda o coração nos aperte,
aprendemos a valorizar a beleza da vida, estimulados nessa força que é o amor,
na trindade, pai, mãe e filho.
Vejamos as suas palavras:
"Meu pai não hospede a
tristeza e viva, sim, contemplando a beleza que o Deus de Amor colocou em toda
Criação..."
Moacyr Stella Júnior,
médico, ao findar seus estudos, apesar de sacrificado por sua doença, um tumor
cerebral e após várias cirurgias, com esforço, conseguira a sua formatura.
Criara como objetivo ardente, a Pediatria.
Sonhava cuidar de crianças.
O pouco tempo que lhe restou
de vida, desfizera os seus ideais aqui na Terra.
Deus, com bondade infinita
permitiu que esse desejo fosse realizado na espiritualidade, segundo ele mesmo
confirma, em trecho de sua mensagem, recebida por Francisco Cândido Xavier,
confirmando o seu ideal, o cuidado com as crianças.
Eis o que nos diz:
"... no entanto, ao
mesmo tempo, a esperança me dizia que as crianças me aguardavam..."
Deus é misericordioso em
qualquer circunstância quando seus filhos entram em colapso de sentimento.
Sabíamos da existência de
Francisco Cândido Xavier, detentor de mediunidade cristã, caridoso, acima de
qualquer pretensão, empenhado em servir à humanidade sofredora. No trabalho mediúnico,
como tônica central, a caridade, desfila entre os circunstantes necessitados do
saber cristão, como esclarecedora do sentimento que assola os corações
angustiados, marcando a relação entre o homem e Deus.
Com o auxílio da dor e as
informações recebidas, nos fizeram ver que Chico Xavier não era simplesmente um
médium. Há neste homem uma bondade e humildade muito grandes, qualidades essas
que Jesus vem pregando há dois mil anos através do Evangelho e de seus Emissários
de Luz.
Chico Xavier cuja missão
esclarecedora, educativa e missionária, leva ao conhecimento do mundo os
ensinamentos de Cristo e na plenitude de sua consciência, na grandeza de seu
coração, coloca-se na posição de um minúsculo "Cisco" Na doença de nosso
filho, minha esposa esteve em Uberaba tentando falar com Chico. Infelizmente
não conseguiu. Na desencarnação de Moacyrzinho, no desespero, foi-nos sugerido
que procurássemos o médium de Uberaba. Indicado o LAR-OFICINA, onde minha
esposa passou a frequentar, e através da bondade de D. Yolanda Cezar, pudemos
chegar até ele.
Obrigado, querido amigo
Chico Xavier, pela paz recebida e a Deus por permitir sua existência entre
nós."
Esclarecimentos necessários
de pessoas ou fatos constantes na mensagem espiritual.
- Pais: Moacyr Stella, lida
Coelho Stella.
Rua Inhambu, 952 - Moema -
São Paulo - SP.
- Irmãos: Marcos Stella,
Marisilda Stella, Márcia Stella.
- Avó materna: Ana Coelho.
- Irmão Kamura: Benfeitor
Espiritual, exercendo maravilhoso trabalho de cura aqui na Terra pelo médium
Benedito, na casa de caridade Irmão Kamura à rua Marrey Junior, 84.
Mensagem
de Moacyrzinho
Querido papai Moacyr e
querida mãezinha Ilda, estamos no marco da saudade. Dois anos de distância,
embora a gente saiba que a morte não existe.
Em pensamento, busco os
queridos irmãos Marcos, Márcia e Marisilda, a fim de comungarem conosco a nossa
alegria, a profunda alegria que Deus criou nos Céus para o brilho da vida que
vence a própria morte.
Lembro-me de todos os
detalhes.
A aflição e a tristeza quase
desesperadas, em que o relógio marcava dez e meia. Mas, em seguida à grande
penumbra que me envolveu de todo, voltou à luz do Sol a brilhar para mim.
A querida vovó Ana e os
outros amigos me lembravam velhas intuições. Sim, eu estudara, sabendo, de
antemão, que a morte me esperava para nova lição. No entanto, ao mesmo tempo, a
esperança me dizia que as crianças me aguardavam...
O júbilo recobriu a saudade
que me envolvia, num misto de tristeza e de alegria, com saudades dos pais e
irmãos...
Entretanto, a promessa que o
trabalho me confortaria, deu-me a ver o esplendor de um novo dia...
Demorei-me, ainda, algum
tempo, para obter atenção mais clara e mais segura, junto ao irmão Kamura...
Findo, porém, esse período
de experiência e de serviço, passei para o berçário, que continua sendo a luz
de meu itinerário.
Duzentos pequeninos que me
esperam e me amam...
Que mais quero além disso?
Junto deles, torno a
encontrar a minha infância e vejo mamãe Ilda a proteger-me em tudo, com seus
olhos de amor sobre as mãos de veludo.
Chamam-me por tio essas
lindas crianças desterradas do lar em que nasceram...
São pequeninos internados
que procuram o papai e a mamãe, vasculhando pavilhão a pavilhão, qual se
estivessem procurando o próprio coração.
E as perguntas, chovem sobre
mim:
— Tio Moacyr, quando meu pai
virá buscar-me?...
— Tio Moacyr, quero sair
daqui sem esperar mais tempo... sem rumor, sem alarde... e voltar para os meus!
— Tio Moacyr, onde está Deus
que me mandou buscar do colo de mamãe?
— Tio Moacyr, eu não quero
ficar, quero partir...
Tio Moacyr, procure um carro
que me leve de volta a casa em que nasci... O meu pai pagará qualquer
despesa...
Outras crianças, brincam em
plena natureza, mas me dizem baixinho:
— Minha casa na Terra tem
muito mais beleza e mais carinho!
Que fazer, mamãe Ilda, senão
doar-lhes mais amor, do amor que recebi de seu devotamento?
Revejo-me pequeno em seus
braços maternais e eu, que esperava tanto as histórias de meus pais, conto a
essas crianças exiladas na Outra Vida, histórias e lembranças que não terminam
mais...
Conto-lhes tudo isto, neste
início de terceiro ano, de paz espiritual, tão somente no intuito de enfim,
agradecer-lhes quanto me deram em ternura para que eu seja aqui um pediatra-tio
do coração.
E agradeço-lhes não apenas
por mim, mas por todas as crianças às quais eu já consigo entregar todo o meu
pensamento alegre e amigo, recordando a ventura com que o papai Moacyr e a
mãezinha Ilda me fizeram viver entre a fé e a ternura.
Mamãe Ilda, estou bem, fique
tranquila.
Meu pai, não hospede a
tristeza e viva, sim, contemplando a beleza que o Deus de Amor colocou em toda
a Criação.
Sou feliz trabalhando,
segundo me ensinaram.
Todos os brindes que doaram
hoje à criançada formam, nesta noite, um monte de alegria em minha estrada.
Muito grato, eis que repito,
por esse amor lindo e bendito com que me recordaram hoje com bondade e carinho
e saibam que prossigo, ao beijar-lhes de novo, as mãos queridas, que continuo
sendo com imensa gratidão e com imenso carinho, o filho sempre reconhecido.
Moacyrzinho
Moacyr Stella Junior
Família Mangano
— O que aconteceu ao
Giuseppe Mateus, Dona Zilma?
— Esta foi a nossa pergunta.
"Acidentou-se na
Rodovia Castelo Branco sobre a Ponte de Barueri."
Giuseppe viajara com sua
noiva Alice Wiltzman para Porto Feliz, ao encontro de alguns familiares que lá
estavam na chácara de propriedade de Alice. Isto em 21.12.1984.
Projetaram voltar três dias
após, mais precisamente no dia 24, para estarem com a família na ceia natalina.
Assim o fizeram, porém na
volta para São Paulo, resolveram parar na cidade de Porto Feliz e alteraram o
seu roteiro. Giuseppe telefonou aos pais para os votos natalinos, dizendo que
voltaria no dia 25 para almoçar e comemorar o Natal, o aniversário de seu pai e
a cerimônia das Bodas de Prata que os mesmos completavam nesse dia.
A festa seria completa. A
alegria estaria presente fazendo o seu ninho no lar dos Manganos.
Retornaram para a chácara e
ali pernoitaram.
A manhã chegou e
prepararam-se para a volta.
A viagem transcorria para
Giuseppe com aparência normal, mas, o seu pensamento era invadido pela
preocupação. A saudade de casa crescia em seu coração, não entendia o porquê,
se estava a caminho do lar.
Guardava a intuição de que
sua existência seria alterada, conforme o seu comentário na mensagem recebida.
Tudo estava tranquilo. Sem
imprimir grande velocidade ao veículo, aproximavam-se do local que seria para
Giuseppe e para Alice, o retorno à Pátria Espiritual.
Ao alcançarem a Ponte de
Barueri, sobre esta são abalroados por enorme carreta que os lança para baixo.
O socorro foi imediato. As
almas da fraternidade cristã logo apareceram para levá-los ao Pronto Socorro de
Barueri, mais próximo do acidente. E nesta casa hospitalar, o casal que
projetava uma vida de encantos e felicidades para os próximos dias, estavam à
beira do casamento, era socorrido. Enquanto isso acontecia, seus pais, preparando-se
para as homenagens do dia, de nada sabiam.
As alegrias estavam prestes
a ceder lugar à dor.
O telefone toca e do outro
lado da linha, a voz de um representante da Guarda Rodoviária informava-lhes
sobre o acidente. Giuseppe e Alice desencarnaram.
Por concurso prestado,
Giuseppe aguardava a data de 2 de janeiro de 1985 para iniciar seu trabalho no
Jornal "O Estado de São Paulo" Trabalhou no Jornal "Shopping
News".
Cursara o 3o ano de
engenharia nas Faculdades FESP e era primeiranista na Faculdade de Comunicações
Anhembi.
Filho dedicado e carinhoso,
conforme D. Zilma, Giuseppe desprendia-se com muita facilidade das coisas
materiais, vivendo cada dia de sua vida, o mais intensamente possível.
Com o hábito de ir à Igreja
constantemente, D. Zilma em suas orações, cumpria as obrigações cristãs. Hoje,
confessa que essas orações têm sentido muito mais profundo. Os conhecimentos adquiridos
na Doutrina Espírita e o culto do Evangelho no Lar, que realiza semanalmente,
criam forças para o trabalho aos mais necessitados soerguendo o seu ânimo e dos
familiares.
Em poucas palavras nos
disse:
"Procuro elevar-me
espiritualmente para contribuir com os meus filhos que partiram, sim, porque
Alice é para mim também uma filha.
Que juntos possam receber as
vibrações do meu coração. Ao mesmo tempo procuro preparar-me com mais
compreensão para ajudar minha família e perdoar os que foram o caminho para a
nossa dor.
Isto eu não poderia entender
se não fosse através de uma amiga de Alice, de nome Deusalinda Feliu Cataly,
que nos orientou e apresentou-nos à D. Yolanda e da mensagem recebida, de onde
pude extrair os ensinamentos com os quais a misericórdia de Jesus me agraciou.
A presença de Chico em minha
vida é como se eu estivesse vivendo na época de Jesus e fosse apresentada a um
de seus apóstolos.
O apóstolo do consolo para
os angustiados que, como nós, passaram por esta prova."
Esclarecimentos necessários
de pessoas ou fatos constantes na mensagem espiritual.
- Pais: Giuseppe Cano
Mangano, Zilma de Luna Mangano - Rua Bicudo de Brito, 860 - São Paulo – SP.
- Irmão: Marcelo Cano
Mangano.
- Giuseppe Amatto: Amigo e
vizinho de trinta anos. Acompanhou o crescimento de Giuseppe Mateus Mangano e
foi quem o recebeu no Plano Espiritual, dando-lhe os primeiros esclarecimentos.
- Noiva: Alice Wiltsman,
nascida em 06 de abril de 1966, desencarnou juntamente com Giuseppe.
Mensagem
de Giuseppe Mateus
Querida mãezinha Zilma e
querido papai Giuseppe, estamos unidos na mesma bênção da fé em Deus, e, por
isso, sabemos que a vida prossegue...
A oração pela felicidade dos
pais queridos e do nosso Marcelo tem sido constante em minha vida nova.
Mãe, não chore com mágoa. A
lágrima é nossa herança e creio que todas as criaturas humanas conhecem, esse
batismo de pranto que nos eleva o coração para Deus.
Perdoem-nos, os pais
queridos, se não conseguimos festejar-lhes as Bodas de Prata no Natal passado.
Saímos de Porto Feliz na
convicção que amanheceríamos em São Paulo, para ser os primeiros a abraçá-los.
Os Desígnios de Deus, porém, foram outros.
Não sei explicar com clareza
o que me ocorria.
Guardava a ideia de que a
minha existência seria alterada. Fitava os olhos de nossa querida Alice,
procurando neles a luz do futuro, mas não via neles senão o amor imenso que nos
ligava um ao outro. Um amor que me falava de beleza fora do tempo terrestre,
uma união que ultrapassava os limites da própria morte, se ela nos
surpreendesse.
Tão perto me achava da
libertação do mundo físico, no entanto, o instinto da vida falava mais alto.
Era preciso crer no Porvir,
esquematizar os acontecimentos que dignificam o lar e lutava contra a
intromissão do desencanto em meus dias.
Mãezinha, tudo devia ser tal
qual nos vimos, arrebatados para um mundo diferente em que não esperávamos
viver.
Mesmo naquela véspera do
Natal, amanheci com o sinal amarelo no pensamento, como se alguém me
determinasse esperar.
Por que, não saberia dizer.
Sonhava com a passagem da
condição humana para a condição espiritual.
E enquanto mentalizava as
tarefas do casamento que intimamente aguardava para breve, percebia que o
desalento era uma espécie de posseiro inflexível, senhoreando o meu destino.
Muitas vezes, busquei a
presença da querida Lika a fim de que ela me acendesse no íntimo a lâmpada do
entusiasmo que esmorecia, mas ainda com o sorriso de minha escolhida para a
esperança, a sombra por dentro de mim ganhava espaço e me empenhava com todas
as forças para acompanhá-la em seus pensamentos altos de confiança em nosso
triunfo.
Ela própria, a nossa Lika,
me insuflou a ideia de voltarmos para que, em casa, a nossa felicidade fosse
completa.
Começamos o regresso, no
entanto, parecia-me sentir a saudade antecipada de nossa casa e de nossa
alegria. A querida companheira me fazia ver uma flor desconhecida, uma nesga de
Céu azul, qual se me requisitasse daquela esquisita introversão, mas debalde...
Inesperadamente para ela,
registrei aquele anseio irresistível de buscar o reconforto do telefone para
ouvir a sua voz, apresentar-lhe, extensivamente a meu pai, os meus votos de
Feliz Natal e de um aniversário da felicidade, que surgisse iluminado pelas
bênçãos de Deus.
Lika não me contrariava
desejo algum. Aprovou-me sorridente a decisão de telefonar do caminho e repeti-lhe
as palavras de amor e bênção que recebera de seus lábios de Mãe.
A viagem continuou sem
episódios dignos de menção, entretanto, a saudade de nossa alegria estava
comigo qual se estivesse incrustada em meus pensamentos.
Não compreendia os
sentimentos complexos que me abafavam.
Por que saudade do lar,
quando seguíamos para ele?
Por que aquela quarta-feira
de cinzas em pleno Natal a chamar-me para as mais belas realidades da vida?
A cidade aproximava-se de
nós ou nós nos abeirávamos dela.
Barueri parecia retratar-se
por dentro de mim, quando entramos na ponte sem qualquer exagero de velocidade.
Estávamos sóbrios, calados.
Quem poderá saber o que
aparecerá no minuto próximo?
Um toque de carreta pesada e
despencamos para baixo.
Oh! querida mãezinha, quem
descreverá o indescritível?
Lika e eu nos abraçamos ou
tentamos abraçar-nos, não sei bem. As ideias se me baralharam na cabeça.
Onde estava Alice que eu
devia proteger?
Quem me poderia responder as
perguntas e atender-me as rogativas, naqueles instantes dolorosos demais para
serem descritos?
A ideia de Deus
relampagueou-me no cérebro. Deus que me dera à vida poderia retomá-la quando
quisesse. Esse gesto interior da paciência me pacificou a alma e orei com um
calor de fé para mim até então desconhecido...
Vi-me fora do corpo
habitual, qual se eu fosse uma ervilha humana repentinamente expulsa do
revestimento natural...
Fitava o meu corpo e me
sentia num corpo igual àquele que os instantes daquela estranha experiência já
me haviam separado. Minhas percepções, entretanto, estavam modificadas. Tentei
assegurar-me do local onde fora esbarrar, mas em vão tentei alinhavar
impressões que não chegava a reunir.
Ouvi vozes. Alguém que soube
por Lika, mais tarde, ser um amigo que ela nomeou por tio Wiltzman repetia as
palavras do Salmo 23, com a fidelidade de quem estivesse com a Bíblia nas mãos:
"O Senhor é meu Pastor
e nada me faltará. Deitar-me-á em verdes pastagens..."
A bela invocação continuou e
asserenei-me. Incapaz de definir o que se passava, lobriguei a presença de
alguém que me abraçava.
Quem era?
Fosse quem fosse, agradecia
o calor daqueles braços que me enlaçavam carinhosamente.
Meu nome familiar foi
pronunciado e procurei identificar o desconhecido.
Centralizei todas as minhas
energias e, embora imperfeitamente, qual se meus olhos não pudessem responder
às exigências da visão, notei que me achava à frente daquele inesquecível amigo
que muitas vezes chamei por tio Giuseppe Amatto.
A força da amizade e da
gratidão era vigorosa demais para que me mantivesse afastado e caí-lhe
conscientemente nos braços, a me agarrar ao seu peito forte, qual a criança
quando se prende ao colo da Mãe...
Um choro convulsivo em que
se misturavam alegria e sofrimento, amargura e esperança me assinalou todas as
faculdades do espírito, enquanto ele me pedia repousar e dormir.
Ignoro os mecanismos postos
por ele em ação, em meu favor, porque suave anestesia me percorreu todo o corpo
e entrei num sono ou desmaio, do qual somente despertei dias depois. Emprego semelhante
expressão "dias depois"; porquanto eu desconhecia, como ainda
desconheço a duração do tempo em que me vi alienado, fora de minha própria
realidade espiritual.
Não consegui retomar a
palavra de improviso.
Ouvia com segurança,
entretanto, falar demandava um exercício para o qual devia entregar-me com
atenção.
Penso que a minha alegria ao
recobrar os recursos da expressão verbal, deve ser a felicidade dos mudos
quando retomam os processos da fala.
A breve tempo, a minha
bisavó, tão jovem qual se estivesse vindo das fontes da juventude, veio ter
conosco, tutelando-me qual se fosse você mesma, mamãe querida.
Indaguei do que sucedera à
nossa Lika e vim a saber por nosso amigo Giuseppe quê ela estava sob o amparo
da família, refazendo forças...
Mãezinha Zi, o seu coração
pode avaliar tudo o que seu filho sentiu naquelas horas de contato com a
verdade.
Lembrei-me, porém, de sua fé
viva em Deus e da serenidade de meu pai e reconquistei-me para a razão e para o
equilíbrio que se me faziam necessários.
O amigo Giuseppe conduziu-me
ao nosso ambiente doméstico, no qual minhas lágrimas se confundiram com as
suas, diante de nossos retratos e pude reaver os meus primeiros contatos com a
noiva do coração e companheira inesquecível.
Conto-lhe tudo isso,
pedindo-lhe aceitação dos Desígnios de Deus.
Mãezinha, não há tempestade
que se eternize.
Os dias são passados, venho
pedir-lhe, tanto quanto a meu pai, para que não se suponham sozinhos ou
desamparados.
Choremos porque a saudade em
nós exige a desibinição das lágrimas, no entanto, choremos admitindo a
Sabedoria do Senhor que sabe melhor do que nós todos o rigor dos caminhos
terrestres.
Estou bem, minha querida
Mãezinha.
Não há motivo para amargura.
Voltemos aos nossos dias de
fé renovadora. O reencontro virá, mas espero em Deus esteja longe, porque a sua
vida é preciosa na Obra de Deus.
Não permita que o desalento
amplie em nós a sua área de influência negativa.
A vida é bela, com as dores
com que nos possa envolver.
Quem enxuga o pranto alheio
não mais encontra ocasião para chorar.
Lembremos os outros Giuseppes
que estão caídos em extrema penúria. Auxiliá-los será auxiliar-nos.
Mãe, tudo agora me parece
novo, conquanto a presença da nossa separação, porque a separação é uma
presença dolorosa em nosso próprio ser.
Unamo-nos aos que trabalham
para melhorar a vida dos que tombaram em provações maiores do que as nossas e
recapitulemos a certeza de todas as bênçãos que temos recebido.
Lika está melhorando e seu
filho está na melhor forma que se faz possível para ser-lhes útil.
Espero que minhas notícias
lhe tragam consolo e paz. E creia, seu coração querido e eu nos
reencontraremos, um dia, nas estradas do tempo, mas pelo trabalho aos
semelhantes podemos sentir-nos unidos desde agora.
Muito amor ao Marcelo e
reunindo-a com meu pai no abraço de sempre, rogo-lhe me abrace também, em seu
pensamento, para que o frio da saudade não me retome, porque hoje e sempre, sou
e serei o seu filho e companheiro de alma e coração.
Sempre o seu filho
reconhecido Giuseppe Mateus Mangano
Família Chapela
Para José Luiz, voar sempre
foi o objetivo de sua vida. Aos 19 anos já era piloto privado. De formação
católica, possuía poucos conhecimentos sobre a Doutrina Espírita, apesar de sua
mãe professar a mesma há mais de 30 anos e, vez ou outra, levar-lhe alguma informação,
sem entrar no seu espaço religioso, em respeito a sua convicção.
Em 03 de setembro de 1982,
José Luiz substituía outro piloto que, no último momento se viu impossibilitado
de fazer o voo, por problemas de saúde em família.
O avião partiu de São Paulo
com escalas no Rio; Brasília e Tucuruí, devendo pousar em Porto Velho ou como
alternativa de voo, na cidade de Rio Branco-Acre. Em Porto Velho não foi
possível pousar devido ao mau tempo reinante, prosseguindo para o citado plano
alternativo.
O Aeroporto Internacional
estava com falta de energia elétrica e seus funcionários participavam de alguma
homenagem nas imediações.
Várias tentativas de pouso
foram feitas.
A população tentava iluminar
o local, sem muitos recursos, por impedimento do funcionário responsável. O
combustível esgotara. O acidente era inevitável.
José Luiz foi atendido até
no momento de sua desencarnação.
Sempre desejou partir deste
mundo fazendo o que mais gostava, voando.
Ele nasceu para voar.
Neste acidente partiram para
o Plano Espiritual, o Comandante Wanderlyr A. Wittitz, os casais de passageiros
Jaime e Helena Júlia Barcessat; Fausto César e Elaine Guimarães; Geraldo
Affonso e Denise L. Prates; Antonio Eduardo e Maria da Glória Almeida.
José Luiz formou-se piloto
comercial pela Escola Superior de Aviação em 1979 e contava com mais de 1.000
horas de voo.
Em maio de 1983,
precisamente no dia 19, Dona Piedade foi a Uberaba com um grupo de mães para
conhecer de perto os trabalhos de Chico Xavier. Ficou sabendo que, apenas
escrevendo um bilhete com a data de nascimento e desencarnação e o nome do ente
querido, poderia receber alguma notícia. Na oportunidade, colocou o bilhete no bolso
do paletó de Chico Xavier.
Exatamente um mês depois, em
19.06.1983, D. Piedade dormia e, na madrugada acordou com a voz do filho que
lhe dizia: — "Mamãe, já recebi a carta do Chico Xavier." — E pensou:
— Que carta?
Pela manhã lembrou-se do
bilhete deixado no bolso de Chico.
Em agosto é convidada a
colaborar no trabalho de assistência ao próximo, no LAR-OFICINA, sob a
orientação de D. Yolanda Cezar.
Assim o fez.
Em setembro retorna a
Uberaba ainda sem esperança de receber a mensagem, mesmo sabedora do recado do
seu filho, entendendo a necessidade do conforto espiritual a outras mães
presentes.
Surpresa, no segundo dia de
visita, a mensagem foi psicografada.
Por solicitação, Dona
Piedade conta o valor dos esclarecimentos contidos na carta de seu filho
Chapela.
A mensagem sem dúvida trouxe
o alívio imediato das minhas aflições e dos meus familiares, bem como
configurou o crédito aos bilhetes recebidos pela médium D. Marta,
posicionando-nos no procedimento a seguir quanto às suas últimas palavras à
Torre de Controle, que se encontram em gravação, sugerindo o esquecimento. Demonstra
o alto nível de respeito ao desespero dos passageiros quando nos diz: Que nos
poupem a repetição do choro e dos gritos de dor das nossas irmãs, que se nos
faziam companheiras de viagem! Consolidou ainda mais a crença da família para a
outra Vida e a ajuda dos Grupos Socorristas Espirituais para os acidentados.
Ensinou-me que com a perda
de quem amamos, pela experiência adquirida com nossa dor, seja mantida a calma
interior. Sabemos ser difícil, mas é a base do equilíbrio tanto para quem parte
como para quem fica. O recomeço será mais tranqüilo. As vibrações mais serenas são
as do amor, na sustentação da saudade que se inicia, sem desespero.
Chico Xavier é esta calma
que eleva a criatura humana. É o plano, é a missão, é a oportunidade e o alento
da saudade que Deus nos dá por sua misericórdia."
Esclarecimentos necessários
de pessoas ou fatos constantes na mensagem espiritual.
- Pais: Luiz Gonzaga
Chapela, Piedade Alves da Silva Chapela Rua Nova Orleans, 259 - Brooklin São
Paulo - SP.
- Irmãs: Ana Maria Chapela,
Sandra Maria Chapela.
- Irmão Noel: Noel Rosa,
compositor falecido.
- Nossa Marta: Marta Gallego
Thomaz, médium de psicografia do Grupo Espírita Noel Rosa.
Mensagem
de José Luiz da Silva Chapela
Querida Mãezinha Piedade,
estou realmente sensibilizado, à frente de suas lembranças, solicitando
confirmação do que lhe tenho afirmado no grupo orientado por nosso irmão Noel e
pela bondade de nossa Marta, irmã e missionária do bem, com Jesus.
Efetivamente, temos amigos
que me estranham nas mensagens ligeiras que venho transmitindo, mas, não será
justo repetir depois da desencarnação inevitável as nossas vozes de receio e de
angústia diante do inevitável.
Essas vozes, clamando por
socorro, estão registradas, podem ser ouvidas, foram arquivadas e estudadas e
admito que bastará isso para que os nossos amigos e familiares do mundo venham
a saber quanto nos custou em sofrimento a queda do avião, que não mais
conseguia se manter nas estradas aéreas.
Que nos poupem a repetição
do choro e dos gritos de dor das nossas irmãs que se nos faziam companheiras de
viagem...
Todo esse coro de lágrimas e
preces ainda soa dentro de mim...
Por mais que buscássemos
suprimento à sustentação da máquina, semelhante suprimento de recursos era
impossível nas condições em que nos achávamos e o choque brutal foi amenizado
pela assistência do pessoal de serviço nas ambulâncias da Providência Divina
que nos esperavam, sem que os homens, nossos irmãos, se dessem conta de semelhante
auxílio.
Quando notei que mãos
vigorosas me erguiam do chão, restituindo-me o pensamento a fim de compreender
toda a extensão do acidente de que fôramos vítimas, entendi que o socorro
espiritual é muito maior do que poderíamos imaginar enquanto na Terra. Fomos
hospitalizados fraternalmente em recantos socorristas, sediados na Terra mesmo
e, gradativamente, retornamos à própria personalidade, cada qual de nós com
determinada soma de preocupações, conforme os laços e os muitos que deixamos na
retaguarda. E essa base de apoio nos favorece e nos prepara, ante o futuro,
auxiliando-nos a inflar coragem e paz nos entes queridos que ficaram no Plano
Físico e vamos seguindo com as melhoras espirituais que a nossa compreensão nos
possibilita.
Cada amigo e cada irmão se
reconforta e se restaura à medida que aceita o acidente doloroso,
revigorando-se na fé em Deus, cujas leis funcionam em toda parte.
Seja dentro de noites
tempestuosas em que carros ameaçados pela tormenta ziguezagueiam na lama,
diante do vento que os empurram para o desconhecido; seja nas embarcações,
transviadas no mar encrespado de ondas perigosas e gigantescas, impelidas para
os rochedos ocultos na amplidão das águas que a fúria dos tufões desgoverna ou
seja nos ares, quando vemos a nossa nave voadora, em crise, prestes a se
despenhar nos abismos do mundo, seja em qualquer parte, as leis de Deus estão
presentes vigiando os elementos e controlando-os ou, muitas vezes,
deixando-lhes inteira liberdade para os acontecimentos considerados infelizes,
operando unicamente segundo o critério de nossos méritos ou de nossas dívidas.
Naquelas horas difíceis que
felizmente já ficaram para trás, imperaram os nossos débitos e caímos, não sem
o amparo das mesmas Leis Divinas que pertencem aos domínios da Justiça e se exercem
nas faixas da Misericórdia. Existem imensidades e mais imensidades no amor
infinito de Deus para que não sejamos arrojados ao túmulo e à morte, sem amparo
e defesa.
Graças a Deus, vencemos
parecendo vencidos e embora déssemos a ideia de criaturas derrotadas, as mãos
daqueles benditos Seareiros do Senhor nos levantavam em triunfo.
Por isso, querida mãezinha
Piedade, se sofremos, a nossa provação terminou, e após o rescaldo escabroso do
acontecimento, já nos preparamos todos a fim de ser úteis aos nossos entes
amados que ficaram no mundo.
Desejo que o seu coração, o
do papai Luiz, e das irmãs queridas Ana e Sandra saibam disso e, com o
reconforto das preces que nos endereçaram, aqui me comunico para agradecer,
agradecer aos familiares e a todos os amigos que nos lembraram comovidamente.
Comovidamente, também,
retribuímos os votos de paz que nos enviaram pedindo a Jesus que os recompense.
Não me sendo possível ser
mais extenso e agradecendo aos integrantes dessa nossa bendita reunião pela
possibilidade de algo lhe dizer, aqui me despeço do ponto de vista das letras,
para estarmos sempre juntos, tanto quanto possível, nos caminhos de nossa vida diária.
Receba, assim, querida mamãe
Piedade, todo o carinho e toda a gratidão de seu filho, sempre mais seu nas
luzes da Vida Espiritual.
Sempre o seu José Luiz
Família Secchieri
Bonito gesto, respeitável
sentimento desse moço Ricardo.
"Não posso ser poltrão
quando os nossos esperam de mim compreensão e coragem
Compreensão sentida na
grandeza de alma desse rapaz, que libera o coração de sua noiva, mesmo mantendo
os mesmos laços de afeição e que compreende a atual situação, tanto sua como a
de Sueli. Enaltece-lhe os nobres ideais e agradece a ajuda.
Ricardo foi um moço com
tendências caseiras. Atento com a saúde, não fumava e não bebia. Pouco saía.
Preferia gastar o tempo para
ampliar seus conhecimentos, enriquecendo sua cultura. Fez o primário no Colégio
São Francisco para, em seguida, no período ginasial e científico, cursar o
Colégio Anglo-Latino e formar-se pela Faculdade de Engenharia FEI, em São Bernardo
do Campo e Ciências Contábeis pelas Faculdades Associadas do Ipiranga - FAI.
Ricardo, contrariando a
ideologia religiosa familiar, que abraçava a crença Católica Apostólica Romana,
frequentava o Centro de Umbanda Pai Jamil com o qual se identificava
plenamente.
Aplicava ali os preceitos da
caridade cristã na ajuda ao refazimento dos necessitados da orientação
espiritual.
Mesmo com a aplicação dos
recursos que a doação Divina nos dispensa para a garantia da sobrevivência, não
se pode esquecer que existe um tempo determinado de vida destinado a cada um de
nós, que precisa ser bem aproveitado porque a surpresa faz a sua parte nos domínios
classificados de resgates compulsórios, direcionando cada espírito aos caminhos
de sua responsabilidade.
Para Ricardo esse encontro
marcado estava registrado em Fortaleza, quando seu irmão mais novo, em férias,
convida-o a acompanhá-lo em excursão àquela capital, com mais alguns
companheiros. Aceito o convite, hospedaram-se em apartamento alugado e passaram
a curtir as maravilhas da natureza.
Por necessidade, o seu irmão
regressou a São Paulo com promessa de retornar tão logo resolvesse os assuntos
que o levaram de volta.
Ricardo ficou com os amigos.
Passaram o dia na praia e à noite resolveram passear. Alugaram um veículo.
Antes, porém, resolveram jantar, em churrascaria próxima. Ricardo, apesar de
gostar muito de dirigir, nesse momento achou melhor que o amigo tomasse o
volante.
Alguns metros à frente,
foram obrigados a parar no semáforo e, em alta velocidade, aparece outro
veículo em conversão proibida, apanhando o carro dos rapazes. O companheiro do
volante, com escoriações várias, ficou três dias internado para observações, os
outros saíram ilesos e Ricardo fraturou o fêmur, perfurou os intestinos e, com
hemorragia interna, veio a falecer.
Estampada a dor em suas
vidas, os pais procuraram, em seguida ao acontecimento, o querido médium Chico
Xavier, recebendo a informação de que Ricardo tinha aceitado com resignação a
sua passagem para a Vida Espiritual, mas, que sofria com a separação da família.
Três meses depois, para
surpresa dos familiares, em curto espaço de tempo, recebem a visita do filho
configurada nas palavras de sua carta.
Para os pais, após diversos
contatos, passaram a admirar Chico Xavier, como um ser ímpar na defesa da
Doutrina Espírita pela sua pregação, trabalho e mediunidade em prol da humanidade.
É como um pai que tem a mão
suave para acariciar os filhos do sofrimento.
Esclarecimentos necessários
de pessoas ou fatos constantes na mensagem espiritual.
- Pais: Ricardo José
Secchieri, Aparecida Santos Secchieri Rua Jaspe, 32 - Apto. 142 - São Paulo -
SP.
- Irmãos: Ivete Adelina
Secchieri, Sidnei Alexandre Secchieri.
- Noiva: Sueli Maria, após
divorciado.
- Amigo:Rubens Benello.
Mensagem
de Ricardo
Querida mãezinha Aparecida,
receba com meu pai e com meus irmãos, as minhas vibrações de reconhecimento a
Jesus pela oportunidade de trazer-lhes algumas notícias.
Vou sempre melhor, com mais
serenidade, a fim de ajuizar sobre a minha própria situação, mas confesso-lhes
que, se eu pudesse, apagaria da memória o acidente que me apanhou longe de
casa. Dói muito reviver aquele choque com os meus companheiros disputando o campeonato
dos gemidos. O amigo Rubens está em minha imaginação como que pregado em meus
pensamentos. Não sei contar detalhes. As vítimas de acidente são as que mais
ignoram o doloroso acontecimento de que foram protagonistas.
A queda no desmaio de que me
reconheci possuído foi inevitável.
Aquilo não pode ser sono,
deve ser um estado enfermiço, qual acontece com o espírito na vida fetal. Sei
unicamente que acordei num dia ensolarado com a presença de uma senhora que se
me deu a conhecer por bisavó, a quem fiquei devendo cuidados que nunca resgatarei.
O problema, querida mãezinha
Aparecida e querido papai Ricardo, é o drama das saudades que ficam no coração.
E possível, pelo menos que isso aconteça somente comigo: contemplar maravilhas
da vida cósmica, no entanto, de alma acorrentada por fios invisíveis aos seres queridos
que deixamos na retaguarda. Os pais amados, a (vete Adelina, o Sidnei Alexandre
e a querida Sueli Maria estão por dentro de mim de modo amargo, porque, por
mais que deseje, não consigo vê-los nem contatar com nenhum dos entes que me
povoam a mente.
Entretanto, os dias passam e
a gente e vira, mas se vira com lágrimas contidas, porque não posso ser poltrão
quando os nossos esperam de mim compreensão e coragem.
Mãezinha,diga à Sueli que os
meus sentimentos de noivo são os mesmos.
Os meus pensamentos é que
tomaram outro caminho. Não posso retê-la com promessas e votos que seriam para
ela inexequíveis. Sueli Maria é uma notável menina e me entenderá com os nobres
ideais de que sempre me proporcionou elevados testemunhos.
Agradeço a ela quanto faz em
meu auxílio, com preces e pensamentos de carinho, tanto quanto agradeço aos
pais queridos e aos queridos irmãos, tudo o que me enviam a título de benefício
para o meu espírito em novo campo de ação.
Das contusões e complicações
que me ficaram por remanescentes do desastre, estou quase liberto e considero
isso uma Bênção de Deus.
Estimaria ocupar muitas
laudas de papel a fim de falar-lhes de minhas experiências novas, mas sei que
não posso por agora absorver-lhes as atenções.
Muitas lembranças à Sueli
Maria e aos irmãos queridos. Admito que terei trazido as notícias possíveis. E
quem faz o que pode a mais não é obrigado.
Agradeço-lhes o auxílio que
tenho recebido espiritualmente de todos e peço aos queridos pais receberem o
carinho imenso e a imensa confiança do filho que lhes deve tanto.
Ricardo Romano Secchieri
Família Minaya
O sonho de pilotar aviões
para Marco Antonio acabou aos 15 anos de idade.
Tudo fazia para alimentar
esse sonho.
De porte atlético, com seus
1,72 metros de altura, Marco Antonio se destacava nas competições esportivas de
sua escola.
Sempre requisitado pelo
professor de Educação Física do seu Colégio Maria Petronila, em Santo Amaro
para disputas com outras agremiações escolares, era um jovem feliz, bem quisto
entre seus amigos e familiares.
No final de junho, começou a
perceber certo cansaço e leves dores em suas costas.
Encaminhado ao médico
clínico da família, diagnosticou possível estado gripal. Passaram-se alguns
dias e outra preocupação surgiu para Marco Antonio: as suas gengivas começaram
a apresentar uma inflamação muito forte, a ponto de cobrirem seus dentes.
O odontólogo da família
aplicou-lhe tratamento durante dias, sem nada conseguir. Procurou-se, então, um
especialista que também nada conseguiu no momento, obtendo alguma melhora dias
depois.
Em julho, aproveitando as
férias escolares, seus irmãos, Cláudio, Consuelo e Rosemaire saíam em excursão
para Assuncion, no Paraguai. Marco Antonio, feliz, dizia aguardar os seus 18
anos para poder acompanhá-los. Dona Wilma seguiu até o local de embarque acompanhando
seus filhos.
Na sua volta, Marco lhe diz
que urinara vermelho. Aflita com essa informação, percebeu ali certa gravidade,
telefonando ao marido e ao Dr. Juan Cuevas Sans. O médico chegou e
imediatamente solicitou a remoção para o Hospital Santa Paula, para os exames
devidos que acusaram baixa resistência orgânica.
Sr. Santiago não se
conformando, solicita a presença do seu amigo especialista e professor em
Faculdade de Medicina, Dr. Antranik que, acompanhado de sua equipe médica,
transporta Marco Antonio para o Hospital das Clínicas.
Ficou em tratamento e, no
dia 12 de julho, com forte hemorragia veio a desencarnar com leucemia aguda.
A família, católica, fez
celebrar as missas de 7° e 30? dias e, surpresos, os pais constataram nesta a
presença de todos os alunos do Colégio que foram liberados pela Sra. Diretora,
pois na missa anterior estavam em férias.
Os caminhos da paz pareciam
não existir mais para o casal, o mundo como que desabara sobre o seu teto. D.
Wilma, frequentadora de grupo espírita, tentava amenizar a dor.
A saudade, esta força
incontida, propulsora do desejo, impele-a a procurar o consolo. Por informações,
achava ser difícil chegar-se a Chico Xavier.
Conformada, procurou a
misericórdia de Deus através do trabalho ao próximo. Após um ano começou a
frequentar com alegria o LAR-OFICINA, aguardando pacientemente o contato com o
seu filho. Não desanimou e durante três anos e meio, várias vezes foi a Uberaba
e voltava sem revolta. O prazer de ver Chico a satisfazia.
As palavras de Marco Antonio
chegaram como lenitivo para a saudade, no dia 23 de abril de 1986. É a sua
presença. É o reconforto que substitui as lágrimas da tristeza. Marco vive!
Atualmente, a felicidade de
Dona Wilma é ver seus filhos e marido juntos na fé Espírita Cristã,
consolidando cada vez mais a fé em Deus.
Para o casal Wilma e
Santiago, Chico Xavier é pessoa para convívio diário e lamentam a falta de
programas como os da TV Record, quando ele apresentava-se e supria-os na fé,
reforçando-lhes o coração para a caridade, no contato com o semelhante.
Antecipamos os nomes de
pessoas ou fatos, para melhor identificação na leitura da mensagem espiritual.
- Pais: Santiago Minaya
Hernan, Wilma Aparecida Minaya Rua Cabo York, 82 - São Paulo - SP.
- Irmãos: Cláudio Minaya,
Consuelo Minaya, Rosimeire Minaya.
Mensagem
de Marco Antonio
Querida Mãezinha Wilma e
querido papai Santiago, sei que desejam as minhas notícias e apresso-me em
comunicar-lhes, que vou seguindo tão bem quanto se me faz possível.
Não acreditem que eu
estivesse desejando a minha volta para cá porque adivinhava à minha frente,
muito trabalho a fazer, no entanto, compreendo pelo severo tratamento a que me
submetiam que a gravidade de minhas condições era manifesta. A princípio a
esperança que nos animava a todos, entretanto, em seguida as chances foram rareando.
Sentia-me aflito,
desencantado e lia nos olhos dos médicos o meu próprio estado físico que era
confirmado nos olhares dós pais queridos que o brilho triste não me enganavam.
Indagava quanto à moléstia
de que me sentia assediado, mas somente encontrava respostas que eu não
conseguia decifrar.
Notando o meu quadro de
tratamento com tantas injeções de permeio, comecei a desconfiar sobre a
problemática de que me via possuído.
Sangue doente, necessidade
de glóbulos vermelhos, suprimentos diversos.
Ah! Querida mãezinha Wilma,
eu seguia o curso de suas orações silenciosas, percebendo nelas a petição de
socorro de Deus em benefício do filho que se via cada vez mais anemiado. E eu
também rezava, a meu modo solicitando amparo, a fim de que, minhas energias se
reconstituíssem.
Não é fácil ser obrigado a
refletir na morte do corpo antes dos vinte anos e eu recusava a ideia de me
render à evidência.
Via meus irmãos fortes e
robustos, o Cláudio, a Consuelo e a Rosemeire e invejava-lhes a sorte,
conquanto me esforçasse para nada dizer que lhes pudesse tisnar a alegria de
viver e movimentar-se a vontade, sem qualquer impedimento que lhes travasse os
desejos.
De meu lado, enquanto,
queria pensar na vida e na felicidade de encontrar alguém que me partilhasse a
juventude, chorando por dentro de mim a minha própria situação, já que não me
reconhecia com forças suficientes para reerguer-me como quisesse. Mas Graças a Deus
e às orações da mãezinha Wilma a minha tristeza não chegou ao nível da revolta.
Quanto mais intensificaram
as instruções dos médicos amigos com picadas dolorosas de injeções daquelas
injeções de que eu necessitava, entendi que eu precisava de uma virada na
intimidade de mim mesmo, a virada da aceitação difícil e indispensável.
Compreendi, por fim, que eu
não nascera num corpo capaz de terçar armas contra a doença quase fulminativa
que avançava. Então, mãezinha Wilma, entreguei-me a Deus, chorando, embora, mas
ocultando-lhe as minhas lágrimas que não tinham razão de ser.
Não me competia combater com
os desígnios de Deus que me impunham a libertação da vida física e por isso, o
meu desagrado era absolutamente impróprio e inoportuno. A febre, a aflição,
aquela impaciência contida, o medo do desconhecido me dominavam quando ouvi a
voz da criatura maravilhosa que se me dá a conhecer por minha bisavó, a
convidar-me ao descanso...
Notei que as suas lágrimas
de mãe me alcançavam sem que eu pudesse confortá-la, que os nossos me fitavam
com expressões de angústia e escutando a voz que me buscava a atenção,
perguntava a mim próprio a que espécie de descanso poderia ser conduzido se eu unicamente
desejava viver, estudar, trabalhar, namorar a maneira de um rapaz qualquer...
A voz, porém, insistia
comigo referindo-se ao repouso e por fim, incapacitado para a resistência,
aceitei a sugestão e supus dormir tranquilamente;mas aquele sono não era a
calma do corpo dolorido e sim uma outra serenidade que eu desconhecia.
Um torpor inarredável me
tomou a forma habitual e sonhei que uns braços repletos de amor me protegiam
para a retirada...
Quanto tempo estive nessa
hibernação para mim indefinível não sei dizer, no entanto, voltei a mim e
encontrei ao meu lado a senhora cuja presença vislumbrara no leito e de quem só
registrara a voz inesquecível.
Gradativamente fui
conscientizado de que deixara o corpo doente e tomara posse do meu veículo de
manifestação, esse mesmo que na Terra, nos sustenta o instrumento físico sem
que venhamos a perceber.
Chorei muito na excitação
que me possuía e destacava a falta de nossa casa e da família querida que era a
minha, mas, aos poucos, os benfeitores da Vida Maior me convenceram quanto à
realidade e agora, mãezinha Wilma, com o papai Santiago e os nossos saibam que vou
melhorando através da compreensão que me induz a conformar-me com a minha
própria situação.
Felizmente estou a
renovar-me e agradeço-lhes os pensamentos de amor com que me fortificam.
Querida mãezinha Wilma, são
estas notícias que me propunha a trazer-lhes e peço-lhes não me esquecerem com
as vibrações de paz e reconforto de que ainda necessito para consolidar as
melhoras conquistadas.
Não se preocupem se lhes
digo que sofri, mas não me seria possível mentir, quando a verdade é que a
travessia de uma vida para outra não é a mesma para todos.
Um abraço ao meu irmão e às
irmãs Consuelo e Rosemeire e os pais queridos recebam todo o amor com as muitas
saudades do filho que lhes pertence pelo coração, em nome de Deus.
Marco Antonio Minaya.
Fim
Do livro Lar - Oficina, esperança e trabalho, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier.
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