AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE
Escravidão
830. Quando a escravidão faz
parte dos costumes de um povo, são censuráveis os que dela aproveitam, embora
só o façam conformando-se com um uso que lhes parece natural?
“O
mal é sempre o mal e não há sofisma que faça se torne boa uma ação má. A
responsabilidade, porém, do mal é relativa aos meios de que o homem disponha
para compreendê-lo. Aquele que tira proveito da lei da escravidão é sempre
culpado de violação da lei da Natureza. Mas, aí, como em tudo, a culpabilidade
é relativa. Tendo-se a escravidão introduzido nos costumes de certos povos,
possível se tornou que, de boa-fé, o homem se aproveitasse dela como de uma
coisa que lhe parecia natural. Entretanto, desde que, mais desenvolvida e,
sobretudo, esclarecida pelas luzes do Cristianismo, sua razão lhe mostrou que o
escravo era um seu igual perante Deus, nenhuma desculpa mais ele tem.”
Costumes
As leis de um povo são de acordo com as suas necessidades educativas, e como amostra disso podemos notar as diferenças de país para país. No entanto, elas vão se modificando com as mudanças dos homens.
Se uma nação for recebendo
mais almas primitivas, ou envolvidas em dividas do passado, as leis vão se
arrochando cada vez mais, para que elas possam saldar o débito dos seus
deslizes. Mas, tudo isso são processos de despertamento das qualidades
espirituais das almas em questão. O que se chama de mal são sempre esses
processos. Em todas as circunstâncias, em tudo, eles aparecem para desentulhar
os caminhos e tornar os Espíritos melhores. Quando se destrói uma mata,
parece-nos um mal, no entanto, é dali que surgirá a alimentação das criaturas.
Como se pode fazer o plantio no seio da mata virgem? É preciso que se destrua,
em muitos casos, para construir. A casa velha, quando destruída para fazer
levantar uma nova, modificada e bem mais saudável. Os corpos, igualmente, são
destruídos, para que a alma receba novo corpo com novas possibilidades de se
reerguer.
As leis estabelecidas em um
país, quando não mais necessárias, são substituídas por outras mais
aprimoradas. Não vamos colocar Deus como carrasco, por esse motivo; nós é que
não sabemos, na profundidade, o que são essas mesmas leis que se encontram em
vigor e o bem que fazem para os que a elas estão sujeitos.
Não se deve somente olhar
para trás. Se há alguém sofrendo no mundo, que se faça qual Jesus: trabalhe-se
para o aprimoramento dessa criatura e que não se passe com isso a viver o que
ela vive. A compaixão desmedida retrocede os próprios sentimentos. Cada um
recebe o que merece na pauta do tempo.
Estudemos em Lucas, no
capítulo nove, versículo sessenta e dois, a seguinte instrução:
Mas Jesus lhes replicou:
Ninguém que tendo posto a mão no arado, olha para trás, é apto para o reino de
Deus.
Olhar para trás, para os
acontecimentos do passado e viver esse passado distante não é ato digno de
elevar-nos, por ficarmos presos ao que se foi. Nós mesmos é que nos
escravizamos pela ignorância.
Aquele que escraviza as
criaturas se encontra, por lei, ligado a elas. Tanto um como o outro sofre as
consequências. O guarda de um presídio é obrigado a se manter ao lado do preso,
e ambos se encontram ligados um ao outro, respirando no mesmo ambiente. Até os
diretores vivem aquele clima de crimes e de toda a ordem de desvios da lei.
O Cristo veio para nos dar
uma nova noção de liberdade, tirando o homem da escravidão da Terra,
colocando-o na obediência a Deus. No fundo, todos somos dependentes uns dos
outros, no que tange às necessidades, principalmente no mundo em que nos
encontramos, dando nossos testemunhos. Se não queremos ser escravos, basta que
amemos aos que nos escravizam. Entendamos essa lei de amor, que ficaremos livres.
Certamente que todas as
criaturas querem ser perfeitamente livres, até mesmo das leis que as
disciplinam, todavia, ainda não podem ter essa liberdade. Somente Deus tem a
liberdade absoluta, porque Ele cria as condições que deseja para a Sua vida.
Nunca seremos livres,
totalmente livres. A dependência a Deus é eterna e, de certo modo, estamos
sempre ligados uns aos outros, porque os Espíritos, mesmo os mais evoluídos,
trabalham em conjunto; o que nos traz a liberdade interna é o cumprimento das
leis de Deus, às quais o amor serve de veículo.
Não devemos nos preocupar
com os costumes dos povos, mesmo os mais primitivos, que eles asseguram, onde
servem de lei, certa paz para os que vivem em conjunto por sintonia.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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