O anjo bom

A família de Chico Xavier. Pedro Leopoldo, MG. Chico, o terceiro a partir da esquerda, ao lado do pai.
Foto fornecida por Jhon Harley M. Marques.

Dois anos de surras incessantes. 

Dois anos vivera o Chico junto da madrinha. 

Numa tarde muito fria, quando entrou em colóquio com Dona Maria João de Deus, Chico implorou: 

— Mamãe, se a senhora vem nos ver, porque não me retira daqui? 

O Espírito carinhoso afagou-o e perguntou: 

— Por que está você tão aflito? Tudo, no mundo, obedece à vontade de Deus. 

— Mas a senhora sabe que nos faz muita falta... 

A Mãezinha consolou-o e explicou: 

— Não perca a paciência. Pedi a Jesus para enviar um anjo bom que tome conta de vocês todos. 

E sempre que revia a progenitora, o menino indagava: 

— Mamãe, quando é que o anjo chegará? 

— Espere, meu filho! — era a resposta de sempre. 

Decorridos dois meses, o Sr. João Cândido Xavier resolveu casar-se em segundas núpcias. E Dona Cidália Batista, a segunda esposa, reclamou os filhos de Dona Maria João de Deus, que se achavam espalhados em casas diversas. 

Foi assim que a nobre senhora mandou buscar também o Chico. 

Quando a criança voltou ao antigo lar contemplou a madrasta que lhe estendia as mãos. 

Dona Cidália abraçou-o e beijou-o com ternura e perguntou: 

— Meu Deus, onde estava este menino com a barriga deste jeito? 

Chico, encorajado com o carinho dela, abraçou-a também, como o pássaro que sentia saudades do ninho perdido. 

A madrasta bondosa fitou-o bem nos olhos e indagou: 

— Você sabe quem sou, meu filho? 

— Sei sim. A senhora é o anjo bom de que minha mãe já falou... 

E, desde então, entre os dois, brilhou o amor puro com que o Chico seguiu a segunda mãe, até à morte.  

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