O livro dos espíritos. Questão 500

MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO IX – INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPORAL

Anjos de guarda. Espíritos protetores, familiares ou simpáticos

500. Momentos haverá em que o Espírito deixe de precisar, de então por diante, do seu protetor?

“Sim, quando ele atinge o ponto de poder guiar-se a si mesmo, como sucede ao estudante, para o qual um momento chega em que não mais precisa de mestre. Isso, porém, não se dá na Terra.”

Dependência

Todos somos dependentes, de certa maneira, uns dos outros, em quase todas as circunstâncias da vida. Mas, de acordo com crescimento da alma, vamos nos libertando paulatinamente, passando a conhecer a verdade, como diz o Cristo, e tornando-nos livres. No entanto, essa liberdade é relativa em todas as direções da vida.

O aluno precisa de mestre até certo nível de escolaridade; depois vai se libertando e passando de discípulo a instrutor e nessa subida vai ganhando a libertação que lhe dá consciência do que deve fazer.

Em relação aos tutelados na Terra, eles são dependentes de seus anjos-guardiães, por precisarem de seus conselhos, da sua companhia. Os que vivem na Terra prescindem de companhias mais elevadas que possam sustentar suas boas ideias, guiá-los e mostrar-lhes os caminhos verdadeiros da libertação espiritual. Os que vivem revestidos da carne estão presos a ela e são dependentes de outras inteligências. Por vezes, se encontram presos igualmente ao comando das trevas, com cujos pensamentos se identificam.

Sintonia é uma coisa séria em toda a vida; os iguais se reúnem por lei da justiça. Compreendamos, pois, que Deus é bondade. Ele dá o que o filho pede pela vida que leva, pelo que pensa e fala. Se queres uma vida melhor exteriormente, começa a viver melhor internamente. Procura viver todos os aspectos do amor, porque ele se encontra no comando de todas as virtudes, ajustado na intimidade da própria vida. Fomos feitos na maior função da harmonia; quando compreendermos que ela nos leva à paz, passaremos a procurá-la em todas as suas dimensões. Ela é Deus procurando-nos, doando e servindo-nos de amparo em todas as nossas necessidades.

Quanto mais o Espírito sobe, mais se liberta da proteção dos benfeitores espirituais, porque vai aprendendo a caminhar sozinho; entretanto, nunca nos libertamos da dependência de Deus. Os encarnados, além da dependência de muitas guapiras* espirituais promissoras, dependem de muitas coisas materiais para viverem, e é bom que façam uso na orientação do bom senso. Não deves esquecer a oração, pois ela nos induz, encarnados e fora da carne, à mais alta inspiração, desde quando seja feita com amor e carinho, humildade e entendimento.

Tem amor para com todos que te cercam e para com tudo com que convives, porque dependes, para viver, de tudo que vem ao teu encontro e, às vezes, daquilo que não podes perceber. Deves desejar a liberdade, entrementes, não podes esquecer que toda liberdade requer deveres, por vezes muito grandes, no sentido de que apareça o equilíbrio que gera alegria e paz de consciência. A liberdade mais acentuada somente existe em mundos elevados, onde a lei maior é o amor, e todos que ali vivem amam na profundidade deste sentimento.

A libertação dos Espíritos tem uma gradação infinita; os poderes da alma começam a crescer com a maturidade da mesma, e se estendem de maneira que o próprio raciocínio não é capaz de avaliar. Deves começar hoje mesmo a pensar e a trabalhar para a tua liberdade. É uma luta demorada, mas quem não começa nunca realiza o que deseja.

(*) guapiras - lugar onde começa um vale.

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.

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