MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VIII – EMANCIPAÇÃO DA ALMA
Dupla vista
452. É exato que certas
circunstâncias desenvolvem a segunda vista?
“A
moléstia, a proximidade do perigo, uma grande comoção podem desenvolvê-la. O corpo,
às vezes, vem a achar-se num estado especial que faculta ao Espírito ver o que
não podeis ver com os olhos carnais.”
A.K.:
Nas
épocas de crises e de calamidades, as grandes emoções, todas as causas, enfim,
de superexcitação do moral provocam não raro o desenvolvimento da dupla vista.
Parece que a Providência, quando um perigo nos ameaça, nos dá o meio de
conjurá-lo. Todas as seitas e partidos perseguidos oferecem múltiplos exemplos
desse fato.
Desenvolvimento da segunda vista
Certas circunstâncias
desenvolvem a segunda vista, como a enfermidade e as emoções que venham a
afetar a alma. No entanto, desenvolvem não somente a segunda vista, mas
desenvolvem também todas as faculdades mais afloradas, destacando-se aquela que
se encontra mais fácil de se evidenciar.
Quando o encarnado se
encontra à beira da morte, no dizer dos próprios homens, certamente que esse
Espírito passa a ver alguma coisa do mundo espiritual, porque afrouxam-se os
laços do Espírito, pelas circunstâncias por que ele passa. Às emoções violentas
correspondem exercícios acentuados no campo dos dons espirituais; esses se
afloram, porém, é indispensável que, se ele continuar aflorado, seu portador
saiba aproveitar a oportunidade para o bem comum. Esses dons são mãos do
Espírito que podem passar a semear, e quem semeia deve colher o que plantou, no
campo imenso da vida do Espírito. É muito nobre conhecermos de tudo na criação.
No nível em que a humanidade da Terra se encontra, a necessidade mais urgente é
de transformação interna das criaturas, porque, mudando-se por dentro, a lei
faz mudar por fora. Quem é feliz na intimidade, a felicidade se estende no
exterior, trazendo para junto da criatura a paz que já existe no centro d’alma.
Tudo isso que falamos, do
desenvolvimento por grande comoção, não se pode generalizar, porque, em muitos
casos, os seres passam por isso tudo que mencionamos e nada aflora no campo das
suas observações. Depende muito da escala em que o Espírito se encontra, ante
as suas qualidades espirituais.
Em época de provações
coletivas, por exemplo, onde a natureza entra em comoção violenta, a crença em
Deus é bem maior, visto que o desenvolvimento espiritual fica mais visível para
a maior parte dos que sofrem esse arrocho emotivo. Mesmo nos circos romanos, onde
se trucidavam milhares de cristãos, eles desenvolviam a segunda vista quando
não a tinham, e a aumentavam quando já eram dotados desta faculdade, e cantavam
hinos de louvor a Deus pelos seus testemunhos frente às feras famintas,
enquanto os ignorantes que se alegravam com os sofrimentos, não sabiam o porquê
da sua felicidade, tendo-os como seguidores fanáticos do Carpinteiro. Assim
ainda ocorre com as perseguições que se passam com os grandes missionários: eles
ficam mais perto da realidade e os perseguidores mais longe da verdade, Os
perseguidos ainda oram pelos perseguidores, sabendo que todos são filhos de
Deus e que a lei do amor os une. Ninguém se perde, pois todos vibram dentro da
eternidade e do seio d’Aquele que os fez à luz da Verdade.
Convém notar pela prática
das faculdades, que elas nascem de dentro, mas que suas diretrizes pertencem à
maturidade das almas guiadas por Deus sob a égide de Nosso Senhor Jesus Cristo
na Terra.
Os dons espirituais foram doados
para aflorarem-se em todas as criaturas. Mesmo que negados, algum dia eles vêm
à tona. Isso constitui lei do Criador para a felicidade da criação. Os talentos
são instrumentos para a paz de consciência. Devemos começar agora mesmo as
mudanças de comportamento, porque desta maneira estaremos cooperando
visivelmente com a nossa própria paz de Espírito, sem precisar das grandes
comoções nos caminhos, diminuindo, assim, os nossos sofrimentos, no que tange à
nossa luz.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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