O livro dos espíritos. Questão 450

MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO VIII – EMANCIPAÇÃO DA ALMA

Dupla vista

450. A dupla vista é suscetível de desenvolver-se pelo exercício?

“Sim, do trabalho sempre resulta o progresso e a dissipação do véu que encobre as coisas.”

a) - Esta faculdade tem qualquer ligação com a organização física?

“Incontestavelmente, o organismo influi para a sua existência. Há organismos que lhe são refratários.”

Exercícios

Tudo no mundo é condicionamento da vontade da alma. Tudo obedece à boa vontade, que não deixa de ser exercício para uma determinação. O próprio saber é um exercício no aprendizado todos os dias. O que se faz em uma escola, a não ser exercitar o saber todos os dias? Eis porque chamamos de condicionamento, que não deixa de ser, igualmente, o despertamento dos valores da alma, que trazemos desde o nosso nascimento, pela vontade do Criador. A dupla vista pode ser desenvolvida pelo exercício, desde, porém, que ele obedeça a certas regras na comunhão com a vontade.

Todas as faculdades mediúnicas, para melhor se expressarem, carecem de exercício permanente. Nesse avanço, elas se vão desabrochando e subindo na escala dos dons. Podemos observar que a palavra é um dom. Se fechamos a boca por algum tempo, deixando de usar o verbo, esse poderá ir-se atrofiando, como outros músculos que garantem a existência. Assim os ouvidos, assim todos os membros do corpo. Tudo foi feito para ser usado. Se se construir uma casa, e depois de pronta, fechá-la, e se ninguém usá-la para morar, depois de certo tempo ela irá se desmoronando. Essa é uma lei do uso, que conserva tudo o que foi feito para ser usado.

O exercício é valioso em todas as circunstâncias, entrementes, necessário se faz que saibamos exercitar e, muito mais, usar aquilo que é objeto do exercício. Em tempos idos, havia escolas para desenvolvimento dos dons espirituais, para previsão de fatos, para as pitonisas e outros, como há o exercício para o político, para o direito, para a medicina e outras atividades. O terapeuta que não exercita seu aprendizado na cura, vai até se esquecendo dos valores que condicionou nas escolas.

Podemos aprender muito sobre o amor, esse é o nosso dever; no entanto, se não exercitamos esse amor todos os dias, ele vai se atrofiando a ponto de esconder-se nas dobras da consciência, e passará a dormir. O exercício dessa virtude incomparável é a garantia da fonte divina em nossos corações. Assim a caridade, assim o perdão, a paciência, de modo a abranger todas as qualidades do Espírito.

Deus nos mostra essa lei, por ser a vida movimento constante. Devemos nos movimentar a todos os momentos, em tudo o que for bom, agradável e prestativo, que desta forma aparecerá a dilatação dos poderes da alma, que acorda em todos os seus valores, e a felicidade ficará mais perto, como aquisição de quem teve boa vontade de exercitar esses dons de ouro para a paz de seu coração em Cristo.

A faculdade de dupla vista, tanto quanto as outras que conhecemos, têm relação com o organismo humano, quando estamos na carne, em raízes profundas. Certos organismos impedem a manifestação das faculdades, e essa permanece dormindo. A mente ativa tem grande influência nos centros de forças, donde vêm os estímulos para os exercícios das faculdades mencionadas.

De todo trabalho resulta o progresso: do trabalho honesto resulta a ascensão divina. Procuremos exercitar os nossos valores em aprendizado justo que o tempo dar-nos-á o resultado das nossas atenções.

Lembrando de novo a mediunidade, insistimos que é necessária essa faculdade, para que o médium seja, no amanhã, um médium de luz, por estar com o Mestre dentro do coração, a lhe dar as diretrizes que levam ao amor.

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes. 

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