MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VIII – EMANCIPAÇÃO DA ALMA
Dupla vista
454. Poder-se-ia atribuir a
uma espécie de segunda vista a perspicácia de algumas pessoas que, sem nada
apresentarem de extraordinário, apreciam as coisas com mais precisão do que
outras?
“É
sempre a alma a irradiar mais livremente e a apreciar melhor do que sob o véu
da matéria.”
a) - Pode esta faculdade, em
alguns casos, dar a presciência das coisas?
“Pode.
Também dá os pressentimentos, pois que muitos são os graus em que ela existe,
sendo possível que num mesmo indivíduo exista em todos os graus, ou em alguns
somente.”
Perspicácia
Os dons espirituais
poder-se-iam desenvolver pela força da vontade, porque a vontade não deixa de
ser faculdade do Espírito em exercício para crescer e melhorar. Ela pode até nascer
da vaidade, mas, como esta tem pouca duração, a vontade vai, com o tempo, se
aperfeiçoando e tomando rumos diferentes, de modo a encontrar a realidade do
Espírito.
A dupla visão pode nascer da disposição do Espírito, porém, essa faculdade obedece a uma escala de qualidade. No primeiro degrau da sua escala, ela se apresenta prometendo uma visão clara, mas ainda vive na obscuridade, e pode viver muito tempo envolvida no pressentimento. Pode a criatura pressentir a presença de certo Espírito ao lado de certas pessoas e ser verdade que ali esteja. É por esse pressentimento que se abrem os canais, se prosseguir exercitando essa faculdade. Assim são todas as faculdades. Por exercício, em todos os campos de ação, elas são forças que crescem; todavia, há muitas pessoas que nascem com a mediunidade aflorada.
Com relação à segunda vista,
este dom é espontâneo. A visão espiritual não encontra dificuldades e está mais
apta à revelação das verdades do Espírito, ao passo que nos pressentimentos, os
erros são generalizados.
Cabe a nós dizer a todos os
candidatos ao desenvolvimento das faculdades espirituais que não devem forçar
muito o despertar dos dons. A violência na aquisição de valores pode ser motivo
de certos desastres espirituais e morais das criaturas.
Existem muitas pessoas que
têm vários dons desenvolvidos, e outros não trazem essas faculdades em plena
ação. Cada uma vem com um sinal, com uma modalidade de trabalho, mas todas são
úteis quando se quer ajudar. Tanto o trabalhador rural, quanto o chefe de uma
nação, são vistos por Deus com a mesma paternidade, com o mesmo amor. Não
queira um fazer o trabalho do outro, para não errar o caminho dos seus
compromissos espirituais. A vida, ou as vidas sucessivas, mostram-nos que há
tempo para tudo, e em cada uma delas somos investidos de certas obrigações, de
deveres que nos trazem a paz ao coração.
Se existem os sábios e
pseudossábios, há, igualmente, os médiuns e os pseudomédiuns. Entrementes, eles
todos têm valores a serem aproveitados. Em tudo se pode notar o positivo e o
negativo, para se completarem como força de Deus no esclarecimento dos homens.
Dois fios garantem a luz na lâmpada elétrica: um positivo e um negativo. Precisamos,
pois, conhecer a nossa posição ante os nossos compromissos. Não queiramos
trocar as nossas atividades com os trabalhos alheios. Se o grande músico
invejar o engenheiro e passar a construir casas, pode entrar em desequilíbrio
emocional, por não ser esse o seu caminho a percorrer na aquisição da sua paz.
Se o médico passar a varrer rua, atrofiará suas qualidades de atendimento aos
doentes. Não queiramos mudar as obrigações, que Deus nos confiou. Cumpramos a
nossa missão que tudo se harmonizará em nossa vida.
Certamente que a inteligência
do homem busca coisas extraordinárias no plano em que habita. Ela pode fazer
desabrochar alguns dons espirituais, no entanto, esses dons não podem ser
manipulados por ela. Cada um se encontra em um extremo, com feições diferentes
no seu exercício: um divino e outro humano. É bom que se pense nisso.
Se se tem a dupla vista,
nascida sob a influência da inteligência, que a use sem a intervenção desta,
porque a razão, nesses casos, pode pôr a perder a própria faculdade, por não
saber defini-la com precisão.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita.
Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10
volumes.
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