Autor espiritual: André Luiz
Ano: 1958
Prefácio:
Raios, Ondas, Médiuns,
Mentes...
A Ciência do século XX,
estudando a constituição da matéria, caminha de surpresa a surpresa, renovando
aspectos de sua conceituação milenar.
Não obstante a teoria de Leucipo, o mentor de Demócrito, o qual, quase cinco séculos antes do Cristo, considerava todas as coisas formadas de partículas infinitesimais (átomos), em constante movimentação, a cultura clássica prosseguiu detida nos quatro princípios de Aristóteles, a água, a terra, o ar o fogo, ou nos três elementos hipostáticos dos antigos alquimistas, o enxofre, o sal e o mercúrio, para explicar as múltiplas combinações no campo da forma.
No século XIX, Dalton
concebe cientificamente a teoria corpuscular da matéria, e um maravilhoso
período de investigações se inicia, através de inteligências
respeitabilíssimas, renovando ideias e concepções em volta da chamada
“partícula indivisível”.
Extraordinárias descobertas
descortinam novos e grandiosos horizontes aos conhecimentos humanos.
Crookes surpreende o estado
radiante da matéria e estuda os raios catódicos.
Röntgen observa que
radiações invisíveis atravessam o tubo de Crookes envolvido por uma caixa de
papelão preto, e conclui pela existência dos
raios X.
Henri Becquerel, seduzido
pelo assunto, experimenta o urânio, à procura de radiações do mesmo teor, e
encontra motivos para novas indagações.
O casal Curie, intrigado com
o enigma, analisa toneladas de pechblenda e detém o rádio.
Velhas afirmações
científicas tremem nas bases.
Rutherford, à frente de
larga turma de pioneiros, inicia preciosos estudos, em torno da radioatividade.
O átomo sofre irresistível
perseguição na fortaleza a que se acolhe e confia ao homem a solução de
numerosos segredos.
E, desde o ultimo quartel do
século passado, a Terra se converteu num reino de ondas e raios, correntes e
vibrações.
A eletricidade e o
magnetismo, o movimento e a atração palpitam em tudo.
O estudo dos raios cósmicos
evidencia as fantásticas energias espalhadas no Universo, provendo os físicos
de poderosíssimo instrumento para a investigação dos fenômenos atômicos e
subatômicos.
Bohrs, Planck, Einstein
erigem novas e grandiosas concepções.
O veículo carnal agora não é
mais que um turbilhão eletrônico, regido pela consciência.
Cada corpo tangível é um
feixe de energia concentrada. A matéria é transformada em energia, e esta
desaparece para dar lugar à matéria.
Químicos e físicos,
geômetras e matemáticos, erguidos à condição de investigadores da verdade, são
hoje, sem o desejarem, sacerdotes do Espírito, porque, como consequência de
seus porfiados estudos, o materialismo e o ateísmo serão compelidos a
desaparecer, por falta de matéria, a base que lhes assegurava as especulações
negativistas.
Os laboratórios são templos
em que a inteligência é concitada ao serviço de Deus, e, ainda mesmo quando a
celebração se perverte, transitoriamente subornada pela hegemonia política,
geradora de guerras, o progresso da Ciência, como conquista divina, permanece
na exaltação do bem, rumo a glorioso porvir.
O futuro pertence ao
Espírito!
E, meditando no amanhã da
coletividade terrestre, André Luiz organizou estas ligeiras páginas, em torno
da mediunidade, compreendendo a importância, cada vez maior, do intercâmbio
espiritual entre as criaturas.
Quanto mais avança na
ascensão evolutiva, mais seguramente percebe o homem a inexistência da morte
como cessação da vida.
E agora, mais que nunca,
reconhece-se na posição de uma consciência retida entre forças e fluidos,
provisoriamente aglutinados para fins educativos.
Compreende, pouco a pouco,
que o túmulo é porta à renovação, como o berço é acesso à experiência, e
observa que o seu estágio no Planeta é uma viagem com destino às estações do
Progresso Maior.
E, na grande romagem, todos
somos instrumentos das forças com as quais estamos em sintonia. Todos somos
médiuns, dentro do campo mental que nos é próprio, associando-nos às energias
edificantes, se o nosso pensamento flui na direção da vida superior, ou às
forças perturbadoras e deprimentes, se ainda nos escravizamos às sombras da
vida primitivista ou torturada.
Cada criatura com os
sentimentos que lhe caracterizam a vida íntima emite raios específicos e vive
na onda espiritual com que se identifica.
Semelhantes verdades não
permanecerão semiocultas em nossos santuários de fé. Irradiar-se-ão dos templos
da Ciência como equações matemáticas.
E enquanto variados
aprendizes focalizam a mediunidade, estudando-a da Terra para o Céu, nosso
amigo procura analisar-lhe a posição e os valores, do Céu para a Terra,
colaborando na construção dos tempos novos.
Todavia, o que destacamos
por mais alto em suas páginas é a necessidade do Cristo no coração e na
consciência, para que não estejamos desorientados ao toque dos fenômenos.
Sem noção de
responsabilidade, sem devoção à prática do bem, sem amor ao estudo e sem esforço
perseverante em nosso próprio burilamento moral, é impraticável a peregrinação
libertadora para os Cimos da Vida.
André Luiz é bastante claro
para que nos alonguemos em qualquer consideração.
Cada médium com a sua mente.
Cada mente com os seus raios,
personalizando observações e interpretações.
E, conforme os raios que
arremessamos, erguer-se-nos-á o domicilio espiritual na onda de pensamentos a
que nossas almas se afeiçoam.
Isso, em boa síntese,
equivale ainda a repetir com Jesus:
A cada qual segundo suas
obras.
Emmanuel
Pedro Leopoldo, 3 de Outubro de 1954.
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