MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO X – OCUPAÇÕES E MISSÕES DOS ESPÍRITOS
574. Qual pode ser, na
Terra, a missão das criaturas voluntariamente inúteis?
“Há
efetivamente pessoas que só para si mesmas vivem e que não sabem tornar-se
úteis ao que quer que seja. São pobres seres dignos de compaixão, porquanto
expiarão duramente sua voluntária inutilidade, começando-lhes muitas vezes, já
nesse mundo, o castigo, pelo aborrecimento e pelo desgosto que a vida lhes
causa.”
a) - Pois que lhes era
facultada a escolha, por que preferiram uma existência que nenhum proveito lhes
traria?
“Entre
os Espíritos também há preguiçosos que recuam diante de uma vida de labor. Deus
consente que assim procedam. Mais tarde compreenderão, à própria custa, os
inconvenientes da inutilidade a que se votaram e serão os primeiros a pedir que
se lhes conceda recuperar o tempo perdido. Pode também acontecer que tenham
escolhido uma vida útil e que hajam recuado diante da execução da obra,
deixando-se levar pelas sugestões dos Espíritos que os induzem a permanecer na
ociosidade.”
Criaturas inúteis
Há criaturas que se julgam
inúteis e que voluntariamente se entregam à inutilidade, como que influenciadas
por outras entidades do mundo espiritual que assim pensam, deixando seus
valores adormecidos, por conta própria. Desta forma, há preguiçosos igualmente
no mundo espiritual, capazes de auto-inutilizar-se por longo tempo. Mas, o
próprio tempo cobrar-lhes-á essa invigilância. Tudo que lhes acontece de
negativo nos caminhos, tornar-se-á motivo para esmorecimento. Mesmo que alguém
os chame para a realidade, sabem desculpar-se com habilidade e tapearem a si
mesmos.
É preciso que se conclua que
ninguém na vida é inútil; Deus não iria criar seres inúteis, por ser Ele mesmo
o fundamento de tudo. Se o Senhor trabalha sem interrupção, como poderia nascer
d'Ele filhos preguiçosos? É, pois, um contrassenso.
Existem muitos Espíritos
encarnados e desencarnados que, julgando-se inúteis, nada desejam fazer, nem
para eles mesmos. São os preguiçosos, e como a lei une os semelhantes, onde se
encontram os detritos aí se reúnem os corvos; os preguiçosos se atraem, e uns
inspiram os outros. Os encarnados falam que estão sofrendo influência dos
desencarnados, e estes alegam o contrário. A verdade é que os dois lados da
vida permutam e alimentam a inércia na atmosfera que criam para viver.
Se a vida é movimento, quem
para se aproxima da morte. O trabalho, em toda parte da criação, é sinônimo de
alegria e felicidade. Onde há trabalho há paz, e o crescimento espiritual está
ligado ao labor. Jesus já dizia:"- Eu trabalho e meu Pai opera
sempre". Não existe criatura alguma inútil; mesmo as doentes podem fazer
algo, estudando as condições que possuem. Não penses em paralisar, se por acaso
se aproxima tua aposentadoria. Isso acontecendo, procura outro trabalho a
fazer, e bom será que sejas um voluntário no amor. Quantas casas de velhos e
crianças existem, às vezes perto de ti, pedindo mãos operosas, na limpeza e na
orientação, como vigia ou como canal para procurar recursos? São convites que
Deus faz pela expressão do que pode ser. Não percas o tempo que te chama para a
caridade. Se já trabalhaste muito nos serviços dos homens, recebendo por isto,
de agora em diante, trabalha para Deus e Jesus. Fazendo isto, o teu salário
será outro, será aquele que a ferrugem não gasta, nem a traça corrói.
Se tens tendência para a
preguiça, esforça-te para saíres deste campo da inércia, porque depois pagarás
caro, em outra vida, que te pode ser imposta com duros trabalhos, com a
finalidade de recuperares tuas forças. O trabalho com amor induz-nos para a
esperança e a alegria. Se existe algum irmão desencarnado que te inspira para a
ociosidade, ora por ele, por não saber o que fazer com as possibilidades que
Deus lhe deu.
Não é somente o desencarnado
que pode ajudar o encarnado: a ajuda parte do mais elevado. Entrelacemos, pois,
as mãos, encarnados e fora da carne, e procuremos o Cristo, que Ele já nos
procurou há muito tempo. Quem acompanha Jesus não fica parado; movimenta-se
sempre no bem e para o bem da coletividade.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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