Autor espiritual: Casimiro Cunha
Ano: 1952
Prefácio:
Um pássaro espiritual
Conhecemos velho amigo que,
em certo período de provação, não vacilou em sacar do bolso arma mortífera,
instigando por insidiosa calúnia, com a intenção de eliminar antigo
companheiro, mas, quando se dispunha a penetrar a casa, com o escuro propósito
que lhe envenenava o coração, eis que pequerrucho canário começou a cantar em
árvore próxima.
Havia tamanha beleza na
melodia desconhecida, que o quase delinquente sustou o ato tresloucado e passou
a refletir...
Aquele cântico sem palavras não seria uma advertência divina?
Deus, que mergulhara a alma
do pássaro em harmonia celeste, não saberia exercer a justiça que ele, pobre
homem imperfeito e amargurado, pretendia executar com as próprias mãos?
Considerou, portanto, mais
aconselhável esperar.
E, enquanto aguardava a
cessação do hino comovente, algo surgiu, de improviso, dissipando a densa nuvem
de indébitas preocupações que lhe amortalhavam o espírito.
A paz voltou a felicitar-lhe
o íntimo, dantes atormentado, e, em lágrimas, agradeceu ao Senhor que o salvara
de lamentável desastre, por intermédio de um passarinho.
Lembramo-nos do incidente,
lendo os versos que Casimiro Cunha enfileirou neste livro. Através de quadras
simples, o nosso irmão faz brotar, do solo de sua alma fraterna, verdadeira
fonte de amor, em gotas de luz, exaltando a Divina Bondade e as virtudes
cristãs que podem erguer-nos à Espiritualidade Santificante.
Ave da Altura, acordando-nos
para a glória imortal do bem eterno, quantos de nós, escutando-lhe o poema de
ternura e sabedoria, poderemos interromper as ligações com a sombra?
Consagremos ao mensageiro do
Evangelho alguns minutos de leitura e reflexão e, de certo, compreender-lhe-ão
a sublime e musicada mensagem quantos tiverem ouvidos de ouvir.
Emmanuel
(Pedro Leopoldo, 1 de Janeiro de 1953)
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