O livro dos espíritos. Questão 460

MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO IX – INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPORAL

Influência oculta dos Espíritos em nossos pensamentos e atos

 

460. De par com os pensamentos que nos são próprios, outros haverá que nos sejam sugeridos?

“Vossa alma é um Espírito que pensa. Não ignorais que, frequentemente, muitos pensamentos vos acodem a um tempo sobre o mesmo assunto, não raro, contrários uns dos outros. Pois bem! No conjunto deles, estão sempre de mistura os vossos com os nossos. Daí a incerteza em que vos vedes. É que tendes em vós duas ideias a se combaterem.”

Duas fontes

Podemos dizer que existem duas fontes de pensamentos, que surgem nas mentes dos encarnados e desencarnados. Uma aparece nos horizontes das nossas mentes, outros, nos são sugeridos por Espíritos com os quais nos afinizamos.

Muitas pessoas acham que temos pensamentos contínuos, mas se enganam. Há intervalos entre um pensamento e outro, distâncias essas onde podem aparecer pensamentos que nos são enviados, se misturando com os nossos. Os pensamentos têm, em geral, intervalos, que se apresentam muitas vezes extensos, na capacidade do Espírito - encarnado ou desencarnado - de pensar. É nesses intervalos que notamos a inconsciência da alma, que não sabe o que se passa e o que Espíritos malfeitores agem como inimigos, principalmente quando encontram afinidade de sentimentos.

Quanto mais o Espírito evolui, mais os intervalos de pensamentos diminuem. Pensamento contínuo, somente os altos Espíritos que estão ligados à verdade o têm.

Necessário se faz que tenhamos muito cuidado para conhecermos os pensamentos alheios que chegam a nós. Se, porventura, forem pensamentos superiores, devemos acatá-los e exercitá-los na função do bem e da caridade. Se forem pensamentos negativos, devemos esquecê-los. Isso acontece todos os dias. A própria obsessão não passa dessa arte dos Espíritos inimigos ou brincalhões, que se aproximam dos seres encarnados. Convém estudar com atenção os livros que se referem a esse assunto, para encontrar sempre soluções para desarticular ideias que são sugeridas e que não têm condições de elevar ninguém ao encontro da paz espiritual.

Todos os pensamentos exteriores chegam à mente pela força da semelhança, por atração dos iguais, e é por isso que muitas vezes não se pode distinguir os sugeridos dos próprios, por se estar acostumado a pensar daquela forma. Devemos orar e vigiar neste campo mental a que nos referimos. Todo cuidado é pouco, para não cairmos em novas tentações.

Aqui estamos nos referindo somente às sugestões dos Espíritos desencarnados, muito comum na vida cotidiana, mas existem igualmente as sugestões dos encarnados, que são bastante fortes, principalmente quando se conversa com eles. As ideias passam para outro cérebro pelos canais do verbo, interferindo na própria vida. Deve-se, por isso, ter um bom senso ativo, para selecionar o que se ouve e os gestos daqueles com quem se conversa.

Há, ainda mais, nos meios de comunicações, quais sejam: o rádio, a televisão, jornais e revistas, linhas de conversações que podem ser incorporadas aos pensamentos como influências perigosas. Vivemos em um mundo de sugestões, onde a oração e a vigilância não devem faltar para que possamos ter um amparo e sair ilesos das provocações de todos os dias.

A influência dos Espíritos na mente encarnada é muito maior do que se pensa, assim como existem influências das ideias dos encarnados sobre a mente dos desencarnados, conforme a ligação e a escala a que pertencem, um e outro. Jesus era profundo conhecedor disso, e para tanto nos deixou o Evangelho, nos sugerindo as defesas de que precisamos para a nossa verdadeira paz de coração e de consciência.

Compete a nós outros cuidar de nós mesmos em todas as situações em que nos encontremos, que a ajuda do mais alto não faltará entre os nossos esforços de cada dia. Quem amestrar seus impulsos para a santificação da vida, para a pureza dos pensamentos, certamente que receberá pensamentos exteriores com a mesma dinâmica de entendimento, e passará a ser instrumento da verdade e do amor, na função bendita da caridade.

A natureza não pode isolar as mentes da comunicação de uns para com os outros, pois isso é vida gerando vidas, isso é paz gerando paz, isso é compreensão gerando compreensão, isso é saber gerando sabedoria. O que devemos fazer é cuidar sempre dos ataques do que for mal e nos afinizar sempre com o bem, no sentido de sermos ajudados pela lei dos afins.

Deixemos as fontes gerarem os pensamentos. Se confiamos nos nossos, os outros que irão nos sugerir não podem ser de outra constituição. Vamos pedir a Deus para que possamos pensar e sentir a vida com Jesus, filtrando as ideias que vêm de fora, por sermos nós geradores de louváveis pensamentos de amor.

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes. 

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