MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VIII – EMANCIPAÇÃO DA ALMA
Dupla vista
449. A segunda vista aparece
espontaneamente ou por efeito da vontade de quem a possui como faculdade?
“As
mais das vezes é espontânea, porém a vontade também desempenha com grande frequência
importante papel no seu aparecimento. Toma, para exemplo, de umas dessas
pessoas a quem se dá o nome de ledoras da buena-dicha, algumas das quais
dispõem desta faculdade, e verás que é com o auxílio da própria vontade que se
colocam no estado de terem a dupla vista e o que chamas visão.”
O aparecimento da segunda
vista
A segunda vista aparece, nas pessoas que têm o dom, espontaneamente; ela desperta ou adormece, em uma frequência bastante acentuada, pelo fato de o dom não estar em pleno
desenvolvimento espiritual. Ela obedece, certamente, à vontade, força poderosa que pode mover todas as faculdades espirituais, assim como os próprios destinos dos homens, principalmente quando essa vontade se encontra obediente às instruções do amor. É bom que se diga que a espontaneidade no afloramento dos dons vem da consciência, pois, ela é programada por Deus para nos atender nos momentos em que dela necessitamos para tais desempenhos.A ciência vai procurar
estudar o homem por dentro, visto que, por enquanto, está observando o homem
por fora. As atenções se encontram voltadas para os efeitos, e não para as
causas, onde se deveria empregar mais a atenção. Mas, Jesus não está aflito por
isso; se Ele nos guia desde o princípio do mundo que lhe foi entregue, a razão
nos diz que a Sua paciência é elástica ao infinito. Ele é Mestre e sabe ensinar
aos Seus alunos com a maior precisão.
Não é somente a segunda
vista que aparece no momento em que precisamos; são todos os dons que
possuímos. Eles, aflorados, são manejados pelo poder interno na hora certa,
mas, igualmente obedecem à vontade dos que possuem seus valores. Não obstante,
a vontade nem sempre traz à tona a faculdade perfeita dos dons espirituais. Ela
se amplia pela criatividade e pelo interesse próprio; os aspectos
inconvenientes não enganam no surgimento espontâneo dos dons, ainda que haja
uma mistura com os valores, por ser a vontade livre nos corredores da intuição
espiritual.
Vejamos como deve ser
educada a mediunidade, bem como, igualmente, o médium, para que a sua vontade
não interfira nas suas revelações e nas suas mensagens, das quais se servem os
Espíritos para esclarecimento das criaturas encarnadas.
Isso é muito sério; os
canais mediúnicos devem estar livres, para não serem comparados com os canos
que servem à limpeza de uma cidade, mas, sim, como condutor de água potável.
Jesus quis dar à samaritana
outro tipo de água que ela não conhecia: a água que a Doutrina Espírita está
vertendo dos mananciais de Jesus para a humanidade. Aproveitemos, pois, essa
misericórdia, porque as oportunidades passam e haveremos de esperar até surgir
outra em nossos caminhos, o que pode demorar. Se, quando o poço está pronto, a água
aparece, vamos preparar esse nosso poço, para que a água de luz possa surgir no
sentido de saciar nossa sede espiritual.
Que quem tiver alguns dons
aflorados, procure não impor a vontade. A razão, por ser de ordem humana, é
falha. Ela é cheia de conveniências pessoais. Deixemos a espontaneidade surgir
pelo empuxo da consciência em Cristo, e desta maneira a verdade vai nos tornar
livres das ilusões e da farsa. As faculdades espirituais que todos possuem não
são máquinas humanas; elas são vidas pela força de Deus, que intercambiam
nossos poderes que espiritualizam nossos sentimentos e nos fazem comungar com
Cristo interno, acionando o coração em estímulos santos.
É bom que compreendamos as
necessidades de andarmos com Jesus como nosso convidado especial, porque com
Ele não erramos os caminhos para a libertação. Procuremos desenvolver a nossa
segunda vista. Isso é muito nobre, no entanto, é de caráter divino saber o que
faremos com ela ampliada. Oremos e vigiemos em todas as nossas observações e
trabalhos, para não cairmos em novas tentações, no desperdício das forças que
Deus nos facultou para o nosso bem e nossa felicidade.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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