Autor espiritual: André Luiz
Ano: 1957
Prefácio:
Ante o Centenário
A 18 de abril de 1957, a
Codificação Kardequiana, sob a égide do Cristo de Deus, celebrará o seu
primeiro centenário de valiosos serviços à Humanidade terrestre.
Um século de trabalho, de
renovação e de luz...
Para contribuir nas
homenagens ao memorável acontecimento, grafou André Luiz as páginas deste
livro.
Escrevendo-o nosso amigo
desvelou uma nesga das regiões inferiores a que se projeta a consciência
culpada, além do corpo físico, para definir a importância da existência carnal,
como sendo verdadeiro favor da Divina Misericórdia, a fim de que nos adaptemos
ao mecanismo da Justiça Indefectível.
É por isso entretece os fios de suas considerações com a narrativa das relações entre a esfera dos Espíritos encarnados e os círculos de purgação onde se demoram os companheiros desenfaixados da carne, que se acumpliciaram na delinquência, criando, pelos desvarios da própria conduta, o inferno exterior, que nada mais é que o reflexo de nós mesmos, quando, pelo relaxamento e pela crueldade , nos entregamos à prática de ações deprimentes, que nos constrangem a temporária segregação nos resultados deploráveis de nossos próprios erros.
Von Liszt, eminente
criminalista dos tempos modernos, observa que o Estado, em sua expressão de
organismo superior, e excetuando-se, como é claro, os grupos criminosos que por
vezes transitoriamente o arrastam a funesto abusos do poder, não prescinde da
pena, a fim de sustentar a ordem jurídica. A necessidade da conservação do
próprio Estado justifica a pena. Com essa conclusão, apagam-se, quase que
totalmente, as antigas controvérsias entre as teorias de Direito Penal, de vez
que, nesse ou naquele clima de arregimação política, a tendência a punir é
congenial ao homem comum, em face da necessidade de manter, tanto quanto
possível, a intangibilidade da ordem no plano coletivo.
André Luiz, contudo, faz-nos
sentir que o Espiritismo revela uma concepção de ainda mais ampla.
A criatura não se encontra
simplesmente subordinada ao critério dos penólogos do mundo, categorizados à
conta de cirurgiões eficientes no tratamento ou na extirpação da gangrena social. Quanto mais
esclarecida a criatura tanto mais responsável, entregue naturalmente aos
arestos da própria consciência, na Terra ou fora dela, toda vez que se envolve
nos espinheiros da culpa.
Suas páginas, desse modo,
guardam o objetivo de salientar que os princípios codificados por Allan Kardec
abrem uma nova era para o espírito humano, compelindo-o à auscultação de si
mesmo, no reajuste dos caminhos traçados por Jesus ao verdadeiro progresso da
alma, e explicam que o Espiritismo, por isso mesmo, é o disciplinador de nossa
liberdade, não apenas para que tenhamos na Terra uma vida social dignificante,
mas também para que mantenhamos, no campo do espírito, uma vida individual
harmoniosa, devidamente ajustada aos impositivos da Vida Universal Perfeita,
consoante as normas de Eterna Justiça, elaboradas pelo supremo equilíbrio das
leis de Deus.
Eis por que, apresentando-as
ao leitor amigo, reconhecemos nos postulados que abraçamos não somente um
santuário de consolações sublimes, mas também um templo de responsabilidade
definidas, para considerar que a reencarnação é um estágio sagrado de
recapitulação das nossas experiências e que a Doutrina Espírita, revivendo o
Evangelho do Senhor, é facho resplendente na estrada evolutiva, ajudando-nos a
regenerar o próprio destino, para a edificação da felicidade real.
Em síntese, demonstra-nos o
Autor que as nossas possibilidades de hoje nos vinculam às sombras de ontem,
exigindo-nos trabalho infatigável no bem, para a construção do Amanhã, sobre as
bases redentoras do Cristo.
Exaltando, assim, os méritos
inestimáveis da obra de Allan Kardec, saudamos-lhe, comovidamente, o abençoado
centenário.
Emmanuel
(Pedro Leopoldo, 1. de Janeiro de 1957)
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