MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VIII – EMANCIPAÇÃO DA ALMA
Dupla vista
448. É permanente a segunda
vista?
“A
faculdade é, o exercício não. Em os mundos menos materiais do que o vosso, os
Espíritos se desprendem mais facilmente e se põem em comunicação apenas pelo
pensamento, sem que, todavia, fique abolida a linguagem articulada. Por isso
mesmo, em tais mundos, a dupla vista é faculdade permanente, para a maioria de
seus habitantes, cujo estado normal se pode comparar ao dos vossos sonâmbulos
lúcidos. Essa também a razão por que esses Espíritos se vos manifestam com
maior facilidade do que os encarnados em corpos mais grosseiros.”
Permanência da segunda vista
A segunda
vista não é permanente, sendo-o somente a faculdade, que é um dom inerente à
alma; mas, o estado de ver obedece ao exercício.
No assunto que ventilamos, podemos sentir o seguinte exemplo: um escritor tem a faculdade permanente, mas a escrita não; ela surge somente quando a exercita, quando quer escrever. Assim é a dupla vista nos seres encarnados ou fora da carne. Pode-se dizer que é a vontade de ver; quando passa a vontade, cessa a visão.
Todavia, em mundos mais
adiantados que a Terra, a visão é permanente, porque a alma se encontra mais
espiritualizada. Os laços que a prendem ao fardo que lhe servem ficam mais
frouxos, e não encontram no corpo certos embaraços que tolhem a visão da alma.
Todos caminhamos para esse
estado; o aperfeiçoamento é gradativo, mas permanente. A alegria e a esperança
se encontram nas revelações das leis espirituais, que nos dizem não haver
retrocesso. Diz “O Livro dos Espíritos”: “a alma pura tem uma consciência
imperturbável”. É para esse estado divino que todos nós avançamos. Uma
tranquilidade imperturbável constitui uma porta para a felicidade, onde o
Espírito vive no céu dele mesmo.
Com a evolução das
criaturas, o mundo que elas habitam forçosamente subirá de escala. Se a alma
intelectualiza a matéria, ela, por força de lei, espiritualiza os elementos,
que chegam a alcançar a fluidez. O progresso se faz em tudo: não somente no
Espírito, como também em suas vestes, que cada vez mais atingem estado
rarefeito. Um mundo espiritualizado vive sob as mesmas leis, mas, também dinamizadas,
se esse pode ser o termo, de modo que até as formas cedem a algumas mudanças.
Se nesse mundo não se precisa da palavra falada, certamente que esse dom passa
a se atrofiar, expressando o verbo em outra dimensão de entendimento. Assim
como os ouvidos, os próprios membros dos corpos que sucedem uns aos outros...
As mudanças vêm por força da necessidade.
A mesma forma não é
permanente. As leis nos forçam às mudanças na pauta da vida que contínua sempre
em todas as direções.
A razão nos diz que em mundos
adiantados, onde se vive espiritualizado, onde as paixões inferiores já
desapareceram, somente deixando alguns vestígios, ninguém entrava a evolução.
Ela é lei de Deus, para a paz dos Seus filhos. Compreende-se, pois, que somos
todos agraciados pelas leis, que nos ajudam a corrigir os nossos enganos e a
estabilizar nossas forças espirituais. É bom que confirmemos todos os dias os
nossos feitos, e se alguma coisa saiu errada, a reparemos com urgência, que o
Céu sempre ajuda aos de boa vontade. O erro é transitório em todas as
circunstâncias, mas, o bem é permanente em todas as direções da vida
espiritual.
Filosoficamente falando,
devemos aplicar a dupla vista aos nossos erros, e não ter visão ampliada para
ver os defeitos alheios. Convém a todos os seres aproveitar as oportunidades de
melhorar que Jesus nos concede. Confirmemos de vez em quando nossas forças no
bem comum e, se firmes, avancemos trabalhando com Jesus, que o Mestre nunca abandona
Seus tutelados em caminho.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário