Autor espiritual: André Luiz
Ano:
1948
Prefácio:
Legiões de companheiros
procuram diretrizes, preocupados em traçar caminhos exteriores...
Estimariam receber do plano
espiritual sugestões diretas que os elevassem às culminâncias da vitória fácil.
Desejariam reajustar os negócios que lhes dizem respeito, modificar
intempestivamente a atitude mental de pessoas queridas, penetrar o segredo das
circunstâncias improvisadas na aplicação do livre-arbítrio alheio, à custa de pareceres dos irmãos desencarnados,
habitantes de outros círculos. Entretanto, indivíduo algum fugirá à
experiência, cuja função é ensinar e melhorar sempre.
Em face de semelhante realidade, qualquer orientação sem base na harmonia íntima não passará de simples jogo de palavras, no serviço, muita vez louvável e benéfico, da contemporização.
O homem renovado para o bem
é a garantia substancial da felicidade humana. Eis por que, antes de tudo, é
imprescindível o engrandecimento do ser, diante da vida e do Universo,
invariavelmente tocados, nos menores ângulos, pelas maravilhas divina.
Como orientar
acontecimentos, conduzir providências, controlar manifestações ou harmonizar
elementos para determinados fins, sem equilíbrio na fonte de efeitos, situações
e ocorrências, sediada em nós mesmos?
O indígena, transportado a
um palácio de cultura moderna, de modo algum
poderá exigir que a Civilização
regresse à taba para satisfazer-lhe a compreensão deficiente, cabendo-lhe, ao
contrário, o dever de educar-se a fim de entender o progresso do mundo.
O astrônomo, chumbado ao
solo do Planeta, não solicitará às estrelas o abandono da rota que as leis cósmicas lhes assinalam
no campo infinito, competindo-lhe a obrigação de aprimorar os aparelhos de óptica, de maneira a alcançar
seus objetivos, ante a grandeza celeste.
Seria infantilidade fustigar
morsas sobre o foco infeccioso, a pretexto de sanar o mal. Determina a lógica a
extinção daquele.
O homem, herdeiro do Céu,
refletirá sempre a Paternidade Divina, no nível em que se encontra.
Fujamos, assim, aos velhos
propósitos de conseguir veludoso acesso aos benefícios baratos.
Inegável o imperativo da
colaboração na jornada evolutiva.
Em todos os departamentos do
Universo, conheceremos benfeitores e beneficiados. A própria hierarquia, para
ser bem vivida, fundamentar-se-á em princípios de solidariedade.
No entanto, se não é lícito
menosprezar o favor, não devemos viciar a proteção.
É compreensível o socorro
sistemático à platina tenra, como é natural
a escora destinada ao vegetal benfeitor
sobrecarregado de frutas. Nós outros, porém, afeitos à revelação da
imortalidade, não somos detentores senão de conhecimentos puramente
embrionários e estamos longe da superprodução nos setores do bem. Somos
Espíritos humanos distanciados da inexperiência original, mas baldos de
virtudes, sob a justa necessidade de iluminar a consciência, aprimorar
sentimentos e aperfeiçoar qualidades individuais, para que não estejamos
recebendo, em vão, as bênçãos do Senhor.
Este pequeno curso de
Espiritualidade que André Luiz apresenta não é presunçoso ementário de
recomendações rigoristas. É mensagem amiga para companheiros que reclamam
diretrizes das entidades espirituais, como se o verdadeiro trabalho
salvocionista residisse fora deles mesmos. Ele apresenta a palavra do nosso
plano de luta, onde aprendemos que o milagre da perfeição é obra de esforço,
conhecimento, disciplina, elevação, serviço e aprimoramento no templo do
próprio “eu”.
Não se trata, portanto, de
manual pretensioso.
Aqui, leitor amigo, você observará
somente a lembrança dos antigos ensinos do Mestre, em novo acondicionamento
verbal, de modo a recordarmos com ele que o Reino Divino-edificação de Deus no
homem em verdade jamais surgirá no mundo por aparências exteriores.
Emmanuel
(Pedro Leopoldo, 18 de junho de 1947)
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