O receio da pisão

Os sustos e apreensões de Chico, no decorrer do processo Humberto de Campos, foram enormes, acrescidos pela pouca experiência no que tange à justiça terrena.


Ao receber no Rio de Janeiro, uma carta precatória convocando-o a depor, os falatórios dos moradores da sua pequena cidade a respeito de sua iminente prisão, deixam-no apavorado. Nesta hora, esqueceu-se de tudo. Pensou mesmo em “dar um jeitinho”de salvar a pele.

Não tendo a quem apelar, para maior esclarecimento sobre o assunto, só lhe restava, muito a contragosto, orar e acalmar-se e implorar a Deus, aguardando o que viesse. Quem sabe a cadeia, humilhações, desprezos, chacotas. Nossa imaginação é sempre muito fértil numa hora desta!

Terminada a prece, Emmanuel vem em seu auxílio. Ele não lhe deu sequer tempo de pronunciar uma só palavra. Foi logo apelando:

- Meu Pai! Será que serei preso aqui, em Belo Horizonte, ou no Rio de Janeiro? Estou receoso e apreensivo. Se for aqui, talvez sofra menos, porque sou conhecido e todos os irmãos são piedosos e compreensivos, mas se for no Rio?

- Meu filho, você é uma planta muito fraca para suportar a força das ventanias...Tem ainda muito que lutar para um dia merecer ser preso e morrer pelo Cristo.

Ouvindo esta pequena, mas objetiva lição, ele caiu em prantos, disposto a aceitar corajosamente qualquer provação; sua fé aumentou, tornou-se inexpugnável. Na verdade, ninguém podia criticá-lo. Ser humano, como qualquer um de nós, era natural que se sentisse apavorado e perdido frente a tal inquérito. Não sabemos se cabe a lembrança mas Cristo, na cruz, teve também seu momento de angústia ao exclamar:

 “Pai, porque me abandonaste?” 

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