A faculdade mediúnica sempre
foi exaltada na Bíblia, onde podemos perceber, em Deuteronômio 18:11, que
Moisés, o grande legislador do povo hebreu, proibiu a consulta aos chamados
“mortos”.
A proibição de Moisés nos leva a importantes reflexões, isto porque, se houve proibição naquela época, devemos nos ater aos motivos que ensejaram o grande profeta do Velho ou Antigo Testamento a proibir este intercâmbio, e, dessas reflexões, extraímos primeiramente que a comunicabilidade com os Espíritos dos chamados “mortos” sempre foi possível, e também que a comunicação com os Espíritos era frequente, habitual.
A proibição do sábio legislador daquela época se fazia necessária, face ao estágio evolutivo em que se encontrava a humanidade, pois não havia maturidade espiritual.
As consultas aos Espíritos
se davam por meio dos denominados pítons e/ou pitonisas, também chamados
profetas, que hoje conhecemos por médiuns e sensitivos. E essas consultas eram
efetuadas para resolução de questões de cunho materialista, inferiores. Alguns
faziam da mediunidade um comércio e a sintonia com os Espíritos inferiores – os
que se encontravam em estágios menos avançados na evolução espiritual – se
tornava inevitável.
Dessa forma, compreendemos o
sentido da proibição de Moisés, pelos perigos da má utilização deste dom divino
que Deus confere para a evolução da humanidade.
Ainda no Velho Testamento
encontramos a passagem – Números 11 – em que Moisés libera o intercâmbio
mediúnico para fins nobres. Essa passagem nos mostra Josué a advertir Moisés:
havia pousado o Espírito sobre Eldade e Medade, e eles profetizavam. Josué pede
a Moisés que os proíba, porém, o legislador do povo hebreu concede a prática da
mediunidade como instrumento do bem e do amor, dizendo: “Quem dera que todo o
povo do SENHOR fosse profeta, e que o SENHOR pusesse o seu Espírito sobre
ele!”.
Verificamos, em Joel
2:28-29: “Acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne;
vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos, os
vossos mancebos terão visões”.
Com a chegada da Luz Maior
em nosso planeta – que é Jesus – observamos em seus ensinos que o Evangelho
está repleto de fenômenos medianímicos.
Verificamos isto no fenômeno
de clariaudiência e clarividência de Maria, Isabel, José, Zacarias, nos
fenômenos de efeitos físicos exaltados na transformação da água em vinho, nas
curas aos cegos e paralíticos ou na levitação, quando o Cristo caminhava sobre
as águas.
O magnífico fenômeno da
transfiguração no Monte Tabor, de Jesus ao lado de Moisés e Elias, nos mostra
que a mediunidade é luz que pode nos guiar aos braços do Pai.
Ocorre, porém, que no dia da
transfiguração Jesus pede aos discípulos que mantenham a discrição, nos
ensinando que a mediunidade exige prudência e cuidados.
Verifica-se, assim, através
destas materializações, a comunicação dos Espíritos com o nosso mundo material,
e mesmo que entendêssemos que a mediunidade teria sido definitivamente proibida
por Moisés, o que não acreditamos face ao que se encontram nos textos sagrados,
certamente Jesus derrogaria esta lei com a Boa Nova. No dia do Pentecostes
ocorreu a abertura do processo mediúnico aos discípulos com o fenômeno da
psicofonia e Pedro relembrou a profecia de Joel.
Dessa forma observamos que a
Bíblia está repleta de demonstrações do fenômeno mediúnico e que a mediunidade
com Jesus é ponte para a iluminação e comunhão com o Pai. Nesse sentido, como
nos ensinou o inigualável professor Eurípedes Barsanulfo, “os talentos
medianímicos estiveram, incessantemente, nas mãos de Jesus, o nosso divino
Mestre, que deve ser considerado, por todos nós, como sendo o excelso médium de
Deus”.
Fonte: Letra Espírita, por Michele Ribeiro de Melo
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