Autor espiritual: Casimiro Cunha
Ano:
1944
Prefácio:
A Grande Fazenda
"E ele repartiu por
eles a fazenda." (Jesus - Lucas, 15:12)
A Natureza é a fazenda vasta
que o Pai entregou a todas as criaturas. Cada pormenor do valioso patrimônio
apresenta significação particular. A árvore, o caminho, a nuvem, o pó, o rio,
revelam mensagens silenciosas e especiais.
É preciso, contudo, que o
homem aprenda a recolher-se para escutar as grandes vozes que lhe falam ao
coração.
A Natureza é sempre o
celeiro abençoado de lições maternais. Em seus círculos de serviço, coisa
alguma permanece sem propósito, sem finalidade justa.
Eis a razão pela qual o trabalho de Casimiro Cunha se evidencia com singular importância. O coração vibrátil e a sensibilidade apurada conchegaram-se a Jesus, para trazer aos ouvidos dos companheiros encarnados algumas notas da universal sinfonia.
Esta cartilha amorosa
relaciona, em rimas singelas, alguns cânticos da fazenda divina que o Pai nos
confiou. Envolvendo expressões na luz infinita do Mestre, Casimiro dá notícias
das coisas simples, cheias de ensino transcedental. No relatório musicado de
sua alma sensível, o milharal, o pântano, a árvore, o ribeiro, o malhadouro,
dizem alguma coisa de sua maravilhosa destinação, revelando sugestões de beleza
sublime. É o ensino espontâneo dos elementos, o alvitre das paisagens que o
hábito vulgarizou, mas se conservam repletas de lições sempre novas.
O trabalho valioso do poeta
cristão dispensa comentários e considerações.
Entregando-o, pois, ao
leitor amigo, não temos outro objetivo senão lembrar a fazenda preciosa que se
encontra em nossas mãos.
A Natureza é o livro de
páginas vivas e eternas.
Em abrindo a cartilha
afetuosa de Casimiro, recordemos Aquele que veio à Terra, começando pela
manjedoura; que recebeu pastores e animais como visita primeira; que foi
anunciado por uma estrela brilhante; que ensinou sobre as águas, orou sobre os
montes, escreveu na terra, transformou a água simples em vinho do júbilo
familiar; que aceitou a cooperação de um burrico para receber homenagens do
mundo; que meditou num horto, agonizou numa colina pedregosa, partiu em busca
do Pai através dos braços de um lenho ríspido e ressuscitou num jardim.
Relembremos semelhantes
ensinos e recebamos a fazenda do Senhor, não como filho pródigo que lhe
desbaratou os bens, mas como filhos previdentes que procuram aprender sempre,
enriquecendo-se de tesouros imortais.
Emmanuel
(Pedro Leopoldo, 20 de maio de 1943)
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