MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VIII – EMANCIPAÇÃO DA ALMA
Sonambulismo
437. Posto que o que se dá,
nos fenômenos sonambúlicos, é que a alma se transporta, como pode o sonâmbulo
experimentar no corpo as sensações do frio e do calor existentes no lugar onde
se acha sua alma, muitas vezes bem distante do seu invólucro?
“A
alma, em tais casos, não tem deixado inteiramente o corpo; conserva-se-lhe
presa pelo laço que os liga e que então desempenha o papel de condutor das
sensações. Quando duas pessoas se comunicam de uma cidade para outra, por meio
da eletricidade, esta constitui o laço que lhes liga os pensamentos. Daí vem
que confabulam como se estivessem ao lado uma da outra.”
As sensações
Quando o sonâmbulo se
encontra em transe, o corpo reflete as sensações da alma, do modo que ela se
encontra agindo no mundo dos Espíritos. Isso é prova de que ela está ligada ao corpo
por fios invisíveis, o chamado cordão fluídico, cordão de prata ou fio vida;
são vários os sinônimos.
Esse cordão de prata serve
de canal para as sensações do Espírito, quando esse se acha em viagem,
observando o que mais lhe interessa na grande casa de Deus. A sua verdadeira
função é manter a vida do corpo quando o Espírito sai por instantes, pelo sono,
no sonambulismo, em viagem astral, ou êxtase. Os seres humanos ainda têm muito
que estudar sobre esse laço que prende o Espírito ao corpo, com todos os seus
corpos de luz. Somente o tempo, a boa vontade dos homens e as bênçãos de Deus
podem ir retirando o véu que encobre esses segredos da natureza divina e
humana, para a própria felicidade.
É bom que todos os seres,
pelo menos os que já acreditam que a vida continua, meditem na possibilidade de
compreenderem mais um pouco do corpo de carne que lhe serve, essa maravilha das
maravilhas, para que possam começar a entender um pouco mais dos outros corpos
dos quais o Espírito se serve para movimentar-se e ganhar mais luz dentro da
luz de Deus.
Observemos que quando
sonhamos e depois que acordamos temos sensações em compatibilidade com o sonho.
É que, quando se retoma ao corpo, essas sensações já se encontram vibrando no
fardo físico, pois elas vieram na frente, por irradiação da mente que as
transmitiu. Com menos intensidade quando acordado, pode-se observar o mesmo
fenômeno. A mente é transmissora do que vê e ouve com exatidão, para as fibras
mais sensíveis do corpo de carne.
É nesse sentido que chamamos
a atenção dos encarnados, mostrando os horizontes da mente humana, até onde ela
pode atingir com o seu poder mental. A força dos pensamentos em se criando
ideias, pode levantar caídos ou derrubar os que se encontram em pé, vacilantes.
Podemos formar sensações nos que nos ouvem pela palavra. Ela vibra nas dimensões
da alma e, ainda mais, ela transmite imagens das quais o receptor guarda com
frequência todos os moldes, para depois remoer, como faz o gado vacum no
segundo contato com os seus alimentos. Se as ideias de fora podem nos inspirar,
somos responsáveis pelas consequências que advierem desses fatos. Devemos
portanto, educar as nossas sensações, venham elas de onde vierem.
A força das sensações é
poderosa; primeiramente ela atinge a intimidade dos que formam essas modulações
dos pensamentos, depois, sai com vigor para quem nos ouve e observa. Observemos
quando duas pessoas se encontram falando ao telefone: a eletricidade transmite
os pensamentos de quem fala para quem ouve, e forma sensações nas duas criaturas.
Cria-se, é o que se sabe, um campo magnético entre as ditas almas, onde são
transmitidas as energias sublimadas ou o magnetismo inferior. Tudo é de acordo
com os sentimentos que levam o assunto de um para o outro.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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