O passe e o passista

O vestuário do passista influencia na tarefa?

Sim. Podemos destacar duas razões básicas:

(1) Os desequilíbrios a que submetemos o corpo físico são refletidos nos outros corpos do indivíduo, contribuindo para a piora dos fluidos que formam tais corpos. Sendo esses fluidos doados no momento do passe, é natural esperarmos que tal parcela deletéria seja também transferida ao paciente.

(2) Tanto o passista quanto o paciente necessitam de concentração mental para que se alcance maior eficácia no passe. A falta de higiene provoca muitas vezes odores fétidos que desarticulam a capacidade de concentração, afetando inclusive quem esteja localizado no mesmo ambiente físico, prejudicando a todos.

A grande maioria das pessoas encarnadas ainda enfrenta problemas relacionados à área sexual. Nesse sentido, muitas vezes o uso de roupas mais curtas e justas funciona como catalisador de pensamentos abusivos que destoam completamente da serenidade requerida na câmara do passe. Tendo em vista esse problema comum, não só o passista ou o paciente, mas qualquer um de nós deverá observar com cautela o vestuário a ser utilizado no dia a dia, lembrando sempre que “o equilíbrio está no meio”.

Para ser passista preciso ser vegetariano?

Não. Conforme a questão 723 de O Livro dos Espíritos, “permitido é ao homem alimentar-se de tudo o que lhe não prejudique a saúde”.

O passista precisa fazer tratamento de desobsessão antes de ingressar na tarefa?

Não. Frequentemente a falta de trabalho em benefício do semelhante é o ponto de apoio de variada gama de processos obsessivos. Em relação ao passista, apenas os casos de subjugação (O Livro dos Médiuns, item 240, cap. 23) deverão merecer tratamento antecipado.

Estou fazendo uso de remédios. Posso ser passista?

Depende. Há medicamentos que podem ser ditos “simples”, tais como remédios para dor de cabeça, cólica, azia, resfriado e coisas afins. Sabemos ser provável que parcela sutilizada do remédio venha a se agrupar aos fluidos do passista, vindo parte desta ser posteriormente transferida para o paciente. Há casos raros na literatura espírita relacionada aos passes que acusem esses fatos. No entanto, mesmo que a transferência ocorra, cremos que para os remédios ditos “simples” a parcela transferida chega a ser desprezível. O único problema aqui encontrado é a classificação exata de um remédio como sendo “simples” ou não. Na dúvida, talvez o melhor seja abster- se de participar da tarefa pelo período de uso do remédio. No rol dos medicamentos impeditivos da participação na tarefa, caso o passista os use, estão enquadrados todos aqueles que afetem o Sistema Nervoso Central.

E se o passista estiver doente?

Em geral um organismo adoentado apresenta maior dispêndio de energia para sua manutenção e/ ou maior dificuldade em absorção desta. Excetuando- se os casos em que as observações acima não se verifiquem, tal como ocorre em algumas doenças que acompanham o indivíduo durante toda a vida, o passista deverá se afastar da tarefa até o restabelecimento adequado.

A ingestão de carne influencia na tarefa do passe?

Sim. Embora o passista não deva ser obrigatoriamente vegetariano, encarando o passe como recurso terapêutico físico e espiritual, geralmente utilizado quando apresentamos indisposições de variada ordem, é útil abstermos de alimentos mais pesados, tal qual fazemos quando em tratamentos médicos convencionais. A alimentação do passista afeta os fluidos que este doará no momento do passe. Conforme aprendemos na questão 724 de O Livro dos Espíritos, a abstinência de carne será meritória se a praticarmos em benefício dos outros. Tendo em mente o benefício do próximo, compre-nos preferir a alimentação vegetariana pelo menos no dia exato da tarefa.

Posso dar passe de estômago cheio?

Via de regra, quanto menor a atividade orgânica, melhor possibilidade de contato com o plano espiritual encontrará o Espírito. Tanto quanto possível, apresentar-se-ão à tarefa, passista e paciente, apenas levemente alimentados.

Estou cheio de preocupações. Posso dar o passe assim mesmo?

Se o passista já aprendeu que amparar o semelhante é a melhor forma de auxiliar a si mesmo, compreenderá que principalmente nesses casos sua presença se faz mais útil.

Sou fumante. Posso ser passista?

O ideal é que ninguém seja fumante. No entanto, o bom não poderá ser inimigo do ótimo. Pessoas que ainda se utilizem do cigarro, mas estejam se esforçando continuamente para abolir o vício, encontrarão na aquisição de responsabilidade como passistas maior motivação para absterem- se do fumo, desde que – enquanto ainda fumem – procurem não fazer uso do cigarro pelo menos 3 a 4 horas antes da tarefa. Aos companheiros que não estão interessados no combate às próprias deficiências, preferível é que se esforcem primeiramente por convencer a si mesmos do imperativo da mudança de hábito.

Faço uso de bebidas alcoólicas. Posso ser passista?

Relativamente às bebidas alcoólicas, deverá o passista esforçar-se por discernir adequadamente entre o uso e o abuso. Em caso de abuso, recomenda-se que o passista não participe da tarefa do passe nos próximos 4 ou 5 dias, de forma a alijar o máximo possível os fluidos deletérios contraídos pelo excesso praticado. Em situações normais, recomenda- se que particularmente no dia da tarefa o passista não faça uso de qualquer tipo de bebida alcoólica.

Faço uso de tóxicos. Posso ser passista?

Não. O usuário de tóxicos não deverá participar de tarefas de doação de fluidos.

Qual o número máximo de passes que posso dar em cada tarefa?

Esta questão tem causado muita polêmica. À guisa de sugestão, vamos analisar as duas colocações a seguir:

(1) o passe misto, também chamado de passe espírita, praticado na maioria das casas espíritas, leva em conta a doação de energia tanto por parte do Espírito responsável pelo passe, como do passista. Assim, o desgaste energético por parte do passista não pode ser desprezado.

(2) É sempre importante criarmos oportunidades de trabalho para os interessados, dentro da casa espírita. Assim, se há número de passistas maior que o recomendado para a tarefa, é interessante que haja um rodízio destes, para que todos trabalhem. Com base nessas duas considerações, cremos ser de responsabilidade do coordenador da tarefa dimensionar o número de passes por passista, de forma que todos participem igualmente, evitando a sobrecarga. Em casos excepcionais que requeiram a participação intensa do passista em uma ou outra oportunidade, devemos recordar a assertiva de Emmanuel: “a necessidade está acima da razão”, sem contudo utilizarmo-nos dessa frase para justificar qualquer tipo de abuso de nossa parte, mesmo em se tratando de auxílio ao semelhante. O passe misto, necessariamente, envolve gasto de energia por parte do passista. E gasto, obviamente, requer reposição.

Quantas vezes por semana posso participar da tarefa do passe?

Recomenda- se que o passista intercale um dia de atividade na tarefa de doação de fluidos com um dia de descanso para a reposição natural de fluidos. Nesse particular, as reuniões mediúnicas são também considerados eventos de doação fluídica.

Sou médium ostensivo e participo de reuniões mediúnicas. Posso dar passes?

Sim, desde que observados os períodos de descanso para reposições fluídicas. No entanto, como a tarefa do passe não exige qualquer tipo de mediunidade ostensiva, é sempre um gesto de amor dar preferência a tarefeiros que não apresentem os requisitos para o mediunato.

Minha vida é muito corrida e agitada. Posso ser passista?

Há muitas pessoas que, mesmo com propósitos nobres, abarcam mais responsabilidades do que podem dar conta. A tarefa do passe, como outras, exige presença assídua de seus colaboradores, assim como dedicação – sempre que possível – aos estudos para melhoramento individual do passista. Normalmente é preferível não contar com um passista, do que contar com ele apenas raramente. A disciplina é a alavanca do progresso.

Para ser passista, qual é o sexo mais adequado?

Para a tarefa do passe, não há diferenciação entre os sexos.

A vida sexual do passista influencia em seu desempenho na tarefa?

Sim, principalmente a vida sexual a nível mental, pois o pensamento atrai energias positivas ou não, conforme o que se pensa. Assim, o que gravita em nosso redor invariavelmente se combina com nossos fluidos com base na lei de afinidade. Esses mesmos fluidos são transferidos posteriormente ao paciente. A grosso modo, recomenda- se que principalmente no dia da tarefa o passista procure manter sua “casa mental” adequadamente limpa e organizada.

Qual é a conduta ideal do passista?

À medida que o passista avança na compreensão da importância da tarefa do passe, ele percebe que o seu bem-estar físico e espiritual não mais representa benefício para si próprio, mas também para todos os companheiros que se utilizam desse recurso terapêutico na casa espírita. Naturalmente, a conduta ideal de qualquer um de nós está descrita no Evangelho de Jesus, cuja interpretação cristalina encontramos atualmente na Doutrina Espírita.

O passista precisa se preparar ao longo do dia para dar o passe?

Podemos comparar o passista a um cirurgião. O cirurgião, antes do trabalho, deverá apresentar- se o mais higienizado possível para o desempenho adequado de sua tarefa sem a infecção do paciente. O passista deverá higienizar sua “casa mental” para evitar a contaminação de seus próprios fluidos que serão transferidos ao paciente. Tal higienização só poderá ocorrer com o esforço de se evitar pensamentos incorretos de qualquer tipo, a leitura de publicações inadequadas, a conversa de temas inferiores, e absorção de qualquer tipo de ideia nociva aos princípios cristãos.

O passista deve estudar sempre?

Sempre que possível, o passista deverá melhorar sua compreensão dos mecanismos do passe pelo estudo e observação. No entanto, o bom desempenho na tarefa do passe não se vincula exclusivamente ao aspecto intelectual, mas principalmente ao amor com que se participa da tarefa.

O passista é médium?

Nas casas espíritas geralmente pratica-se o passe misto. Nesse tipo de passe, o passista atua como mediador entre o Espírito responsável pelo passe e o paciente. Dessa forma, o passista pode ser considerado médium, ou melhor, médium passista.

O passista absorve os fluidos negativos dos pacientes?

Na tarefa de passe realizada dentro da casa espírita, com a observância dos critérios de segurança e disciplina conhecidos, a coordenação da tarefa ocorre a nível espiritual, embora se tenha sempre um coordenador encarnado. Assim, é lícito pensar-se que a Espiritualidade procura sempre resguardar os tarefeiros durante o trabalho.

Posso dar passe fora do centro espírita?

Há casas espíritas que possuem equipes de passistas que vão à casa do paciente ou a hospitais. Essas equipes sempre trabalham sob condições de disciplina e ordem para se garantir a segurança adequada ao desempenho da tarefa. O passista, sozinho, nunca deverá assumir responsabilidades por qualquer tipo de trabalho fora do âmbito da casa que frequenta, embora, a título de beneficência, em visita a companheiro adoentado, poderá orar por ele – o que na verdade é também um passe -, chegando mesmo a aplicar-lhe um passe (com as gesticulações tradicionais), somente nos casos em que o próprio doente manifeste o interesse pela aplicação. Mesmo nesses casos, deverá o passista agir com extrema cautela afim de se evitar inconvenientes tais como manifestações mediúnicas de qualquer parte. Atendimentos a companheiros vinculados a processos obsessivos que envolvam manifestação mediúnica e que se encontrem impossibilitados de se dirigir à casa espírita nunca deverão ser realizados pessoalmente por qualquer indivíduo, mas apenas por equipe especializada da própria casa espírita.

Criança pode tomar passe?

Naturalmente, como qualquer outra pessoa. Pelo que temos observado, muitas vezes a criança entra na câmara de passes amedrontada. Há passistas que durante a tarefa, por questão pessoal, franzem a testa ou apresentam fisionomia fechada, extremamente séria, como se isso representasse algo de útil. Geralmente conseguem apenas amedrontar mais ainda os pequeninos, fazendo com que estes bloqueiem sua capacidade de recepção. O bom passista deverá se esforçar, principalmente no caso das crianças, em expressar uma fisionomia mais “risonha”, ou que pelo menos não cause estranheza, afim de se conseguir maior abertura psíquica do paciente e por conseguinte melhor desempenho.

Qual o número máximo de passes que o paciente deverá tomar?

Não há regra. Em geral, deve- se analisar a orientação do receituário mediúnico, caso exista, e com base na interpretação segura, seguir ou não suas diretrizes. O que não deve ocorrer é o paciente submeter- se à fluidoterapia apenas porque “não tinha nada pra fazer antes de começar a reunião”. Mesmo que a câmara de passes esteja vazia, tomar o passe simplesmente por tomar é falta de caridade para com a equipe de passistas, pois estes estarão doando de si o que o paciente absolutamente não precisa.

O paciente precisa se preparar para tomar o passe?

Sim. Na verdade, conforme os ensinamentos do Cristo, devemos estar continuamente nos preparando, “vigiando” para que nossas deficiências estejam cada vez menos ativas, e “orando” para que possamos captar a influenciação benéfica do Alto, orientando nossa vida para o bem. Embora tais diretivas sejam ideais, cumpre recordar que na maioria dos casos o paciente é companheiro que encontra- se em dificuldade, e por isso mesmo, merecedor principal de nosso respeito e consideração.

O paciente pode tomar passe mais de uma vez por semana?

Exceto nos casos provenientes de receituário mediúnico que foi devidamente analisado, a maioria das pessoas não tem necessidade de tomar mais de um passe por semana. Abusar da bondade dos irmãos tarefeiros é falta de caridade e desrespeito à tarefa.

Deve haver motivo para se tomar passe?

Sim. Muitas vezes o indivíduo chega à casa espírita e sente necessidade de tomar um passe, pelas vias da intuição. Tal fato pode ocorrer e é muito natural. O problema está em se tomar passes todas as vezes que se visite a casa espírita, deliberadamente. Para se tomar um passe, deve necessariamente haver uma causa que o justifique, da mesma forma que não se deve tomar remédios sem o conhecimento e o endosso de um médico.

Se o paciente for médium ostensivo ele poderá tomar o passe?

Sim. Nos casos em que a mediunidade ainda não foi devidamente educada ou o processo educativo está em curso, o paciente deverá informar tal fato ao coordenador da tarefa, antes de receber o passe, para que este tome as precauções necessárias, caso julgue conveniente. Sendo os fluidos a base do fenômeno mediúnico, companheiros que tenham mediunidade ostensiva sem capacidade de contenção têm boas chances de experimentar uma manifestação no momento da tarefa. O passista, desde que consciente da situação, pode fazer o máximo para evitar o acontecimento.

A fé do paciente na eficácia do passe é importante?

Sim. Simplificando, entendemos fé como estado de receptividade aos fluidos. Caso um paciente tenha muita fé na ação do passe, podemos dizer que ele está totalmente receptivo aos fluidos que receberá. Caso o paciente não tenha fé, certamente suas defesas psíquicas atuam contra a invasão de qualquer tipo de fluido em seu cosmo orgânico. Se pudéssemos fazer um paralelo, mesmo que irreal, apenas para ilustração, diríamos que “a falta de fé”, em relação aos medicamentos comuns, representa uma substância qualquer dentro do organismo do paciente que anula quase por completo o efeito do remédio. Deve-se ressaltar, mais uma vez, que tal exemplo é apenas uma comparação.

Qual é a conduta ideal do paciente?

O paciente deverá considerar a fluidoterapia como recurso sagrado, não ignorando os benefícios espirituais que recebe a cada passe, devendo portanto se esforçar cada vez mais por apresentar conduta que o torne digno da continuidade do tratamento que recebe da Misericórdia Divina por intermédio dos colaboradores da casa espírita. O passe não cura, mas age como alívio e alimento da alma para que ela cure a si mesma.

Por Eugênio Lysei Junior, texto extraído do artigo “O Passe – Respostas às Perguntas mais Frequentes” publicado no site https://espirito.org.br 

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