O livro dos espíritos. Questão 508

MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO IX – INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPORAL

Anjos de guarda. Espíritos protetores, familiares ou simpáticos

508. Os Espíritos que se achavam em boas condições ao deixarem a Terra, sempre podem proteger os que lhes são caros e que lhes sobrevivem?

“Mais ou menos restrito é o poder de que desfrutam. A situação em que se encontram nem sempre lhes permite inteira liberdade de ação.”

Deixando a terra

O Espírito que deixa a Terra em boa situação não tem, por isto, total liberdade no mundo dos Espíritos. Ele pode desejar voltar em Espírito imediatamente para ajudar os que ficaram, ansiando envolver os seus afetos com o amor desperto em seu coração espiritual; entretanto, nem sempre isso lhe é possível, devido a muitos fatores. Em todos os lugares as leis nos mostram os deveres a cumprir e o respeito que devemos a elas. O Espírito recém-desencarnado deve ser obediente às vozes dos mais experientes, esperando a vontade de Deus que sempre se manifesta no momento oportuno.

Espírito deseja que cresça naqueles que permanecem no corpo a esperança e uma vida melhor, mostrando a eles que a vida continua além do túmulo, porém, nem sempre isso acontece. Quando ocorre, é porque os benfeitores maiores acharam conveniente que assim fosse, pelas portas do merecimento.

Há famílias que insistem com os médiuns para que esses busquem seus parentes, querendo notícias dos mesmos. São os da Terra forçando comunicações com os Espíritos, o que não devem fazer. As comunicações espontâneas são as melhores. Deus sabe quem deve ser ouvido, distribui e atende os pedidos para aqueles cuja necessidade corresponda ao merecimento e que lhes sirva de lições valiosas.

Deves acreditar que as comunicações dos Espíritos não vão para os encarnados somente por intermédio e diretamente dos médiuns; elas aparecerão por uma leitura, pelas conversações com amigos e até por si mesmas. Analisa os teus pensamentos, as ideias que surgem na tua cabeça e verás que podem ser respostas para as tuas interrogações. No entanto, há muitos casos em que Deus permite as comunicações e elas ficam no ar; não são ouvidas nem colocadas em práticas. É por isso que os Espíritos ficam invisíveis aos olhos humanos, cortando, assim, possíveis abusos.

Os recém desencarnados se encontram com a visão espiritual empanada, e desejam, por todas as suas forças, voltar aos familiares, onde poderão sentir revolta e até entrar em estado de vingança, por presenciarem simples acontecimentos que não desejavam. Porém, a sua situação é outra. Já estão desligados materialmente do grupo a que pertenciam. Esquecem-se disso pelo amor que deveriam estender a outras criaturas. A união dos corpos cessa com a morte do corpo, e o Espírito, como disse Jesus, não se casa nem se dá em casamento. O Espírito é universal; ele ama todos na mesma dimensão em que o amor divino se nos mostra, colocando o Mestre como o maior refletor dessa fraternidade cósmica. A Doutrina dos Espíritos veio ao mundo pela força do Cristo nos corações, ensinando aos homens o verdadeiro amor, sem apego, sem exigências e sem egoísmo, desconhecendo totalmente o orgulho.

Depois que o desencarnado se conscientiza da verdade no mundo espiritual, ele passa a obedecer às leis em toda a sua extensão, para o seu próprio bem, assim como para o bem dos que ficaram na Terra esperando o dia de regresso à pátria do Espírito.

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário