AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE
Livre-arbítrio
849. Qual a faculdade
predominante no homem em estado de selvageria: o instinto, ou o livre-arbítrio?
“O
instinto, o que não o impede de agir com inteira liberdade, no tocante a certas
coisas. Mas, aplica, como a criança, essa liberdade às suas necessidades e ela
se amplia com a inteligência. Conseguintemente, tu, que és mais esclarecido do
que um selvagem, também és mais responsável pelo que fazes do que um selvagem o
é pelos seus atos.”
Faculdade predominante
A faculdade predominante no
selvagem, certamente que é o instinto, impulso que parte de Deus para as
necessidades do homem primitivo, como também dos animais. No entanto, ele
evolui cada vez mais, de acordo com o crescimento do homem em busca da razão
mais esclarecida. Mesmo assim, o instinto não desaparece no homem; ele se desenvolve,
alcançando o estado que se chama raciocínio e se expressando como inteligência,
de modo que a criatura se torna mais responsável pelos seus atos.
A razão, com o percorrerdes milênios, se transforma em intuição, que igualmente domina uma escala, até chegar ao ponto de a alma intuitiva do futuro não precisar mais da razão, por simplesmente saber, ou seja, a alma dispensará o raciocínio para concluir, porque já sabe.
A faculdade predominante no
selvagem é o instinto, e a predominante no intelectual é a inteligência, que
trabalha como razão na engrenagem da mente. O homem civilizado é mais
responsável pelos seus atos do que o animal, destituído totalmente de
raciocínio. No selvagem, a razão começa a desabrochar, assim como no civilizado
existe algo de intuição começando a crescer.
A liberdade, mesmo relativa,
nasce e cresce com a alma, dotando-a de algo mais, do que a natureza divina é
pródiga. Porém, a liberdade diante de Deus é sempre relativa, porque dependemos
do Pai para sempre. Quanto mais crescemos, mais fazemos a Sua vontade. Quando
necessário, sejamos evoluídos ou atrasados, somos enviados para outros mundos,
se precisamos buscar neles experiências que não podemos realizar na Terra. E é
por mandato de Jesus que assim se processa.
Vamos consultar o Evangelho,
em João, no capítulo dez, versículo dezoito: Ninguém a tira de mim, pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho
autoridade para entregar e também para reavê-la. Este mandato, recebi de meu
Pai.
O Espírito, quando é
preciso, Jesus o envia para outras casas no universo, mas torna a buscá-lo, por
fazer parte do rebanho que Ele tanto ama. Vamos trabalhar e compreender, para
que as faculdades predominantes em nós sejam as virtudes espirituais tão
afloradas nos santos quanto nos sábios. Esse é, pois, o caminho a que todos
estamos destinados a seguir. Entrementes, não podemos desdenhar dos que se
encontram na retaguarda, porque também nós outros passamos por lá, tendo
recebido tantas bênçãos nos próprios desequilíbrios!
O selvagem é uma criança
espiritual; o homem primitivo é quase igual ao animal, tocado pelos instintos
mais profundos, mas, o tempo dota-o de melhores condições no correr dos anos,
porque também ele é filho de Deus, dotado de todas as qualidades espirituais
que os Espíritos elevados desfrutam agora no reino da luz. A criança, com a
idade não se torna adulto? Assim é o selvagem de hoje; no amanhã, passará a ser
civilizado, e depois espiritualizado. Essa é a lei de amor e de justiça, que
olha a tudo que Deus criou com o mesmo carinho e a mesma graça.
Tu que te encontras na
sociedade e és mais esclarecido do que o selvagem, ajuda-o, de modo que ele
reconheça a necessidade de melhorar. Dentro dele existe, em germe, a luz que
pode levá-lo ao conhecimento da verdade. Não percas a oportunidade de ajudar,
porque tu também já foste ajudado por outros que estão à tua dianteira.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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