MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VIII – EMANCIPAÇÃO DA ALMA
Êxtase
444. Que confiança se pode
depositar nas revelações dos extáticos?
“O
extático está sujeito a enganar-se muito frequentemente, sobretudo quando
pretende penetrar no que deva continuar a ser mistério para o homem, porque,
então, se deixa levar pela corrente das suas próprias ideias, ou se torna
joguete de Espíritos mistificadores, que se aproveitam da sua exaltação para fasciná-lo.”
Confiança nas revelações
Não devemos simplesmente
confiar nas revelações que nos trazem os extáticos, mas, fazer uma correção
naquilo que ouvimos em caráter de revelação. Se tudo na Terra está sujeito ao
erro, a razão nos diz para observarmos com critério o que vem ao nosso
encontro. A nossa própria consciência tem a capacidade de discernimento
bastante para selecionar o que podemos guardar do que ouvimos ou lemos.
O extático pode enganar-se, porque ele fica mais livre no transe, e a sua vontade prevalece em muitos aspectos. Por vezes, ele quer revelar coisas que devem ficar em segredo e, assim, será escondida a verdade. Nesse ínterim, os Espíritos malfazejos entram no espaço criado pela vaidade e fazem revelações espetaculares, por não se importarem com as consequências que advirão dos seus erros.
O médium deve conhecer as
leis de Deus, orar, mas vigiar de forma a não passar dos limites no tocante às
revelações. É melhor falar de menos do que pretender passar dos limites. A
desmoralização de um extático vem pela vaidade, mostrando o que não deve aos
que brincam com os acontecimentos, aos curiosos e especuladores dos segredos de
Deus.
A parcimônia deve fazer
parte da vida do sensitivo, que nunca deve desejar auto-valorizar-se. Tudo
pertence a Deus e a Ele cabe mostrar o que deve ser revelado. Lembremo-nos que
Jesus poderia falar muito mais do que disse sobre o futuro da humanidade, mas,
reservou tempo para que o homem pudesse descobrir pelas próprias
experimentações e pelo estudo dos efeitos que o dia-a-dia dá testemunho.
A verdade é muito difícil de
ser anunciada. Se bem podemos analisar, observemos que, a quantas pessoas,
vendo a verdade, lhes falta a capacidade de descrevê-la, e se perdem no
emaranhado dos acontecimentos. Se ao apresentarmos os fatos verídicos, sentimos
dificuldades em contá-los, muito mais difícil é revelar os fatos por acontecer,
vistos no mundo espiritual em estado de transe; uma coisa pode parecer outra.
Quantos profetas existem
fazendo revelações por toda parte?! Muitos e muitos, mas, Jesus já advertiu
sobre os falsos profetas. Ainda disse que é necessário o escândalo, afirmando
adiante que ai daquele que escandalizar. Se tudo tem uma razão de ser, não
devemos ficar ansiosos com os acontecimentos, mas analisarmos todos os fatos e
deles tirar o melhor para a nossa paz. A confiança é uma ciência divina, porém,
devemos aprender como convém confiar. Os caminhos são diversos, entretanto,
muitos deles abrigam armadilhas onde os lobos fazem esconderijos.
Não devemos nos ofender com
as mentiras que possamos escutar; elas, com o tempo, poderão se transformar em
verdade, e debatendo contra elas podemos nos envolver nas suas ondas antes que
elas mudem. Vejamos bem o carvão: é um falso diamante, mas, o tempo lhe muda a
estrutura, e no porvir, ele pode brilhar como tal.
O extático que não se vigia,
pode ser levado pelas suas próprias ideias e misturar as belezas imortais com
as escórias humanas. As faculdades são simples, porém, vibrantes, e na sua
sensibilidade podem tomar o caráter humano e se apresentar a cegueira. O “daí
de graça, pelo que de graça recebeis, é ponto firme para a nossa segurança
espiritual. A persistência no bem é força valorosa, e a caridade nos garante as
forças em todos os caminhos a percorrer. Se desejamos saber o melhor, amemo-nos
sempre, a tudo e a todos, com a mesma paz que Jesus nos ensinou.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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