AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE
Fatalidade
855. Com que fim nos faz a
Providência correr perigos que nenhuma consequência devem ter?
“O
fato de ser a tua vida posta em perigo constitui um aviso que tu mesmo
desejaste, a fim de te desviares do mal e te tornares melhor. Se escapas desse
perigo, quando ainda sob a impressão do risco que correste, de te melhorares, conforme
seja mais ou menos forte sobre ti a influência dos Espíritos bons. Sobrevindo o
mau Espírito (digo mau, subentendendo o mal que ainda existe nele), entras a
pensar que do mesmo modo escaparás a outros perigos e deixas que de novo tuas
paixões se desencadeiem. Por meio dos perigos que correis, Deus vos lembra a
vossa fraqueza e a fragilidade da vossa existência. Se examinardes a causa e a
natureza do perigo, verificareis que, quase sempre, suas consequências teriam
sido a punição de uma falta cometida ou da negligência no cumprimento de um dever.
Deus, por essa forma, exorta o Espírito a cair em si e a se emendar.” (526-532)
Finalidade dos perigos
A humanidade se encontra em perigo constantemente, para que possa aprender a se defender por si mesma. Somente lutando, o soldado torna-se eficiente em novos campos de batalha. O próprio corpo humano, na sua primorosa constituição, nos mostra a variedade de lutas dentro de si, para o seu aperfeiçoamento e sua harmonia. Fora dele é a mesma coisa: a alma está sempre em perigo de todas as ordens e para que possa livrar-se de todos eles, Deus criou as leis que podem lhe servir de defesa em todas essas lutas.
Se o ódio investe contra os
corações, a sabedoria espiritual nos inspira para amar aqueles que nos odeiam e
caluniam. Se somos feridos em todas as nossas andanças, o nosso dever é perdoar
como nos ensinou Jesus, esquecendo todas as faltas, porque desta maneira o
ofensor passa a ser nosso amigo. Nesta linha de ação, devemos continuar, pois
essa é a defesa do cristão. A mediunidade inspirada no Cristo de Deus oferece
muitos meios que podem assegurar a proteção contra todas as investidas das
trevas. Não penses, porém, que basta te encontrares com o Evangelho nas mãos;
necessário se faz que ele esteja no coração, onde é refletido nos atos de todos
os dias, minutos e segundos.
O Espírito deve se encontrar
permanentemente vigilante em todos os seus caminhos, mesmo nos pensamentos que
surgem em suas mentes. A razão o induz para escolher e alimentar os que forem
da ordem que o Evangelho nos inspira. A escolha é nossa. Se existe o Cristo
dentro de nós, deixemos que Ele se levante em nossos corações, mas isso somente
é feito pela nossa maturidade, pela nossa vontade. Desta forma, teremos toda a
segurança, em nos despertando para a vida, conhecendo as leis espirituais. João
nos relata desta forma, no capítulo oito, versículo vinte e oito:
Disse-lhes, Jesus:
Quando levantardes o filho
do homem, então sabereis quem eu sou, e que nada faço por mim mesmo; mas falo
como o Pai me ensinou.
O filho do homem, como diz o
apóstolo reproduzindo a conversa de Jesus, se levanta sempre dentro e fora de
nós, a nos instruir e educar, mas Ele se levanta por muitos meios, e devemos
estar preparados para conhecer o despertar na alma. Com que fim, qual é a
finalidade de Jesus se expressar nos nossos caminhos internos e externos? é
para reconhecermos os nossos deveres ante as nossas promessas, e o Mestre nos
faz reconhecer a verdade, conhecendo e amando a Deus em todas as coisas. Aí
estão todas as leis e todas as falas dos grandes profetas.
Os perigos que a vida te
mostra e que a própria vida te ajuda a te livrares deles, faz a alma meditar
nos seus deveres e em todas essas fases o Espírito passa a melhorar, estando em
comunhão com os seus deveres, que vibram com mais intensidade na ação do perigo
de morte à vista. Se perguntares por que esses meios de aperfeiçoamento das
criaturas, digo-te que não sei; só Deus sabe porque achou melhor esse tipo de
educação das almas.
Não temos o direito e não
podemos julgar as obras do Criador. Apega-te à oração nos momentos da dúvida,
que a mente clareará e te sentirás feliz, dentro da felicidade dos que já a
alcançaram.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
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