Autor espiritual: André Luiz
Ano:
1940
Prefácio:
Lendo este livro, que
relaciona algumas experiências de mensageiros espirituais, certamente muitos
leitores concluirão, com os velhos conceitos da Filosofia, que "tudo está
no cérebro do homem", em virtude da materialidade relativa das paisagens,
observações, serviços e acontecimentos.
Forçoso é reconhecer,
todavia, que o cérebro é o aparelho da razão e que o homem desencarnado pela
simples circunstância da morte física, não penetrou os domínios angélicos,
permanecendo diante da própria consciência, lutando por iluminar o raciocínio e
preparando-se para a continuidade do aperfeiçoamento noutro campo vibratório.
Ninguém pode trair as leis
evolutivas.
Se um chimpanzé guindado a um palácio, encontrasse recursos para escrever aos seus irmãos de fase evolucionária, quase não encontraria diferenças fundamentais para relacionar, ante o senso dos semelhantes. Daria notícias de uma vida animal aperfeiçoado e talvez a única zona inacessível às suas possibilidades de definição estivessem justamente na auréola da razão que envolve o espírito humano. Quanto às formas de vida, a mudança não seria profundamente sensível. Os pelos rústicos encontraram sucessão nas casimiras e sedas modernas. A Natureza que cerca o ninho agreste é a mesma que fornece estabilidade à moradia do homem. A furna ter-se-ia transformado na edificação de pedra. O prado verde liga-se ao jardim civilizado. A continuação da espécie apresenta fenômenos quase idênticos. A lei da herança continua, com ligeiras modificações. A nutrição demonstra os mesmos trâmites. A união de família consanguínea revela os mesmos traços fortes. O chimpanzé, desse modo, somente encontraria dificuldade para enumerar os problemas do trabalho, da responsabilidade, da memória enobrecida, do sentimento purificado, da edificação espiritual, enfim, relativa à conquista da razão.
Em vista disso, não se
justifica a estranheza dos que leem as mensagens do teor das que André Luiz
endereça aos estudiosos devotados à construção espiritual de si mesmos.
O homem vulgar costuma
estimar as expectativas ansiosas, à espera de acontecimentos espetaculares,
esquecidos de que a Natureza não se perturba para satisfazer a pontos de vista
da criatura.
A morte física não é salto
do desequilíbrio, é passo da evolução simplesmente.
À maneira do macaco, que
encontra no ambiente humana uma vida animal enobrecia, o homem que, após a
morte física, mereceu o ingresso nos círculos elevados do Invisível, encontra
uma vida humana sublimada.
Naturalmente, grande número
de problemas referentes à Espiritualidade Superior, aí espera a criatura,
desafiando-lhe o conhecimento para a ascensão sublime aos domínios iluminados
da vida. O progresso não sofre estacionamento e a alma caminha,
incessantemente, atraída pela Luz Imortal.
No entanto, o que nos leva a
grafar este prefácio singelo, não é a conclusão filosófica, mas a necessidade
de evidenciar a santa oportunidade de trabalho do leitor amigo, nos dias que
correm.
Felizes os que buscarem na
revelação nova o lugar de serviço que lhes compete, na Terra, consoante a
Vontade de Deus.
O Espiritismo cristão não
oferece ao homem tão somente o campo de pesquisa e consulta, no qual raros
estudiosos conseguem caminhar dignamente, mas, muito mais que isso, revela a
oficina de renovação onde cada consciência de aprendiz deve procurar sua justa
integração com a vida mais alta, pelo esforço interior, pela disciplina de si
mesma, pelo autoaperfeiçoamento.
Não falta concurso divino ao
trabalhador de boa vontade. E quem observar o nobre serviço de um Aniceto,
reconhecerá que não é fácil prestar assistência espiritual aos homens. Trazer a
colaboração fraterna dos planos superiores aos Espíritos encarnados não é obra
mecânica, enquadrada em princípios de menor esforço. Claro, portanto, que, para
recebê-la, não poderá o homem fugir aos mesmos imperativos. É indispensável
lavar o vaso do coração para receber a "água viva", abandonar
envoltórios inferiores, para vestir os "trajes núpcias" da luz
eterna.
Entregamos, pois, ao leitor
amigo, as novas páginas de André Luiz, satisfeitos por cumprir um dever. Constituem
o relatório incompleto de uma semana de trabalho espiritual dos mensageiros do
Bem, junto aos homizie, acima de tudo, mostram a figura de um emissário
consciente e benfeitor generoso em Aniceto, destacando as necessidades de ordem
moral no quadro de serviço dos que se consagram às atividades nobres da fé.
Procura-se, amigo, a luz
espiritual; se a animalidade já te cansou o coração, lembra-te de que, em
Espiritualismo, a investigação conduzirá sempre ao Infinito, tanto no que se
refere ao campo infinitesimal, como à esfera dos astros distantes, e que só a
transformação de ti mesmo, à luz da Espiritualidade Superior, te facultarão
acesso as fontes da Vida Divina. E, sobretudo, recorda que as mensagens
edificantes do Além não se destinam apenas à expressão emocional, mas, acima de
tudo, ao teu senso de filho de Deus, para que faças o inventário de tuas
próprias realizações e te integres, de fato, na responsabilidade de viver
diante do Senhor.
Emmanuel
(Pedro Leopoldo, 26 de fevereiro de 1944)
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