AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE
Livre-arbítrio
845. Não constituem
obstáculos ao exercício do livre-arbítrio as predisposições instintivas que o
homem já traz consigo ao nascer?
“As
predisposições instintivas são as do Espírito antes de encarnar. Conforme seja
este mais ou menos adiantado, elas podem arrastá-las à prática de atos
repreensíveis, no que será secundado pelos Espíritos que simpatizam com essas
disposições. Não há, porém, arrastamento irresistível, uma vez que se tenha a
vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder.” (361)
Predisposições instintivas
As predisposições
instintivas do Espírito, quando toma um corpo físico, são as qualidades boas ou
más do Espírito. Vivendo com essa alma, podemos reconhecer a sua estrutura
espiritual.
Quando se fala que o ambiente em que o homem vive o influencia, trata-se de uma parcela diminuta, por vezes nada. Quando o Espírito tem sua evolução voltada para o bem, dá-se o contrário: quanto mais instigada para o mal, mais faz o bem, por já ter se conscientizado dos frutos que o amor produz.
O Espírito recebe o corpo
que merece e ele se organiza de acordo com a estrutura do ser espiritual que
nele vai reencarnar. Se atiramos um diamante no lamaçal, ele não deixa de ser
diamante; logo que for dali retirado, mostrará o seu brilho e consistência.
A vida na Terra é como que
uma escola permanente, onde a alma aprende, passo a passo, as primeiras letras
do abecedário espiritual, na vivência. Os últimos toques de libertação são,
pois, nos liames da carne, provando suas qualidades para novas caminhadas que a
gradação das revelações irá mostrando aos que nela se encontram aprendendo.
O Espírito mais adiantado,
onde quer que esteja, mostra a sua elevação espiritual. A verdade é para ser
conhecida por todos os seres. Deus não tem privilegiados. As próprias entidades
angelicais já passaram pelos caminhos que os homens estão trilhando. Esta
verdade pode nos dar mais esperança e animar-nos cada vez mais nas lutas da
carne.
Quando as paixões inferiores
arrastam os homens para determinadas práticas repreensíveis, é porque são
Espíritos ainda ligados a elas por natureza íntima. Não podemos culpar as almas
desencarnadas que têm as mesmas paixões, porque elas se aproximam das criaturas
por afinidade de pensamentos e obras, nas mesmas faixas de vida. Não há invasão
do domicílio da alma, sem convite. Quando observamos almas unidas, é pela força
da simpatia. Os iguais se congregam no mesmo clima que respiram; isso é a
justiça em plena coerência com os princípios elaborados por Deus, de que
somente recebemos o que merecemos. Não há arrastamento irresistível de alma
para alma.
O que buscamos pelos
processos da vida, encontramos pelos processos da justiça de Deus. É o
"pedi e obtereis", é o "batei e abrir-se-vos-á". A nossa
predisposição é, pois, condicionamento de vidas e mais vidas que tivemos,
alimentando ideias e acumulando forças, por vezes negativas, que sobem à mente.
Daí, lhe darmos o nome de predisposição instintiva, que a mente positiva recebe
do centro da consciência e transforma em atos, até que o Espírito descubra a
fonte dos seus sofrimentos e passe a se corrigir, certo de que o Cristo
constitui força indispensável, que oferece os meios de combater esses miasmas
que turvam a alma e a cega.
A Doutrina Espírita é o
Cristo de volta, como o fez no terceiro dia após o drama do Calvário, de modo
que os Seus braços de luz possam alcançar a humanidade inteira.
As religiões do passado são
como diz Paulo aos Romanos, no capítulo dois, versículo vinte e três: Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus
pela transgressão da lei?
As velhas religiões que se
esqueceram da verdade, glorificam a lei e pregam, de certo modo, as leis de
Deus, mas esquecem de praticá-las no dia-a-dia, desonrando a Deus pela
vivência. Mas, Deus e Jesus mostram a elas por meios variáveis que já é época
de viver o que se prega, sendo o exemplo a luz da palavra. Agora, com o
despertamento mesmo parcial das criaturas, podemos dizer que querer é poder.
Querendo, poderemos alcançar o entendimento, que Jesus nos trouxe pela vontade
de Deus.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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