Autor espiritual: Humberto de Campos
Ano:
1940
Prefácio:
O Espiritismo no Brasil:
Numerosos companheiros de Allan Kardec já haviam regressado às luzes da espiritualidade, quando inúmeras entidades do serviço de direção dos movimentos espiritistas no planeta deliberaram efetuar um balanço de realizações e de obras em perspectiva, nos arraiais doutrinários, sob a bênção misericordiosa e augusta do Cordeiro de Deus.
Vivia-se, então, no limiar
do século XX, de alma aturdida ante as renovações da indústria e da ciência,
aguardando-se as mais proveitosas edificações para a vida do Globo.
Falava-se aí, nesse conclave
do plano invisível, com respeito à propagação da nova fé, em todas as regiões
do mundo, procurando-se estudar as possibilidades de cada país, no tocante ao
grande serviço de restauração do Cristianismo, sem suas fontes simples e puras.
Após várias considerações,
em torno do assunto, o diretor espiritual da grande reunião falou com segurança
e energia:
“- Irmão de eternidade: no
mundo terrestre, de modo geral, as doutrinas espiritualistas, em sua
complexidade e transcendência, repousam no coração da Ásia adormecida; mas,
precisamos considerar que o Evangelho do Divino Mestre não conseguiu ainda harmonizar
essas variadas correntes de opinião do espiritualismos oriental com a
fraternidade perfeita, em vista de as nações do Oriente se encontrarem
cristalizadas na sua própria grandeza, há alguns milênios.
Em breve, as forças da
violência acordarão esses países que dormem o sono milenário do orgulho, numa
injustificável aristocracia espiritual, a fim de que se integrem na lição da
solidariedade verdadeira, mediante os ensinamentos do Senhor! . . . Urge, pois,
nos voltemos para a Europa e para a América, onde, se campeiam as inquietações
e ansiedades, existe um desejo real de reforma, em favor da grande cooperação
pelo bem comum da coletividade. Certo, essa renovação é sinônima de muitas
dores e dos mais largos tributos de lágrimas e de sangue; mas, sobre as ruínas
da civilização ocidental, deverá florescer no futuro uma sociedade nova, com
base na solidariedade e na paz, em todos os caminhos dos progressos humanos . .
. Examinemos os resultados dos primeiros esforços do Consolador, no Velho
Mundo! . . .”
E os representantes dos
exércitos de operários, que laboram nos diversos países da Europa e da América,
começaram a depor, sobre os seus trabalhos, no congresso do plano invisível,
elucidando-os sinteticamente: -“ A França – exclamava um deles - , berço do
grande missionário e codificador da doutrina, desvela-se pelo esclarecimento da
razão, ampliando os setores da ciência humana, positivando a realidade de nossa
sobrevivência, através dos mais avançados métodos de observação e de pesquisa.
Lá se encontram ainda numerosos mensageiros do Alto, como Denis, Flammarion e
Richet, clareando ao mundo os grandes caminhos filosóficos e científicos do
porvir.”
- “A Grã-Bretanha – afirmava
outro – multiplica os seus centros de estudos e de observação, intensificando as
experiências de Crookes e dissolvendo antigos preconceitos.”
- “A Itália – asseverava
novo mensageiro – teve um Lombroso o início de experiências decisivas. O
próprio Vaticano se interessa pela movimentação das idéias espiritistas no seio
das classes sociais, onde foi estabelecido rigoroso critério de análise no
comércio dos planos invisíveis com o homem terrestre.”
- “A Rússia, bem como outras
regiões do Norte – prosseguia outro emissário -, conseguira com Aksakof a
difusão de nossas verdades consoladoras. Até a corte do Czar se vem
interessando nas experimentações fenomênicas da Doutrina.”
“A Alemanha – afirmava ainda
outro – possui numerosos físicos que se preocupam cientificamente com os
problemas da vida e da morto, enriquecendo os nossos esforços de novas
expressões de experiência e cultura...”
Iam as exposições a essa
altura, quando uma luz doce e misericordiosa inundou o ambiente da reunião de
sumidades do plano espiritual. Todos se calaram, tomados de emoção indizível,
quando uma voz, augusta e suave, falou, através das vibrações radiosas de que
se tocava a grande assembleia:
“Amados meus, não tendes,
para a propagação da palavra do Consolador, senão os recursos da falível
ciência humana? Esquecestes que os excessos de raciocínio prejudicaram o coração
as ovelhas desgarradas do grande rebanho? Não haverá verdade sem humildade e
sem amor, porque toda a realidade do Universo e da vida deve chegar ao
pensamento humano, antes de tudo, pela fé, ao sopro dos seus resplendores
eternos e divinos! . . . Operários do Evangelho: excelente é a ciência bem
intencionada do mundo, mas não esqueçais o coração, em vossos labores sublimes
. . . Procurai a nação da fraternidade e da paz, onde se movimenta o povo mais
emotivo do globo terrestre, e iniciai ali uma tarefa nova. Se o Cristo edificou
a sua igreja sobre a pedra segura e inabalável da fé que remove montanhas e se
o Consolador significa a doutrina luminosa e santa de esperança de redenção
suprema das almas, todos os seus movimentos devem conduzir à caridade, antes de
tudo, porque sem caridade não haverá paz nem salvação para o mundo que se
perde! ...”
Uma copiosa efusão de luzes,
como bênçãos do Divino Mestre, desceu do Alto sobre a grande assembleia, assim
que o apóstolo do Senhor terminou a sua exortação comovida e sincera, luzes
essas que se dirigiam, como aluvião de claridades, para a terra generosa e
grande que repousa sob a luz gloriosa da constelação do Cruzeiro.
E foi assim que a caridade
selou, então, todas as atividades do Espiritismo brasileiro. Seus núcleos, em
todo o país, começaram a representar os centros de eucaristia divina para todos
os desesperados e para todos os sofredores. Multiplicaram-se as tendas de
trabalho do Consolador, em todas as suas cidades prestigiosas, e as receitas
mediúnicas, os conselhos morais, os postos de assistência, as farmácias
homeopatas gratuitas, os passes magnéticos, multiplicaram-se, em todo o Brasil,
para a fusão de todos os trabalhadores, no mesmo ideal de fraternidade e de
redenção pela caridade mais pura.
(Recebida pelo médium
Francisco Cândido Xavier, em 5 de Novembro de 1938.).
Francisco Cândido Xavier
(05 de novembro de 1938)
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