AS LEIS
MORAIS
CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE
Liberdade natural
828. Como se podem conciliar
as opiniões liberais de certos homens com o despotismo que costumam exercer no
seu lar e sobre os seus subordinados?
“Eles
têm a compreensão da lei natural, mas contrabalançada pelo orgulho e pelo egoísmo.
Quando não representam calculadamente uma comédia, sustentando princípios liberais,
compreendem como as coisas devem ser, mas não as fazem assim.”
a) - Ser-lhes-ão, na outra
vida, levados em conta os princípios que professaram neste mundo?
“Quanto
mais inteligência tem o homem para compreender um princípio, tanto menos escusável
é de o não aplicar a si mesmo. Em verdade vos digo que o homem simples, porém
sincero, está mais adiantado no caminho de Deus, do que um que pretenda parecer
o que não é.”
Liberalidade
A palavra é força poderosa
em todas as suas ressonâncias, no entanto, nem sempre o que se fala corresponde
à vivência. É muito comum a criatura anunciar certas verdades, porém, se
encontrar longe delas. Grandes homens comumente são liberais com os estranhos e
carrascos com a própria família. Esforçam-se e, por vezes, sofrem para
parecerem o que não são para os outros, por simples necessidade de manter a
posição, mas os pensamentos que partem da sua realidade interna agitam em
direção àqueles que vivem com eles, desfazendo dos esforços alheios que os
ajudam no dia-a-dia. Esta é a verdade, entretanto, a vida não os despreza,
procurando daqui e dali meios de os educar, pois este é o destino de todas as
almas criadas por Deus.
A teoria quase sempre vem
primeiro para os estudiosos da verdade, e os teóricos sabem das leis, mas não
as vivem. É dessa falta que eles sofrem as consequências, que a mesma lei os
castiga sem remissão. Os agentes de Deus têm tolerância para com essa faixa de
almas, que representa quase toda a população da Terra, por saberem que não irão
viver nessa postura eternamente. Algum dia, usarão as suas próprias forças para
se corrigirem. As almas iluminadas, voltando ao passado, observamos que elas
também passaram pelos mesmos processos de reajustamento espiritual. O "não
julgueis para não serdes julgados" é ponto divino sobre como amar, ainda
mais aos que não despertaram para o amor.
O Mestre dos mestres, que
poderemos considerar como o canal da misericórdia para a humanidade, aliviava
as faltas dos homens e, por vezes, lhes perdoava os pecados, não no sentido
exato da palavra, porque misericórdia é alívio. Ele dizia quase sempre quando
curava um enfermo: "Vai, e não tornes a pecar". E Lucas anotou no
capítulo cinco, versículo vinte e três:
Qual é mais fácil, dizer:
Estão perdoados os teus
pecados, ou levanta-te e anda?
Jesus aplicava todos os
meios possíveis para aliviar e mesmo curar os enfermos dos seus males. Ò Senhor
era liberal com todas as criaturas, por saber que todos são iguais, na
igualdade com que Deus os criou. Os mais adiantados nos caminhos da
espiritualidade são aqueles que usam teoria, sem esquecerem o esforço de viver
o que falam e pregam aos outros. Podemos observar nesse tipo de Espírito a
maturidade à vista.
Aquele que pretende parecer
desperto em seus valores e não o é, engana-se a si mesmo, mas, como todo engano
é breve, ele mesmo desconfia do seu comportamento, e a dor, os infortúnios e
todos os tipos de problemas, fazem com que ele modifique o modo pelo qual vive,
ganhando condições no trabalho de libertação, para se libertar definitivamente.
Deus sabe, e todos os
benfeitores espirituais reconhecem, que não existe outra marcha em se estudando
a ascensão dos Espíritos. Os recursos que têm para educar os homens, visam
mostrar que devem se esforçar para melhorar, porém, sabemos que isso se
processa passo a passo, na esteira do tempo.
Convém notar que todos
passam por esses processos, e quem mais sabe disto é o Criador. Em todos os
lances de Jesus, quando esteve na Terra junto aos homens, sentimos a irradiação
da sua tolerância para com aqueles que descuidam da vivência das leis naturais,
e isso ocorreu com os próprios discípulos do seu coração.
A liberalidade e a
fraternidade devem ser exercitadas em todas as direções do viver, para que a
vida se torne o verdadeiro amor.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário