O livro dos espíritos. Q. 847

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE

Livre-arbítrio

847. Da aberração das faculdades tira ao homem o livre-arbítrio?

“Já não é senhor do seu pensamento aquele cuja inteligência se ache turbada por uma causa qualquer e, desde então, já não tem liberdade. Essa aberração constitui muitas vezes uma punição para o Espírito que, porventura, tenha sido, noutra existência, fútil e orgulhoso, ou tenha feito mau uso de suas faculdades. Pode esse Espírito, em tal caso, renascer no corpo de um idiota, como o déspota no de um escravo e o mau rico no de um mendigo. O Espírito, porém, sofre por efeito desse constrangimento, de que tem perfeita consciência. Está aí a ação da matéria.” (371 e seguintes)

Aberração das faculdades

As aberrações das faculdades de uma criatura certamente que perturbam seus sentimentos mais profundos. Notoriamente constitui posicionamento de que essa pessoa, em outras existências, se deixou dominar pelo orgulho e o egoísmo, e o condicionamento foi tão forte que atravessou o túmulo; e voltando do mundo espiritual para a Terra, continua com o seu criador, gerando embaraços em sua vida.

Os desvios das qualidades oriundas do Espírito, que se fazem sentir pelas leis espirituais, fazem-no sofrer as suas consequências por muito tempo. O Espírito recolhe aos seus celeiros o produto das suas atividades, tanto como Espírito livre, quanto como encarnado, sendo responsável por esse trabalho, de recolher e semear, ou semear e colher. A anomalia da alma causa-lhe distúrbios de difícil reparação, contudo, são lições, que em todo o seu curso poderão trazer muita iluminação.

Jesus veio nos ensinar, Espíritos encarnados e desencarnados, como sair das extravagâncias e percorrer os caminhos que nos dão paz ao coração. Ele não somente ensinou, como viveu as lições ministradas. Foi por isso que Seus discípulos assimilaram rapidamente todos os conceitos que Ele expunha. Vamos buscar em João, no capítulo dez, versículo sete, o seguinte, para nos ilustrar melhor a palavra de Jesus:Jesus, pois, lhes ensinou de novo:

Em verdade, em verdade, vos digo: Eu sou a porta das ovelhas.

Sendo o Mestre a porta das ovelhas, é por essa porta que devemos passar para conseguir a libertação de que carecemos, e a porta simboliza as instruções dadas por Ele. O Evangelho é rico em conceitos espirituais para nos educar e instruir. Eis porque apresentamos o Espiritismo como sendo continuação da obra do Cristo de Deus, porque ele vem ensinando as mesmas coisas, enriquecendo, aqui e ali, de conformidade com a capacidade de cada um.

De fato, o Mestre é a porta da vida; quem não passar por Ele, não conseguirá conhecer a verdade, porque Ele é a verdade, o caminho e a vida. Felicidade nossa, por termos despertado em Seus braços.

As excentricidades apresentadas no modo pelo qual pensamos, são efeitos das nossas ações do passado e, por vezes, os nossos pensamentos presentes não nos obedecem. A correção que devemos fazer é com muito esforço e dedicação. É por isso que para uns é mais difícil se educar, enquanto para outros torna-se mais fácil. O espiritualista entende o que significa facilidade e dificuldade. Não é que uns foram favorecidos e a outros dificultados; a própria reencarnação é motivo para o entendimento da justiça.

O mau uso das faculdades espirituais tem sua resposta em outras vidas. Quantos médiuns - e eles são sem conta - que usam suas faculdades para motivo de aberrações? Os Espíritos que os acompanham por misericórdia, inspiram seus tutelados, mas esses se encontram motivados por outras ideias e não escutam os chamados. Em muitos casos, voltam apressados aos lugares de origem, para serem chamados às contas frente a frente, livres da matéria. Então, choram e rangem os dentes, arrependidos, pedindo novas oportunidades, para que possam se reerguer. Muitos deles se desviam de novo. Muitos dos grandes medianeiros do passado, de tanto insistirem nos desvios das suas faculdades, tornaram a apelar para voltar. Eles voltaram em reencarnações dolorosas e estão no mundo rastejando em corpos deformados, envolvidos pela idiotice, para que despertem nos corações o interesse exclusivo de servir sem exigências. Muitos venderam tanto os dons espirituais, que vieram com eles atrofiados...

Esse comércio, companheiro, começa com simples interesse, que vai crescendo de maneira que os dotados dessas faculdades não percebam, por causa da cegueira, e o médium ainda defende os abusos que pratica, dando mau exemplo aos seus companheiros de ideal!

Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes. 

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